sábado, 27 de janeiro de 2007

Escrito por em 27.1.07 com 0 comentários

Silverhawks

Uma coisa puxa a outra. Semana passada, enquanto eu escrevia o post dos Thundercats, me lembrei de outro desenho da época, os Silverhawks. Eu me amarrava em Silverhawks, talvez não tanto quanto em Thundercats, He-Man e Transformers, mas ainda assim era um dos meus desenhos preferidos. Porém, diferentemente desses três, que passavam na Globo, Silverhawks passava no SBT (que ainda devia se chamar TVS), numa época em que das 7 da manhã às 7 da noite o canal era totalmente dedicado à programação infantil. Embora eu adorasse muitos dos desenhos que passavam durante este longo tempo (especialmente Jayce, Pole Position, M.A.S.K. e Silverhawks), por algum motivo do qual eu não me lembro eu peguei uma birra com eles, e hoje em dia, quando listo meus desenhos preferidos, nunca me lembro de nenhum destes. Mas não faz mal. Existem diversos graus de preferência, e Silverhawks está apenas em um grau mais baixo que os que deram entrada no meu perfil á esquerda. Ah, sim, e hoje o post é sobre eles.

Se você, como eu, por algum motivo inexplicável achava o desenho dos Silverhawks parecido com o dos Thundercats, não se preocupe, você não está maluco e o motivo não é tão inexplicável assim. Como os Thundercats, os Silverhawks também foram criados pelos estúdios Rankin/Bass e Topcraft. Na verdade, o desenho foi criado especificamente para agradar aos fãs dos Thundercats, que então poderiam assistir a dois desenhos da Rankin/Bass ao invés de um. Infelizmente, assim como a segunda temporada dos Thundercats, a primeira dos Silverhawks não teve boa audiência, e o desenho acabou cancelado após uma única temporada de 65 episódios, que foram ao ar em 1986. Por um lado, eu acho isso ruim, pois comparando a segunda temporada dos Thundercats e a primeira dos Silverhawks, a dos "falcões prateados" era muito melhor. Por outro lado, se fosse para fazer uma segunda temporada dos Silverhawks igual à segunda dos Thundercats, foi bom ter parado por aí mesmo.

De parecidos, na verdade, os desenhos só tinham duas coisas: o traço e o fato de uma equipe de heróis temáticos (em Thundercats, felinos, em Silverhawks, pássaros) combater um bando de vilões bem menos temáticos, embora ainda assim animalescos, liderados por um chefe de pouca serventia em seu estado normal, mas que se torna extremamente poderoso quando submetido a um ritual. De resto, se o intuito era agradar aos fãs de Thundercats, eles podiam ter se esforçado mais.

Silverhawks se passa no século XXV, na longínqüa galáxia de Limbo, onde, aparentemente, o vácuo não existe, pois todos se locomovem no espaço em naves conversíveis. Após um período de paz e tranqüilidade, a galáxia está novamente sob a ameaça do Monstro Estelar e seus asseclas. Para combater esta ameaça, são escolhidos cinco soldados - quatro da Terra e um do Planeta Mime. Estes cinco bravos guerreiros são submetidos a uma rigorosa operação, que reveste seus corpos com aço, e lhes confere a capacidade de suportar o vácuo (muito necessária, já que, no caso de Limbo ter vácuo, todos os vilões a possuem) e poderosas asas retráteis, com as quais podem planar no espaço (embora lá não tenha vento). Após a operação, os guerreiros passam a ser denominados Silverhawks, e passam a combater o crime em toda Limbo.

Os Silverhawks ficam sediados no Ninho dos Falcões, uma espécie de asteróide com uma imensa construção em formato de falcão. Esta base possui todo o material necessário para que eles combatam o Monstro Estelar e outros criminosos, e ainda serve de escritório para o Comandante Stargazer, o verdadeiro líder da equipe. Stargazer, no passado, foi um soldado valoroso, e o responsável por mandar o Monstro Estelar para a cadeia. Anos de serviço tiveram seu preço, porém, e hoje, além de velho e cansado, ele ainda possui várias partes biônicas, como um braço e um olho. Fora do Ninho dos Falcões, quem comanda a equipe é Quicksilver, antigo comandante da Força Interplanetária H, conhecido por seus reflexos ágeis e rapidez de raciocínio. O segundo em comando é o Tenente Bluegrass, um cowboy que jamais se separa de seu chapéu, e tem por hobby tocar guitarra - no caso, uma guitarra especialmente adaptada para disparar raios laser em caso de emergência. Bluegrass é o único Silverhawk incapaz de voar - suas asas foram rejeitadas durante a operação - mas ele compensa este fato sendo o piloto da Mirage, uma grande nave com cápsulas para levar todos os Silverhawks, e cuja cabine, onde viaja Bluegrass, pode se desacoplar, se transformando em uma nave menor e mais ágil. Os outros dois humanos da equipe são os gêmeos Steelheart, a única Silverhawk mulher, e Steelwill. Ambos, além da operação normal, ainda tiveram seus corações substituídos por bombas de aço inoxidável, o que lhes conferiu uma enorme força. Além desta força, ambos possuem muito jeito com tecnologia, sendo os "consertadores" oficiais da equipe. Um dos Silverhawks mais populares (pelo menos um dos que mais apareciam) era o garoto Copperkid, do Planeta Mime, cujo rosto parece uma maquiagem de mímico ("mime", inclusive, significa "mímico" em inglês) incapaz de falar, se comunicando através de assovios e sons eletrônicos, mas que possui grande agilidade. Copperkid era, além de Bluegrass, o único Silverhawk com armas próprias - dois discos de arremesso retornáveis - e o único a ter seu próprio veículo, uma espécie de moto chamada Copper Racer. Completava a equipe o Falcão Biônico, uma ave ciborgue altamente inteligente, que servia como batedor, além de elemento-surpresa em batalha.

Ao longo do desenho, novos Silverhawks foram se unindo à equipe, começando por Hotwing, o único Silverhawk negro, que era mágico nas horas vagas, e freqüentemente enganava os vilões com truques de prestidigitação. Mais tarde veio Flashback, um Silverhawk do futuro com o poder de viajar no tempo, que tinha uma importante mensagem para os Silverhawks do "presente", e acabou se unindo à equipe após cumprir sua missão. Finalmente, se uniram à equipe no mesmo episódio dois Silverhawks menos convencionais, Moonstryker, que não possuía asas, voando com a ajuda de um dispositivo em sua cintura que criava um pequeno tornado; e Condor, um antigo colega do Comandante Stargazer, cujas asas eram nas costas, e não sob os braços como nos demais, e que, mesmo quando em missão, usava uma roupa por cima da armadura. Mais para o final da série, em um ato meio exagerado, cada Silverhawk - e até alguns vilões - ganhou seu próprio falcão biônico, cada um com um nome e poder próprio, provavelmente com o intuito de vender mais bonequinhos. Dentre os personagens "do bem", havia ainda um personagem cômico, Seymour, que dirigia um táxi espacial, às vezes com a ajuda de seu amigo Zico, que parecia um pingüim gigante e verde.

A principal missão dos Silverhawks era frustrar os planos do Monstro Estelar, uma espécie de mafioso intergaláctico, que tinha como base um inóspito planeta chamado Brilho Estelar. Na maior parte do tempo, o Monstro Estelar se parecia com um leão magricela e caolho, mas, através de um ritual no qual recebia o poder do Raio Estelar através de uma máquina, ele se transformava em um ciborgue blindado de três metros de altura, superforte, invulnerável, capaz de lançar um raio devastador pelos olhos, e com jatos nos cotovelos. Evidentemente, o Monstro Estelar sempre adotava esta forma quando precisava sair de Brilho Estelar, o que fazia voando em uma lula gigante ciborgue chamada Skyrunner - algo bem mais legal do que parece, aliás.

Para dominar a galáxia, destruir os Silverhawks e se vingar de Stargazer, que o prendeu, o Monstro Estelar contava com a ajuda de vários capangas. Um dos mais presentes e mais inúteis era Lagartão, um homem-cobra que vivia para bajulá-lo e operar a máquina que o transformava. Dentre os perigosos estavam Da Pesada, que carregava uma mochila enorme com todo o tipo de armas e invenções, e era capaz de inventar qualquer coisa em pouco tempo com os materiais que tivesse à mão; Serrilho, um robô enorme com serras circulares que podiam ser disparadas no lugar das mãos; Melodia, uma mulher meio doida que usava como arma um sintetizador eletrônico capaz de disparar vários tipos de raios; Tornado, um alienígena armado com um diapasão enorme capaz de controlar o clima; Molecular, um robô com a capacidade de se transformar em qualquer pessoa ou objeto; e Minotauro, que, sim, era um minotauro. De vez em quando os Silverhawks também enfrentavam alguns vilões "independentes", como Parador do Tempo, um delinqüente juvenil que roubou um dispositivo capaz de congelar o tempo por alguns segundos, e o usava para cometer crimes; Zero, que tinha uma estranha máquina de roubar memórias e armazená-las em fitas de gravador; o Trapaceiro, um robô vigarista dono de um cassino; os Mercenários, três alienígenas propensos a causar confusão; e o Caçador de Recompensas, outro vilão capturado pelo Comandante Stargazer, libertado de sua prisão pelo Monstro Estelar, e que agora busca vingança, capaz de absorver energia e transformá-la em força física.

Cada episódio dos Silverhawks tinha 22 minutos, e terminava com um teste onde Copperkid era treinado em ciências e astronomia, sempre tendo a Terra e o Sistema Solar como tema, onde as criancinhas que estavam assistindo podiam testar seus conhecimentos. Isso era bom para quem estava em casa, mas para o pobre Copperkid era meio inútil, já que ele não iria ter muito como utilizar estes conhecimentos em Limbo. De qualquer forma, era mais divertido do que as lições de moral dos desenhos do He-Man.

Assim como os Thundercats, os Silverhawks também tiveram uma série em quadrinhos, publicada pela Marvel de 1986 a 1988, e duas séries de action figures, lançadas pela Kenner em 1987 e 1988, sendo que a de 1988 é quase impossível de se encontrar hoje em dia. E pelo menos três brinquedos anunciados jamais foram produzidos, além do Ninho dos Falcões, do qual a Kenner desistiu após chegar à conclusão de que sairia caríssimo para a época.

Os Silverhawks nunca chegaram a fazer tanto sucesso quanto os Thundercats, tanto que a Warner não se interessou em comprá-los. Isso reduz drasticamente as chances de que vejamos algo novo com os personagens. Pelo menos existe, no exterior, uma caixa com a série completa em DVD. Resta saber se alguém se interessaria em lançá-la por aqui.

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