Eu conheci o Placebo através de um programa da Mtv que só passava clipes de bandas independentes e desconhecidas, chamado Lado B. Seu primeiro CD eu comprei com um método que usava muito: escolher um qualquer para juntar com outros dois que eu estava querendo e aproveitar o frete da Amazon, que era o mesmo para até três CDs. Eram bons tempos, nos quais um dólar valia um Real e não existia imposto de importação.
Seja como for, eu gostei muito daquele primeiro CD, tanto que comprei mais dois e ganhei um de Natal da minha esposa, então namorada. Depois, meu interesse foi esvanecendo, e não comprei os dois últimos. Mesmo assim, ainda gosto muito daquele primeiro CD, e, até 2003 ou 2004, o Placebo figurava em qualquer lista de bandas preferidas que eu escrevesse. Valendo a lembrança, vamos a um post sobre eles!
O Placebo se formou em Londres, Inglaterra, no ano de 1994, pela união de dois amigos, o belga Brian Molko e o sueco Stefan Olsdal. Os dois estudaram na American International School de Luxemburgo na mesma época, mas não se conheceram lá; somente quando ambos decidiram ir morar em Londres, após a formatura, é que se conheceriam, por acaso: Olsdal estava voltando para casa de metrô, após sua aula de guitarra, quando Molko, que tentava começar uma carreira, vendo que ele estava com o instrumento às costas, o convidou para uma apresentação sua em um bar local.
Olsdal foi à apresentação, e se impressionou com as letras das músicas e a intensidade com a qual Molko as interpretava. Após a apresentação, ele sugeriu que ambos formassem uma banda, à qual deram o nome de Ashtray Heart ("coração de cinzeiro"). A banda, que de início consistia apenas em Molko cantando e Olsdal tocando guitarra, se apresentaria nos mesmos bares nos quais Molko estava acostumado a cantar, algumas vezes até tocando instrumentos de brinquedo e dizendo estarem produzindo um som experimental. Quando canatavam sério, os dois eram frequentemente elogiados, mas com a ressalva de que, para serem uma banda de verdade, precisavam de um baterista.
Molko, então, convidou para a banda um baterista que frequentemente se apresentava com ele, o inglês Steve Hewitt. Hewitt chegou a gravar algumas demos com Molko e Olsdal, mas não podia participar de suas apresentações porque já estava comprometido com outra banda, o Breed. Uma dessas demos chamaria a atenção da gravadora Hut Records, que, após um de seus representantes assistir a uma apresentação de Molko e Olsdal, ofereceria à banda um contrato. Como Hewitt não podia assinar, e para não perder a oportunidade, Olsdal convidou um antigo colega de colégio, o também sueco Robert Schultzberg.
Assim, em 1995 a banda assinaria seu primeiro contrato, mas não com o nome de Ashtray Heart, que a gravadora não gostava. Olsdal escolheria o nome Placebo, segundo ele porque, em latim, significa "eu agrado"; Molko, entretanto, quando perguntado, sempre dizia que o nome havia sido escolhido porque nos anos 1990 era moda batizar bandas com nomes de remédios, então a dele seria o placebo - aquele remédio de mentira que não tem efeito clínico, apenas psicológico.
O primeiro álbum do Placebo, também chamado Placebo, seria lançado em 16 de julho de 1996, no auge do sucesso do estilo conhecido como Britpop. Embora sua sonoridade fosse bem diferente, a banda também acabaria sendo enquadrada pelos críticos no movimento, o que até contribuiria para o sucesso do álbum, que chegaria ao quinto lugar da parada britânica. A maior parte de suas faixas, como Come Home e Teenage Angst, falavam de angústia, depressão e não encontrar seu lugar no mundo, o que combinava com a imagem andrógina que a banda passava em suas apresentações. As duas faixas de maior sucesso foram Nancy Boy e a música de trabalho, 36 Degrees, ambas falando sobre sexualidade.
Durante toda a gravação do álbum, Molko e Olsdal tiveram problemas com Schultzberg, que estava sempre revoltado e parecia não gostar do que fazia. Ele chegou a sair da banda no final de 1995, mas foi convencido pela gravadora a voltar para gravar uma nova faixa que seria lançada como single, Bruise Pristine. Em 1996, pouco antes da primeira aparição do Placebo na televisão, Schultzberg teve uma discussão séria com Molko, que pediu para que ele saísse da banda novamente. Schultzberg disse que sairia, mas que preferiria fazê-lo após a turnê que se seguiria ao lançamento do álbum, condição com a qual Molko e Olsdal concordaram.
Mas, durante a turnê, que começaria com a banda abrindo shows de David Bowie na Itália, Suíça e França, e então iria sozinha para os Estados Unidos, para depois retornar para Alemanha e Reino Unido, a convivência do trio se tornaria insustentável. Antes de um show em Nova Iorque, Schultzberg procuraria Olsdal e diria que não tocaria com a banda quando eles fossem para a Alemanha. O empresário do trio ainda convenceria o baterista a terminar a turnê norte-americana e fazer dois shows extras em Paris enquanto eles procuravam um substituto. Ao retornar à Europa, Molko entraria em contato novamente com Hewitt; como o Breed não deslanchava, e o Placebo já tinha mais shows agendados, Hewitt aceitaria o convite e trocaria de banda.
Após a turnê, Molko, Olsdal e Hewitt se concentrariam na produção do segundo álbum; apadrinhados por Bowie, eles conseguiriam um contrato com a Virgin, gravadora bem maior e que se comprometeria a fazer da banda um sucesso também nos Estados Unidos, o calcanhar de aquiles das bandas inglesas dos anos 1990. De fato, o segundo álbum, Without You I'm Nothing, foi lançado em 12 de outubro de 1998 com grande estardalhaço e uma poderosa campanha de marketing, que incluía a chancela da Mtv para o clipe de Pure Morning e a inclusão de Every You Every Me na trilha do filme Segundas Intenções.
O álbum seria extremamente bem sucedido dos dois lados do atlântico, chegando ao sétimo lugar e rendendo disco de platina no Reino Unido e vigésimo nos Estados Unidos, e suas faixas de trabalho Pure Morning alcançando o quarto lugar na parada britânica e You Don't Care About Us o quinto, ambas entrando para o Top 20 norte-americano. A famosa revista NME elogiaria bastante o álbum, e a Allmusic declararia que a banda merecia ser tão bem sucedida no resto do mundo como era no Reino Unido.
Curiosamente, durante os shows para a promoção do segundo álbum, a banda foi se tornando cada vez mais odiada pelos críticos do Reino Unido, que viam Molko como arrogante e pretensioso. Quanto mais o prestígio da banda parecia cair no Reino Unido, porém, mais ele parecia crescer no restante da Europa, onde os shows lotavam e os álbuns vendiam cada vez mais, principalmente na França - o francês era a língua nativa de Molko, e o fato de ele, quando na França, sempre dar entrevistas e se dirigir aos fãs em francês faria com que o país se tornasse a principal base de fãs do Placebo na Europa.
O lançamento do terceiro álbum do Placebo, Black Market Music, em 9 de outubro de 2000, seria acompanhado de mais polêmica, especialmente devido à faixa Special K, que fazia referência a drogas. Apesar de a crítica ter caído em cima - especialmente o NME, que diria que a banda "perdeu o rumo" - a recepção do público seria boa, com um milhão de cópias vendidas e as faixas Taste in Men e Slave to the Wage entrando para o Top 20 britânico. A versão norte-americana do álbum contaria com duas faixas extras, uma versão de I Feel You, do Depeche Mode, e uma versão de Without You I'm Nothing que contava com a participação de David Bowie nos vocais, anteriormente lançada apenas em single no Reino Unido.
O álbum seguinte, Sleeping With Ghosts, de 1o de abril de 2003, seria menos controverso. Suas faixas, especialmente English Summer Rain, The Bitter End e Special Needs, fazem referências a relacionamentos, falando de almas gêmeas, finais abruptos e dificuldades encontradas em seu curso. Segundo Molko, ele teria se inspirado em seus próprios relacionamentos e tentado exorcizar seus fantasmas, por isso o título do álbum. Sleeping With Ghosts venderia 1,5 milhão de cópias, e chegaria ao décimo-primeiro lugar da parada britânica.
Após Sleeping With Ghosts, a banda tentaria coisas diferentes. Primeiro, sairia pela primeira vez em turnê pela Austrália, acompanhando a banda Elbow. Em 2004, lançaria seu primeiro DVD de um show, Soulmates Never Die, gravado durante uma apresentação em Paris no final de 2003. Ainda em 2004, a banda lançaria a coletânea Once More With Feeling, disponível em CD e DVD, sendo que esse último trazia os videoclipes. Após esse lançamento, a banda sairia em turnê pela primeira vez pela América do Sul, retornando à Europa com uma apresentação especial na Wembley Arena, onde contou com a participação de Robert Smith, vocalista do Cure, que cantou Without You I'm Nothing e Boys Don't Cry. Em 2005, o Placebo participaria do prestigiado evento Live8.
O álbum seguinte da banda, Meds, seria lançado no final de 2005, mas, insatisfeitos com a qualidade das gravações, eles decidiriam fazer uma remasterização que duraria cinco meses, atrasando o lançamento para 13 de março de 2006. Antes disso, em janeiro, o álbum inteiro vazou na internet. Apesar das preocupações de que isso poderia refletir nas vendas, a vendagem de Meds até que foi boa, chegando ao sétimo lugar na parada britânica. Suas faixas de trabalho foram Infra-Red, Because I Want You e Song to Say Goodbye. Outras faixas de destaque foram Meds, que contava com a participação de Alison Mosshart, da banda The Kills, e Broken Promise, com a participação de Michael Stipe, do REM.
Ainda em 2006, o Placebo assinaria um contrato com a gravadora Astralwerks para relançar toda sua discografia nos Estados Unidos em edições de luxo. O primeiro álbum seria relançado como "edição especial de décimo aniversário", com cinco faixas-bônus, e em uma caixa que continha ainda um DVD de videoclipes, apresentações ao vivo e entrevistas. A versão norte-americana de Meds, primeira a ser lançada pela Astralwerks, em 1o de abril de 2006, também teria três faixas extras, mas não contaria com In the Cold Light of Morning, considerada "inapropriada para o mercado norte-americano" por conter "profanidades".
Em comemoração aos dez anos de carreira da banda, em 2007 a Virgin lançaria a coletânea Extended Play '07. Durante a turnê de promoção, Steve Hewitt decidiria deixar a banda para se dedicar a novos projetos, se tornando vocalista da banda Love Amongst Ruin e tocando em várias apresentações da Six by Seven. Em seu lugar, entraria o norte-americano Steve Forrest.
Em 2008, após dez anos de contrato, o Placebo decidiria não renovar com a Virgin, preferindo assinar com a gravadora belga PIAS. Seu primeiro álbum pela PIAS, primeiro com Forrest na bateria, se chamaria Battle for the Sun, e seria lançado em 8 de junho de 2009. Como parte da promoção, a faixa-título seria disponibilizada gratuitamente no site da banda, e o Placebo faria um "show secreto" em Londres, apenas com músicas do novo trabalho. Em maio, o site também começou a disponibilizar as faixas de Battle for the Sun em streaming, e fãs cadastrados tinham direito de ouvir o álbum inteiro cinco vezes. As faixas do álbum incluíam For What It's Worth, Ashtray Heart e Julien. Em 2010, o álbum ganharia uma versão Redux, que vinha com um disco-bônus com remixes.
Até o ano passado, o Placebo estava na turnê de lançamento de Battle for the Sun. Em maio de 2012, a banda anunciaria estar trabalhando em seu sétimo álbum, e em outubro lançaria B3, um EP de apenas cinco faixas, todas inéditas. No início de 2013, o site da banda seria totalmente reformulado, incluindo uma contagem regressiva que se encerrava em 21 de maio com os dizeres #LLL, o que levou a muita especulação se esse seria o título e a data de lançamento do novo álbum.
Na verdade, ao final da contagem regressiva, o novo álbum, Loud Like Love, foi anunciado para o dia 16 de setembro. Até lá, o Placebo já tem shows agendados na Turquia e Coreia do Sul, e uma nova turnê programada para o fim do ano na Europa.
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