quarta-feira, 29 de abril de 2009

Escrito por em 29.4.09 com 0 comentários

Elastica

Algumas vezes, eu ficou pouco inspirado - para não dizer "sem assunto", já que assunto praticamente não falta - na hora de escrever aqui para o átomo. Quando isso acontece, eu gosto de olhar meu perfil ali na coluna da esquerda, e ver o que está listado ali que ainda não foi transformado em post. Na maioria das vezes dá certo; em outras, porém, eu simplesmente não estou a fim de escrever sobre nada do que eu encontro ali, o que me leva de volta à estaca zero, além de produzir um efeito colateral curioso: por alguma razão, às vezes eu imagino que alguns temas listados no meu perfil jamais ganharão posts, já que eu pareço nunca estar interessado em escrever sobre eles.

Para tentar remediar essa situação, decidi tomar uma atitude radical: escolher aleatoriamente - com direito a papeizinhos e sorteio - cinco temas que estejam listados no meu perfil, mas que ainda não ganharam posts aqui no átomo. Hoje e nas próximas quatro semanas, estes temas serão contemplados, o que não só me dá assunto para cinco posts seguidos, mas também garante que eles não serão injustiçados e relegados ao limbo, além de garantir uma diversão extra: todos os cinco já foram sorteados, e, no momento em que publico este, já estão todos escritos, sendo que a ordem em que serão postados é a mesma na qual os sorteei. Assim, enquanto eu, do lado de cá, prossigo em minha busca por mais assuntos, vocês podem apostar em qual será o tema da semana seguinte. O de hoje é a banda Elastica.

Eu conheci o Elastica em 1995, através de um clip meio doido que passava a toda hora na Mtv, da música Connection. No início, não dei muita bola para a banda, mas, ao descobrir que sua vocalista era ex-integrante do Suede, fiquei com vontade de ouvir outras músicas. Na época, eu adorava Suede, que figurava fácil em qualquer lista de bandas preferidas que eu fizesse; por alguma razão, depois de Coming Up, seu terceiro álbum, lançado em 1996, esse interesse foi se esvanecendo, e hoje eu praticamente já nem lembro mais que um dia existiu uma banda chamada Suede. Mas o que importa é que foi meu interesse pelo Suede que me levou a descobrir o Elastica, quando comprei seu primeiro CD, também chamado Elastica, pelo meu método preferido: uma banca de R$ 9,90. Rapidamente, Elastica passou a fazer parte do clube dos CDs que passavam menos tempo dentro da caixa que dentro do meu CD player, e a banda entrava na minha lista de preferidas para não mais sair. Talvez ela tenha expulsado o Suede de lá, quem sabe.



A história do Elastica começa em Londres, em 1989, quando Brett Anderson e Justine Frischmann se conheceram na University College London, e começaram a namorar. Como ambos gostavam de música e tinham o desejo de montar uma banda, se uniram a Mat Osman, amigo de infância de Anderson, e a Bernard Butler, que atendeu a um anúncio de procura por um guitarrista colocado pelos três no tabloide New Music Express. O quarteto decidiu chamar sua banda de Suede, e, com a ajuda do baterista contratado Justin Welch, começou a fazer pequenos shows nos arredores de Camden. Em dado momento, eles decidiram que precisavam de um baterista fixo, e, em 1990, Simon Gilbert se tornou o quinto integrante da banda.

E assim o Suede prosseguiu até 1991, quando Anderson e Frischmann terminaram o namoro, e ela começou a sair com Damon Albarn, do Blur. A princípio, todos pensaram que tudo poderia continuar como estava, mas aos poucos a situação foi ficando insustentável, principalmente porque Frischmann começou a se atrasar para os ensaios por ficar assistindo à gravação dos clipes do Blur - e, para uma banda iniciante, não conseguir ensaiar porque um de seus membros estava acompanhando a banda de sucesso de seu namorado não fazia nada bem para a auto-estima. Anderson decidiu que o melhor a fazer era tirar Frischmann da banda e, coincidência ou não, depois disso o Suede deslanchou, conseguindo gravar seu primeiro álbum já em 1992.

Parêntese. Como vocês podem ver, "ex-membro do Suede" talvez não seja uma descrição tão correta assim para Justine Frischmann, já que ela saiu da banda antes mesmo deles gravarem seu primeiro disco, mas, como eu na época não fazia a menor idéia dos nomes dos integrantes do Suede, e foi assim que ela me foi apresentada, pelo menos essa alcunha me serviu para conhecer o Elastica. Confesso, porém, que achei essa história muito curiosa quando a encontrei ao pesquisar para este post, já que eu só comprei o CD do Elastica porque, para mim, Frischmann havia participado pelo menos do primeiro CD do Suede. Que coisa. Fecha parêntese.

Bem, Frischmann fora penabundeada do Suede, e aparentemente não tinha lugar no Blur. Só restava a ela, portanto, formar uma nova banda. Para isso, ela entrou em contato com Justin Welch, que estava na banda Spitfire. Em 1992, a guitarrista Donna Matthews e a baixista Annie Holland se uniram à dupla, e a nova banda estava formada. A princípio, eles pensaram em se chamar Vaseline, mas, no início de 1993, foram processados pela banda The Vaselines. Após alguns shows com o nome de Onk, eles decidiram pelo nome com o qual se tornaram conhecidos: Elastica, nome tirado de uma teoria matemática formulada por Leonhard Euler.

Pouco após a mudança de nome, a banda foi descoberta por Steve Lamacq, DJ da BBC Radio 1 e dono da gravadora independente Deceptive Records. Lamacq ajudou a banda a gravar seu primeiro single, Stutter, e o tocou exaustivamente na BBC 1. Graças a isso e ao interesse dos tablóides londrinos pelo namoro de Frischmann com Albarn, os dois singles lançados pela banda em 1994, Line Up e Connection, entraram no Top 20 britânico. Ao longo do ano, o Elastica se apresentou ao vivo em várias rádios, e teve uma agenda de shows praticamente lotada.

No início de 1995, foi lançado mais um single, Waking Up, que também entrou no Top 20. Pouco tempo depois foi lançado o primeiro álbum da banda, chamado simplesmente Elastica, que já estreou no número 1 da parada dos mais vendidos, se tornando o álbum de rock de vendagem mais rápida daquele ano, e um dos de vendagem mais rápida de todos os tempos. Apesar disso, o início da carreira da banda estava longe de ser considerado tranquilo: após o estouro, várias bandas começaram a processá-los por plágio, principalmente o Wire, que alegava que o refrão de Line Up era "muito parecido" com o de sua música I Am the Fly, e que o riff de guitarra de Connection era "praticamente idêntico" ao de Three Girl Rhumba (bom, isso é mesmo); e os Stranglers, que comentaram que Waking Up "lembrava" sua música No More Heroes. No final, felizmente, as acusações não deram em nada, e o Elastica não teve de pagar nenhum tipo de compensação.

Elastica trazia ainda uma curiosidade: embora a formação original da banda não contasse com um tecladista, várias de suas faixas traziam teclados e sintetizadores. Ao invés de contratar um tecladista para a gravação, a banda conseguiu um luxo incomum para uma estreante, mas perfeitamente possível de se explicar: Damon Albarn assumiu os teclados, sendo creditado com o pseudônimo de Dan Abnormal (um anagrama de seu nome), para que não houvesse o risco de que alguém comprasse o álbum só porque ele participava. Como Albarn, por motivos óbvios, não podia participar das turnês do grupo, eles contrataram Antony Genn, que assumiu provisoriamente os teclados nos shows.

Pouco após seu lançamento no Reino Unido, Elastica foi lançado nos Estados Unidos pela Geffen, gravadora responsável por praticamente todas as bandas de rock de sucesso da época. Lá o Elastica também conseguiu uma ascensão meteórica, ganhando seu primeiro disco de ouro já antes do final do ano. Mas, com uma agenda de shows cada vez mais lotada, a banda acabaria perdendo Holland, que alegou estar sofrendo de stress e lesão por esforço repetitivo. Em agosto de 1995, ela seria substituída pela baixista Abby Travis, que ficaria até março de 1996, quando viriam a baixista Sheila Chipperfield e o tecladista David Bush, ex-integrante da banda The Fall, que se tornaria o quinto integrante do Elastica.

Após um início meteórico, porém, algo parecia não estar indo bem na banda. Os shows continuaram frequentes em 1996, mas não havia perspectiva de lançamento para um novo álbum. No final do ano eles até chegaram a ir ao estúdio, mas não houve resultado. No final de 1998, cansada de só fazer shows sem gravar músicas novas, Matthews também deixou a banda, sendo substituída por Paul Jones. No início de 1999, foi a vez de Bush ser substituído por Sharon Mew. Pouco tempo depois, Holland pediu para voltar, reassumindo sua vaga no lugar de Chipperfield.

Com tantas indas e vindas, a banda passou quase 1998 e 1999 inteiros sem shows, e lutando para lançar um novo álbum. Ao invés disso, acabaram lançando um EP com seis faixas, também chamado Elastica, que reunia parte do material inédito no qual a banda estivera trabalhando nesses quatro anos após o lançamento de seu primeiro álbum. Depois do lançamento do EP, a banda voltou aos shows, e finalmente conseguiu concluir seu segundo álbum, The Menace, lançado em abril de 2000, ainda pela Deceptive no Reino Unido, mas pela Atlantic nos Estados Unidos.

The Menace alcançou apenas o vigésimo-quarto lugar na lista dos mais vendidos no Reino Unido, e nem entrou para a lista nos Estados Unidos. Após o lançamento, seguiu-se uma nova turnê, mas que não durou muito. No início de 2001, após o lançamento do single The Bitch Don't Work, a banda se separou de vez.

Após o fim do Elastica, Frischmann trabalhou com sua amiga M.I.A., ajudando-a a compor alguns demos e duas das faixas de seu álbum de estreia, Arular. Depois disso ela se tornou apresentadora da BBC, tendo apresentado os programas Dreamspaces, sobre arquitetura, em 2003, e The South Bank Show, sobre artes, em 2004. Atualmente ela mora em Boulder, Colorado, tendo concluído a faculdade de psicologia e se casado com um de seus professores. O namoro com Albarn terminou em 1998, mas ambos continuam amigos. Como curiosidade, vale citar que 12 das 13 músicas do álbum 13, lançado pelo Blur em 1999, foram escritas em sua homenagem, e que Albarn participou mais uma vez como tecladista na gravação de The Menace, mais uma vez sob um pseudônimo que era também um anagrama de seu nome, Norman Balda.

Pois bem, é isso. O primeiro dos cinco já foi. Qual será o próximo? Resposta na próxima semana!

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