Aliás, já que eu estou no assunto, outra coisa que eu acho muito curiosa é que "Nikita" não é nome de mulher. Isso mesmo, originalmente, Nikita era um nome masculino: Nikita Khrushchev, presidente da União Soviética durante a Guerra Fria, os jogadores de hóquei no gelo Nikita Filatov e Nikita Nikitin, e o ator Nikita Mikhalkov, além de muitos outros, estão aí para provar. É claro que, depois do desserviço prestado pelo filme/série, hoje temos um monte de mulheres chamadas Nikita, mas, originalmente, era nome de homem. Não consegui descobrir se Luc Besson, o diretor do filme original, sabia disso, mas desconfio que não, e que tenha escolhido o nome devido à sua sonoridade.
Aliás, falando nisso, outro que não sabia e se confundiu foi Ken Russell, diretor do clipe da música Nikita, de Elton John. Para quem não sabe, Elton John é homossexual, e, na música, lançada durante a Guerra Fria, ele se apaixona por um guarda da fronteira da Alemanha Oriental chamado Nikita, mas é um amor impossível porque Guerra Fria e tal. Russell, não sabendo que Nikita era homem, e provavelmente não sabendo que Elton John é gay, colocou uma loira bonitona no papel da guarda Nikita no clipe. Elton John, talvez achando tudo muito divertido, aprovou a versão de Russell.
A favor de Besson, devo citar que o nome original do filme, em francês, é La Femme Nikita, que traduz para "a mulher Nikita". Talvez isso indique que alguém o avisou de que Nikita não era nome de mulher, ao que ele talvez tenha respondido "o filme é meu e a protagonista tem o nome que eu quiser", antes de pensar melhor e resolver especificar no título que ela é mulher. Mas enfim, deixemos de graça e vamos começar um post sobre Nikita no átomo!
Nikita: Programada para Matar, título que o filme recebeu em português, estrearia nos cinemas da França em 21 de fevereiro de 1990. Foi o quinto filme de Besson, e quarto no qual ele atuou como diretor, roteirista e produtor (no imediatamente anterior, Imensidão Azul, ele não atuaria como produtor). Divisor de águas na carreira do cineasta, foi com Nikita que Besson se tornou famoso fora da França, e foi com esse filme que ele estabeleceu seu estilo: sequências de ação rápidas, tensão interminável e mulheres fortes e decididas.
No caso, a mulher forte e decidida é a protagonista Nikita (Anne Parillaud), que, no início, é uma adolescente drogada que assalta, na companhia de amigos, uma farmácia. O roubo dá errado, a polícia chega, e ela acaba matando um policial, crime pelo qual é condenada à prisão perpétua. Na cadeia, porém, ela tem seu suicídio forjado, sendo levada para um prédio isolado do mundo, no qual funciona uma divisão secreta do governo, por um misterioso homem que se identifica apenas como Bob (Tchéky Karyo). Lá, sob a supervisão de Bob, Nikita será treinada para se tornar uma assassina capaz de eliminar alvos a mando do governo sem deixar rastros nem levantar suspeitas. Além de Parillaud e Karyo, o elenco conta com Jeanne Moreau como Amande, funcionária da mesma divisão secreta, cujo emprego é treinar as agentes femininas para que sejam mortais não só com suas armas, mas também com sua aparência; Jean-Hugues Anglade como Marco, namorado que Nikita arruma após concluir o treinamento e assumir a "identidade secreta" de uma enfermeira; e Jean Reno como Victor, agente que a divisão envia para eliminar rastros e pistas quando uma missão sai errado.
Produzido pela francesa Gaumont, Nikita seria um gigantesco sucesso de público e crítica na França e Itália, os dois países nos quais estrearia originalmente, o que motivaria a norte-americana The Samuel Goldwyn Company a adquirir seus direitos para exibição nos Estados Unidos, onde seria lançado em 8 de março de 1991. Lá, ele renderia mais de 5 milhões de dólares, número considerado ridículo hoje, mas um tanto expressivo em 1991, ainda mais se levarmnos em conta que se tratava de um filme falado em francês e legendado, coisa da qual os espectadores norte-americanos não costumam gostar muito. A crítica norte-americana também o receberia bem, elogiando as sequências de ação e a estrutura narrativa.
O sucesso de Nikita nos Estados Unidos ajudaria a ressucitar o estilo girls with guns ("garotas com armas"), com o qual o cinema norte-americano havia flertado na década de 1970, mas praticamente abandonado nos anos 1980, diante do grande sucesso dos filmes de ação estrelados por Stallone, Schwarzenegger e seus pares. Um dos primeiros exemplares dessa nova leva de filmes nos quais jovens moças resolvem seus problemas a tiros seria nada menos que uma refilmagem de Nikita, lançado pela Warner Bros. em 19 de março de 1993 com o nome de Point of No Return ("ponto sem retorno", alusão ao fato de alguém se envolver em uma situação até um ponto no qual não pode mais sair) - no Brasil, ele ganharia um nome menos poético: A Assassina.
Dirigido por John Badham (de Trovão Azul e Jogos de Guerra, dentre outros clássicos das décadas de 1980 e 1990) e estrelando Bridget Fonda como a assassina do título, o filme é praticamente uma cópia de Nikita, mudando apenas alguns detalhes - a protagonista se chama Maggie Hayward, e não Nikita; ela é condenada à morte, e não à prisão perpétua; seu namorado, J.P. (Dermot Mulroney) é fotógrafo, e não caixa de supermercado como no filme francês; e eles viajam juntos para Veneza, Califórnia, e não Veneza, Itália, por exemplo - mas deixando a maior parte da narrativa, inclusive os nomes de muitos personagens, inalterados - na versão norte-americana, Bob é interpretado por Gabriel Byrne, Amanda por Anne Bancroft, e Victor por Harvey Keitel.
A Assassina angariou mais dinheiro que Nikita - 30 milhões de dólares ao todo - mas não fez tanto sucesso junto à crítica, que o considerou pouco inspirado em relação ao original, o que provavelmente adveio do fato de ambos serem tão parecidos e terem sido lançados tão próximos um do outro - um dos críticos chegou a dizer que o filme todo parecia um grande déjà vu.
Depois de A Assassina, a moda das girls with guns continuou - fomentada pelo próprio Besson, que, no ano seguinte, lançaria seu O Profissional, no qual é Natalie Portman quem manda bala - mas a moda de Nikita pareceu que não iria mais para a frente. Até a própria Warner decidir ressucitá-la em 1997 - desta vez não como um novo filme, mas como uma série de TV.
A série, assim como o filme original chamada La Femme Nikita, possui uma diferença fundamental em relação ao filme: nela, Nikita (Peta Wilson), é inocente - ao invés de uma viciada que matou um policial durante um assalto, ela é simplesmente uma sem-teto que estava no lugar e hora errados - e obrigada a trabalhar para a divisão secreta do governo - que forjou as provas do crime que ela supostamente cometeu, forjou sua execução para poder recrutá-la, e a matará de verdade (ou "cancelará", no linguajar da série) se ela não obedecer às suas ordens. Por causa disso, um dos temas centrais da série é o conflito psicológico da personagem, que evita matar sempre que possível, mas não pode deixar de cumprir suas missões.
A organização que recruta e treina Nikita, aliás, tem um nome na série: Seção Um. A princípio, a Seção Um era uma divisão antiterrorista do governo norte-americano, mas, sob o comando de um chefe de operações impiedoso e inescrupuloso (Eugene Robert Glazer), passou a usar métodos pouco ortodoxos, como tortura e assassinato, para "manter a paz". Nikita não concorda com os métodos da organização - que se esconde por detrás do lema de que os fins justificam os meios - e luta para conseguir sair dela, de preferência com vida.
O homem que recruta Nikita, na série, não se chama Bob, mas Michael (Roy Dupuis), e, ao longo dos episódios, os dois desenvolvem uma relação de amor e ódio, um romance proibido que se torna uma das principais tramas paralelas. Outros membros da Seção Um são Madeline (Alberta Watson), estrategista, psicóloga e torturadora da organização; Birkoff (Matthew Ferguson), gênio da computação que supervisiona as missões e cuida dos aparatos tecnológicos; Walter (Don Francks), responsável por criar e realizar a manutenção dos equipamentos que os agentes da Seção Um utilizarão; e Mick Schtoppel (Carlo Rota), informante que traz informações valiosas para Nikita durante suas missões.
Os principais méritos de La Femme Nikita eram seus diálogos bem construídos, seus enredos complexos e o desenvolvimento de seus personagens. Curiosamente, nada disso foi assim planejado desde o início, mas usado como saída criativa pelo idealizador do projeto, Joel Surnow, quando viu que, com o orçamento reservado para a série, não conseguiria fazer dela uma série de ação - já que as filmagens das sequências de ação e os efeitos especiais necessários demandariam fundos que a Warner não queria investir. Além desse formato conseguir prender a atenção do público, ele deixaria a série com um clima noir ao estilo dos antigos seriados de espionagem, que seria bastante elogiado pela crítica.
La Femme Nikita estrearia no canal USA Network em 13 de janeiro de 1997, com uma temporada de 22 episódios. A luz verde para a produção da série havia sido dada pelo fundador do canal, Kay Koplovitz, um dos pioneiros da TV por assinatura nos Estados Unidos, que selecionou seu colega Rod Perth para cuidar da promoção e marketing. Perth investiu pesado na série, transformando-a na principal prioridade do canal, com uma maciça campanha de marketing que incluía propagandas praticamente ininterruptas durante o restante da programação. O marketing de guerrilha deu certo, com a temporada alcançando excelentes índices de audiência desde o seu início.
Com todos os holofotes sobre a série, Surnow não teve problema algum em emplacar uma segunda temporada, de mais 22 episódios, que estreou em 4 de janeiro de 1998. Lá pelo meio da segunda temporada, entretanto, Barry Diller substituiria Koplovitz na presidência do canal, e trocaria Perth por Stephen Chao, que não somente suspenderia a agressiva campanha de marketing idealizada por Perth, mas também sugeriria absurdos como escalar para os papéis dos vilões de La Femme Nikita lutadores da WWE (aquela organização de luta-livre muito famosa nos Estados Unidos por ter lutadores caricatos e lutas encenadas), para tentar promover as lutas, também exibidas pelo USA Network. Sob a supervisão de Chao, a campanha de marketing da série se tornaria quase inexistente, e mudanças de horário visando combinar sua exibição com outras séries de ação que fracassariam terrivelmente contribuiriam para que a audiência sofresse uma queda constante.
Ainda assim, a segunda temporada terminaria com excelentes índices de audiência, dando origem a uma terceira, de mais 22 episódios, estreando em 3 de janeiro de 1999. A série ainda se manteve popular, mas com a audiência despencando, inclusive durante a quarta temporada, novamente de 22 episódios, que estreou em 9 de janeiro de 2000. Durante a quarta temporada, a campanha de marketing da série cessou por completo - nem mesmo propagandas durante os intervalos das demais séries do canal eram exibidas - e a audiência atingiu um patamar considerado "inaceitável" para a Warner, que decidiria fechar a torneira - durante a quarta temporada, a Warner divulgou um comunicado de que a série não seria renovada devido a "desentendimentos entre a Warner e o USA Network no tocante aos termos de renovação", fato que foi extensamente comentado nas publicações especializadas.
Logo após o anúncio do cancelamento, fãs da série se mobilizaram e criaram a campanha Save LFN (LFN, obviamente, sendo "La Femme Nikita"), que chegou a enviar 25 mil cartas para o USA Network pedindo para que as negociações fossem retomadas e o cancelamento evitado. Diante da repercussão, Chao e Surnow chegaram a um acordo para produzir mais uma temporada, de apenas oito episódios, que estreou em 7 de janeiro de 2001, para tentar fechar a história. Depois disso, porém, nem o apelo dos fãs fez efeito. O último episódio de La Femme Nikita seria exibido em 4 de março de 2001.
Esse não seria, entretanto, o fim da carreira televisiva de Nikita. Em 2010, a Warner decidiria apostar em uma nova série estrelada pela personagem, dessa vez chamada apenas Nikita, produzida por Craig Silverstein, que estrearia no canal The CW em 9 de setembro daquele ano, novamente com uma temporada de 22 episódios.
A nova série não é continuação nem da anterior, nem do filme, mas pega emprestados vários conceitos de ambos: Nikita (Maggie Q) é uma jovem viciada, presa após um roubo sair errado. Uma divisão secreta do governo norte-americano, chamada apenas Divisão, decide forjar sua morte e recrutá-la, para treiná-la como assassina. Originalmente uma organização antiterrorista, a Divisão se tornou mercenária, e seu chefe, Percy (Xander Berkeley), vende os serviços de seus assassinos ao cliente que pagar mais. Uma vez recrutada, Nikita é treinada nas artes da sedução por Amanda (Melinda Clarke), que também atua como psicóloga e torturadora da Divisão; no uso de modernos equipamentos eletrônicos por Birkhoff (Aaron Stanford), gênio da computação que supervisiona as missões dos agentes; e em técnicas de combate e espionagem por Michael (Shane West), seu recrutador, com quem vive um romance proibido que acaba se transformando em uma relação de amor e ódio.
A principal diferença da nova série para as encarnações anteriores da personagem é que isso tudo aconteceu antes de a série começar. Três anos antes do primeiro episódio, Nikita decide não somente desertar, mas lutar para destruir a Divisão, impedindo que ela continue recrutando pessoas e as obrigando a cometer os crimes que ela cometeu apenas para encher os bolsos de Percy. O trunfo de Nikita é uma recruta infiltrada há quase um ano, Alex (Lyndsy Fonseca), assim como ela, uma jovem viciada presa após num assalto malsucedido - com a diferença de que, no passado, a Divisão foi responsável pela morte de seus pais. Ao ver que Alex busca vingança, Nikita a treina pessoalmente, e providencia, em segredo, para que ela seja recrutada. Durante o treinamento que recebe na Divisão, Alex tem a missão de ficar de olhos e ouvidos abertos, e avisar Nikita de todas as operações em andamento, para que ela possa "surgir misteriosamente" e impedir os agentes de alcançar seus objetivos - o que resulta em prejuízos financeiros e de credibilidade para Percy.
O canal The CW já vinha tentando produzir uma série de ação centrada em uma personagem feminina forte há muito tempo, mas sem encontrar a história certa. No início de 2010, durante uma reunião da Associação dos Críticos de Televisão em Los Angeles, Silverstein conversaria com executivos da Warner Bros. (por um acaso uma das donas do CW, junto com a CBS), que ainda detinha os direitos sobre a personagem, e o assunto de que Nikita poderia ser uma boa opção veio à tona. Silverstein era fã do filme, mas se pôs a pensar se uma história tão conhecida ainda poderia prender o interesse do público. Foi então que ele teve a ideia de ambientar a série em um período após uma deserção de Nikita - período esse que jamais havia sido abordado no cinema ou na TV - e criar uma "segunda Nikita" - Alex - de história pessoal desconhecida, para manter o mesmo estilo "garota treinada para ser assassina contra sua vontade". A aposta daria certo, o CW aprovaria a produção quase que imediatamente, e a primeira temporada seria um sucesso de público e crítica.
Na primeira temporada, o principal objetivo de Nikita é encontrar artefatos conhecidos como "caixas-pretas", discos rígidos de computador nos quais estão gravados segredos de altas autoridades do governo norte-americano, os quais tornam Percy intocável - se o governo fizer algo contra ele ou contra a Divisão, todos os podres serão expostos. Durante sua busca, Nikita acaba cruzando o caminho de Owen (Devon Sawa), guardião de uma das caixas-pretas, a quem ela tenta convencer de que Percy é maligno e a lutar a seu lado contra a Divisão. Outros personagens coadjuvantes que estreiam na primeira temporada são Thom (Ashton Holmes), recruta da Divisão apaixonado por Alex; Jaden (Tiffany Hines), recruta que não vai com a cara de Alex e planeja transformar sua vida em um inferno; Roan (Rob Stewart), responsável por limpar a bagunça quando as missões dão errado (mesmo cargo de Victor no filme); e Ryan Fletcher (Noah Bean), agente da CIA próximo de descobrir que a Divisão existe e age fora do alcance do governo.
A boa audiência e as boas críticas da primeira temporada deram origem a uma segunda, de 23 episódios, que estreou em 23 de setembro de 2011. Buscando chacoalhar um pouco as coisas, os produtores fizeram Michael abandonar a Divisão e se unir a Nikita, ao mesmo tempo em que Alex, após um evento no qual perde a confiança em sua mentora, decide se voltar contra ela, se tornando uma verdadeira agente da Divisão, agora liderada por Amanda, com Percy como seu subalterno. Novos personagens da segunda temporada incluem Sonya (Lyndie Greenwood), responsável pela manutenção dos equipamentos da Divisão e interesse amoroso de Birkhoff; e Sean Pierce (Dillon Casey), ex-fuzileiro naval que tem a missão de vigiar Amanda para que ela não saia dos trilhos como Percy saiu.
A segunda temporada teve audiência muito mais baixa que a primeira, mas, mesmo assim, a Warner conseguiu convencer o CW a emplacar uma terceira, de mais 22 episódios, que estrearia em 19 de outubro de 2012. Chacoalhando ainda mais as coisas, a Divisão é desmantelada, Amanda foge com alguns ex-agentes para tentar fundar uma nova organização, e Fletcher é incumbido da missão de caçá-los, prendendo-os ou matando-os. Para se vingar de Nikita, Amanda a incrimina por um assassinato que não cometeu, o que faz com que o principal foco da terceira temporada seja Nikita - ao lado de Michael, Birkhoff e Alex, com quem faz as pazes - tentando limpar seu nome.
Talvez tenham sido as chacoalhadas, talvez tenha sido fogo de palha da primeira temporada, mas a audiência da terceira temporada conseguiu ser ainda mais baixa que a da segunda, o que levou a Warner a decidir não continuar produzindo a série. Uma quarta temporada, de apenas seis episódios, exibidos entre 22 de novembro e 27 de dezembro de 2013, ainda foi produzida apenas para fechar as pontas soltas - e não deixa de ser curioso notar que o mesmo aconteceu com La Femme Nikita. Depois disso, Nikita voltou à aposentadoria, onde aparentemente ficará até a Warner decidir usá-la novamente em algum filme ou série.
Para terminar, é interessante registrar que Besson jamais recebeu um único centavo por qualquer uma das duas séries. Apesar de assumir que elas foram inspiradas no filme francês - algo que a série mais recente, aliás, faz após cada episódio, com uma tela onde se lê "inspirado no filme Nikita" - a Warner dá uma de João Sem Braço e alega que já teria pago os direitos quando fez A Assassina. Besson, até agora, tem preferido não reclamar formalmente - embora deixe bem claro sua situação toda vez que é perguntado sobre as séries em entrevistas.
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