segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Escrito por em 9.1.17 com 0 comentários

Dead or Alive (I)

Eu já disse aqui algumas vezes que minha sequência de videogames, por problemas financeiros, tem um buraco no meio. Eu tive um Atari, um NES (na verdade um Top Game VG9000, mas dá no mesmo), um Game Boy, um Super Nintendo, um Playstation, depois um Wii, e, por último, um Playstation 3. Tudo entre o Playstation e o Wii eu não pude comprar, e, por causa disso, a maioria dos jogos de Playstation 2, por exemplo, eu nunca joguei, sendo as exceções aqueles que joguei na casa do meu primo, que tinha um. Já os que eram exclusivos do Saturn, Dreamcast ou Xbox eu nunca joguei mesmo, já que não conhecia ninguém que tivesse um com quem eu pudesse ir jogar (um amigo meu até tinha um Dreamcast, mas morava longe e eu não frequentava a casa dele).

Dentre esses jogos que eu nunca joguei, estão os da série Dead or Alive, da qual o único que já joguei foi o primeiro, lançado para o Playstation - o mais recente até tem para o Playstation 3, mas eu nunca me interessei em jogar, e todos os outros são para videogames que eu nunca tive. Diante disso, pode parecer estranho que DoA tenha se tornado assunto de um dos posts do átomo, já que, como eu sempre alardeio, esse é um blog para eu falar sobre as coisas das quais eu gosto, mas, depois que eu falei de King of Fighters, acabei ficando com vontade de falar sobre DoA também, nem que seja para descobrir algumas curiosidades sobre a série. Diante disso, preparem-se, que hoje é dia de Dead or Alive no átomo.

A história de DoA começa em meados da década de 1990, quando a Tecmo, softhouse criadora da clássica série Ninja Gaiden, passava por gravíssimos problemas financeiros, e corria o risco de decretar falência, como já havia a feito a Technos, de Double Dragon - que eu só citei para poder dizer que muita gente costuma confundir as duas, achando que Ninja Gaiden e Double Dragon foram criados pela mesma empresa. Um dos programadores da Tecmo, Tomonobu Itagaki, era grande fã de Virtua Fighter, game de luta 3D que a Sega havia lançado para arcades em 1993, com uma sequência em 1994, e procurou a presidência da empresa com uma proposta: ele reuniria uma equipe que criaria um jogo de luta em 3D capaz de conquistar uma base de fãs tão sólida quanto a de Virtua Fighter, desde que tivesse total autonomia para decidir o estilo e o conteúdo do jogo, e que a Tecmo se comprometesse em lançá-lo sem alterações. Se desse certo, essa equipe seria a única responsável por trabalhar no desenvolvimento das sequências do jogo; se desse errado, ele se demitiria, e os demais profissionais da equipe poderiam ser reaproveitados em outros projetos. Como não tinha muito a perder, a Tecmo aceitou.

Em homenagem a Ninja Gaiden, talvez o jogo mais famoso da Tecmo, Itagaki chamaria sua equipe de Team Ninja, e, devido ao status de "tudo ou nada" do projeto, decidiria que o nome do jogo seria Dead or Alive, que, em inglês, significa "vivo ou morto" (quer dizer, literalmente, é "morto ou vivo", mas vocês entenderam). Em suas próprias palavras, a ambição de Itagaki era fazer com DoA o que aconteceu com o sushi, que, uma vez que foi "lançado" fora do Japão, se tornou um produto com uma grande base de apreciadores e extremamente conhecido; para isso, ele tentaria agradar ao maior número de grupos diversos de jogadores possível, como aqueles que se interessam por um jogo pelos seus gráficos, os que se interessam pela sua jogabilidade, e até mesmo os que se interessam apenas pela aparência e variedade de seus personagens.

Para alcançar esse objetivo, Itagaki decidiria reunir características de três de seus jogos de luta preferidos: Virtua Fighter, Fatal Fury e Mortal Kombat. Assim, o jogo seria em 3D com gráficos poligonais como Virtua Fighter, teria animações baseadas em captura de movimento como Mortal Kombat, e moças sensuais e com vestes provocantes como a Mai Shiranui e a Blue Mary de Fatal Fury. Esse, aliás, seria um ponto de honra para Itagaki, que queria que DoA tivesse as lutadoras mais sensuais e provocantes já vistas em um jogo de luta - tanto que o Team Ninja chegaria a desenvolver um programa, acreditem ou não, especificamente para controlar como os seios das moças se moveriam conforme elas se movimentavam. Sério.

O primeiro Dead or Alive seria lançado para arcades em novembro de 1996. Sua história é a padrão de um jogo de luta: uma corporação chamada DOATEC (de Dead Or Alive Tournament Executive Committee, "comitê executivo do torneio Dead or Alive") organiza um torneio de luta chamado Dead or Alive, aberto a lutadores profissionais e amadores, com um gordo prêmio em dinheiro para o vencedor. Oito lutadores decidem se inscrever, cada um com seu próprio motivo particular para participar do torneio - dentre eles a ninja Kasumi, que viria a ser a protagonista da série, e Ryu Hayabusa, protagonista de Ninja Gaiden, que Itagaki "pegaria emprestado" para chamar a atenção dos fãs antigos para seu jogo.

Durante a produção, Itagaki conseguiria uma verdadeira proeza: querendo fazer o jogo o mais parecido possível com Virtua Fighter, ele pessoalmente entraria em contato com a Sega, e a convenceria (talvez sem mencionar que seu objetivo era fazer um jogo parecido com o deles) a licenciar para a Tecmo a placa Sega Model 2, a mesma de Virtua Fighter 2. Essa seria a primeira vez em que a Sega concordaria em licenciar uma de suas placas para outra empresa - algo que ela voltaria a fazer, para diversas outras companhias, nos anos seguintes - e, de quebra, ainda evitaria que a Tecmo tivesse de usar uma de suas placas defasadas ou criar uma nova para o projeto, o que acabou resultando em menor custo.

Em termos de jogabilidade, também para baratear os custos (e talvez para poder sobrar mais dinheiro para animar peitinhos), Dead or Alive seria um jogo bastante simples, fazendo uso de apenas três botões, um para soco, um para chute e um para bloqueio, com o jogador raramente tendo de pressionar mais de um deles a cada comando - sendo a combinação mais comum aquela usada para se realizar arremessos. A ênfase do jogo é na velocidade, com combos rápidos e ataques que tiram bastante energia, para que as lutas terminem rápido - cada round já começa com o tempo em apenas 40 segundos. As lutas eram em um contra um, e no já tradicional esquema de melhor de três rounds, com aquele que vencer dois primeiro ganhando a luta. Após enfrentar todos os oito lutadores - incluindo um "clone" seu - o jogador se veria diante do último chefe.

Uma das principais inovações de Dead or Alive foi o sistema de bloqueio: para realizar um bloqueio com sucesso, o jogador deveria pressionar o botão de bloqueio juntamente com o direcional, sendo que havia uma direção própria para cada tipo de golpe, e o bloqueio deveria ser feito no momento certo - em outras palavras, não bastava manter o botão de bloqueio pressionado para bloquear, era preciso antecipar que tipo de golpe o oponente usaria contra você. Alguns bloqueios, quando realizados com sucesso, resultavam em poderosos contra-ataques, premiando os jogadores que aprendiam a executá-los corretamente. Os arremessos também tinham uma novidade, sendo divididos em dois tipos, os ofensivos e os defensivos, sendo que os defensivos só podiam ser usados quando o personagem estava sofrendo um tipo específico de ataque. Finalmente, cada cenário possuía elementos conhecidos como Danger Zones - no caso do primeiro jogo, explosivos - que resultavam em perda de energia para o personagem que os tocasse, além de algum efeito especial - os explosivos, por exemplo, jogavam o personagem para o ar, tornando-o suscetível a um combo aéreo.

Os oito personagens à disposição do jogador são Kasumi, ninja que entra no torneio ao saber que seu rival Raidou, que estuprou sua mãe e deixou seu irmão Hayate incapacitado, quase matando-o, também está participando, e deseja matá-lo por vingança; Ryu Hayabusa, ninja que tenta demover Kasumi dessa ideia, pois enfrentar Raidou sem respeitar as leis do clã significaria punição para a moça; Jann Lee, personagem inspirado em Bruce Lee, que luta no torneio apenas para provar que seu estilo é superior a todos os demais; Lei Fang, colegial chinesa de família rica que deseja derrotar Jann Lee para provar que é superior a ele; Tina Armstrong, filha do lutador de luta livre profissional Bass Armstrong, que está no torneio para fazer seu próprio nome; Bayman, um mercenário russo contratado para assassinar Fame Douglas, o presidente da DOATEC; Gen Fu, velhinho chinês mestre do kung fu que quer o dinheiro do prêmio para curar sua neta, muito doente; e Zack, DJ afro-americano lutador de muay thai que está no torneio em busca de fama e sucesso. O último chefe é Raidou, ninja expulso do clã após estuprar a mãe de Kasumi, que secretamente trabalha para a DOATEC, e deseja se tornar o maior mestre ninja do planeta, custe o que custar - sua luta com Hayate, que deixou o irmão de Kasumi em coma, ocorreu após a morte do líder do clã, quando ele retornou e tentou tomar a liderança à força.

Dead or Alive seria um enorme sucesso, elogiado por todas as publicações especializadas e salvando a Tecmo da falência. Como parte do acordo de licenciamento com a Sega, ele ganharia uma única versão caseira, lançada para o Saturn em 1997, com gráficos mais limpos e músicas remixadas; essa versão acabaria sendo lançada exclusivamente no Japão, pois a Acclaim, que a lançaria nos Estados Unidos e Europa, desistiria na última hora, e a Tecmo não tinha condições de fazê-lo sozinha. Na versão Saturn é possível jogar com Raidou, "bastando" terminar o jogo com todos os oito personagens, e, cada vez que você termina o jogo com um personagem, ganha uma nova roupa para ele, até um total de seis para cada.

Em 1998, Dead or Alive ganharia um upgrade, sendo relançado nos arcades japoneses com o nome de Dead or Alive ++. Além de novos gráficos, ainda mais bonitos que os da versão Saturn, Dead or Alive ++ tinha um novo modo tag, no qual o jogador podia escolher dois personagens ao invés de um; infelizmente, ainda não era possível alternar livremente entre eles durante a luta, com o segundo personagem lutando o round seguinte após o primeiro ser derrotado, como em King of Fighters. Dead or Alive ++ também trazia dois novos personagens: Bass Armstrong, o pai de Tina, que é contra sua participação no torneio e tenta convencê-la a desistir; e Ayane, meio-irmã de Kasumi e filha de Raidou, que deseja matar tanto Raidou quanto Kasumi, de quem tem inveja. Essa nova versão seria lançada para Playstation ainda em 1998 e com o nome de Dead or Alive, sem o modo tag mas com um truque para jogar com Raidou, além de muitas novas roupas que podiam ser obtidas ao se cumprir alguns pré-requisitos - muitas mesmo, somente Kasumi tem 14 delas.

O sucesso de Dead or Alive levaria a uma continuação, Dead or Alive 2, lançado em outubro de 1999. Uma mudança de placa para a mais poderosa Sega NAOMI permitiu não somente que os gráficos ficassem ainda mais bonitos e mais bem definidos, mas também que novos elementos fossem adicionados ao jogo - as Danger Zones, por exemplo, deixaram de ser explosivos e passaram a ser muros, que permitiam que o oponente fosse encurralado e sofresse longos combos; buracos e sacadas, dos quais o oponente podia ser derrubado e faziam com que a luta continuasse em um novo cenário; água, que fazia com que a maioria dos ataques deixassem o oponente atordoado; e gelo, que fazia com que os personagens escorregassem. Dead or Alive 2 também teria cut scenes em computação gráfica, que ajudavam a compreender a história do jogo; o final, também em CG, era o mesmo para todos os lutadores, mas pelo menos era melhor que a tela preta com texto branco do primeiro jogo.

Em termos de jogabilidade, agora os personagens podiam ser atordoados caso fossem atingidos por certos golpes ou em momentos pré-definidos; um personagem atordoado não podia atacar ou bloquear, mas, em certas circunstâncias, podia arremessar, e alguns ataques, se usados contra oponentes atordoados, prolongavam o período de atordoamento. Para evitar que o jogador saísse apenas apertando os botões de ataque de qualquer jeito, privilegiando a estratégia, todos os ataques e combos podiam ser interrompidos pelo oponente com os bloqueios ou arremessos certos, assim como bloqueios podiam ser neutralizados por arremessos, e arremessos podiam ser interrompidos por certos ataques - a cada momento, portanto, o personagem devia escolher cautelosamente que tipo de movimento usar. Outra novidade seria a divisão dos personagens em categorias de peso, que influenciavam a forma como eles se comportavam ao ser arremessados ou sofrer combos - arremessar Bass era mais difícil que arremessar Kasumi, por exemplo. Dead or Alive 2 também teria um novo modo tag, que dessa vez permitia que o jogador alternasse seus personagens livremente, como em Marvek vs. Capcom - não era necessário derrotar ambos os personagens para vencer uma luta, porém, bastando nocautear apenas um deles, como em Tekken Tag Tournament.

Dead or Alive 2 é ambientado cerca de um ano após os eventos de Dead or Alive; oficialmente, Kasumi foi a vencedora do torneio, derrotando Raidou e deixando a DOATEC em maus lençóis. Na época atual, um tengu (criatura mística do folclore japonês que se parece com um corvo humanoide) chamado Gohyakumine Bankotsubo (mas referenciado no jogo apenas como Tengu) escapa de sua dimensão natal e decide dominar o mundo dos homens. Para tentar impedi-lo, a DOATEC realiza um novo torneio, mais uma vez com a promessa de muito dinheiro para o vencedor, mas sem revelar a ninguém que Tengu será o último oponente. Ao todo, estão á disposição do jogador 12 personagens, sendo que o único que não retorna do primeiro jogo é Bayman, com Ayane, Bass, Gen Fu, Jann Lee, Lei Fang, Kasumi, Ryu Hayabusa, Tina e Zack estando presentes. Os três novos são Ein, um homem sem memória e tentando encontrar respostas sobre seu passado (e que, no final, é revelado se tratar de Hayate); Helena Douglas, filha bastarda do presidente da DOATEC, que procura pistas sobre o assassino de sua mãe; e Leon, um mercenário italiano que está no torneio para provar que é o homem mais forte do mundo e corresponder às expectativas de sua falecida esposa.

As versões caseiras de Dead or Alive 2 protagonizariam uma grande bagunça. A primeira seria lançada em fevereiro de 2000 para o Dreamcast, exclusivamente nos Estados Unidos, e irritou os jogadores por ser idêntica à versão arcade, sem qualquer conteúdo novo, nem mesmo roupas alternativas. Um mês depois, seria a vez do lançamento da versão Playstation 2, dessa vez exclusivamente no Japão, com novos cenários e muitas roupas alternativas, mas com gráficos piores até que os do primeiro Dead or Alive, animações truncadas e controles de resposta lenta. A principal razão desse desastre foi que a versão Playstation 2 não era um produto completo: enquanto ela ainda estava em desenvolvimento, um dos chefes de produção da Tecmo pediu uma cópia para jogar em casa e, sem o aval do Team Ninja, a enviou para ser produzida como se fosse o jogo pronto. O episódio entristeceu tanto Itagaki que ele chegou a considerar pedir demissão, mas foi convencido a ficar pelo resto da equipe.

Com duas versões caseiras desastrosas lançadas, cada uma em um mercado, Itagaki começou a trabalhar para que a imagem da série não ficasse manchada. Seu primeiro passo foi supervisionar uma nova versão para o Dreamcast, lançada pela Acclaim na Europa em julho de 2000. Essa versão era semelhante à lançada nos EUA, mas com várias roupas alternativas - todas diferentes da versão Playstation 2 - e a possibilidade de se jogar com Tengu através de um truque. Em setembro de 2000, finalmente seria lançada uma versão para o Dreamcast no Japão, com todas as roupas alternativas presentes na versão Playstation 2 - mas não as presentes na versão europeia do Dreamcast - e novos cenários - que, por algum motivo, eram diferentes dos da versão Playstation 2. Além disso, essa versão trazia de volta Bayman e permitia que Tengu fosse selecionado desde o início, aumentando o número de personagens disponíveis para 14, e tinha um último chefe "novo", um clone de Kasumi criado pela DOATEC chamado Kasumi Alpha. Em outubro de 2000, essa versão seria lançada nos arcades japoneses com o nome de Dead or Alive 2 Millenium.

Mas ainda não acabou: ainda em outubro de 2000, seria lançada uma nova versão para o Playstation 2 nos EUA, com o nome de Dead or Alive 2 Hardcore. Finalmente com gráficos, animações e controles decentes, Hardcore trazia ainda mais roupas alternativas, alguns novos cenários e novas cut scenes. Em dezembro de 2000, essa versão seria lançada na Europa, com o nome apenas de Dead or Alive 2, e no Japão, com o nome de Dead or Alive 2 hard*core - sendo que a versão japonesa tinha ainda mais roupas alternativas e algumas cut scenes novas diferentes das presentes nas outras duas. As versões Hardcore tiveram vendas fantásticas no mundo inteiro, que motivaram a Tecmo a fazer da série Dead or Alive seu principal produto, destinando a ela a maior parte de sua verba de desenvolvimento e de publicidade.

Em 2000, Itagaki tomaria uma decisão arriscada, e assinaria um contrato de exclusividade do Team Ninja com a Microsoft, que determinava que os títulos subsequentes da série DoA seriam lançados apenas para os videogames produzidos por ela - nem mesmo versões para os arcades poderiam ser produzidas. Esse contrato desagradou a presidência da Tecmo, não só porque eles haviam acabado de determinar que DoA seria seu carro-chefe, mas também porque o Xbox, o primeiro videogame da Microsoft, sequer havia sido lançado, então ninguém sabia o que esperar dele - de fato, o Xbox jamais teve boas vendas no Japão, o que levava a maioria das softhouses japonesas a fugir dele, e não a dar-lhe preferência. De qualquer forma, ainda pelos termos do acordo original que fez para o primeiro jogo, Itagaki tinha total autonomia para decidir o que o Team Ninja fazia ou deixava de fazer, então a Tecmo teve de se conformar. Pelo menos os jogos do Team Ninja se tornariam os mais vendidos do Xbox no Japão, e as vendas nos demais países seriam suficientes para a Tecmo se manter lucrando.

O primeiro título da série lançado após o contrato com a Microsoft seria Dead or Alive 3, de novembro de 2001, lançado no mesmo dia que o Xbox nos Estados Unidos. O Team Ninja faria um excelente trabalho, com os gráficos do jogo eclipsando não somente todos os dos demais títulos lançados junto com ele (incluindo Halo: Combat Evolved, a menina dos olhos da Microsoft), mas também alguns dos que seriam lançados depois, o que faria com que Dead or Alive 3 fosse considerado um dos jogos mais bonitos lançados para o Xbox - além de um dos melhores jogos de luta lançados para o console.

Ambientado cerca de três semanas após os eventos do segundo jogo - no qual, oficialmente, Ryu Hayabusa derrotou Tengu, mas não a tempo de impedi-lo de realizar mudanças climáticas que quase destruíram o planeta - em Dead or Alive 3 a DOATEC usa o cadáver do líder do clã de Kasumi para criar um ser superpoderoso, chamado Genra. Com o planeta em caos devido às mudanças climáticas, a DOATEC planeja que Genra derrube os principais governos do mundo, permitindo à empresa, assim, dominá-lo. Os lutadores envolvidos no segundo torneio, bem como alguns novos, tomam conhecimento desse plano sinistro, e decidem impedi-los.

Ao todo, 16 peronagens estão à disposição do jogador, incluindo os antigos Ayane, Bass, Bayman, Gen Fu, Helena, Jann Lee, Kasumi, Lei Fang, Leon, Ryu Hayabusa, Tina e Zack; os novos são Hayate, que recuperou sua memória e agora luta no mesmo estilo que Kasumi; Hitomi, garota que cuidou de Hayate enquanto ele estava sem memória, e luta no mesmo estilo que Ein lutava no jogo anterior; Christie, assassina de aluguel contratada para matar Helena; e Brad Wong, filho de um chinês com uma americana que luta como se estivesse bêbado, e viaja pelo mundo atrás de um vinho mágico chamado Genra, se envolvendo no torneio porque o último chefe tem esse mesmo nome. Ein também está disponível como um personagem secreto, mas não pode ser usado no Story Mode, o modo de jogo principal para um jogador. Falando nisso, pela primeira vez, cada personagem tinha seu próprio final.

A jogabilidade de Dead or Alive 3 traz poucas novidades em relação à de Dead or Alive 2, sendo a principal delas a de que agora o movimento em 3D é irrestrito - usando o direcional analógico do Xbox, é possível se movimentar no cenário em qualquer direção, ao invés de simplesmente ir para o fundo ou para a frente da tela "girando" o cenário como nos dois primeiros jogos e na maioria dos demais jogos de luta em 3D. O tempo para se realizar um contra-ataque com sucesso foi aumentado e seu dano diminuído, e os combos aéreos se tornaram mais difíceis, decisões tomadas para atrair novos jogadores, mas que irritaram alguns dos antigos. Finalmente, no modo tag, agora era possível fazer com que o lutador que estava de fora já entrasse na luta atacando, ao invés de simplesmente trocar de lugar com o que estava lutando, e foram adicionados os "arremessos duplos", um movimento no qual o personagem que está de fora da luta entra apenas para ajudar o que está lutando a realizar um arremesso.

A primeira versão lançada de Dead or Alive 3 foi a norte-americana, já que o Xbox só seria lançado no Japão e na Europa depois de nos Estados Unidos. A versão norte-americana seria bastante criticada por causa do baixo número de roupas alternativas em relação ao jogo anterior, e, por isso, as versões japonesa e europeia, lançadas, respectivamente, em fevereiro e março de 2002, teriam não somente mais roupas alternativas, mas também novos golpes para todos os lutadores e uma nova abertura. Diante das reclamações dos jogadores norte-americanos, a revista Official Xbox Magazine, em junho, julho, agosto e setembro de 2002, trouxe um "Booster Disc" para o jogo, um disco que continha todas as roupas alternativas presentes na versão japonesa mas não na norte-americana, disponíveis sem que precisassem ser desbloqueadas - mas que, mesmo assim, foi criticado, por não conter os novos golpes e a nova abertura.

Em 2003, Itagaki decidiria chutar o pau da barraca de vez: já que o objetivo de muitos jogadores era simplesmente ver lutadoras gostosonas em roupas sensuais (muitas das roupas alternativas, inclusive, eram biquínis e maiôs), por que não fazer um jogo que focasse nesse elemento, sem a parte chata das lutas? Assim, surgiria Dead or Alive Xtreme Beach Volleyball, talvez o spin off mais bizarro de um jogo de luta já lançado. Nele, as lutadoras femininas da série foram convidadas para um fim de semana na ilha particular de Zack (que é o único lutador masculino que aparece nesse jogo, e ainda por cima dublado pelo ex-jogador de basquete Dennis Rodman), na qual poderão desfrutar de prazeres como tomar sol, beber drinks, fofocar e participar de atividades lúdicas, dentre elas os tais jogos de vôlei de praia do título - sempre vestindo ousados maiôs e biquínis, que seriam responsáveis por este ser o primeiro jogo da série a não ser classificado como T (de teens, apropriado para adolescentes) e sim como M (de mature, apropriado para adultos).

Lançado em janeiro apenas para Xbox, Xtreme Beach Volleyball não é exatamente um jogo de vôlei de praia, se parecendo mais com uma versão picante de The Sims. Na maior parte do tempo, o jogador deve interagir com as personagens controladas pelo computador, convencendo-as a tomar parte com ele nas atividades lúdicas (minigames), até conseguir convencer uma delas a ser sua dupla para um jogo de vôlei de praia. A parte do vôlei é bem básica, com as personagens se movendo e até pulando sozinhas, e sendo usados apenas dois botões, um para atacar ou bloquear e o outro para receber ou levantar. Nos minigames e nos jogos de vôlei, o jogador ganha dinheiro, que pode ser gasto no cassino presente na ilha para tentar ganhar mais, ou em uma loja, na qual podem ser compradas centenas de roupas alternativas (todas roupas de banho, naturalmente) ou itens que serão oferecidos como presentes para as personagens controladas pelo computador para tentar conquistar sua amizade - até mesmo roupas alternativas podem ser dadas de presente, e, inclusive, essa é a única forma de se obter algumas delas. Roupas alternativas compradas ou dadas de presente permanecem salvas para as próximas sessões de jogo (se você estiver jogando com Kasumi e der uma roupa alternativa para Ayane, e da próxima vez decidir jogar com Ayane, poderá selecioná-la vestindo essa roupa que ganhou de presente, por exemplo). Uma sessão inteira de jogo dura duas semanas (em tempo do jogo, não em tempo real), com três atividades podendo ser realizadas por dia, sendo uma de manhã, uma à tarde e uma à noite; ao final do último dia, um vulcão entra em erupção (!) e é preciso abandonar a ilha.

Ao todo, estão disponíveis oito personagens: Kasumi, Ayane, Christie, Helena, Hitomi, Lei Fang, Tina e uma personagem nova, Lisa Hamilton, ex-cientista da DOATEC, responsável por tratar de Hayate mas que decidiu libertá-lo ao ver que ele estava sem memória, e que largou esse emprego para ser corretora de ações e surfista amadora. Cada personagem tem uma lista de coisas que gosta e não gosta, que influenciam seu comportamento em relação ao jogador se ele mencioná-las em suas conversas ou ofertá-las de presente; para não impedir que todo tipo de dupla seja formada, personagens "inimigas" (Kasumi e Ayane, Christie e Helena) não se odeiam nesse jogo, sendo possível, por exemplo, que um jogador controlando Kasumi conquiste a amizade de Ayane e a convença a ser sua dupla.

Xtreme Beach Volleyball acabaria sendo responsável por um dos processos mais polêmicos já vistos no mundo dos videogames: em abril de 2003, a revista Electronic Gaming Monthly publicaria um "código secreto", que, se usado, permitiria que os jogadores selecionassem uma "roupa alternativa" que faria com que as personagens estivessem de topless - sem a parte de cima do biquíni, com os seios à mostra. Evidentemente, esse código era falso, e se tratava de uma brincadeira de Primeiro de Abril, algo que já era tradicional na EGM - em abril de 1992, por exemplo, eles haviam "revelado" que Street Fighter II tinha um personagem secreto, o mestre de Ryu e Ken, e publicado o processo (dificílimo) através do qual ele "poderia ser enfrentado". Mesmo sendo tão óbvio que o código era falso, dezenas de leitores se revoltaram por não poder ver personagens de videogame com os peitos de fora, e enviaram cartas malcriadas para a EGM, reclamando da pegadinha.

Um grupo decidiu ir mais longe, e, vendo que bastante gente tinha interesse em uma versão ainda mais picante do jogo, o hackeou, criando "roupas alternativas" que faziam com que as personagens estivessem não de topless, mas completamente nuas, com pelos pubianos e tudo - e vale dizer que fizeram um excelente trabalho, com detalhes absurdamente realísticos. Essas "roupas" podiam ser baixadas através do site do grupo, e instaladas no Xbox através de um programa também criado por eles. Evidentemente, a Tecmo não gostou dessa história e processou o grupo, pedindo que os arquivos fossem imediatamente retirados do ar, e que o grupo pagasse uma indenização de cerca de dez mil dólares por cada "roupa" baixada de seu site. O processo foi resolvido fora dos tribunais com um acordo e o grupo sumiu, com seu site sendo tirado do ar, mas, como estamos falando da internet, até hoje os arquivos podem ser encontrados por aí - bem como algumas cópias para download dos discos do Xbox em formato ISO que já vêm com a opção de se jogar com as moças nuas.

Em 2004, seria lançada para o Xbox a coletânea Dead or Alive Ultimate, que contém os dois primeiros jogos da série. O primeiro Dead or Alive é simplesmente a versão Saturn com novos gráficos em alta definição, mas Dead or Alive 2 é um jogo completamente novo, baseado na versão original (sem Bayman e Kasumi Alpha e tendo Tengu como último chefe) mas usando o engine de Xtreme Beach Volleyball e trazendo novos cenários, incluindo alguns nos quais é possível jogar o oponente contra o teto, alguns nos quais pode-se fazer o oponente escorregar ou rolar por uma espécie de rampa, e um cenário na savana no qual é possível jogar o oponente contra um elefante. O sistema de bloqueios foi totalmente refeito, tornando mais difícil executar os contra-ataques com sucesso, e Hitomi foi incluída dentre os personagens disponíveis, embora só possa ser usada no modo Versus. Dead or Alive 2 Ultimate também trazia mais de 100 roupas alternativas - só Kasumi e Lei Fang tinham 20 cada. Uma das melhores coisas dessa versão era a luta contra Tengu, na qual ele tinha o poder de controlar as estações do ano ao seu bel-prazer, adicionando elementos como vento, neve e calor ao cenário.

Em 2005, Itagaki seria procurado pela empresa Mindfire Entertainment, que planejava fazer um filme para o cinema de DoA. Ele concordaria, desde que o Team Ninja atuasse como co-produtor, para garantir a fidelidade do filme ao material original. Embora filmes baseados em games costumem ser verdadeiras bombas, o de DoA até que é bem legalzinho, embora também não chegue a ser nenhuma obra-prima - pelo menos pra mim, é um dos poucos filmes baseados em games que presta, junto com o primeiro Mortal Kombat e Resident Evil: Apocalipse.

Lançado em 7 de setembro de 2006 no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, e apenas em 15 de junho de 2007 nos Estados Unidos e Japão, com o nome de DOA: Dead or Alive, o filme, assim como o jogo, é centrado no torneio Dead or Alive, que, nesse caso, é organizado pelo misterioso Dr. Victor Donovan (Eric Roberts), e acontece em uma ilha particular no Pacífico, com prêmio de 10 milhões de dólares. Donovan convida os maiores lutadores do mundo para o torneio, mas, sem que eles saibam, seu plano é usar nanobôs, com a ajuda de seu cientista Weatherby (Steve Howey), para coletar dados sobre seus estilos de luta, transferi-los para si mesmo, e se tornar o maior lutador do planeta. Tirando um detalhe aqui e outro ali (como esse enredo bizarro), o filme realmente é bem fiel aos games, contando, inclusive, com um torneio de vôlei de praia.

As três protagonistas do filme são a ladra e assassina profissional Christie (Holly Valance), no torneio de olho no prêmio; a ninja Kasumi (Devon Aoki), que procura por seu irmão desaparecido, tendo como única pista o fato de que ele participou da última edição do torneio; e Tina Armstrong (Jaime Pressly), que busca sair da sombra do pai e mostrar que pode ser uma lutadora profissional de sucesso. Outros personagens do game que aparecem são Bass Armstrong (Kevin Nash), que tenta demover a filha dessa ideia; Helena Douglas (Sarah Carter), filha do falecido criador original do torneio, e que desconfia que Donovan tem algum plano secreto; Ryu Hayabusa (Kane Kosugi), que aqui é pouco mais que um guarda-costas de Kasumi, ajudando-a a encontrar Hayate (Collin Chou) enquanto a protege de perigos; Ayane (Natassia Malthe), que aqui é apaixonada por Hayate, acredita que Kasumi o matou, e vai à ilha mesmo sem ser convidada para matá-la por vingança; Zack (Brian J. White), que pouco mais faz além de dar em cima de Tina; e mais Bayman (Derek Boyer), Leon (Silvio Simac), Brad Wong (Song Lin), Gen Fu (Fang Liu), Hitomi (Hung Lin) e Lei Fang (Ying Wang), que pouco aparecem e normalmente estão sendo derrotados em alguma luta quando o fazem; curiosamente, o filme tem um personagem novo que conta até com um certo destaque, Maximillian Marsh (Matthew Marsden), parceiro de crimes de Christie, que planeja roubar o dinheiro do prêmio e fugir da ilha antes do fim do torneio.

A direção do filme ficaria a cargo de Cory Yuen, na época com 55 anos, que já tinha uma bem sucedida carreira como ator e diretor na China, além de trabalhar nos Estados Unidos como coreógrafo de cenas de ação, sendo responsável por sequências de, por exemplo, Máquina Mortífera 4, X-Men e Carga Explosiva, no qual acabaria creditado como co-diretor. DOA: Dead or Alive seria a primeira vez em que ele dirigiria um filme norte-americano, e, curiosamente, também seria seu último trabalho como diretor, passando a se dedicar apenas à carreira de coreógrafo, com apenas duas pequenas participações como ator, depois disso.

Com orçamento de 21 milhões de dólares, o filme rendeu pouco mais de 7,5 milhões no mundo inteiro, sendo considerado um gigantesco fracasso (nos Estados Unidos, onde se esperava boa bilheteria, ele rendeu apenas 480 mil dólares), o que enterrou os planos de uma sequência, prevista em contrato e até sugerida no final do filme. Uma sequência para este post, por outro lado, está confirmada, então retornem semana que vem para mais jogos da série Dead or Alive!

Dead or Alive

Parte 1

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