segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Escrito por em 4.10.10 com 0 comentários

24 Horas de Le Mans / ALMS

Anteontem aconteceu a Petit Le Mans, última prova do calendário da American Le Mans Series. Embora eu só tenha começado a acompanhar a ALMS esse ano, rapidamente a categoria entrou para o meu grupo de preferidos. Suas corridas, apesar de longas, são emocionantes, e ainda há um piloto brasileiro - Jaime Melo - com reais condições de vitória. Eu refletia sobre tudo isso enquanto assistia à penúltima prova da temporada pelo canal Speed, quando me dei conta de que a ALMS seria um bom assunto para um post aqui do átomo - principalmente porque já faz uns dois anos que eu não faço um post novo sobre automobilismo. Portanto, segurem-se em suas cadeiras, que hoje é mais uma vez dia de velocidade no átomo!



A American Le Mans Series, ou ALMS, tem origem em uma das mais tradicionais e glamourosas provas do automobilismo mundial, as 24 Horas de Le Mans. Criada na década de 1920, a corrida tinha por objetivo testar a durabilidade dos carros: diferentemente do que ocorria nas demais provas da época, nas quais as equipes apostavam tudo na velocidade ao construir os carros participantes, em Le Mans o objetivo era fazer um carro resistente e eficiente, que conseguisse chegar ao fim da corrida com o menor número de pit stops possível, tanto para manutenção quanto para abastecimento - já que mais tempo nos pits representa menos tempo correndo, e menor chance de vencer a corrida. Para isso, os organizadores determinaram que a corrida não seria definida após um número determinado de voltas, mas após um período determinado de tempo - no caso, 24 horas, daí o nome de prova. Sim, é isso mesmo: uma corrida em Le Mans dura um dia inteiro. Após 24 horas correndo, quem chega na frente é o vencedor.

A primeira prova das 24 Horas de Le Mans foi disputada em 1923. Desde então, ela é realizada anualmente, só tendo pulado o ano de 1936 (por causa da Grande Depressão) e o período entre 1940 e 1948 (por causa da Segunda Guerra Mundial). A prova é organizada não pela FIA, mas pelo Automobile Club de l'Ouest (ACO), seguindo as regras da FIA para provas oficiais. O circuito no qual a prova é disputada é conhecido como Circuit de la Sarthe, nome do departamento onde está localizada a pequena cidade de Le Mans, que batiza a corrida. Desde a primeira prova, em 1923, o traçado do circuito já passou por treze modificações, sendo a mais curiosa a adição de duas chicanes na reta de Mulsanne, para que a prova não deixasse de ser considerada oficial pela FIA - em 2001, a Federação determinou que nenhum circuito oficial poderia ter uma reta com mais de 2 km, e a Mulsanne tem 5 km. Falando nisso, o Circuit de la Sarthe é um dos mais extensos do mundo, com 13,629 km de extensão - só para comparar, o mais extenso da Fórmula 1, Spa-Francorchamps, tem 7,004 km, praticamente a metade; e Indianápolis, que todo mundo vê como gigantesco, tem 4,023 km, menos de um terço.

O Circuit de la Sarthe é tão enorme que tem um outro circuito dentro, o Circuit Bugatti, atualmente usado para provas de várias categorias do automobilismo francês, para uma etapa do Mundial de MotoGP, e que em 1967 abrigou o GP da França de Fórmula 1. Antes que alguém aí diga "mas vários outros autódromos, inclusive Indianápolis, têm outro circuito dentro", eu informo que a parte compartilhada por ambos os circuitos, aproximadamente 40% do Circuit Bugatti, corresponde a menos de 10% do Circuit de la Sarthe, enquanto em Indianápolis a parte compartilhada também corresponde a aproximadamente 40% do misto, mas a 50% do oval. Tirando a parte que compartilha com o Bugatti, e que pertence ao autódromo de Le Mans, o Circuit de la Sarthe é composto de ruas e estradas usadas pelos habitantes da região durante o resto do ano, e fechadas durante a corrida - sendo fechadas poucas horas antes da primeira sessão de treinos e reabertas momentos depois do final da prova, para não atrapalhar muito o trânsito local. A própria Mulsanne é uma estrada, a Ligne Droite des Hunaudières, ou D338, que liga as cidades de Le Mans e Mulsanne, daí o apelido.

Assim como as 500 Milhas de Indianápolis, as 24 Horas de Le Mans são um grande acontecimento esportivo, com várias regras e tradições próprias, como agitar a bandeira da França para determinar a largada da corrida, e a exigência de se desligar os carros durante o abastecimento - não somente porque é mais perigoso abastecer um carro ligado, mas também porque o carro deve provar ser resistente o suficiente para aguentar ser ligado e desligado várias vezes durante a corrida. Também só são classificados os carros que cruzam a linha de chegada após 24 horas da largada, e que tenham completado pelo menos 70% da distância percorrida pelo vencedor. A tradição de se espirrar o champagne ao invés de bebê-lo no pódio também foi inventada em Le Mans, na prova de 1967, quando os norte-americanos A.J. Foyt e Dan Gurney, que venceram a corrida pilotando um Ford GT40 Mk.IV, considerados azarões, resolveram dar um banho de champagne no chefe da equipe, no presidente da Ford e em vários jornalistas que não foram muito agradáveis ao escrever suas previsões para a dupla, para demonstrar sua alegria. A cena foi notícia no mundo inteiro, e acabou sendo repetida desde então em várias categorias, principalmente na Fórmula 1.

Falando nisso, em Le Mans nenhum piloto dirige sozinho, pois seria loucura um sujeito ficar atrás de um volante dando voltas e voltas até completar 24 horas de direção contínua. Como tem louco pra tudo, alguns já tentaram, mas desde 1956 isso é proibido pelo ACO - não por acaso, depois do maior acidente da história da prova, em 1955, que vitimou o piloto francês Pierre Levegh, que tentava justamente completar a prova dirigindo sozinho, matando, ainda, 120 espectadores, ferindo outros 100, e levando a uma onda de mudanças no automobilismo visando a segurança de pilotos e espectadores. Até a década de 1980, o comum era cada equipe correr com dois pilotos, até que algumas, vendo que um piloto descansado rendia mais, começaram a se aventurar com três. Hoje em dia, o uso de três pilotos é obrigatório, sendo que nenhum piloto pode dirigir por mais de quatro horas consecutivas ou 14 horas no total.

Atualmente, as 24 Horas de Le Mans são uma corrida "solta", que não faz parte de nenhum campeonato, embora de 1953 a 1992 tenha feito parte do finado Campeonato Mundial de Carros Esporte da FIA. Para participar da prova, pilotos e equipes se inscrevem, e suas inscrições podem ser aceitas pelo ACO ou não, baseado em fatores como habilidade do piloto, competência técnica da equipe e capacidade de correr em segurança. Por volta de 50 carros disputam a prova, embora o número exato possa variar de ano pra ano dependendo da condescendência do ACO, que a cada ano aprova e recusa um número diferente e inscrições. Como não faz parte de um campeonato, os pilotos e equipes que disputam a prova estão de olho não nos pontos, mas no dinheiro da premiação e no prestígio - simplesmente competir em Le Mans já é considerado um grande feito no mundo do automobilismo, e vencer a prova é uma grande glória.

Pois bem, ciente da importância da prova, na década de 1990 o empresário Don Panoz, dono de uma das fabricantes de carros de corrida mais tradicionais dos Estados Unidos, decidiu levar a emoção de Le Mans para seu país. Após negociações com o ACO, Panoz criou a já citada Petit Le Mans ("pequena Le Mans"), uma prova de 10 horas de duração que seria realizada anualmente no circuito de Road Atlanta, na cidade de Braselton, Geórgia, Estados Unidos (que tem 4,088 km de extensão, caso alguém esteja querendo saber), seguindo todas as regras das 24 Horas de Le Mans. A primeira edição da Petit Le Mans foi disputada em 1998, como parte do Campeonato Profissional de Carros Esporte (PSCR) da International Motor Sports Association (IMSA; eu sei, esse post tem um monte de siglas), organização norte-americana que organiza diversos campeonatos de automobilismo.

Dois fatores fizeram com que a primeira prova da Petit Le Mans fosse também a última como parte desse campeonato, porém: primeiro, a associação com a IMSA significava que Panoz não poderia usar todas as regras do ACO, tendo que seguir algumas das regras próprias da entidade; segundo, o PSCR já estava mal das pernas - coincidentemente, o campeonato de 1998 seria o último. Diante disso, Panoz decidiu criar seu próprio campeonato, no qual todas as provas, não somente a Petit Le Mans, seguiriam as regras do ACO. Ele deu a esse campeonato o nome de American Le Mans Series, e organizou sua primeira temporada já no ano seguinte, 1999. Desde então, a ALMS se consolidou como um dos principais campeonatos do automobilismo norte-americano, já ocupando a terceira posição em preferência do público, atrás apenas da Nascar e da Fórmula Indy.

Uma das coisas mais legais da ALMS - e que também existe nas 24 Horas de Le Mans - é que são quatro categorias disputando uma mesma prova, ao mesmo tempo. Comparando toscamente, é como se, em uma mesma corrida, corressem carros da Fórmula 1, da GP2, da Nascar Sprint Cup e da Nascar Nationwide Series. Eles largam todos "misturados" e podem se ultrapassar livremente durante a corrida, mas a pontuação é conferida por categoria - mesmo que um piloto chegue, por exemplo, em quinto, se ele for o primeiro de sua categoria, receberá a pontuação destinada ao vencedor. Cada corrida conta, ainda, com um "vencedor geral", o primeiro a cruzar a linha de chegada, que ganha um bônus em dinheiro - na ALMS não há qualquer bônus na pontuação, como ocorre, por exemplo, na Fórmula Indy; os únicos pontos distribuídos são os das colocações de chegada.

Duas das categorias da ALMS são dos chamados protótipos, carros construídos especificamente para correr, como um carro de Fórmula 1 ou Fórmula Indy. A categoria principal dos protótipos se chama LMP (de Le Mans Prototypes), e abriga carros de diversos fabricantes, como Audi, Peugeot, Porsche, Mazda, Aston Martin e Lola. Uma curiosidade da LMP é que o motor dos carros normalmente é movido a diesel, embora alguns usem motor híbrido, movido a diesel ou gasolina. Carros da LMP possuem luzes e números na cor azul, e se parecem com um carro de Fórmula 1 de dois lugares, com paralamas e faróis - já que, devido à extensa duração das provas, precisam correr à noite. O regulamento permite que eles tenham capota - o que acaba adicionando um parabrisa e duas portas - mas apenas os fabricados pela Lola ainda utilizam este item. A categoria LMP da ALMS reúne características das duas categorias de protótipos das 24 Horas de Le Mans, a LMP1 e a LMP2; esta mudança no regulamento foi feita nesse ano de 2010, e, portanto, ainda está em vigor uma regra de transição, que determina que, nas provas com mais de 8 horas de duração, os carros corram separados em LMP1 e LMP2, e não todos juntos na LMP. Basicamente, a diferença entre a LMP1 e a LMP2 é que os carros da LMP1 têm mais inovações tecnológicas e suas equipes são mantidas por montadoras, enquanto os LMP2 são mais simples (e mais baratos) e mantidos por equipes particulares.

A segunda categoria dos protótipos é a LMPC, ou Le Mans Prototypes Challenge. Criada esse ano, é uma espécie de categoria de acesso à LMP, com pilotos menos experientes e todos guiando o mesmo modelo de carro, um ORECA-Courage FLM09 com pneus Michelin - na LMP, a escolha dos pneus, assim como a do motor, é livre. Os carros da LMPC têm a mesma aparência dos da LMP, porém sem a opção de capota, sendo seus números, luzes, espelhos retrovisores e dutos de ar da carenagem na cor vermelha, para destacá-los de seus "parentes" da outra categoria.

As outras duas categorias são de carros de turismo, ou seja, carros praticamente idênticos aos vendidos pelos fabricantes para trafegar nas ruas, com apenas algumas poucas modificações em nome da segurança, velocidade e durabilidade. A principal categoria turismo é a GT (de Grand Touring, o famoso "Gran Turismo"), que abriga carros como o BMW M3, Corvette C6.R, Ferrari F430, Ford GT-R, Jaguar XKRS, Panoz Abruzzi e Porsche 911 GT3 RSR. Carros da categoria GT possuem marcas amarelas em seus parabrisas, aerofólios traseiros e espelhos retrovisores. Assim como com a LMP, até o ano passado a categoria era dividida em GT1 e GT2; diferentemente do que ocorreu com os protótipos, porém, a GT1 simplesmente foi extinta, e a GT2 virou GT. Também diferentemente do que ocorreu com os protótipos, isso não teve qualquer consequência para as provas de mais de 8 horas. A diferença básica entre a GT1 e a GT2 é que os carros da GT1 são mais modificados, o que resulta em mais potência e em velocidade final próxima às dos protótipos, enquanto os GT2 são menos modificados, mais próximos dos carros que rodam nas ruas.

A quarta e última categoria é a GT Challenge, ou GTC. Também criada esse ano, ela é uma categoria de acesso, assim como a LMPC, com pilotos iniciantes e apenas um tipo de carro, o Porsche 911 GT3 RS (versão "menor" do Porsche 911 GT3 RSR da categoria GT). Carros da categoria GTC possuem marcas vermelhas em seus parabrisas, aerofólios traseiros e espelhos retrovisores.

O calendário da ALMS para 2010 contou com nove provas, mas a previsão para 2011 é que ele conte com 10, sendo uma nova e uma entrando no lugar da prova de Utah. A Petit Le Mans, como eu já disse, é a última, e tem duração de 10 horas ou 1.000 milhas percorridas pelo vencedor, o que acontecer primeiro. Os dois primeiros lugares das categorias LMP1, LMP2 e GT na Petit Le Mans ganham inscrição automática para as 24 Horas de Le Mans do ano seguinte, assim como os campeões das categorias LMP e GT. Os vencedores das demais provas da ALMS nessas categorias também recebem uma "consideração especial" do ACO caso se inscrevam para as 24 Horas do ano seguinte.

A prova de abertura da ALMS também é bastante tradicional, as 12 Horas de Sebring, que, entre 1973 e 1998, também fizeram parte do calendário do PSCR. Disputada desde 1950 no Autódromo Internacional de Sebring, um circuito de 5,95 km de extensão construído em uma antiga base do exército dos Estados Unidos na cidade de Sebring, Flórida, a prova é considerada a mais tradicional do automobilismo de resistência norte-americano, e costumava ser disputada por pilotos europeus como preparação para as 24 Horas de Le Mans. Assim como o Circuit de la Sarthe, o Circuito de Sebring também já passou por várias modificações ao longo dos anos, estando em seu sétimo traçado. Como o nome da prova sugere, as 12 Horas de Sebring têm duração de 12 horas, sendo famosas por começarem de dia e terminarem à noite.

A outra prova "comprida" do calendário é a de Laguna Seca, disputada no famoso circuito que já abrigou provas da Fórmula Indy e da MotoGP, em Monterey, Califórnia, e que tem duração de 6 horas. A prova mais curtinha é a de Long Beach, disputada em um circuito de rua na cidade californiana de mesmo nome - o mesmo que abriga a prova da Fórmula Indy atualmente - e que tem duração de 1 hora e 40 minutos. As outras cinco provas têm duração de 2 horas e 45 minutos cada, e são disputadas no Miller Motorsports Park, em Tooele, Utah; no Lime Rock Park, em Lakeville, Connecticut; no circuito de Mid-Ohio, em Lexington, Ohio (mesmo que abriga a prova da Fórmula Indy); no circuito de Road America, em Elkhart Lake, Wisconsin (também o mesmo que abriga a prova da Fórmula Indy); e no circuito de Mosport, em Bowmanville, Ontário, Canadá (mesmo que abrigou o GP do Canadá de Fórmula 1 em 1967, 1969, e entre 1971 e 1977).



Uma outra peculiaridade da ALMS é que, como as provas têm durações diferentes, com exigências diferentes para os carros e pilotos, consequentemente, a pontuação oferecida em cada uma delas também é diferente - uma vitória, por exemplo, em Sebring ou na Petit Le Mans vale 30 pontos, em Laguna Seca vale 25 pontos, e em cada uma das outras seis provas vale 20 pontos. Independentemente da prova, cada piloto só pode correr no máximo duas horas consecutivas ou oito horas no total; por causa disso, em Sebring e na Petit Le Mans cada carro usa três pilotos, enquanto nas demais provas usa dois. Mesmo assim, o mundial de pilotos conta a pontuação individual de cada um - na corrida em que o piloto Fulano não corre, ele não pontua, mesmo que seu carro, pilotado por outros dois pilotos, pontue.

Finalmente, a ALMS tem uma "competição paralela verde", o Michelin Green X Challenge. A cada corrida, pontuam os dois carros - um protótipo e um turismo - que poluíram menos, de acordo com medidores instalados nos escapamentos. Esses pontos não contam para o campeonato "normal", mas apenas para o Green Challenge, sendo que há uma premiação em dinheiro no fim do ano para os dois "campeões ecológicos". O Green Challenge é levado bastante a sério, com várias equipes já investindo em combustíveis alternativos, como biodiesel e etanol.

O enorme sucesso da ALMS tem levado à criação de vários outros campeonatos de corridas de resistência seguindo as regras do ACO. A maioria deles, infelizmente, resultou em enormes fracassos, como a European Le Mans Series, que teve apenas uma temporada, em 2001; a Japan Le Mans Challenge, que teve duas, em 2006 e 2007; e a Asian-Pacific Le Mans Series, que realizou apenas duas corridas de exibição, os 1.000 km de Fuji em 1999 (no mesmo circuito que sediou o GP do Japão de Fórmula 1 em 1976, 1977, 2007 e 2008), e a Corrida dos Mil Anos em Adelaide, Austrália, no último dia de 2000 (também no mesmo circuito que sediou o GP da Austrália de Fórmula 1 entre 1985 e 1995). Ano passado, houve uma tentativa de esse último campeonato, rebatizado apenas como Asian Le Mans Series, finalmente estrear, mas mais uma vez foi realizada apenas uma corrida, os 1.000 km de Okayama, no Japão, com as demais corridas, que seriam na China, sendo canceladas por razões financeiras.

O único campeonato que vingou foi a nova versão do europeu, que, rebatizado apenas como Le Mans Series, estreou em 2004 e é realizado anualmente até hoje. Curiosamente, mas talvez não surpreendentemente, as 24 Horas de Le Mans não fazem parte do calendário, embora, assim como ocorre com a ALMS, os campeões de cada categoria tenham inscrição automática na prova, e os vencedores das etapas recebam consideração especial. Nesse ano de 2010, o calendário da Le Mans Series contou com uma prova de 8 horas de duração, realizada em Paul Ricard, França, e quatro provas de 1.000 km, realizadas em Spa-Francorchamps (Bélgica), Portimão (Portugal), Hungaroring (Hungria) e Silverstone (Inglaterra). Notem que, exceto por Portimão, todos são circuitos que não só abrigam (ou já abrigaram, no caso de Paul Ricard), os GPs de seus respectivos países de Fórmula-1, mas também são circuitos bastante tradicionais da categoria. Outros circuitos ligados à Fórmula 1 também já passaram pelo calendário da Le Mans Series, como Nürburgring (Alemanha), Monza (Itália), Donington Park (Inglaterra), Barcelona, Valencia e Jarama (Espanha), e até mesmo Interlagos, sede da prova das Mil Milhas Brasileiras, parte do calendário oficial de 2007.

Além dos circuitos, ex-pilotos da Fórmula 1, como Nigel Mansell, Jean Alesi, Olivier Panis e Jacky Ickx, são ligados a equipes e podem ser encontrados com facilidade nos boxes durante as provas - inclusive, os filhos de Mansell, Greg e Leo, e a filha de Ickx, Vanina, são pilotos da Le Mans Series. Tudo isso contribui para que a categoria tenha forte apelo dentre os fãs europeus do automobilismo, o que significa que ela ainda deverá crescer muito nos próximos anos.

Finalmente, a Le Mans Series europeia conta não com quatro, mas com cinco categorias disputando as provas simultaneamente: LMP1, LMP2, GT1, GT2 e a Formula Le Mans, ou FLM. Assim como a LMPC, a FLM é uma espécie de categoria de acesso, destinada a pilotos iniciantes, e usando, inclusive, o mesmo tipo de carro, o ORECA-Courage FLM09. A FLM foi criada ano passado como uma competição separada, mas, a partir de 2010, os organizadores da Le Mans Series decidiram que seria mais interessante se a categoria corresse junto com as demais, como manda a tradição de Le Mans. O efeito colateral dessa decisão foi que o campeão da FLM não tem direito a inscrição automática nas 24 Horas de Le Mans, já que lá essa categoria ainda não existe.

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