Yie Ar Kung Fu (yie é como se fala o número 1 em chinês mandarim, ar é o 2, fazendo com que o título seja "um, dois, kung fu", não tendo nada a ver com o que eu já li em revistas sobre games que diziam ser uma estilização da frase you are kung fu, "você é kung fu") foi lançado pela Konami para arcades em janeiro de 1985, o que faz com que ele seja um dos poucos jogos de luta lançados antes de Street Fighter II, e talvez o melhor de todos eles, já que foi o primeiro a trazer vários personagens diferentes - antes de Yie Ar Kung Fu, todos os jogos de luta tinham apenas dois personagens, o "lutador genérico 1", controlado pelo primeiro jogador, e o "lutador genérico 2", controlado ou pelo segundo, ou pelo computador.
O protagonista de Yie Ar Kung Fu se chama Oolong, e é um jovem aprendiz de artes marciais, que se inscreve em um difícil torneio para vingar seu pai, morto por Blues, o atual campeão e último chefe do tal torneio. O torneio, na verdade, tem duas partes, com a primeira chamada Hot Fighting History, na qual Oolong terá de enfrentar cinco oponentes, um por um, todos no mesmo cenário, em frente a uma cachoeira; a segunda se chama Masterhand History, e nela Oolong enfrenta mais cinco oponentes, em frente a um templo budista. Derrotando todos os dez, Oolong ganha o direito de enfrentar Blues, e, após derrotá-lo, como ocorria em praticamente todos os jogos da época, o jogo recomeçava do primeiro oponente, mas com as lutas sendo mais difíceis - Yie Ar Kung Fu não tem final, com a vingança de Oolong ficando subentendida após a derrota de Blues.
Como ainda não havia Street Fighter II para copiar, o jogo possui um formato bastante diferente, a começar pelos golpes: o jogo conta com um joystick e dois botões, sendo que, ao usar o joystick sozinho, o personagem se movimenta, e apertar os botões sozinhos não causa qualquer efeito; mas, toda vez que o jogador move o joystick e pressiona simultaneamente um dos botões, Oolong executa um golpe diferente, como uma voadora, rasteira, direto ou gancho, sempre com o primeiro dos botões servindo para socos e o segundo para chutes - ou seja, Oolong possui um arsenal de 16 golpes diferentes, sendo 8 baseados em socos e 8 baseados em chutes. O jogo também não possui combos, mas, toda vez que é atingido, o oponente fica paralisado por um segundo, e alguns golpes podem ser usados imediatamente após outros para que ele seja atingido novamente durante esse intervalo de tempo - nem todos os golpes podem ser usados para seguir a todos os outros, porém, o que torna impossível fazer um "combo infinito". Para aumentar um pouco mais a dificuldade, nem todos os golpes são eficazes contra todos os oponentes, com alguns sequer tirando energia deles; qual golpe funciona contra quem, entretanto, é mais ou menos intuitivo, já que isso depende do estilo de luta do oponente. Infelizmente, todos os golpes de todos os oponentes causam dano a Oolong, e ele também fica paralisado por um segundo e aberto a ataques posteriores quando atingido; também infelizmente, parece que os responsáveis pelo jogo até tentaram implementar, mas sem sucesso, um sistema de bloqueios: se você mover o joystick na diagonal superior para trás, Oolong até faz uma pose como se estivesse bloqueando, mas, se ele for atingido, perderá energia e ficará paralisado do mesmo jeito que se não estivesse.
Cada luta dura apenas um round, terminando quando um dos personagens perde totalmente sua energia, mas Oolong possui vidas extras, começando com duas delas e podendo ganhar mais de acordo com sua pontuação - conferida de acordo com os golpes que você acerta, com alguns golpes valendo mais que outros e sequências de golpes valendo pontos extras. Ao perder uma vida, Oolong recomeça do início da mesma luta em que estava quando a perdeu, com ambos os lutadores com a energia cheia, ou seja, enquanto tiver vidas, você pode continuar tentando derrotar o mesmo oponente. Finalmente, o jogo conta com um sistema de dois jogadores, mas nunca um contra o outro, e sim alternados, com um jogador assumindo o controle de Oolong quando o outro perde uma vida, ou no início da luta seguinte, caso um dos jogadores passe por um oponente sem perder para ele. Vale citar também que o jogo traz vozes digitalizadas: toda vez que o Oolong vence uma luta sem perder energia (o que, nos anos seguintes, ficaria conhecido como perfect), assim como quando ele ganha uma vida extra, uma voz diz xie xie ("obrigado" em mandarim), e, quando Oolong atinge os oponentes do sexo masculino com, digamos, um golpe baixo, eles levam as mãos ao local atingido, arregalam os olhos, e uma voz diz ni hao ("olá").
O primeiro oponente que Oolong enfrenta é Buchu, um grandalhão sem camisa que não usa nenhuma arma, mas possui uma espécie de poder de voo, com o qual se lança na direção de Oolong como uma bala - de forma bem semelhante ao que faz E. Honda em Street Fighter II. O segundo oponente é Star, a primeira lutadora feminina na história dos jogos de luta, que ataca Oolong lançando shurikens, que ele pode destruir com golpes certeiros. O terceiro oponente é Nuncha, uma homenagem a Bruce Lee no filme O Jogo da Morte, que luta usando um par de nunchakus e vestindo uma roupa amarela. O quarto oponente é Pole, que possui um bastão bo, o qual usa não somente tenta acertar Oolong, mas também como vara, para aumentar o alcance de seus pulos. O quinto oponente, e último da primeira parte, é Feedle, que tem o poder de criar múltiplas cópias de si mesmo - a luta contra Feedle, aliás, serve como uma espécie de fase bônus, já que suas cópias simplesmente surgem das extremidades da tela correndo na direção de Oolong e tentando acertá-lo com um chute ou soco simples, e cada uma delas é derrotada com apenas um golpe.
A segunda parte começa com a luta contra o sexto oponente, Chain, que fica constantemente girando uma corrente sobre sua cabeça, e tenta acertar Oolong de longe com ela. O sétimo oponente é mais uma mulher, Fan, que lança contra Oolong leques que caem flutuando como penas - e que, como as shurikens de Star, podem ser destruídos - além de atacar com chutes rápidos. O oitavo oponente, e um dos mais difíceis, é Club, que luta armado com om bastão cheio de espinhos e com um escudo, o qual pode usar para bloquear muitos dos golpes de Oolong, não recebendo dano algum. O nono oponente é Sword (a essa altura muitos já devem ter percebido que esses oponentes não têm muita imaginação, e usam para si os nomes em inglês de suas armas), um grandalhão barbudo que tem muitos ataques aéreos, e usa como arma uma espada. O décimo oponente é Tonfun, o mais veloz de todos, que tem como armas duas tonfas - aquele bastão com um cabo na lateral, que costuma ser usado como cassetete.
Finalmente, o último oponente do jogo (isto é, antes de ele reiniciar) é Blues, mais uma homenagem a Bruce Lee (em japonês, tanto "Bruce" quanto "Blues" são pronunciados "burusu"), que luta sem camisa, somente de calça branca e sapatilhas, outro visual muito associado ao Mestre. Blues é o assassino do pai de Oolong, seus golpes são rapidíssimos, praticamente todos eles podem ser usados em sequência, e seus pulos são os mais altos do jogo - ou seja, derrotá-lo não é tarefa fácil. Curiosamente, o sprite usado como a cabeça de Blues é o mesmo da cabeça de Oolong, e seus golpes também são idênticos aos do protagonista, o que levou, na época, a uma teoria de que os dois seriam irmãos, o que foi desmentido de forma oficial pela Konami no Japão.
Yie Ar Kung Fu fez um grande sucesso não só no Japão, mas também na Europa, onde, pelas mãos da softhouse Imagine, ganhou versões para praticamente todos os computadores de 8 bits existentes na época. Ao todo, a Imagine lançou versões de Yie Ar Kung Fu para Commodore 64, Plus/4, Amstrad CPC, ZX Spectrum, Acorn Electron e BBC Micro, todos com alguma modificação, já que esses computadores não eram poderosos o suficiente para reproduzir o jogo de arcade: nenhuma das versões possui a luta contra Feedle (embora as versões Acorn Electron e BBC Micro tenham em seu lugar uma fase bônus, na qual objetos vêm voando das extremidades da tela e Oolong deve destruí-los, que traz o nome Feedle no painel), a versão ZX Spectrum não possui a luta contra Chain, a Amstrad CPC não possui Chain nem Fan, a Acorn Electron não possui Club nem Tonfun, e a BBC Micro não possui nem Club, nem Tonfun, nem, pasmem, Blues - substituído por uma segunda fase bônus, idêntica à primeira. Os gráficos também são severamente simplificados, com a versão Commodore 64 sendo a que mais se assemelha à original - mas usando gráficos bem mais sérios, também usados pelo Plus/4, dando aparência mais humana aos lutadores, ao invés dos gráficos que se assemelham aos de um desenho animado usados nos arcades e nas demais - e a ZX Spectrum sendo a pior, com os personagens, inclusive, sendo "transparentes" - possuindo apenas os traços de contorno pretos. Os golpes também foram severamente prejudicados nessas versões, já que os joysticks de todos esses computadores possuem apenas um botão - ou seja, em todas elas, Oolong tem apenas 8 golpes, em uma mistura variada de socos e chutes de acordo com a versão, ao invés de 16. Finalmente, as versões ZX Spectrum e Plus/4 não possuem música, apenas efeitos sonoros.
Anos mais tarde, Yie Ar Kung Fu ganharia versões caseiras mais fiéis à versão arcade, para videogames mais modernos, como o Playstation (como parte da coletânea Konami Arcade Classics, lançada em 1999), Game Boy Advance (como parte da coletânea Konami Collector's Series: Arcade Advanced, lançada em 2002), Playstation 2 (como parte da coletânea Oretachi Gesen Zoku, lançada exclusivamente no Japão em 2005), Nintendo DS (como parte da coletânea Konami Classics Series: Arcade Hits, lançada em 2007) e Xbox 360 (como download na Xbox Live Arcade, também em 2007). As versões Playstation, Playstation 2 e Nintendo DS são emuladas da versão arcade, sendo idênticas em todos os aspectos exceto na resolução da tela - as versões dos Playstations têm resolução mais alta, mas a do DS é mais baixa, e para compensar, foi usado uma espécie de interlacing, que deixou o jogo com um aspecto meio estranho; na versão DS, aliás, toda a ação acontece na tela de cima, com a tela de baixo mostrando todo o tempo as instruções de jogo presentes na máquina do arcade. Já as versões Game Boy Advance e Xbox 360 foram refeitas do zero, com a versão Xbox 360 tendo belos gráficos em alta definição, trilha sonora remasterizada, e a opção de mudar para uma versão emulada dos arcades e de volta a qualquer momento.
A versão GBA merece destaque: além dos gráficos refeitos e das músicas remasterizadas, ela conta com um novo cenário, em meio a uma floresta em frente a uma estátua de Buda, usado na luta contra Blues e nas lutas contra dois personagens secretos: Bishoo, uma terceira lutadora feminina, que tem movimentos acrobáticos e lança adagas contra Oolong (que podem ser destruídas com golpes, como os projéteis das outras duas lutadoras); e Clay, uma estátua de argila viva semelhante a um dos Guerreiros de Terracota, que luta usando uma espada, e é o oponente mais forte de todos, mas também o mais lento. A versão GBA também é a única que conta com um modo versus, no qual um jogador pode enfrentar outro, sendo que, nesse modo, ninguém é obrigado a jogar com Oolong, estando todos os personagens do jogo à disposição de ambos os jogadores - que, precisam, entretanto, de um cabo link e de duas cópias do jogo, uma para cada um.
Finalmente, vale citar uma versão lançada para celulares em 2007, disponível no Japão, Europa e Estados Unidos. Essa versão era até bem parecida com a dos arcades, exceto pelos controles (usava o mesmo botão para socos e chutes, sendo que o que determinava se era um soco ou chute era a força com a qual o botão era pressionado), e ainda tinha um glitch que permitia a Oolong derrotar qualquer oponente usando repetidamente o mesmo golpe. Na verdade, o único fato pelo qual vale mencioná-la é que ela também tem um personagem secreto novo, Katana, um samurai que ataca usando... bem vocês sabem.
E não, eu não fiquei maluco: eu não mencionei a versão MSX até agora de propósito. Na verdade, ela é tão diferente das demais, que é considerada pela própria Konami como sendo um jogo diferente, apenas com o mesmo nome. Talvez, ao ver as versões bisonhas da Imagine, a Konami tenha achado melhor refazer o jogo antes de lançá-lo para o MSX - uma de suas principais plataformas no Japão, vide a quantidade de jogos que ela lançou para ele - ao invés de simplesmente ter tentado adaptá-lo e obtido resultado semelhante ao da Imagine.
Lançado em agosto de 1985 e produzida pela própria Konami, a versão MSX é bem mais simples que a dos arcades. Para começar, o herói, que se chama Lee, e não Oolong, tem acesso a apenas dois golpes que usam socos e quatro que usam chutes (todos realizados com o mesmo botão); em compensação, ele pode dar uma voadora durante qualquer pulo, mas apenas uma por pulo, enquanto a voadora, nos arcades, era um golpe em separado. Em segundo lugar, todas as lutas ocorrem no mesmo cenário, que representa o interior de um dojo de artes marciais. Em terceiro lugar, Lee (que deve ter ganhado esse nome mais uma vez em homenagem a Bruce Lee) enfrenta apenas cinco oponentes diferentes; derrotando o último, o jogo recomeça do primeiro, infinitamente, mas sempre com dificuldade mais elevada (e uma nova cor para o dojo) - pelo menos o jogo inclui, entre a terceira e a quarta lutas, uma fase bônus semelhante à das versões Acorn Electron e BBC Micro, na qual objetos vêm voando das extremidades da tela e Lee deve destruí-los para ganhar pontos extras, encerrando a fase caso deixe passar ou seja atingido por algum. A história do jogo é a mesma: o último oponente matou o pai de Lee, e ele busca vingança.
O primeiro oponente enfrentado por Lee é Wang, que é baseado em Pole e usa os mesmos golpes que ele, mas nunca usa seu bastão bo como impulso para pular. O segundo é Tao, que cospe bolas de fogo usando o mesmo padrão de ataque de Star, com a diferença de que as bolas e fogo não podem ser destruídas pelos golpes de Lee. O terceiro é Chen, baseado em Chain, que também gira uma corrente sobre a cabeça e tenta acertar Lee com ela, mas tem menos variedade de golpes que sua contraparte dos arcades. O quarto oponente é a única lutadora feminina do jogo, Lang, que possui movimentos rapidíssimos e joga shurikens contra Lee, as quais ele pode destruir com seus golpes. O último oponente é Wu, o mais forte de todos os lutadores do jogo, que não tem uma ampla variedade de golpes, mas possui o mesmo poder de voo de Buchu, se lançando contra Lee da mesma forma.
Quase que simultaneamente à versão MSX, a Konami lançaria uma versão para o Famicom (o NES japonês), baseada nesta. Apesar de o controle do NES ter dois botões, Lee possui os exatos mesmos golpes que na versão MSX, com a diferença de que pode socar e chutar parado ao ser pressionado o botão correspondente. Na versão NES, Lee também pode pular para trás (na versão MSX, ele só podia pular para a frente), e ganhou um novo e muito útil movimento: se, ao pular para trás, ele bater no muro do dojo, quica e é impulsionado para a frente, podendo atingir o oponente com uma voadora no processo - mais ou menos como Chun Li e Vega costumam fazer em Street Fighter II. Os gráficos da versão NES são um pouco melhores que as do MSX, o dojo é melhor trabalhado, e Lang tem uma roupa e uma pose mais sexy - e, por alguma razão, Wu mudou de nome, passando a se chamar Mu.
Em 1997, seria lançada uma versão para Game Boy, baseada na versão NES. As únicas diferenças entre as duas eram que a versão Game Boy tinha a tela menor e era em preto e branco; ela possuía, entretanto, suporte ao acessório Super Game Boy (que permitia jogar jogos de Game Boy no Super Nintendo, adicionando uma borda para preencher as partes não utilizadas da tela e aplicando cores a eles de forma limitada), cuja borda trazia Lee e Tao, e na qual, assim como nas versões NES e MSX, o dojo mudava de cor cada vez que Mu era derrotado. A versão Game Boy também contava com um "final", uma animação na qual Lee destruía o prédio do dojo após derrotar Mu. No ano seguinte, essa versão seria relançada para o Game Boy Color verdadeiramente colorida, mas algum responsável por ela não entendeu bem o que deveria ser feito, pois o dojo era sempre da mesma cor, não importa quantas vezes o jogador derrotasse Mu. A versão MSX de Yie Ar Kung Fu também seria emulada no Playstation e no Saturn, como parte da coletânea Konami Antiques: MSX Collection Volume 1, lançada em 1997, e ganharia uma versão para celulares lançada em 2001 exclusivamente no Japão.
Em 1986, Yie Ar Kung Fu ganharia uma continuação, chamada Yie Ar Kung Fu II: The Emperor Yie-Gah (Yie Ar Kung Fu 2: Iga-kotei no Gyakushu, "o contra-ataque do Imperador Iga", no Japão), lançada também para MSX. Curiosamente, não há nenhum Imperador Yie-Gah nem Iga no jogo, o que faz com que esse subtítulo seja um total mistério. O herói desse segundo jogo é Lee Young, que, segundo o manual, é "filho do bravo guerreiro que livrou a China da Gangue Chop Suey" - provavelmente esse guerreiro é o Lee do primeiro jogo do MSX, e a tal Gangue Chop Suey (nome de um prato típico da culinária chinesa) são Wu (Mu) e seus quatro asseclas. Ainda segundo o manual, um dos membros da Chop Suey "sobreviveu" - aparentemente, Lee matou os outros quatro ao invés de simplesmente derrotá-los - e, após anos no submundo, se autoproclamou Imperador Yie-Gah, iniciando um reinado de terror na China. Cabe a Lee Young (não se sabe se o Lee original está velho demais ou morreu também) seguir os passos de seu pai e derrotá-lo de uma vez por todas.
Yie Ar Kung Fu II dá um passo a mais na direção de Street Fighter II, já que, nele, cada oponente tem seu próprio cenário. Também dá um passo atrás, já que cada "luta", na verdade, é composta de três fases: nas duas primeiras, "kung fu babies" - pequenas miniaturas de Bruce Lee, sem camisa, só de calça, sapatilhas e um boné na cabeça - surgem de todas as direções atacando Lee Young, que tem de desviar deles ou atingi-los com golpes; somente na terceira fase é que o verdadeiro oponente será enfrentado, sendo a má notícia que toda a energia que Lee Young perdeu enfrentando os kung fu babies não será restaurada antes da luta contra o oponente da vez. Para tentar compensar, o jogo apresenta power ups, que podem surgir de repente em qualquer uma das três fases, inclusive durante a luta contra o oponente principal: pegando a xícara de chá, Lee Young recupera parte de sua energia, e, pegando a tigela de macarrão, fica invencível por alguns segundos.
Ao todo, Lee Young tem de derrotar oito oponentes para derrotar o Imperador Yie-Gah (indiretamente, já que ele não dá as caras). O primeiro deles é Yen-Pei, que luta de forma parecida com Chain, mas, ao invés de uma corrente, usa seu próprio cabelo, preso em uma longa trança. O segundo é uma oponente feminina, Lan-Fang, que luta da mesma forma que Fan, arremessando leques que podem ser destruídos pelos golpes de Lee Young. O terceiro é Po-Chin, que, acredite ou não, usa seus próprios gazes como arma, se curvando de costas para Lee Young e expelindo nuvenzinhas de suas nádegas. O quarto oponente é Wen-Hu, que ataca apenas com socos e chutes, mas possui uma máscara que arremessa na direção de Lee Young e que fica orbitando ao redor dele como um mosquito, causando dano se ele a atingir acidentalmente. O quinto oponente é Wei-Chin, um grandalhão sem camisa que usa um bumerangue como arma. A sexta oponente é mais uma mulher, Mei Ling, o personagem mais rápido do jogo, que, além de usar socos e chutes, ainda arremessa adagas, que podem ser destruídas pelos golpes de Lee Young. O sétimo oponente é Han-Chen, um jiang shi (espécie de vampiro do folclore chinês) que ataca com bombas, que podem causar dano a Lee Young tanto se o atingirem diretamente quanto com suas explosões. Finalmente, a última luta é contra Li-Jen, que, além de socos e chutes que tiram uma energia absurda, ainda conta com a ajuda do cenário: a luta contra ele ocorre em meio a uma tempestade, e, frequentemente, raios caem dos céus, causando grande dano a Lee Young se o atingirem. Após Li-Jen ser derrotado, o jogo recomeça, mas com dificuldade mais elevada.
Assim como Lee, Lee Young possui apenas seis golpes diferentes, dois que usam socos e um que usa chutes; por alguma razão, entretanto, a voadora voltou a ser um golpe fixo, obtido quando se pressiona a diagonal superior para a frente junto com o botão - a má notícia nem é essa, e sim que pressionar a diagonal para a frente ou para trás sozinha não faz efeito algum, o que, na prática, significa que Lee Young só pode pular diretamente para cima, e não para a frente ou para trás. No geral, os controles do jogo foram bastante criticados, e muitos acharam que a dificuldade em controlar Lee Young influenciava na dificuldade geral do jogo - os cinco primeiros oponentes são relativamente fáceis de se vencer, mas os três últimos, mais velozes e mais fortes que Lee Young, são praticamente impossíveis, principalmente Li-Jen. Yie Ar Kung Fu II não conta com o mesmo modo para dois jogadores que o jogo anterior, mas traz um modo versus, no qual o primeiro jogador sempre joga com Lee Young, mas o segundo pode escolher entre Yen-Pei, Lan-Fang ou Po-Chin - o que fez com que Lan-Fang se tornasse a primeira lutadora feminina a poder ser selecionada na história dos jogos de luta.
Pelas mãos da Imagine, Yie Ar Kung Fu II ganharia versões para Commodore 64, Amstrad CPC, BBC Micro, Thomson TO7-70 e ZX Spectrum. Assim como as versões do Yie Ar Kung Fu dos arcades, essas eram cheias de problemas, com as versões ZX Spectrum e Thomson tendo gráficos muito inferiores, a ZX Spectrum e a Amstrad não tendo música, e Po-Chin estando ausente da versão Thomson - nenhuma dessas versões, aliás, tinha o modo versus. Em 1998, Yie Ar Kung Fu II seria lançado emulado no Playstation e no Saturn, como parte da coletânea Konami Antiques: MSX Collection Volume 2.
Com todo o sucesso que o Yie Ar Kung Fu original fez, é de se estranhar que a Konami não tenha cogitado relançar a série após o lançamento de Street Fighter II, com gráficos e um sistema de jogo mais modernos, nem que fosse apenas para pegar carona no bonde dos jogos de luta que dominou os anos 1990. Na verdade, ela chegou a cogitar sim, e até colocou em desenvolvimento um Yie Ar Kung Fu 2 para arcades; durante a produção, entretanto, muitos elementos do jogo seriam mudados, e ele acabaria dando origem a um produto final bastante diferente, chamado Martial Champion.
Martial Champion é pouco mais que um clone de Street Fighter II, com poucas inovações dignas de nota. Nem uma história elaborada o jogo tem: dez lutadores de diferentes partes do mundo se enfrentam pelo direito de derrotar o atual campeão do torneio Martial Champion e se tornar o mais poderoso do planeta. O principal desses lutadores é Jin, um rapaz japonês que luta sem camisa, apenas de calça, sapatilhas e uma faixa na cabeça, e que, durante o desenvolvimento, se chamava Lee - embora, no jogo, ele esteja mais para um clone do Ryu de Street Fighter II, com golpes parecidos e o objetivo de aprimorar suas habilidades enfrentando oponentes mais fortes que ele, do que para uma nova aparição do protagonista da versão MSX de Yie Ar Kung Fu. Os outros nove são Zen, outro japonês, que usa roupa e maquiagem do teatro kabuki e um leque como arma; Goldor, francês cabeludo que usa um sansetsukon, bastão composto de três partes ligadas por uma corrente; Racheal, norte-americana praticante do ninjitsu e único personagem capaz de um pulo duplo; Bobby, soldado norte-americano clone do Guile; Avu, árabe gorducho que luta usando uma cimitarra; Mahambah, guerreiro queniano que luta usando uma lança; Hoi, artista marcial chinês de meia-idade; Chaos, jiang shi de Hong Kong que usa garras metálicas e cujos principais ataques são feitos com a língua; e Titi, princesa egípcia de milhares de anos de idade. O último chefe é um homem enorme chamado Salamander, de nacionalidade desconhecida, e que pode usar qualquer um dos especiais usados por qualquer dos dez personagens à disposição do jogador.
Como curiosidade, vale citar que, para as versões lançadas fora do Japão, os nomes de Chaos e Titi (uma referência a Nefertiti, uma princesa egípcia que realmente existiu) foram trocados entre si, para evitar piadinhas decorrentes do fato de o nome da princesa se parecer com a palavra em inglês titties, gíria usada para se referir aos seios, o que fez com que, bizarramente, essas versões do jogo tenham um vampiro sanguinário chamado Titi e uma bela princesa chamada Chaos. Outra curiosidade é que Avu é identificado no jogo como sendo da Arábia Saudita, mas a bandeira que aparece sobre o nome do país não é a sua, e sim uma inventada, semelhante à que o Iêmen usou até 1990; talvez os programadores tenham decidido inventar uma nova bandeira para evitar controvérsia, já que a bandeira da Arábia Saudita possui a shahada, a declaração de fé dos muçulmanos, escrita sobre uma espada, e é sabido que eles não veem com bons olhos a reprodução da shahada em certos meios - na época da Copa de 2006, por exemplo, uma fabricante alemã de bolas de futebol lançaria um modelo com as bandeiras de todas as seleções participantes, mas o governo saudita fez um pedido para que a sua não fosse usada.
Lançado para arcades em fevereiro de 1993, Martial Champion tem como um de seus maiores destaques os gráficos, bem detalhados e coloridos; os personagens são enormes, maiores que a metade da tela; os cenários possuem riqueza de detalhes e muito movimento, principalmente de espectadores; e cada golpe possui movimentos detalhados - três características que ainda eram raras em jogos de luta da época, inclusive em Street Fighter II. De forma um tanto diferente do usual, as barras de energia ficam na parte inferior da tela, e não da superior, onde ainda está localizado o contador de tempo. Em termos de jogo, existem três botões, que não correspondem a socos e chutes ou a fortes e fracos, e sim um para ataques acima da linha da cintura, um para ataques na altura da linha da cintura, e um para ataques abaixo da linha da cintura, o que pode parecer complicado a princípio, mas leva a lutas interessantes. Cada lutador também tem exatamente dois especiais, nunca mais nem menos (exceto Salamander, que tem vinte, já que pode usar todos), e não existem supers ou combos. As lutas ocorrem no sistema normal de três rounds, sendo vencedor quem ganhar dois primeiro. Uma partida completa no modo de um jogador é composta por seis lutas, sendo as cinco primeiras contra os personagens à disposição do jogador (com a possibilidade de você ter de enfrentar, dentre elas, o mesmo personagem que está usando) e a sexta e última contra Salamander.
A principal novidade na jogabilidade é a de que cinco dos lutadores (Avu, Chaos, Goldor, Mahambah e Zen) possuem armas, e, com elas, o alcance e o dano de seus golpes é maior; em alguns momentos, porém, quando são atingidos por golpes fortes ou arremessados, esses personagens perdem as armas, e o lutador que o desarmou pode pegá-las e usá-las, aumentando seu alcance e dano, até o fim do round ou até ser desarmado também.
Martial Champion faria um relativo sucesso nos arcades, mas ganharia apenas uma única versão caseira, lançada para o PC Engine (nome japonês do Turbografx-16), exclusivamente no Japão, e em CD-Rom, o que requeria o uso de um periférico vendido à parte. Essa versão é idêntica à dos arcades, mas nela os sprites dos lutadores são bem menores (do tamanho normal para um jogo de luta) e os cenários foram substituídos por figuras, sem nenhum movimento. Em compensação, cada personagem ganhou um super, que pode ser usado quando estiver com pouca energia (e sua barra de energia estiver piscando).
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ResponderExcluirMUITO BOM,AS DUAS PRIMEIRAS PERSONAGENS DOS GAMES ENTÃO SÃO STAR E FAN
ResponderExcluirJA TORREI MUITA FICHA NESSE JOGUINHO DEPOIS QUE PEGUEI OS MACETES FICAVA UM DIA INTEIRO SO COM UMA FICHA,AI OS CARAS DO FLIPER ME PROIBIRAM DE JOGAR,KKKK
ResponderExcluirJA TORREI MUITA FICHA NESSE JOGUINHO DEPOIS QUE PEGUEI OS MACETES FICAVA UM DIA INTEIRO SO COM UMA FICHA,AI OS CARAS DO FLIPER ME PROIBIRAM DE JOGAR,KKKK
ResponderExcluirMUITO BOM,AS DUAS PRIMEIRAS PERSONAGENS DOS GAMES ENTÃO SÃO STAR E FAN
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