segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Escrito por em 9.9.13 com 2 comentários

Gen 13

Eu gosto muito de escrever posts sobre super-heróis. Se eles são mais raros do que eu gostaria, isso não se deve ao fato de eu gostar de poucos deles, mas a ser de certa forma difícil encontrar informações suficientes para um bom post, mesmo com o advento da Wikipédia, e, uma vez essas informações encontradas, dá um trabalhão juntar tudo e editar satisfatoriamente - afinal, a maioria deles está no mercado há uns 50 anos, é história a beça pra contar.

Além disso, há um outro lado envolvido: eu gosto muito da Marvel, mas não ligo muito pra DC. Por causa disso, a esmagadora maioria dos meus posts sobre super-heróis são sobre heróis Marvel, e parece que todos os principais já foram abordados - ou seja, a menos que eu resolva falar sobre o Homem-Formiga ou sobre o Esquadrão Supremo, não me restam muitas opções. A opção mais óbvia seria falar sobre heróis DC - já que, até hoje, só falei sobre dois, Batman e Mulher Maravilha - ou sobre um herói de outra editora, como quando eu falei sobre Hellboy.

Matutando sobre isso essa semana, pensei que seria legal falar sobre um herói da Image. Para quem não sabe, a Image foi uma "terceira força" no mercado das editoras de quadrinhos, surgida no início dos anos 1990 com tanto estardalhaço que chegou a ameaçar o reinado até então impenetrável da Marvel e da DC. Como a estrela que brilha mais forte é também a que mais cedo se apaga, a força da Image não durou muito, e hoje ela é apenas mais uma pequena editora independente. Muitos de seus heróis, porém, conseguiram grande fama durante o período áureo, fama essa que, em alguns casos, perdura até hoje.

Pois bem, pensando sobre qual herói Image eu poderia abordar, cheguei a uma lista de três finalistas - não por acaso meus três preferidos - da qual escolhi Gen 13, o que eu achava mais divertido. E que, evidentemente, será o tema do post de hoje.

Poucos heróis da Image eram realmente originais, e Gen 13, infelizmente, não se incluía nesse grupo, sendo bem parecido com a equipe original dos X-Men: um grupo de adolescentes com superpoderes causados por mutação genética, liderados por um mentor mais velho contra um segundo grupo de mutantes com superpoderes e propósitos malignos. As mutações da euqipe do Gen 13, porém, não advêm da evolução natural da espécie humana como nos X-Men, e sim de um projeto secreto do governo norte-americano, chamado Projeto Gênese.

No início, todos os adolescentes selecionados para o Projeto Gênese estão isolados em uma espécie de laboratório, com a desculpa de que possuem dons especiais e que precisam ser treinados - o que não é lá totalmente mentira. A adolescente de maior destaque do grupo é Caitlin Fairchild, moça extremamente brilhante mas extremamente tímida, principalmente por sua aparência desengonçada, alta e magra demais para a idade, o que faz com que ela seja desastrada e tenha pouca auto-estima. O pai de Caitlin fazia parte de uma equipe secreta do governo, o Team 7, que atuava em missões nas quais o exército não podia se envolver diretamente; graças a isso, ela foi selecionada ainda criança para fazer parte do Projeto, e, sem que soubesse, exposta a experimentos que visavam conferi-la poderes sobre-humanos. Caitlin, porém, nunca soube qual era o verdadeiro trabalho de seu pai, jamais conheceu sua mãe, e, quando ele decidiu largar a vida de mercenário e sumir no mundo, quando ela ainda era bem pequena, foi deixada por ele para ser criada por seus tios, até o dia que "sua inteligência brilhante a fez ser selecionada" para o Projeto.

Como as mutações da Marvel, os poderes das crianças do projeto também se manifestariam na adolescência, ativados por algum evento traumático, de forma repentina e sem que ninguém pudesse prever quais seriam. No caso de Fairchild, ela adquiriu força, vigor e resistência sobre-humanas, e não somente de forma conceitual, mas também com uma manifestação física, ou seja, a moça ficou ainda mais alta do que era, mas também bastante musculosa, o que transformou a menina feiosa e desengonçada num mulherão de 1,95 m - qualquer semelhança com a origem da Mulher-Hulk deve ter sido mera coincidência.

O evento traumático que transformou Fairchild na versão menos verde da Mulher-Hulk foi justamente a descoberta de que sua vida era uma mentira e que o governo a estava treinando para alguma coisa obscura. Após derrotar alguns soldados que vieram capturá-la, ela se uniu a dois outros adolescentes do programa, a espevitada Roxy Spaulding e o estereótipo de skatista e surfista Grunge - cujo nome verdadeiro, que ele odeia, é Percival Edmund Chang - para fugir do laboratório; assim como Fairchild, Roxy e Grunge também já tinham manifestado seus poderes: ele era uma versão adolescente do Homem-Absorvente, transferindo para seu corpo as propriedades dos materiais de qualquer objeto que tocasse - ficando duro como o aço ou maleável como a borracha, por exemplo - enquanto ela podia manipular a gravidade ao redor de seu corpo, fazendo a si mesma e a objetos próximos flutuarem, o que fez com que ela decidisse adotar o codinome de Queda-Livre.

Enquanto planejavam a fuga, Fairchild, Roxy e Grunge fariam amizade com três outros adolescentes do Projeto: Bobby Lane, codinome Queimada, possuía habilidades pirocinéticas, que permitiam que ele criasse e controlasse o fogo, inclusive para aquecer o ar a seu redor e permitir que ele voasse, como uma versão menos inflamada do Tocha Humana; Sarah Rainmaker, codinome Granizo, era uma versão de ascendência indígena da Tempestade, com o poder de controlar o clima; e Matthew Callahan, codinome Limiar, possuía poderes telepáticos e telecinéticos.

A primeira tentativa de fuga do trio acabaria frustada por Limiar. Assim como Fairchild, ele era filho de um ex-membro do Team 7, mas, de má índole, se tornaria uma espécie de psicopata após manifestar seus poderes, agindo dentre os demais adolescentes do Projeto Gênese como agente infiltrado da comandante do programa, Ivana Baiul. Quando o grupo fugiu, ele foi junto, mas depois os atraiu para uma armadilha. Após a formação da equipe Gen 13, Limiar e Baiul passariam a ser seus principais antagonistas, juntamente com a irmã de Limiar, Nicole Callahan, codinome Suave, periguete com o poder de manipular as emoções alheias, e que não dá valor ou importância a nenhum outro ser humano que não ela mesma.

Pois bem, após serem traídos por Limiar, os cinco adolescentes foram colocados em uma área de segurança máxima, mas acabariam recebendo ajuda interna para fugir: John Lynch, outro ex-integrante do Team 7, há muito tempo que já não concordava com as decisões de Baiul e com o prosseguimento do programa. Vendo que Fairchild era uma líder nata e que os adolescentes reunidos por ela tinham potencial heroico, ele decidiu ajudá-los a fugir, montou para eles um quartel-general na Califórnia e se comprometeu a treiná-los no uso de seus poderes desde que, em troca, eles os usassem para cumprir algumas missões determinadas por ele. Os cinco adolescentes, então, passaram a formar uma equipe chamada Gen 13 - codinome de seu grupo no Projeto Gênese, que alude ao fato de que eles já eram a décima-terceira geração de jovens expostos ao programa, e aparentemente a única na qual se conseguiu o resultado esperado; mais tarde, o Gen 13 descobriria que o Team 7, ao qual seus pais e Lynch pertenciam, fazia parte do grupo de testes Gen 12.

As primeiras missões do Gen 13 envolviam não somente fugir do governo e enfrentar Baiul e os irmãos Callahan, mas também pesquisar o passado do Team 7 em busca de pistas sobre o paradeiro de seus membros ou a origem de seus poderes. As histórias possuíam um tom fantasioso e cômico, sem muito compromisso com a realidade, levando a equipe a missões ao redor do mundo, a um navio de piratas, a uma ilha pré-histórica esquecida pelo tempo, ao espaço sideral e até mesmo a um futuro distópico. A exploração das relações familiares também era uma constante - Lynch tratava a todos como filhos, e acabaria descobrindo que Bobby era seu filho de verdade; Fairchild e Roxy descobririam que eram irmãs por parte de pai; o mesmo com Sarah e os irmãos Callahan, que, por acaso, se detestavam e se amavam na mesma intensidade; Roxy e Grunge se tornariam namorados; e, durante uma missão, ela adotaria um bichinho de estimação alienígena, Qeelocke.

Gen 13 foi uma criação de Jim Lee e Brandon Choi para o selo de Lee, o Wildstorm - aqui, cabe uma pequena explicação de como a Image funcionava: fundada por vários desenhistas e roteiristas dissidentes da Marvel e da DC, a Image era, na verdade, composta por vários selos, sendo que cada selo publicava personagens de um criador. Assim, Spawn, criado por Todd McFarlane, pertencia não à Image, mas à McFarlane Productions; os personagens criados por Marc Silvestri, como Cyber Force e Witchblade, pertenciam à Top Cow; os de Rob Liefeld, como Glory e Youngblood, ao Extreme Studios; e os criados por Jim Lee à Wildstorm. Tendo feito fama como desenhista dos X-Men, era natural que Lee focasse em grupos de super-heróis mutantes, como WildC.A.T.s e Stormwatch - cujas primeiras metades dos nomes formam, talvez não por acaso, Wildstorm. Gen 13 seria sua terceira incursão no estilo, a primeira usando protagonistas adolescentes.

Com roteiro de Choi e arte de J. Scott Campbell, que fez sua estreia nesse título, Gen 13 seria lançado primeiro como uma minissérie em cinco edições, entre fevereiro e junho de 1994. O sucesso da minissérie levaria ao lançamento de uma edição especial (numerada 0) em setembro daquele ano, e de uma série regular, com numeração recomeçando do 1, cujo primeiro número seria lançado em março de 1995. Esse primeiro número seria lançado com grande estardalhaço, tendo nada menos que 13 capas alternativas que faziam paródias de publicações famosas, como a Rolling Stone; de posters de filmes, como Pulp Fiction; de capas de discos, como o da Janet Jackson em que ela aparece sem blusa com duas mãos masculinas cobrindo seus seios; de capas famosas de outros super-heróis, como o Homem-Aranha; e até mesmo de um catálogo da Victoria's Secret. A distribuição das capas se fez de forma limitada, com nem todas estando disponíveis em todas as cidades, o que levou os colecionadores que queriam ter todas as 13 a verdadeiras peregrinações.

Assim como a minissérie, os primeiros números da série regular fizeram um sucesso absurdo, se tornando o título mais vendido da Wildstorm e um dos mais vendidos da Image. Grande parte desse sucesso se devia ao estilo, digamos, sensual das histórias, que não se furtavam em mostrar Caitlin, Roxy, Sarah e, principalmente, Suave em trajes sumários ou sem traje algum, embora nunca com nudez explícita. A arte de Campbell, que fazia moças de rostos delicados e cinturas finas, logo se tornou uma das mais reconhecidas do mercado, e foi eleita pelos fãs como um dos principais motivos pelo sucesso do elenco feminino da revista. Além de toda essa pele exposta, Choi ainda resolveu mexer com a imaginação dos leitores ao fazer Sarah se declarar bissexual - a primeira heroína com essa opção sexual em uma série de sucesso, o que causou um grande rebuliço e motivou protestos de muitos pais que já não viam os quadrinhos com bons olhos. Como sempre acontece, o estilo sensual de Gen 13 logo seria copiado por muitos outros títulos, com graus variados de sucesso - e dando início à tendência de que os uniformes masculinos cobrem o corpo todo, mas os femininos parecem não levar em conta que as heroínas sentem frio ou desconforto equanto estão combatendo o mal.

O sucesso de Gen 13 também fez com que a Marvel e a DC quisessem entrar na mesma toada: a Marvel logo lançaria uma nova equipe de adolescentes mutantes ligados aos X-Men, chamada Geração X, com o mesmo estilo cômico/fantasioso, mas sem os elementos sensuais - bem, exceto pelas vestimentas de Emma Frost, tutora do grupo - enquanto a DC prontamente procuraria Lee para negociar um crossover entre Gen 13 e Batman. Logo após o acerto com a DC, Campbell anunciaria que estava deixando a série (e, por causa disso, o crossover com o Batman jamais seria publicado) para fundar seu próprio selo, o Cliffhanger, e poder se dedicar integralmente a um título de sua criação e autoria, Danger Girl.

A última edição desenhada por Campbell foi a 24, de novembro de 1997. Choi decidiria ele também passar adiante os roteiros, e, a partir da edição seguinte, roteiros e arte seriam assumidos, respectivamente, por John Arcudi e Gary Frank, que, por alguma razão, resolveram abandonar o estilo cômico, fantástico e sensual que era a maior razão do sucesso do Gen 13, adotando um estilo mais sério e contido. Nada surpreendentemente, as vendas começaram a cair, com os fãs antigos abandonando a revista e os novos não se interessando.

No geral, todos os títulos da Wildstorm estavam com vendas baixas, o que fez com que Jim Lee não quisesse mais continuar publicando seus títulos pela Image - pelo modelo da editora, os personagens de cada selo pertenciam a seus criadores, mas os gastos de impressão e distribuição também deveriam ser assumidos por eles, ficando a Image como uma espécie de prestadora de serviços. Lee começou a negociar com outras editoras para ver se alguém queria comprar seus personagens, e a DC se interessou. A venda da Wildstorm para a DC se deu em 1998, produzindo efeitos a partir de janeiro de 1999; de início, a Wildstorm continuaria como um selo, voltado para leitores mais maduros - diferentemente das publicações principais da DC, voltadas ao público infanto-juvenil - com seus personagens não sendo considerados parte do Universo DC, embora a editora tenha deixado aberta a possibilidade de personagens Wildstorm aparecerem nos títulos DC e vice-versa. Isso deu um novo gás a títulos como WildC.A.T.s e Gen 13, e permitiu que novos, como The Autority, fossem lançados.

Arcudi e Frank ainda permaneceriam até a edição 41, de julho de 1999, e, após três edições com roteiristas e artistas convidados (duas delas em estilo mangá), os roteiros seriam assumidos por Scott Lobdell - um dos maiores responsáveis pelo sucesso dos X-Men na década de 1990, co-criador da Era do Apocalipse e roteirista das 28 primeiras edições da Geração X - e a arte por Ed Benes. Lobdell e Benes tentaram trazer de volta o estado anterior das coisas, retornando com as moças parcamente vestidas e as situações absurdas, mas a fórmula parecia estar esgotada, e, embora tenha havido um aumento nas vendas, não foi sensível.

Lobdell permaneceria responsável pelos roteiros até a edição 54, de agosto de 2000. Benes continuaria como desenhista, trabalhando com vários roteiristas diferentes até Adam Warren assumir como roteirista fixo em fevereiro de 2001, na edição 60. Warren, que trabalhou com vários desenhistas diferentes, trouxe de volta o estilo mangá - ele mesmo havia sido o responsável pelas duas edições anteriores nesse estilo - e aí a coisa descambou de vez, com as histórias se tornando mais absurdas que nunca, com brigas começando do nada entre o Gen 13 e outros adolescentes superpoderosos que surgiam sem nenhuma explicação - e as roupas das moças sendo invariavelmente rasgadas no processo. Como as vendas eram só ladeira abaixo, a Wildstorm resolveria cancelar a série também com uma situação absurda: matando toda a equipe, menos Fairchild, com uma bomba atômica. A última edição de Gen 13 seria a 77, de julho de 2002.

Além das edições regulares, Gen 13 também teve várias edições especiais lançadas durante o curso de sua série regular, como os especiais Gen 13 Rave, de março de 1995, Gen 13 Zine, no estilo fanzine, de outubro de 1996, Grunge: The Movie, de janeiro de 1997, Gen 13 Annual, de maio de 1997, Gen 13: The Unreal World, de julho de 1997, Wildstorm Halloween: Trilogy of Terror e Gen 13 3D Special, ambas de outubro de 1997, e Gen 13 Wired, de abril de 1999; as minisséries Gen 13: Ordinary Heroes, em duas edições de fevereiro e julho de 1996, Gen 13 Interactive, em três edições lançadas em outubro, novembro e dezembro de 1997, e Drama Queen Roxy, em três edições estilo mangá de outubro, novembro e dezembro de 1998; crossovers com o super-herói The Maxx, de dezembro de 1995, com o Homem-Aranha, em novembro de 1996, com a Geração X, em duas edições de julho de 1997 e fevereiro de 1998, com o título independente Monkeyman & O'Brien, em duas edições de junho e agosto de 1998, com o Super-Homem, em três edições lançadas em junho, julho e agosto de 2000, e com o Quarteto Fantástico, em maio de 2001; e os spin-offs Gen 13 Bootleg, com 21 edições lançadas entre novembro de 1996 e julho de 1998 e Gen-Active, com 6 edições lançadas entre maio de 2000 e agosto de 2001. A equipe também participaria do mega-crossover Shattered Image, que envolveu todos os personagens da Image, e de Mars Attacks Image, um crossover entre os personagens da Image e o filme Marte Ataca!. Baiul e os irmãos Callahan também ganhariam sua própria série, DV8, publicada entre setembro de 1996 e novembro de 1999 para um total de 35 edições, na qual uma equipe de adolescentes com superpoderes e sem valores morais liderada por Limiar e Suave atuava em missões selecionadas por Baiul.

Mas, na verdade, com a história da bomba atômica, a DC não planejava encerrar a série, e sim reformulá-la, acreditando que ela já estava muito datada dos anos 1990. Para a reformulação, a DC chamou Chris Claremont, outro responsável por grandes sucessos dos X-Men, para escrever o novo título de Gen 13, que recomeçaria do zero (literalmente, com a edição 0 sendo lançada em setembro de 2002) com Fairchild, já adulta, no comando de uma nova equipe de quatro adolescentes, dois meninos e duas meninas, que receberam superpoderes de uma entidade cósmica conhecida como Herod: Ethan York, filho de um bombeiro que perdeu a vida no 11 de Setembro, tem o poder de trasferir ferimentos de outras pessoas para si mesmo e então curá-los; Hamza Mansour Al-Rashad, que frequentemente sofre preconceito é é confundido com um terrorista, tem o poder de acelerar o tempo para si mesmo e para algumas pessoas próximas, efetivamente deixando tudo ao redor em câmera lenta; Gwendolyne Matsura possui uma tatuagem de dragão a qual ela consegue dar vida durante curtos períodos de tempo, transformando-a em um enorme dragão de energia psíquica chamado Sweetie; e Ja'nelle, além de força, agilidade e resistência sobre-humanas, ainda é telepata e pode criar uma projeção astral de si mesma. Mais uma vez com roteiros sérios e sem os elementos sexuais, as novas histórias abordavam temas como preconceito, puberdade e terrorismo.

Durante suas missões o novo Gen 13 começou a encontrar indícios de que os membros da equipe original talvez estivessem vivos e em poder de um grupo chamado G-Noma, e Fairchild passou a considerar encontrá-los como sua prioridade máxima. No fim, ela acaba descobrindo que todos eles, inclusive ela, deveriam mesmo ter morrido, e que sua presença nessa linha temporal ameaça o universo, sendo sua única chance voltar no tempo e impedir a detonação da bomba. Com o fim desse arco de história, como ainda não havia conseguido alcançar as vendas esperadas, a DC decidiu cancelar a revista outra vez, na edição 16, de fevereiro de 2004.

Ainda não seria dessa vez, entretanto, que o cancelamento seria permanente. Em 2006, a DC decidiria fazer um reboot de todos os títulos da Wildstorm, recomeçando-os mais uma vez do número 1, mas recontando as origens de seus personagens, como costumava fazer com os próprios heróis DC de tempos em tempos. Para isso, ela lançou um título especial do Capitão Átomo, no qual o herói DC fica preso no Universo Wildstorm, desencadeando eventos que dão início à saga Worldstorm.

Em meio à Worldstorm, foi lançado um novo número 1 de Gen 13, em outubro de 2006, com roteiros de Gail Simone e arte de Talent Caldwell. Em sua nova origem, os cinco adolescentes do Gen 13 foram selecionados e expostos a bio-engenharia por um departamento do governo chamado Tabula Rasa desde a infância; ao chegar na adolescência e manifestar superpoderes, eles passaram a ser perseguidos por essa organização, e se uniram para escapar. Todos os personagens ganharam novos traços de personalidade - Bobby é pacifista, Grunge é bem mais inteligente que aparenta, Roxy é bem mais autoconfiante que na série original, Sarah é lésbica e Caitlin é extremamente descontente com sua nova aparência - mas quem mais mudou foi Lynch: agora bem mais jovem, ele não é mais o mentor do grupo, e sim um empregado descontente da Tabula Rasa, que de vez em quando ajuda aos adolescentes.

Infelizmente para a DC, a Worldstorm se mostrou um grande fracasso - os novos títulos de WildC.A.T.s e The Autority seriam cancelados após apenas um único número - de modo que uma nova saga seria necessária para salvar o universo Wildstorm. "Salvar" talvez não fosse um bom termo, já que o editor responsável pela linha Wildstorm, Ben Abernathy, optaria por justamente destruir o mundo e ambientar todas as histórias em um cenário pós-apocalíptico, em uma saga chamada World's End (o "fim do mundo"). Quando isso aconteceu, em outubro de 2008, Gen 13 estava no número 21, e foi assumida pelo roteirista Scott Beatty e pelo desenhista Mike Huddleston.

No mundo pós-apocalíptico de World's End, seres superpoderosos são odiados pela população, que os vê como responsáveis pelo cataclisma, e o Gen 13 se torna mais pária e fugitivo que nunca. Enquanto foge do governo e do povo em geral, eles encontram e ajudam uma nova equipe, o Gen 14, formada pela nova geração de experimentos da Tabula Rasa: Holly Denton, primeiro conhecida como Goo, depois como Breakdown, tem o poder de fazer com que as moléculas de objetos se desassociem, transformando-os em uma espécie de gosma; Amber Leroux, codinome Ditto, pode criar múltiplas cópias de si mesma; Guillermo Sandoval, codinome Runt, pode aumentar e diminuir de tamanho; Lance Wieder, codinome Hardbody, possui superforça e é quase invulnerável; e Shaqira Johnson, codinome Windsprint, pode correr a velocidades inimagináveis.

A quarta e última encarnação de Gen 13 durou até a edição 39, lançada em fevereiro de 2011. Na ocasião, a DC decidiu finalmente encerrar o Universo Wildstorm, cancelando todos os seus títulos, e, após a saga Ponto de Ignição, que fez um novo reboot do Universo DC, os antigos personagens Wildstorm foram se incorporando aos poucos ao Universo DC, a começar por Fairchild, que reestreou como personagem secundária nas histórias do Superboy e atualmente faz parte da equipe de super-heróis adolescentes Ravagers. Grunge e Sarah também fizeram pequenas participações em histórias do Superboy, mas Bobby e Roxy ainda não estrearam, assim como a equipe como um todo. Se a DC vai relançar o Gen 13 como equipe, aliás, ainda é uma grande dúvida dos fãs.

Para completar, vale citar que, nos áureos tempos do sucesso nos quadrinhos, Gen 13 também ganhou uma versão animada, um longa de 86 minutos produzido pela própria Wildstorm em parceria com a Aegis Studios e distribuído pela Touchstone, subsidiária da Disney - o que foi de certa forma surpreendente, já que, ao contrário das animações Disney, o longa é bem fiel aos quadrinhos, com cenas sensuais e palavrões. Dirigido por Kevin Altieri (de Batman: A Máscara do Fantasma), o longa segue a mesma história da minissérie, mas sem a presença de Bobby e Sarah. O desenho contou com Alicia Witt (de Lenda Urbana) como Caitlin, Flea (do Red Hot Chili Peppers) como Grunge, John de Lancie (o Q de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração) como Lynch, e Mark Hamill (também conhecido como Luke Skywalker) como Limiar, além das dubladoras E.G. Daily como Roxy e Lauren Lane como Baiul.

O longa jamais foi lançado nos Estados Unidos por um problema mercadológico: logo após sua produção ser concluída, Jim Lee vendeu a Wildstorm para a DC, que pertence à Warner Bros, e a Disney não quis lançar um produto que geraria interesse em material da concorrência. Por causa disso, ele ficou engavetado até 31 de outubro de 2000, quando foi lançado em VHS na Hungria, Islândia e Grã-Bretanha; no ano seguinte, seria lançado também na Alemanha e Austrália, e exibido na TV a cabo da Rússia. Bizarramente, essa versão russa (felizmente ainda dublada em inglês) foi comprada pela HBO da América Latina, e até chegou a ser exibida aqui no Brasil. Até hoje, porém, não há planos de lançar o filme em DVD, nem de se fazer um lançamento oficial nos Estados Unidos.

2 comentários:

  1. Muito boa essa matéria, sou fã do grupo e como infelizmente não foi publicado tudo por aqui, suas informações são de grande ajuda...... Valeu

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  2. Muito boa essa matéria, sou fã do grupo e como infelizmente não foi publicado tudo por aqui, suas informações são de grande ajuda...... Valeu

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