domingo, 3 de fevereiro de 2019

Escrito por em 3.2.19 com 3 comentários

Tower of Doom / Shadow Over Mystara

Confessem: depois do post sobre The King of Dragons e seus antecessores, todos vocês sabiam que esse aqui estava a caminho - porque eu falei que estava com vontade de escrever sobre esses games, e, normalmente, quando eu tenho essa vontade, ela não passa até que eu escreva mesmo. Sem mais delongas, hoje é dia dos games de arcade que a Capcom produziu após adquirir a licença de Dungeons & Dragons, o mais famoso RPG do mundo, no átomo.

Ao contrário do que se possa imaginar, porém, eles não são games de RPG. Assim como The King of Dragons, eles são no estilo beat 'em up, no qual os personagens podem se mover livremente pela tela, mas só podem avançar depois que uma onda de inimigos for devidamente eliminada. Há alguns parcos elementos de RPG, é verdade, mas a Capcom usou mesmo a licença para a ambientação: enquanto The King of Dragons tinha elementos genéricos presentes nos jogos de RPG, os dois games a seguir tinham elementos que também podiam ser encontrados em D&D, o que a Capcom imaginava que seria um chamariz para seus jogadores e fãs.

Ao todo, a Capcom lançaria dois games usando a licença de D&D, ambos para a placa CPS-2, versão melhorada da CPS-1, para a qual foram lançados Magic Sword e The King of Dragons. O primeiro desses dois games seria Dungeons & Dragons: Tower of Doom, lançado em 1993. Tower of Doom seria ambientado em Mystara, o "mundo padrão" de D&D entre 1981 e 1996, e teria uma história bem típica das aventuras daquela época: localizada no centro do Mundo Conhecido, a República de Darokin sempre viveu em paz e prosperidade, até que, de repente e sem aviso, todo tipo de monstro começou a atacá-la. Acreditando haver um mal maior por trás desses ataques, Corwyn Linton, um dos homens mais poderosos e influentes da cidade de Athenos, capital de Darokin, decide contratar um grupo de aventureiros - que serão os personagens dos jogadores - para investigar, prometendo-lhes uma gorda recompensa em dinheiro ao final de sua aventura. Enquanto investigam os ataques, os aventureiros descobrem que Linton estava certo, pois os monstros estão sendo coordenados pelo arquilich Deimos. Eles devem, então, invadir sua Torre do Terror (tradução livre) e detê-lo.

A Capcom USA começaria a negociar com a TSR, editora que publicava o D&D, em 1992, visando já uma licença para um beat 'em up. Durante uma reunião, representantes da Capcom e da TSR decidiram que deveriam criar a história do game primeiro, e desenvolver as fases em torno dessa história. Depois que a história estava pronta, Alex Jimenez, da Capcom, formou um grupo de jogadores de RPG e mestrou o que havia sido definido para o game como se fosse uma aventura, registrando todas as reações dos jogadores. Esse registro foi enviado, então, para a Capcom do Japão, que o utilizou para desenvolver o game. Esse método pode ter sido nem um pouco ortodoxo, nem garantia de que o game saiu melhor do que se a Capcom não tivesse usado os registros, mas pelo menos resultou em uma história curiosa para ser mencionada quando se fala em Tower of Doom.

Assim como em todo beat 'em up da Capcom, diversos tipos de personagens estão à disposição dos jogadores, no caso, quatro - aliás, o jogo permite até quatro jogadores simultâneos a cada partida. O melhor para iniciantes é o Guerreiro, que é o que causa mais dano a cada ataque e o que tem a maior energia no início do jogo; além disso, ele é o segundo mais veloz em movimento, e o segundo com ataques mais velozes. O Guerreiro ataca com uma espada longa, que é a arma de maior alcance, e conta também com uma armadura, que diminui o dano que ele recebe dos inimigos. Mantendo a tradição de Magic Sword e The King of Dragons, nenhum dos quatro personagens tem nome no jogo, mas, no material suplementar, o nome do Guerreiro é Crassus.

O personagem mais complicado, indicado para veteranos, é a Elfa. Ela não possui armadura, é o personagem que tem menos energia, e sua espada curta é a arma de pior dano a cada ataque, e terceira no alcance e na velocidade dos ataques. Em compensação, a Elfa é a personagem mais veloz, e conta com uma grande seleção de magias, a maioria delas poderosa e de longo alcance, capazes de destruir a maior parte dos inimigos instantaneamente - embora não ajudem muito nas lutas contra os chefes. A Elfa já começa cada fase com um determinado número de magias, mas pode conseguir mais recolhendo pergaminhos. No material suplementar, o nome da Elfa é Lucia.

O meio termo entre o Guerreiro e a Elfa é o Clérigo (cujo nome no material suplementar é Greldon). Assim como o Guerreiro, ele tem uma armadura, que diminui o dano causado pelos inimigos, mas sua arma, a maça, apesar de ser a de segundo maior alcance, é a terceira no quesito dano causado a cada ataque - embora seja a que tem a maior probabilidade de deixar um oponente atordoado (cheio de passarinhos ou estrelinhas rodando em volta de sua cabeça e incapaz de se mover ou atacar), e a única que consegue atingir com golpes normais oponentes que estejam agachados. O Clérigo também é o terceiro em quantidade de energia, o terceiro em velocidade de movimento, e o último em velocidade de ataques, e não pode recolher e arremessar adagas nem flechas. Em compensação, assim como a Elfa, ele pode usar magias, sendo que nem todas causam dano aos inimigos - algumas permitem que seus companheiros acertem os vilões mais facilmente, paralisando-os, por exemplo. Uma das principais características do Clérigo são suas magias de cura, usadas para recuperar energia sua e de seus companheiros. Ele também possui a habilidade de destruir mortos-vivos, que destrói inimigos como esqueletos e zumbis com um único ataque. Assim como a Elfa, o Clérigo já começa cada fase com um determinado número de magias, mas pode recolher mais.

Finalmente, temos o Anão (que se chama, no material suplementar, Dimsdale). Assim como o Guerreiro, ele possui uma armadura que reduz o dano dos inimigos; ele é o segundo no dano causado a cada ataque, segundo na quantidade de energia (sendo que, quando todos chegam ao último nível, ele passa a ser o primeiro, e o Guerreiro o segundo), e primeiro na velocidade dos ataques, mas é o de pior velocidade de movimento, e seu machado é a arma de pior alcance. A principal característica do Anão, porém, é que ele é extremamente resistente a magias maléficas, recebendo pouquíssimo dano de ataques mágicos e raramente sendo afetado por magias que causam efeitos negativos como paralisia ou confusão.

Tower of Doom possui um direcional, usado para fazer com que o personagem se mova pela tela em qualquer uma das oito direções possíveis, e quatro botões. Da esquerda para a direita, o primeiro deles é o "botão de ação"; em condições normais, quando o jogador pressiona esse botão, o personagem ataca, sendo que, se você atacar quatro vezes rapidamente em sequência, é criado um combo, que os oponentes têm muita dificuldade em bloquear - no caso do Anão, que tem a maior velocidade de ataque, bloquear um combo é quase impossível. O jogo ajusta automaticamente a altura de cada ataque, fazendo com que o personagem ataque para cima caso esteja atacando um oponente voador ou para baixo caso seja um oponente rastejante, mas comente o Clérigo consegue atacar oponentes agachados. O primeiro botão é o "botão de ação", e não o "botão de ataque", porque ele também serve para recolher itens do chão, arremessar armas recolhidas, abrir baús e portas, ativar botões e alavancas, ler placas, e levantar e arremessar objetos como baús e barris.

O segundo botão é o de pulo. Você aperta e o personagem pula. Fim. É possível pular diretamente para cima, apenas pressionando o botão de pulo, ou para frente ou para trás, combinando o botão de pulo com o direcional para a direita ou esquerda.

Existem também os "movimentos combinados", como atacar durante um pulo ou pressionar o direcional para baixo e então o botão de ação durante um pulo para realizar um Ataque de Mergulho. Pressionando o direcional rapidamente duas vezes numa direção, e mantendo-o pressionado na segunda vez, o personagem corre em linha reta, o que é útil não só para cobrir grandes distâncias de uma vez, mas para atordoar inimigos fracos trombando contra eles; se for pressionado o botão de ação enquanto o personagem está correndo, ele executa um Ataque Poderoso, e, se for pressionado o botão de pulo, ele alcança mais alto e mais longe que um pulo comum. Pressionando o direcional para a frente rapidamente e em seguida o botão de ação, o personagem efetuará um Ataque Forte; se for o direcional para trás, ele atacará com um ataque fraco um inimigo que venha por trás, sem se virar. Mantendo o botão de ação pressionado e então pressionando o direcional para trás, o personagem levanta um escudo, o que diminui bastante o dano de alguns ataques, mas impede que o personagem ande para a frente; se imediatamente após o escudo bloquear um ataque corpo a corpo você soltar o botão de ação, pressionar o direcional para a frente e pressionar o botão de ação de novo, o personagem realizará um contra-ataque. Mantendo o botão de pulo pressionado e então pressionando o direcional para baixo, o personagem se agacha, o que faz com que muitos ataques não consigam acertá-lo; o personagem pode se mover e até atacar enquanto está agachado, mas não pular ou usar o escudo. Se o personagem estiver andando para a frente agachado, você soltar o botão de pulo e apertá-lo novamente rapidamente, o personagem dá um escorregão para a frente; se ele estiver andando para trás e você fizer o mesmo, ele rola para trás. Finalmente, se, enquanto o personagem está agachado, você soltar o botão de pulo e, antes que ele se levante totalmente, apertar o botão de ação, ele executará um Ataque Aéreo, capaz de acertar vários oponentes simultaneamente e causar muito dano.

Os outros dois botões são relacionados ao inventário, sendo que o terceiro botão usa o item que está atualmente sendo exibido no painel. É possível para o Guerreiro, a Elfa e o Anão ficarem sem nenhum item; nesse caso, se você apertar o terceiro botão, a Elfa apenas olha desolada para sua mão vazia, mas o Guerreiro e o Anão executam um "ataque suicida", um pulo maluco com ataques para todos os lados que nem causa tanto dano assim - embora ainda consiga atingir vários oponentes ao mesmo tempo - e é considerado "suicida" porque deixa o personagem extremamente suscetível a ataques dos oponentes. O Clérigo nunca fica sem itens, pois sua habilidade de destruir mortos-vivos é considerada um item e acionada por esse botão. O quarto botão é o que rotaciona os itens do inventário, e deve ser pressionado até que o item que você deseja usar esteja aparecendo no painel. Cada personagem pode ter até nove de cada item no inventário, mas pode continuar pegando mais se estiver com nove, a diferença sendo que itens além do nono são desperdiçados.

Existem quatro tipos de itens do inventário: magias, anéis mágicos, armas e chaves. As magias podem ser de dois tipos: divinas (usadas pelo Clérigo, representadas por pergaminhos azuis) ou arcanas (usadas pela Elfa, representadas por pergaminhos cor de rosa). Somente o personagem que usa aquela magia pode recolher os pergaminhos, ou seja, somente o Clérigo pode recolher pergaminhos azuis, e somente a Elfa pode recolher pergaminhos cor de rosa. Existem cinco tipos de magias divinas e sete tipos de magias arcanas, cada uma ocupando um espaço diferente no inventário. Os anéis mágicos são versões menos poderosas das magias, e podem ser recolhidos e usados por qualquer um dos quatro personagens, existindo anéis mágicos para todas as 13 magias existentes (as cinco divinas, as sete arcanas, e mais a habilidade de destruir mortos-vivos do Clérigo). As armas são de quatro tipos: as adagas são disparadas diretamente para a frente, causando pouco dano e não atingindo oponentes rastejantes; as flechas são a mesma coisa, mas acertam todo tipo de inimigo e causam bem mais dano, deixando, porém, o personagem suscetível a ataques dos inimigos enquanto ele as dispara; o martelo é arremessado para cima e quica duas vezes no chão antes de sumir, causando muito dano a quaisquer inimigos atingidos durante sua viagem; e o frasco de óleo cria uma pequena fogueira no lugar onde cai, que pode queimar inimigos, aliados, ou até seu próprio personagem. As chaves servem para abrir baús trancados.

Os itens do inventário podem ser obtidos de três formas: comprados nas lojas espalhadas pelas fases (exceto as magias), recolhidos do chão, seja porque já estavam lá ou foram deixados por inimigos recém-derrotados, ou encontrados dentro de baús. Existem dois tipos de baús, os de madeira e os de ferro, e todos podem estar trancados ou destrancados. Todos os baús, exceto os gigantes, podem ser levantados e arremessados, sendo que os de madeira se quebram quando atingem um inimigo, um dos outros personagens (causando dano normalmente) ou o chão; baús de madeira, de qualquer tamanho, também podem ser abertos "na porrada", com golpes da arma do personagem, mas baús de metal só podem ser abertos com o botão de ação. Os itens que estão dentro dos baús não se perdem quando eles são destruídos, mas o baú pode conter uma armadilha, que causa dano ao personagem que o abriu; se ele for aberto com o botão de ação, o personagem será avisado, e terá um curto tempo para fugir, mas, se ele for destruído, o personagem será atingido pela armadilha instantaneamente. Alguns baús estão trancados, e não podem ser abertos com o botão de ação; baús de madeira trancados podem ser destruídos normalmente, mas, para abrir um baú de metal trancado, é necessário ter uma chave em seu inventário. As armadilhas dos baús incluem flechas disparadas do baú, pedras enormes que caem do teto ao redor do baú, e uma língua de fogo, um jato de gás, ou um raio roxo que saem do baú, sendo que o gás faz com que o personagem perca energia durante alguns segundos e ainda fique suscetível ao ataque de esqueletos que brotam do chão caso ele seja mesmo atingido pelo gás, e o raio roxo petrifica o personagem, fazendo com que ele se transforme em uma estátua aos poucos, enquanto vai perdendo energia - sendo preciso sacudir o direcional intensamente para evitar que a petrificação se conclua, ou o personagem perderá uma vida instantaneamente, independentemente de quanta energia ainda tinha.

Existem alguns itens que não vão para o inventário, como as poções, que recuperam energia instantaneamente quando um personagem as recolhe; o dinheiro, que serve para comprar coisas nas lojas, e pode ser representado por uma moeda ou por um saco; e itens como pedras preciosas, livros e joias que aumentam a pontuação - o que é importante porque é através da pontuação que os personagens sobem de nível e ficam mais poderosos. Existem, também, quatro itens especiais, que são equipados quando o personagem os recolhe, passando a fazer efeito até que ele os perca, o que pode ocorrer caso ele seja atingido muitas vezes em sequência: as botas aumentam a velocidade do movimento (mas não a de ataque) do personagem, as luvas aumentam o dano causado pela arma principal do personagem (mas não pelas de arremesso ou magias), o anel de proteção (que pode ser +1, com gema verde, ou +2, com gema azul) diminui o dano que o personagem recebe dos ataques dos inimigos (sendo que o +2 diminui mais que o +1), e o anel do dragão (de gema vermelha) torna o personagem imune ao dano do fogo do frasco de óleo e da armadilha do baú, e reduz pela metade o dano de ataques inimigos que usem fogo.

Ao todo, o jogo possui 16 fases, mas você só precisará passar por 11 para concluí-lo. Isso acontece porque, após algumas fases, é dada a opção de se escolher entre dois ou três caminhos diferentes, sendo que cada caminho leva a uma fase diferente, mas todas saem no mesmo lugar - por exemplo, após a primeira fase, você pode escolher ir pelas montanhas ou pela vila de Nemiston, mas, independentemente de qual segunda fase escolher, a terceira fase será na estrada para Darokin. Todos os inimigos de fase são monstros de D&D, como kobolds, ursos-coruja e gnolls; e o jogo conta com nove chefes: um ogro (fases 2 A e 2B), uma mantícora (fases 4A e 9), uma pantera deslocadora (fase 4B), um troll (fase 5), um dragão negro (fase 6), um elfo negro (fase 8), um observador (fase 10A), um dragão vermelho (fase 10B) e o arquilich Deimos (fase 11).

Três anos após seu lançamento, Tower of Doom ganharia uma sequência, chamada Dungeons & Dragons: Shadow Over Mystara, lançada para arcades em 1996. Após a derrota de Deimos, os ataques a Darokin não cessam, e os próprios aventureiros passam a ser caçados por monstros. Eles acabam descobrindo que Deimos era apenas um peão, controlado pela misteriosa feiticeira Synn, que planeja dominar toda Mystara. Junto com mais dois amigos, eles partem para o Reino de Glantri, onde ela tem sua fortaleza, para detê-la - e descobrem que Synn, na verdade, é um dragão vermelho de séculos de idade, determinada a reunir poder mágico suficiente para libertar uma entidade maligna ancestral aprisionada desde antes de seu nascimento.

Assim que começa o jogo, o jogador já percebe a primeira diferença entre Shadow Over Mystara e Tower of Doom: enquanto o primeiro jogo permitia até quatro jogadores simultâneos, o segundo só permite até dois. Para compensar, não somente há dois personagens novos, o Mago e a Ladra, à disposição dos jogadores, mas também ambos os jogadores podem escolher o mesmo personagem; a rigor, as duas versões de um mesmo personagem são idênticas exceto pelas cores (o que, nos games, é conhecido como palette swap), mas, no caso do Clérigo e do Mago, algumas magias são diferentes para cada uma das duas versões. Se preferir, o Jogador 1 pode escolher a segunda versão de um personagem, pressionando Start ao invés de um dos quatro botões ao selecioná-lo.

Dos dois novos personagens, o mais interessante é o Mago (cujo nome, no material suplementar, é Syous). À primeira vista, ele é um péssimo personagem, já que é o pior em quatro dos cinco quesitos: é o que causa menos dano a cada ataque, o que tem a menor energia, a menor velocidade de movimento e a menor velocidade de ataques, só não sendo o pior no alcance da arma, no qual é o quarto (ficando à frente da Elfa e do Anão). Como se isso já não fosse o bastante, ele não tem armadura nem escudo, não possui combos (fazendo um ataque de cada vez, ao invés de uma sequência de quatro ataques, como os outros), Ataque Poderoso, Ataque Aéreo, nem Ataque Desesperado (veja adiante); em compensação, seu movimento de escapar (veja adiante também) o teleporta para alguns passos atrás, deixando o Mago invulnerável durante o teleporte, podendo ser cancelado se o jogador atacar enquanto ele está se teleportando, e seu knock down (outra coisa para ver adiante), além de ser o mais veloz de todos e de também deixar o Mago invulnerável durante o ataque, atinge inimigos que estejam no ar ou pulando - dominar o knock down e o teleporte são a chave para criar sequências de ataque devastadoras, que compensam sua falta de combos. Mas o melhor do Mago, evidentemente, são as magias: ele tem acesso a dez magias arcanas diferentes (sendo que duas delas são diferentes dependendo de se você estiver jogando com sua versão do Jogador 1 ou do Jogador 2, para um total de doze magias arcanas diferentes), sendo que seis são iguais às da Elfa, mas as outras quatro são novas e muito mais poderosas. Assim como a Elfa e o Clérigo, o Mago já começa cada fase com um número de magias em seu inventário - sendo esse número, aliás, bem maior que o da Elfa e o do Clérigo - e pode recolher mais pergaminhos para aumentar seu arsenal.

Já a Ladra (que se chama Moriah no material suplementar) é uma especialista em exploração, não sendo tão boa em combate: ela é a segunda em velocidade de movimento (atrás apenas da Elfa) e em velocidade de ataques (atrás apenas do Anão), e terceira em alcance da arma (após o Guerreiro e o Clérigo), mas penúltima em dano a cada ataque e em energia (só sendo melhor que o Mago), e, assim como o Mago, ela também não tem armadura nem escudo. A Ladra possui, entretanto, um caminhão de habilidades especiais: pode detectar armadilhas no caminho ou em baús (uma caveira pisca sobre o local da armadilha quando ela se aproxima), pode abrir baús trancados sem precisar da chave (mas ficando suscetível a ataques dos inimigos enquanto faz isso), pode pular em direção a uma parede para tomar apoio e pular novamente, possui um pulo duplo (basta apertar o botão de pulo durante um pulo), pode disparar pedras infinitamente (tendo até cinco na tela de cada vez) e pode se esgueirar para atacar inimigos por trás (pressionando trás, frente e botão de ação quando eles estiverem de costas para ela), atingindo-os várias vezes com uma faca e então chutando-os para longe. Assim como o Mago, ela fica invulnerável durante o movimento de escapar, mas pode cancelá-lo lançando uma pedra ou executando um Ataque Poderoso, e pode cancelar um Ataque Poderoso com um Ataque Aéreo. Além disso tudo, toda vez que a Ladra tromba com um inimigo enquanto está correndo, ele deixa cair um item (um item por inimigo, infelizmente não adianta ficar trombando várias vezes com o mesmo).

O Guerreiro, o Clérigo, a Elfa e o Anão são quase idênticos às suas versões de Tower of Doom, com as seguintes diferenças: o Guerreiro pode executar um segundo ataque se o botão de ação for pressionado durante seu Ataque Aéreo, pode cancelar um Ataque Poderoso com um Ataque Aéreo, e pode se equipar com duas armas ao mesmo tempo, se uma delas for uma espada curta; o Clérigo não possui Ataque Desesperado, não pode usar nenhuma arma que possua lâmina, tem um Ataque Poderoso mais forte que os demais, e agora tem oito magias divinas à disposição (sendo duas delas exclusivas do Jogador 1 e duas do Jogador 2, para um total de dez); a Elfa tem acesso a oito magias, sendo uma nova e uma diferente do jogo anterior (para um total de 14 magias arcanas no jogo, somando as da Elfa e as do Mago), pode disparar flechas infinitamente, tendo até cinco na tela de uma vez, pode cancelar o Ataque Aéreo ou o Ataque Poderoso disparando uma flecha em seu início, e tem um combo de seis ataques ao invés de quatro; e o Anão pode destruir baús já abertos (mas não já destruídos) para revelar tesouros escondidos, pode cancelar um Ataque Poderoso com um Ataque Aéreo, assim como o Guerreiro e a Ladra, e, ao fim de um Ataque de Mergulho (durante o qual ele é o único personagem que fica invulnerável), se o jogador pressionar o botão de pulo, ele rola pelo chão atingindo mais inimigos. No material suplementar, os nomes dos quatro continuam os mesmos de Tower of Doom, mas suas quatro versões do Jogador 2 possuem nomes novos: Jarred, Miles, Kayla e Hendel, respectivamente; as versões do Jogador 2 do Mago e da Ladra se chamam D'Raven e Shannon.

Uma característica curiosa de Shadow Over Mystara é que o jogador pode escolher um nome para seu personagem, usando até seis letras - e o jogo usará uma fórmula para calcular o valor desse nome e fazer com que aquele personagem já comece o jogo com um equipamento, que pode ser de dez tipos diferentes (ou seja, a fórmula possui dez resultados possíveis). Dentre os equipamentos estão as botas, as luvas, o anel de proteção +1 e o anel do dragão de Tower of Doom, o novo anel de proteção contra magia (que diminui o dano causado ao personagem por ataques mágicos), um item para a cabeça que depende do personagem (capacete para o Guerreiro, chapéu para o Mago, por exemplo) e que diminui o dano que ele recebe dos inimigos, e acessórios como broches, colares e braceletes com efeitos variados dependendo do personagem. Caso o jogador não escolha um nome, o personagem não terá o nome do material suplementar, e sim um nome genérico (Fightr, Cleric, Elf, Dwarf, Thief ou MagicU, de magic user, "usuário de magia"), e não começará com equipamento nenhum. É possível dar ao personagem seu nome do material suplementar (exceto Dimsdale, que tem mais de seis letras), com o equipamento sendo calculado normalmente.

Assim como Tower of Doom, Shadow Over Mystara possui um direcional e quatro botões; os botões de ação e de pulo estão no mesmo lugar e funcionam da exata mesma forma, mas agora o botão de usar um item do inventário é o quarto, e o terceiro funciona de uma nova maneira: ao invés de simplesmente rotacionar os itens do inventário, ele faz com que um pequeno inventário surja ao redor do personagem, que pode ser rotacionado com esse mesmo botão, até que o item desejado fique exatamente sobre a cabeça do personagem (e apareça no painel), se tornando, dessa forma, o item que será usado com o quarto botão. O inventário some sozinho após alguns instantes se o terceiro botão deixar de ser pressionado; o jogador pode se mover e atacar normalmente enquanto está na tela, mas não pode pular - um dos motivos para isso é que o Clérigo, a Elfa e o Mago possuem dois inventários, um só para itens e um só para magias, e o jogador alterna entre um e outro pressionando o botão de pulo.

Os movimentos combinados foram totalmente reformulados; o ataque durante o pulo, o Ataque de Mergulho, o Ataque Forte, agachar, levantar o escudo, a corrida e o pulo após corrida usam os mesmo comandos de Tower of Doom, mas os demais ou usam comandos novos ou foram substituídos por outros: o Ataque Poderoso, por exemplo, agora é efetuado com um movimento de hadouken (baixo, diagonal baixo-frente, frente e botão de ação), assim como escorregar (baixo, diagonal baixo-frente, frente e botão de pulo), sendo que escorregar agora recolhe itens do chão; e o Ataque Aéreo usa o comando baixo, cima, botão de ação. Os novos movimentos combinados são o Ataque Desesperado, obtido pressionando o botão de ação e o de pulo simultaneamente, que causa grande dano a inimigos próximos ao personagem, mas gasta um pouco de sua energia cada vez que é usado (vale citar que a habilidade de destruir mortos-vivos do Clérigo deixou de ser um item do inventário e passou a usar o mesmo comando do Ataque Desesperado, por isso ele não tem um); o knock down, que derruba um inimigo atingido (exceto chefes), e é usado pressionando o botão de usar item sem item nenhum no inventário ou mantendo o botão de ação pressionado após um ataque; e o movimento de escapar, que faz com que o personagem dê um pulinho para trás, escapando de ataques oponentes, e é obtido pressionando rapidamente duas vezes o botão de pulo, ou o botão de ação e então rapidamente o de pulo. Também é possível atacar um inimigo caído pressionando o botão de ação com o personagem diretamente sobre ele.

Agora, dentre os itens que podem ser encontrados nas fases ou comprados, existem várias armas que podem substituir as armas-padrão dos personagens quando equipadas. Algumas dessas novas armas causam mais dano, outras produzem efeitos, como deixar os inimigos em chamas ou paralisados ao atingi-los; outras possuem desvantagens, como a espada de duas mãos, que torna impossível usar o escudo. O Guerreiro pode usar todas as espadas (12 tipos), machados (2 tipos) e maças (3 tipos); o Clérigo pode usar todas as 3 maças e mais o cajado das cobras; a Elfa e a Ladra podem usar 11 das 12 espadas (a exceção sendo a de duas mãos), as 3 maças e o machado básico; o Anão pode usar 11 das 12 espadas (mais uma vez, nada de espada de duas mãos), os 2 machados e as 3 maças; e o Mago é o único com armas próprias, 4 cajados (sendo que o das cobras, exclusivo do Clérigo, não está dentre eles) e 4 varinhas - diferentemente das demais armas, cada varinha tem 20 cargas, e se despedaça após todas serem usadas. Os anéis mágicos não representam mais todas as magias do jogo, apenas sete delas (cinco arcanas e duas divinas), e agora existem os itens mágicos: a Garrafa do Efreet é arremessada e liberta um gênio do fogo que ataca os inimigos próximos quando se quebra, o Anel do Djinn conjura um gênio do ar que ataca os inimigos próximos ao personagem quando acionado, e o Ovo Maravilhoso é arremessado e liberta um urso-coruja no local onde cai, com esse urso-coruja andando pela tela acompanhando o personagem que o libertou e atacando os inimigos durante um tempo antes de desaparecer; assim como os anéis mágicos, cada item mágico só pode ser usado uma vez, mas vários deles podem ser estocados.

Mas os itens mais curiosos do jogo são os Artefatos, obtidos ao se derrotar certos chefes sob certas condições: o Olho da Pantera Deslocadora revela caminhos e itens escondidos quando o personagem se aproxima; a Pele da Pantera Deslocadora pode ser trocada nas lojas pela Capa de Deslocamento, que evita que o personagem seja atingido por adagas, flechas e lanças; a Pele da Mantícora faz com que os inimigos deixem cair tesouros mais frequentemente; o Olho do Observador pode ser trocado por botas nas lojas; o Chifre do Dragão pode ser trocado pela arma mais poderosa de cada personagem nas lojas; e a Escama do Dragão pelo escudo mais poderoso de cada personagem.

Shadow Over Mystara possui 17 fases, mas o jogador só terá de passar por 10 ou 11 delas (sendo que última é enorme e tem sete partes), pois algumas delas, assim como em Tower of Doom, permitem que seja escolhido mais de um caminho diferente após sua conclusão - mas com todos os caminhos alternativos levando ao mesmo lugar. Os chefes são a máquina de guerra (fase 2), o cavaleiro negro (fases 3A e 10-5), o homem-escorpião (fase 3B), a harpia (subchefe da fase 4), o elfo negro (fases 4 e 10-2), o observador (fase 5A), os irmãos ogros (fase 5B), o dragão verde (fase 5C), a mantícora (subchefe da fase 6), o arquilich Deimos (fase 6), a pantera deslocadora (fase 7), o dragão negro (fase 8A), a quimera (fase 8B), o dragão vermelho (fase secreta que vem depois da 8 caso o jogador cumpra certas condições), a salamandra de fogo (fase 9A), a salamandra de gelo (fase 9B), dois elfos negros (fase 9C), o fantasma (fase 10-3), o nagpa (fase 10-6) e Synn (fase 10-7).

Diferentemente de Tower of Doom, que só tinha um final, Shadow Over Mystara tem nada menos que 24 finais diferentes, sendo quatro finais diferentes para cada personagem. Se somente um jogador estiver jogando (ou caso sejam dois jogadores com o mesmo personagem), ele só verá um dos quatro finais do personagem que escolheu, mas, caso sejam dois jogadores com dois personagens diferentes, serão mostrados dois finais, um para cada personagem. Assim como no caso do nome inserido pelo jogador, o jogo usa uma fórmula para calcular quais dos finais serão mostrados, levando em conta, dentre outras coisas, a pontuação obtida, o número de créditos usados, quais armas foram usadas, quais itens sobraram no inventário ao final do jogo, e, no caso de dois jogadores, quem deu o golpe final em Synn.

Durante anos, tanto Tower of Doom quanto Shadow Over Mystara foram exclusivos dos arcades, sem nenhuma versão caseira, com uma única exceção: em 1999, a Capcom lançaria, exclusivamente para o Sega Saturn e exclusivamente no Japão, Dungeons & Dragons Collection, que trazia ambos os jogos em um mesmo CD. Não se tratava de versões emuladas, e sim de conversões; embora em termos de gráficos a correspondência fosse perfeita, a jogabilidade sofreria algumas alterações, como pequenas mudanças nos trajetos e nos inimigos de algumas fases, no dano causado por algumas magias e, principalmente, o fato de que só era possível jogar Tower of Doom com até dois jogadores.

Em 2013, a Capcom lançaria uma nova coletânea, Dungeons & Dragons: Chronicles of Mystara, para Playstation 3, Xbox 360, Nintendo Wii U e Windows. Mais uma vez, não se trata de emulações, e sim de novas versões, que receberam várias melhorias cosméticas nos gráficos e animações, várias correções na dificuldade e no dano causado por ataques e magias, e, principalmente, a possibilidade de se jogar com até quatro jogadores também em Shadow Over Mystara. Para esse relançamento, a Capcom negociaria uma nova licença, dessa vez com a Wizards of The Coast, atual detentora dos direitos do D&D, que, inclusive, permite que ela lance novos jogos licenciados, embora não haja notícia oficial de nenhum em desenvolvimento.

3 comentários:

  1. Olá, mais um ótimo post. Bom, só uma pequena correção, em Shadow over Mystara d arcade, é possível sim jogar com 4 players, bastando ajustar isso nas opções, que permite uma configuração para 2 ou 4 jogadores...

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    1. No arcade de verdade também? Ou só no emulador? Porque, quando estava pesquisando pra escrever o artigo, li em mais de um lugar que o arcade só permite dois jogadores, e que inclusive era por isso que os dois podiam escolher o mesmo personagem.

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  2. Eos comandos os golpes de cada personagem???

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