sábado, 5 de janeiro de 2008

Escrito por em 5.1.08 com 1 comentário

Jem

Sob um certo ponto de vista, pode-se dizer que eu tenho um gosto musical eclético. A maioria das músicas que eu gosto é de rock, mas muitas das que eu adoro, a começar pelas da Tori Amos, não são. Em comum dentre quase todas as minhas músicas preferidas, só existe mesmo uma coisa: cantoras. Tori Amos, Shirley Manson, Nina Persson, Dolores O'Riordan, Jewel, Sade, Fiona Apple, Natalie Imbruglia, Andrea Corr, Toni Halliday, Melissa auf der Maur, Regina Spektor, Juliette Lewis... Seja solo ou vocalista de banda, como eu já disse aqui uma vez, se é para ter alguém cantando no meu ouvido, que pelo menos seja uma voz feminina. O post de hoje, como vocês já devem ter percebido, é sobre uma destas cantoras, que só não entrou nesta lista porque seu nome já viria em negrito depois destes dois pontos: Jem.



Não, não é aquela Jem de cabelo rosa de um desenho dos anos 80. Esta aqui existe no mundo real, e chegou ao meu conhecimento meio por acidente, quando eu assistia a um jogo de futebol americano no final de 2005, resolvi mudar de canal no intervalo, e acabei achando em um canal qualquer um clip da música They (um que é em preto-e-branco). Achei a música interessante, mas não dei muita bola. Pouco tempo depois, porém, foi publicada uma matéria sobre ela no Rio Fanzine, a música Just a Ride tocou em um episódio de Grey's Anatomy (que eu acompanhava), e, para completar as coincidências, achei um Finally Woken vendendo na Saraiva. Como isso só podia ser um sinal, comprei. E não me arrependi nem um centavo.

Jem nasceu Jemma Griffiths, em 18 de maio de 1975, na pequena Penarth, cidade costeira próxima a Cardiff, no País de Gales. Aos 13 anos, ela descobriu um equipamento caseiro com o qual poderia gravar suas próprias músicas; inicialmente ela o fazia apenas como um hobby, mas aos poucos foi tomando gosto pela coisa, até que decidiu que cantar era o que ela queria fazer da vida.

Por algum destes motivos que nem mesmo a gente compreende, porém, Jem não mergulhou de cabeça em seu sonho, mas o adiou por um longo tempo, ao ponto de decidir fazer faculdade de direito na Universidade de Sussex, próxima à cidade de Brighton, Inglaterra. Apesar de direito não ter muito a ver com música, foi durante este período que ela estabeleceu seus contatos no mundo musical, trabalhando como promotora de festas e eventos em clubes. Jem chegou a produzir apresentações dos principais artistas da gravadora Skint, inclusive de Fatboy Slim, nos clubes de Brighton, além de trabalhar como agente para DJs da cena local. Após se formar, ela e alguns amigos DJs criaram a gravadora independente Marine Parade, que Jem gerenciou durante um tempo. Enquanto trabalhava na gravadora, porém, ela se deu conta de que, até então, ela havia trabalhado apenas para as músicas dos outros, e que suas próprias músicas estavam abandonadas no fundo de uma gaveta. Jem largou a gravadora e decidiu que era hora de dar um novo passo. Para isso, ela voltou a Gales.

Em novembro de 1999, Jem usou o dinheiro que ganhara até então para montar um pequeno estúdio. Após passar um tempo refinando suas composições, ela gravou quatro músicas demo, e foi à luta, se mudando para Londres atrás de uma gravadora que se interessasse por elas. Jem não encontrou uma gravadora, mas acabou encontrando o produtor Guy Sigsworth, que havia conhecido na época da faculdade. Sigsworth já havia trabalhado com Seal, Adamski e Björk, e havia acabado de ser contratado por Madonna, que adorou seu estilo após ouvir o álbum Empathy, produzido por ele para a banda Mandalay. Sigsworth possuía a difícil incumbência de criar uma música para o próximo álbum de Madonna, Music, que seria lançado em 2000, e chamou Jem para ajudá-lo. Juntos, eles escreveram Nothing Fails, que acabou não entrando no álbum, pois Madonna preferiu What it Feels Like for a Girl, que ela mesma escreveu com Sigsworth pouco depois. A obra de Jem, porém, não passaria em branco: após alguns pitacos da própria Madonna, ela seria incluída em American Life, álbum que a cantora lançaria em 2003.

Mas Jem não estava disposta a esperar até 2003; após sua parceria com Sigworth aparentemente não ter dado certo, ela decidiu viajar para os Estados Unidos, para dar uma arejada e conferir de perto a cena musical eletrônica local, e foi parar no Brooklyn, onde conheceu o produtor de hip hop Ge-Ology, que havia trabalhado com Mos Def e Talib Kweli, e já havia ouvido falar dela nos clubes de Brighton. Jem decidiu morar em Nova Iorque por uns tempos até que, em 2002, conheceu outro produtor, Yoad Nevo, que lhe deu algumas boas idéias para suas músicas. Juntos, eles desenvolveram o estilo utilizado hoje por Jem, que mistura muitos estilos musicais de diferentes influências para criar um som totalmente novo, juntando melodias alegres com letras sobre otimismo e descoberta. Jem adaptou uma de suas canções, Finally Woken a este novo estilo, e acabou obtendo um resultado muito além do esperado: sabe-se lá como, a canção cruzou o país e foi tocar na rádio KCRW, de Los Angeles, Califórnia.

Rapidamente, a música se tornou uma das mais pedidas da KCRW - na verdade tão pedida que o diretor musical da rádio, Nic Harcourt, decidiu correr o risco e tocar também as outras demos de Jem. O sucesso destas músicas, principalmente de Finally Woken e Flying High, fez com que Jem entrasse para o Top 5 dos artistas mais pedidos da KCRW, o que lhe rendeu uma apresentação ao vivo na rádio, sem que nem tivesse uma gravadora ainda.

Impressionado com o sucesso, o executivo Bruce Flohr prontamente arrumou para ela um contrato com a gravadora ATO, que tem como um de seus donos Dave Matthews, da Dave Matthews Band. Para não perder tempo, a ATO lançou um EP (um álbum com poucas músicas, normalmente lançado para ajudar a divulgar o trabalho de um artista), chamado It All Starts Here..., em outubro de 2003, com apenas as quatro músicas que Jem já tinha - mas desta vez gravadas em um estúdio profissional - e mais uma versão acústica de Flying High. O EP fez um sucesso moderado, mas abriu caminho para o lançamento de seu primeiro álbum, que levava o nome de sua música mais conhecida, Finally Woken, em março de 2004.

Finally Woken tinha 11 faixas, sendo que quatro eram as mesmas de It All Starts Here.... Esta estratégia talvez tenha se mostrado equivocada, já que, apesar da maciça campanha publicitária em torno do lançamento do álbum, ele não vendeu o esperado, não chegando nem a 300 mil cópias e alcançando apenas o 197o lugar na parada da Billboard. Para a sorte de Jem, porém, sua carreira tinha uma peculiaridade curiosa: ela havia estourado primeiro nos Estados Unidos, para só então passar a ser conhecida em sua Grã-Bretanha natal. No Reino Unido, Finally Woken não somente era um álbuim gravado por uma britânica que até então ninguém conhecia, mas também tinha 11 faixas inéditas, já que por lá o EP não havia sido lançado. Graças a isso, o álbum chegou perto do meio milhão de cópias vendidas, e alcançou o sexto lugar na parada britânica. Além disso, Jem caiu absolutamente nas graças da crítica, recebendo avaliações altamente favoráveis da famosa revista norte-americana Rolling Stone e do jornal inglês The Guardian, além de ficar na 69a posição na lista dos 100 melhores álbuns de 2004 segundo os editores da Amazon.com, e de ser considerado o décimo melhor álbum de 2004 pela Associated Press.

Tanto sucesso fez com que as canções de Jem fossem escolhidas para figurar em várias produções do cinema e TV; a primeira foi Just a Ride, que apareceu em um episódio da série The OC, e fez tanto sucesso que rendeu a Jem um convite para figurar no último episódio da temporada, cantando um cover de Maybe I'm Amazed, de Paul McCartney. Depois disso, suas músicas já tocaram em Grey's Anatomy (seis delas, incluindo a inédita California Sun), Crossing Jordan, One Tree Hill, A Sete Palmos (a inédita Amazing Life) e Smallvile; e entraram para a trilha sonora dos filmes A Sogra, Um Príncipe em Minha Vida e Eragon (a inédita Once in Every Lifetime). Duas delas também foram escolhidas para ser tema de abertura de dois reality shows britânicos, Wish I para Celebrity Love Island e They para The X Effect; outras duas tocaram em trailers de filmes, mas acabaram não entrando para a trilha sonora (Come on Closer no de Closer: Perto Demais e 24 no de Ultravioleta); e Amazing Life foi escolhida para o comercial do automóvel Lexus ES 350.

Em 2005, Jem lançou três singles, todos exclusivos para o mercado britânico: They, que alcançou o 6o lugar na parada britânica de singles, e trazia a faixa título e Maybe I'm Amazed; Just a Ride, que também trazia California Sun, e chegou ao 14o lugar; e Wish I, que também traz a inédita Easy Way Out, e só chegou ao 24o lugar. Ela ainda gravou a música Everytime com o sul-africano Vusi Mahlasela, e fez uma participação especial na faixa The Thieves, do álbum de estréia da banda The Weapons, que conta com dois de seus irmãos, Justin e Georgia, dentre os integrantes.

No momento, Jem está em estúdio, gravando seu segundo álbum, que será produzido por Jeff Bass e Lester Mendez, especializados em hip hop, música eletrônica e remixes. Se Jem dará uma guinada para este lado - o que não seria nada estranho, já que ela é fã de hip hop - ou se manterá o estilo que a consagrou, ainda é um mistério. O álbum, aliás, está atrasado, pois deveria ter saído "no início de 2007". De qualquer forma, seu contingente de fãs já está esperando - e eu estou ansioso para saber se ela vai me ganhar de vez ou se eu vou ficar com só um disco de Jem em minha coleção.

Um comentário:

  1. gosto muito da jem tbm!
    além da musica dela ser muito boa as letras sao muito bem compostas!

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