segunda-feira, 28 de março de 2011

Escrito por em 28.3.11 com 4 comentários

Spiral Zone / Sectaurs

Essa semana, enquanto procurava um assunto, me lembrei do post que fiz sobre Jayce e Pole Position, e me dei conta de que ainda restam muitos desenhos animados legais dos anos 80 sobre os quais eu poderia falar. Diante disso, decidi que hoje seria vez de vermos mais dois deles!

O primeiro desenho sobre o qual falaremos hoje é Spiral Zone, um dos que eu mais gostava de assistir quando era criança. Primeiro, porque eu adorava a música de abertura - que, infelizmente, a Globo frequentemente cortava - segundo, porque ele tinha um clima sombrio diferente dos demais, que eu achava até parecido com o de Caverna do Dragão.

Assim como Jayce, Spiral Zone foi baseado em uma linha de brinquedos que originalmente não tinha nada a ver com o desenho. Nesse caso, porém, não era uma linha de brinquedos norte-americanos, mas japoneses, fabricados pela Bandai entre 1985 e 1988 com o nome de Special Force Group Spiral Zone. Diferentemente do que ocorria com Wheeled Warriors, Special Force Group Spiral Zone possuía uma história própria, que envolvia uma equipe ao estilo G.I. Joe enfrentando uma organização terrorista ao estilo Cobra no início do século XXI. Essa história, criada por Kazunori Ito (que hoje é famoso por seu trabalho na série .hack), podia ser encontrada em um livro, ilustrado por Akemi Takada (da série Patlabor), e em um LP, com músicas compostas por Toshiyuki Watanabe (da série Mothra). Para completar, os designs dos brinquedos foram criados por Kunio Okawara e Kazuhisa Kondo, responsáveis pelos mecha da série Gundam.

A ideia de fazer um desenho norte-americano baseado em Special Force Group Spiral Zone partiu de Diana Dru Botsford, que trabalhava para o estúdio Kushner-Locke, mais conhecido por séries de TV, e que até então só havia produzido um único desenho animado, baseado no filme O Garoto do Futuro, no qual Michael J. Fox interpreta um lobisomem adolescente. Talvez para evitar comparações com Comandos em Ação, a Kushner-Locke decidiu descartar completamente a história original japonesa, e aproveitar apenas o nome e a aparência dos veículos. Assim, Spiral Zone, o desenho norte-americano, também é ambientado no início do século XXI - mais precisamente, no ano de 2007 - e também acompanha uma equipe de soldados especialmente treinados, os Zone Riders, que também combatem uma origanização terrorista, os Black Widows, mas as semelhanças com o original japonês terminam aí.

O nome do desenho se deve ao plano estabelecido pelos Black Widows para dominar o mundo. Seu líder, chamado Overlord, um dia foi o cientista James Bent, que inventou para os militares uma arma poderosíssima: através de um gerador, seria produzida uma área de névoa chamada de Zona Espiral, que envolveria uma grande área em torno desse gerador. Essa névoa, por sua vez, continha uma bactéria, que deixaria todos os infectados com olhos amarelados, manchas vermelhas pelo corpo e sem qualquer força de vontade, se portando como zumbis sem mente e propensos a obedecer ordens. Para completar, os geradores se alimentariam da força vital das pessoas infectadas, que passariam, então, a ser conhecidas como Zoners.

O intuito dos militares, evidentemente, era usar a Zona Espiral contra os inimigos da América. O Dr. Bent, entretanto, tinha outros planos: com a ajuda de alguns comparsas, ele sequestrou um ônibus espacial, e o usou para lançar geradores em todas as principais cidades do mundo, transformando sua população em Zoners sob seu comando. Com o uso de um antídoto desenvolvido por ele mesmo, Bent tornou a si e a seus comparsas imunes aos efeitos da bactéria - mas não aos olhos amarelos e manchas vermelhas - o que possibilitou que eles vivessem dentro da Zona Espiral formada na cidade de Nova Iorque, onde os exércitos do mundo não podem alcançá-los. Mudando seu nome para Overlord e chamando seu grupo de Black Widows (os "viúvas negras"), ele passou a atacar sistematicamente o resto do mundo livre, para colocar em prática seu plano de transformar todo o planeta em uma enorme Zona Espiral sob o seu controle.

Além de Overlord, os Black Widows são o árabe Bandit, um mestre do disfarce; a Duquesa Dire, criminosa inglesa de família nobre; Razorback, um ex-militar norte-americano obcecado por espadas e facas; e Reaper, também norte-americano, também ex-militar, ex-condenado e atual mercenário, contratado por Overlord para ser seu guarda-costas. Na segunda metade da série se unem a eles o cientista francês Crook e o motorista de caminhão Raw Meat. Seus veículos são os Sledge Hammers, espécies de cadeiras armadas com um laser no topo, maças rotativas nas laterais e equipadas com esteiras de tanque; o Bullwhip Cannon, veículo militar de oito rodas armado com lasers; e o Intruder, um avião modelo stealth.

Diante da ameaça dos Black Widows, não restou ao mundo livre outra alternativa senão deixar suas diferenças de lado e cooperar para derrotar os vilões. Antigos inimigos, como Estados Unidos e União Soviética, se aliaram na busca de uma forma de penetrar a Zona Espiral e combater os terroristas sem expor seus soldados aos efeitos da bactéria. Após anos de pesquisa - ao final dos quais quase todo o planeta já está dentro da Zona Espiral - a solução foi encontrada na forma do material Neutron-90. Com o Neutron-90, é possível construir uma espécie de armadura, que protege o usuário dos efeitos da bactéria por um tempo limitado. Infelizmente, só foi produzido Neutron-90 suficiente para construir cinco armaduras antes que o segredo de sua produção fosse destruído; a solução foi treinar os cinco melhores soldados disponíveis e transformá-los nos Zone Riders, a última esperança do mundo livre.

A missão dos Zone Riders é invadir as Zonas Espirais, combater os Black Widows, frustrar seus planos e, se possível, destruir os geradores, acabando com elas. Eles são liderados pelo Major Dirk Courage, norte-americano especialista em operações de combate rápido. Seus outros membros são o Sargento Wolfgang "Tank" Schmidt, da Alemanha Ocidental, especialista em armamento pesado; o tenente japonês Hiro Taka, especialista em táticas de infiltração e resgate; o segundo-tenente Max Jones, também norte-americano, e especialista em operações especiais; e a oficial médica soviética Katerina "Kat" Anastacia. Na segunda metade da série, os Zone Riders encontram uma reserva de Neutron-90 que sobrou após a construção de suas armaduras, suficiente para fabricar mais duas; elas são dadas aos novos membros Tenente Benjamin Davis Franklin, outro norte-americano, especialista em operações de campo, e Tenente Ned Tucker, australiano, especialista em demolições. Os Zone Riders usam como base de operações uma base militar supersecreta encravada em uma montanha; cada um deles conta com uma mochila especial, com vários equipamentos que os ajudam a sobreviver na Zona Espiral, resgatar Zoners e destruir geradores. Para maior velocidade e manobrabilidade, seus veículos possuem apenas uma roda, e são armados com lasers; o de Courage, chamado Rimfire, também é armado com um canhão de concussão.

Spiral Zone estreou no canal CBS em 21 de setembro de 1987, entrando em syndication uma semana depois. No início, a audiência era boa, mas depois foi caindo sob reclamações de que era sombrio demais e inadequado para as crianças norte-americanas. Da segunda metade em diante, a entrada dos novos personagens serviu não apenas para tentar dar um novo fôlego, mas também para dar uma amenizada na série. Infelizmente, não adiantou, e o desenho acabou tendo apenas 65 episódios, com o último indo ao ar em 18 de dezembro, sem ser renovado para uma segunda temporada.

A fabricante de brinquedos norte-americana Tonka chegou a lançar uma série baseada no desenho - para a qual precisou licenciar os direitos com a Bandai, já que os veículos eram idênticos aos japoneses. Essa série consistia de quatro dos cinco Zone Riders originais (exceto Kat), os cinco Black Widows originais e todos os veículos. A característica mais curiosa dessa série era que cada personagem vinha com uma fita cassete na qual estava gravada uma aventura em áudio envolvendo o personagem em questão. Havia planos para lançar Kat, os personagens novos e até mesmo um gerador de Zona Espiral em uma segunda série no ano seguinte, mas o cancelamento do desenho os enterrou. A DC Comics também lançou uma minissérie em quadrinhos em quatro episódios, mas, devido ao cancelamento do desenho, ela jamais se transformou em uma série regular.

O segundo desenho do qual falaremos hoje é o dos Sectaurs. Se bem que, de certa forma, eu nem sei se tenho o direito de dizer que o desenho dos Sectaurs era um dos meus favoritos, já que ele só teve cinco episódios, dos quais eu não me lembro quase nada. Eu adorava, entretanto, os bonequinhos dos Sectaurs, com os quais brincava mais até do que com os do He-Man e os dos Thundercats (para falar a verdade, eu misturava tudo e fazia um grande crossover, mas gostava mais dos Sectaurs que dos demais). Se dependesse de mim, eu teria tido todos, mas só pude ter quatro, sendo que só um sobreviveu até hoje, e, assim mesmo, quebrado. Mas eu gostava tanto que o guardei como relíquia, enquanto os do He-Man e dos Thundercats, mais inteiros, já foram dados para as crianças mais pobres há tempos.

Os bonequinhos dos Sectaurs, inclusive, foram lançados antes do desenho, em uma manobra que, como vocês já devem ter percebido, era bastante comum nos anos 80: primeiro se lançava os brinquedos, depois se inventava uma história qualquer para contextualizá-los em desenhos e quadrinhos, que por sua vez ajudavam a vender mais brinquedos. Os brinquedos dos Sectaurs foram lançados em 1985 pela Coleco - que era mais famosa por ser a fabricante do videogame Colecovision - cada um acompanhado de uma mini-história em quadrinhos, que serviria de base para o desenho.

Sectaurs é ambientado em um planeta distante, chamado Symbion. Originalmente, o planeta era habitado por um povo conhecido apenas como os Antigos, uma raça de cientistas e pesquisadores. Um dia, um de seus experimentos deu horrivelmente errado, e a atmosfera do planeta foi afetada. Os insetos (e aracnídeos, embora o desenho trate aranhas como insetos) assumiram proporções gigantescas, alguns assumindo formas humanoides e desenvolvendo inteligência comparável à de seres humanos. Estes últimos ficariam conhecidos como Sectaurs, e se tornariam a nova raça dominante de Symbion. Além de possuir inteligência, linguagem e capacidade de criar ferramentas e construir instalações e equipamentos, cada Sectaur possui a habilidade única de se ligar mentalmente a um dos demais insetos de seu planeta, que se tornará seu amigo e companheiro, seguindo-o e protegendo-o até sua morte.

Percebendo que não conseguiriam sobreviver nesse novo mundo, antes de perecer os Antigos guardaram todos os seus segredos em bases secretas fortificadas, que viriam a ser conhecidas como Colmeias. Anos se passaram, e os Sectaurs, ao descobrir sobre a existência e localização das Colmeias, começaram uma guerra pelo conhecimento contido nelas. O futuro de Symbian está, então, nas mãos de duas facções, o benevolente Reino da Luz (Shining Realm em inglês), governado pelo Príncipe Dargon, e o maligno Império das Trevas (Dark Domain), liderado com mão de ferro pela Imperatriz Devora. Cada facção quer o segredo das Colmeias para seu próprio propósito, sendo desnecessário dizer que o do Império das Trevas é governar todo o planeta.

O próprio Príncipe Dargon lidera os guerreiros do Reino da Luz na buscas pela Colmeias e na luta contra as forças do Império das Trevas. Seu companheiro inseto é uma abelha gigante de nome Dragonflyer, que ele usa como montaria. Seu segundo em comando é o veterano Pinsor, especialista no uso do machado, que tem como companheiro o besouro gigante Battle Beetle, que também serve como montaria e usa suas potentes garras em combate. Mantor é um estudioso do modo de vida dos Antigos e especialista em artes marciais, o mentor de Dargon, e tem como companheiro a aranha Raplor, cuja teia pode ser usada como auxílio em escaladas, para pegar itens distantes e para capturar oponentes. O mais jovem dos guerreiros é Zak, capitão da Guarda Real e melhor amigo de Dargon, cujo companheiro é Bitaur, uma espécie de cruza entre cachorro e besouro, com uma potente mordida. Completa as forças do bem a guerreira Stellara, cujo compenheiro inseto, o besouro Rhine-Ox, foi morto antes dos eventos da série. Ela acompanha os demais por ser apaixonada por Dargon e ver em Pinsor uma figura paterna, enquanto busca por um outro companheiro inseto para fazer uma nova ligação mental.

As forças do Império das Trevas são comandadas pelo impiedoso General Spidrax, que usa como arma um chicote envenenado que parece ter vida própria, se comportando como uma serpente. Seu companheiro inseto é Spiderflyer, uma aranha gigante com asas de vespa que ele usa como montaria. Diferentemente de outros companheiros insetos, Spidrax não se ligou mentalmente a Spiderflyer, escravizando-a e obrigando-a a servi-lo à força. O segundo em comando é o Comandante Waspax, que planeja secretamente assassinar Spidrax e assumir o comando, e tem como companheiro inseto Wingid, uma vespa que não é grande o suficiente para ser usada como montaria, mas que aguenta carregá-lo em voo. O oportunista e deformado Skulk, enteado da Imperatriz Devora, também faz parte do grupo, assim como seu companheiro inseto Trancula, uma tarântula gigante que ele usa como montaria. Completa as forças do mal o mercenário Skito, cujo companheiro inseto, a formiga Toxcid, tem a capacidade de expelir um jato de veneno.

A linha de brinquedos lançada pela Coleco incluía apenas os oito personagens masculinos (ou seja, sem Stellara ou a Imperatriz). Além da mini-história em quadrinhos, cada um deles acompanhava um conjunto de armas e seu companheiro inseto. Os quatro insetos "pequenos" possuíam "habilidades especiais" - Bitaur tinha uma mola na boca, para fazê-lo morder com força; Raplor tinha um gancho na boca ligado a uma manivela nas costas, a criança podia esticar o gancho até o limite da cordinha e depois recolhê-lo com a manivela, arrastando outros brinquedos ou fazendo com que Raplor escalasse algum móvel; Toxcid podia ser enchido com água, que espirrava ao ser apertado; e Wingid tinha um botão que fazia com que suas asas batessem - enquanto os "grandes" (Dragonflyer, Battle Beetle, Spiderflyer e Trancula), além de montaria para os bonecos, também serviam como fantoches. Evidentemente, isso também fazia com que eles fossem mais caros. Pelo que eu me lembro, os insetos grandes não foram lançados no Brasil - aqui, a série foi produzida pela Mimo - o que fez com que Dargon, Pinsor, Spidrax e Skulk fossem comercializados sozinhos, mas pode ser que minha memória esteja me traindo. Se interessar a alguém, os quatro bonecos que eu tinha eram exatamente os que vinham com os insetos pequenos, Mantor, Zak, Waspax e Skito, sendo que o único sobrevivente, citado acima, é Raplor, que está sem o gancho porque a cordinha arrebentou, e tanto o gancho quanto a manivela se perderam.

A Coleco chegou a lançar nos Estados Unidos uma segunda versão de Dargon, jamais lançada no Brasil, chamada Night Fighting Dargon ("Dargon de Luta Noturna"). Essa versão vinha com uma armadura, olhos, antenas e um binóculo que brilhavam no escuro, e um novo companheiro inseto, Parafly, uma libélula de tamanho pequeno com uma cauda que também brilhava no escuro. A Coleco também chegou a planejar uma segunda série, que traria um Night Fighting Spidrax no mesmo estilo, um boneco de Stellara acompanhado de Rhine-Ox e mais alguns personagens novos, mas, como o desenho não emplacou, a segunda série foi cancelada.

O desenho dos Sectaurs foi produzido pela Ruby-Spears, mesma produtora dos Centurions (que sim, um dia serão abordados em um post aqui do átomo) e do desenho do Rambo. Assim como esses dois, e como muitos outros desenhos dos anos 80, primeiro foi produzida uma minissérie em cinco episódios, exibidos entre 14 de setembro e 12 de outubro de 1985. Caso a minissérie fosse bem sucedida, seria produzida uma série regular.

Infelizmente, não foi. Não sei se vocês sabem, mas norte-americanos odeiam insetos (e aracnídeos), em especial aranhas - até Stan Lee chegou a ser considerado maluco quando inventou um super-herói que tinha poderes ligados a aranhas, porque "todo mundo odeia aranhas". Nesse contexto, o desenho foi considerado muito assustador, e muitas crianças tinham até dificuldades para diferenciar os heróis dos vilões, já que todos eram insetos feiosos. Isso fez com que a Ruby-Spears decidisse não gastar dinheiro em uma série regular. Para piorar a situação, como cada personagem de Sectaurs era, na verdade, dois (o personagem em si e seu companheiro inseto), os bonecos da Coleco eram mais caros que seus concorrentes diretos, e acabaram sendo um fracasso de vendas. O destino dos Guerreiros de Symbion estava selado.

Além da linha de brinquedos e do curto desenho, os Sectaurs foram astros de um livro que vinha com uma fita cassete para a criança ouvir enquanto acompanhava a história, e de uma série em quadrinhos lançada pela Marvel. Essa série em quadrinhos foi ligeiramente melhor sucedida que o desenho - alguns dizem que foi porque era voltada para adolescentes, e não para crianças - mas, mesmo assim, teve vida curta, com apenas oito edições.

4 comentários:

  1. Esse desenho nunca passou em Maceió, onde passei meus primeiros doze anos... Acho que foi ao ar pelo SBT, que deixou de passar por lá entre 1985 e 92. Por lá só tivemos mesmo os bonecos e o álbum de figurinhas, que, se não me engano, trazia um "alfabeto de Symbion", com um símbolo correspondendo a uma letra do nosso, e várias mensagens espalhadas entre as páginas pra garotada decifrar!

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  2. sabe onde posso compras estas series

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  3. Em DVD, em lugar nenhum. Nenhuma das duas nunca foi lançada oficialmente nem nos Estados Unidos.

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  4. Saudade dessa época...

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