Eu lembro que, um dia, resolvi pegar o dicionário de inglês para ver o que significava "thunder". Aproveitei e descobri que "he-man" significava "ele-homem". E "gatos-trovão" também não era um nome muito poético. Essa foi a minha primeira experiência com um fato que, mais tarde, jogando RPG, ficou reforçado em minha mente: em inglês, duas palavras quaisquer juntas podem formar um bom nome próprio, coisa que não acontece em português. Dustlight, Spotmercy, Riceshell, Saltandpepper, todos me parecem nomes plausíveis, agora vai traduzir pra ver. "Bom dia, o sr. Conchadearroz está?"
Mas isso não tem nada a ver com o assunto. Ou quase nada. Os Thundercats, seja lá o que for que seu nome signifique, eram humanóides com feições de felinos, membros da nobreza do planeta Thundera, um mundo tecnologicamente avançado, destruído em uma guerra contra os mutantes do planeta Plun-Darr. Pouco antes da destruição total, a população sobrevivente foi colocada em várias espaçonaves, que partiram para encontrar um novo planeta onde pudessem viver. Na nave principal foram os nobres, acompanhando e protegendo a Espada Justiceira, onde está encravado o Olho de Thundera, uma jóia de grande poder. Os mutantes desejavam esta jóia para si, e se puseram a perseguir as naves thunderianas, destruindo várias delas no processo. A nave principal, felizmente, conseguiu escapar, e encontrou um novo mundo habitável. Os Thundercats então entraram em cápsulas de animação suspensa, menos seu líder, Jaga, que teve de ficar pilotando devido a um defeito no piloto automático causado pela luta com os mutantes.
O planeta habitável, porém, era muito longe, e a nave levou muitos anos para alcançá-lo. Jaga não resistiu e morreu durante a viagem; em seu lugar, quem deveria liderar os Thundercats era Lion, o herdeiro da Espada Justiceira. Lion era apenas uma criança quando saiu de Thundera, mas um defeito em sua cápsula de animação suspensa fez com que ele envelhecesse normalmente, já sendo um adulto quando a nave pousou. Sem ter vivido sua vida para adquirir experiência, Lion freqüentemente agia como criança, e era sempre vigiado por Snarf, uma criatura bem mais felina que humana, originária do planeta dos snarfs - "Snarf" é um apelido, seu nome verdadeiro é Osbert, mas ele não gosta - que servia como sua babá quando criança. Lion também podia contar com os conselhos de Jaga, que, mesmo morto, continuava aparecendo para ele em espírito. Além de Lion e Snarf, os demais Thundercats sobreviventes eram Panthro, de grande força, que usava como arma um par de nunchakus; Tygra, o mais velho e mais sábio, que portava uma boleadeira com a qual podia ficar invisível; Cheetara, moça superveloz que tinha como arma um bastão telescópico; e duas crianças gêmeas, o menino Wilykat e a menina Wilykit, que, assim como todas as crianças de desenhos dos anos 80 tinham o péssimo hábito de fazer o que não deviam e se meter em encrencas, além de possuir um estoque inesgotável de cápsulas que explodiam com os mais variados efeitos, e de pranchas voadoras com as quais singravam o Terceiro Mundo (e eram destruídas em praticamente todos os episódios).
O mundo onde a nave dos Thundercats pousou era bem mais selvagem e inóspito que Thundera. Chamado simplesmente de "Terceiro Mundo", havia muita especulação entre os fãs se se tratava da Terra do passado, do futuro, ou de outro planeta qualquer que também fosse um terceiro mundo em seu sistema. De qualquer forma, o planeta era composto basicamente de florestas, pântanos, desertos, vulcões e depósitos de thundrillion, um mineral também abundante em Thundera, utilizado como fonte de energia. Com materiais locais e thundrillion, os Thundercats construíram uma enorme fortaleza (alguém já parou para se perguntar como quatro Thundercats adultos, duas crianças e um snarf construíram um negócio daquele tamanho?), a qual chamaram de Toca dos Gatos, e um veículo movido a thundrillion e pilotado por Panthro, capaz de vencer qualquer terreno, chamado de Thundertanque.
Mas se engana quem pensa que os Thundercats vieram ao Terceiro Mundo a passeio. Três dos mutantes decidiram segui-los: Escamoso, que se parecia com uma mistura de iguana e sapo; Simeano, um macaco branco; e Chacal, que ganha um doce quem adivinhar com o que ele se parece. O objetivos dos mutantes era roubar a Espada Justiceira e levá-la para Plun-Darr, usando seu poder para conquistar toda a galáxia. Ao chegar ao Terceiro Mundo, os mutantes encontraram um castelo abandonado, ao qual deram o nome de Castelo Plun-Darr, e passaram a utilizar como base de operações. Eles também acabaram encontrando uma antiga pirâmide, e um aliado poderoso lá dentro: Mumm-Ra, o Eterno, um ser mumificado de milhares de anos, capaz de bisbilhotar qualquer local do Terceiro Mundo apenas olhando em um caldeirão encantado em sua pirâmide, e se regenerar de qualquer ferimento quando dentro de seu sarcófago. Aparentemente, Mumm-Ra era inofensivo, mas ao canalizar os poderes dos Antigos Espíritos do Mal, ele se transformava em um ser ainda mais monstruso, incrivelmente forte e cheio de poderes mágicos, como mudança de aparência, controle mental e a capacidade de lançar raios pelas mãos. Nesta forma, Mumm-Ra era quase invencível, mas, além de derrotado na porrada ou com inteligência, possuía um ponto fraco severo: se, por algum motivo, ele visse seu reflexo, seria obrigado a fugir imediatamente para seu sarcófago. Se eu fosse um Thundercat, faria todas as paredes da Toca dos Gatos espelhadas.
Os Thundercats, os mutantes e Mumm-Ra não eram, evidentemente, os únicos habitantes do Terceiro Mundo. haviam muitos outros, nativos ou não, bons ou maus, que freqüentemente apareciam para ajudar ou enfrentar os Thundercats. Dentre eles, os mais famosos eram os ursinhos-robôs Berbils, liderados por Roberbil. Personagens vindo do espaço, como o trambiqueiro Mão-Leve, também apareciam em diversos episódios.
A Espada Justiceira, arma de Lion, símbolo dos Thundercats e alvo da cobiça dos vilões, era um artefato de grande poder. Graças ao Olho de Thundera, incrustado em sua empunhadura, Lion podia enxergar a incríveis distâncias (a "visão além do alcance") e de vez em quando até vislumbrar o passado ou o futuro (Cheetara também podia vislumbrar o futuro, mas este dom a deixava esgotada, e ela evitava usá-lo conscientemente). A Espada também alertava Lion sobre perigos próximos, lançava raios de energia, e tinha um certo nível de consciência, se recusando a ser utlizada contra criaturas bondosas e guerreiros honrados. A Espada não era, porém, indestrutível, tendo sido quebrada e mais tarde reforjada em pelo menos duas ocasiões. Sua bainha era no formato de uma grande garra, que Lion podia usar como escudo ou para escalar paredes, com as unhas da garra ou com três jóias incrustadas nela que serviam como corda de escalada. Estas jóias também escondiam gases soníferos ou fumaça para camuflagem. Mas o poder mais famoso da Espada Justiceira era o de reunir todos os Thundercats: através de um comando verbal de Lion, a espada triplicava seu tamanho, e lançava no ar um sinal na forma do Olho de Thundera. Ao ver este sinal, qualquer Thundercat sabe onde está a espada, e se dirige para lá o mais depressa possível, além de ter momentaneamente sua força, vigor e agilidade aumentados. O sinal também tem a capacidade de anular petrificação ou controle mental, caso um dos Thundercats esteja sob estes efeitos.
O desenho dos Thundercats foi lançado na esteira dos milhares de desenhos de super-heróis dos anos 80. Foi uma co-produção do estúdio americano Rankin/Bass e do japonês Topcraft; o desenvolvimento começou em 1983, mas a primeira temporada foi ao ar em 1985, com 65 episódios diários de 22 minutos cada, exceto o primeiro, que tinha 45 minutos, e depois foi desmembrado nos episódios 1 e 2 - este primeiro episódio foi exibido em janeiro, mas a série só começou em setembro, após a reprise em dois dias. Aqui no Brasil a Globo exibia o desenho aos domingos pela manhã, e já desde o primeiro dia exibiu o primeiro episódio em duas partes.
Infelizmente, Thundercats sofreu de um mal que assolou muitos desenhos dos anos 80, como Transformers e Comandos em Ação: a segunda temporada totalmente diferente depois de um filme esquisito no meio. Tal filme esquisito acabou nem sendo exibido como um filme, mas como um episódio em cinco partes, no qual Lion tinha de derrotar os outros Thundercats em suas áreas de especialidade - ser mais forte que Panthro, mais sábio que Tygra, mais rápido que Cheetara e mais esperto que Wilikat e Wilykit - e depóis derrotar Mumm-Ra sem o auxílio de qualquer arma, para ser coroado o Senhor dos Thundercats. Estes cinco episódios foram os primeiros da tal segunda temporada, que teve mais 65 episódios de 20 minutos e foi ao ar em 1986.
A segunda temporada trouxe muitas novidades, mas infelizmente poucas delas eram boas. Para começar, foram introduzidos quatro Thundercats novos, que haviam fugido de Thundera em uma nave Berbil, e caído em um local diferente do Terceiro Mundo; eles acabaram sendo encontrados pelos demais, e se uniram ao grupo. Os novos Thundercats eram Lynx, um ancião cego mas com os outros sentidos muito desenvolvidos, a ponto de conseguir lutar e até mesmo pilotar o Thundertanque, fazendo uso de um painel em braille desenvolvido por Tygra e Panthro, e que vigiava o Terceiro Mundo de uma sala na Torre da Justiça, construída após a chegada dos novos Thundercats; Bengali, um ferreiro igualzinho a Tygra, mas branco, e que usava como arma um martelo capaz de disparar raios e bombas; Pumyra, uma segunda mulher adulta para o grupo, com grande conhecimento médico e capaz de dar saltos enormes, e que tinha como arma uma funda; e Snarfinho, o sobrinho de Snarf, um snarf hiperativo e que se dava bem com tecnologia. E se você acha um "snarfinho" meio ridículo, espere até saber que os Berbils presentearam Wilykit e Wilykat com um cachorro-robô chamado Scooper, capaz de voar como um helicóptero e que se comunicava através de uma tela de computador em suas costas.
Os mutantes também ganharam dois novos membros, Abutre, que apesar de ser um abutre não conseguia voar, e para isso usava uma espécie de avião, e Rataro, um rato gigante que só apareceu em alguns episódios. E Mumm-Ra acabou ganhando um mascote, um buldogue azul chamado Ma-Mutt.
Uma das coisas que mais me irritavam na segunda temporada era que os mutantes e Mumm-Ra não eram mais os vilões principais; este papel ficou com os Lunataks, antigos criminosos vindos de diversos planetas, aprisionados por Mumm-Ra após tentar dominar o Terceiro Mundo, e libertados agora sob o juramento de que o ajudariam a derrotar os Thundercats. Os Lunataks eram absurdamente poderosos (um deles chegou a quebrar a Espada Justiceira com as próprias mãos), e era meio chato ver os Thundercats apanhando igual um boi ladrão até algum evento reverter o quadro e permitir a vitória dos heróis. Os Lunataks eram liderados pela Rainha Luna, uma anãzinha de grande inteligência, que se locomovia montada em Amok, um brutamontes que raramente falava. Os demais membros eram Chilla, uma mulher que tinha bafo congelante e mãos que ateavam fogo a objetos; Tugmug, que não tinha pernas mas podia dar saltos enormes; Alluro, que tinha o poder de controlar mentalmente outros seres; e Redeye, que tinha uma visão excepcional, que o permitia arremessar discos com uma precisão extrema, e até mesmo ver Tygra quando ele estava invisível.
Mas a coisa mais ridícula da segunda temporada foi quando Mumm-Ra usou seu poder para reconstruir Thundera, para tentar roubar o Tesouro de Thundera, um artefato ainda mais poderoso que o Olho de Thundera. E não somente ele reconstruiu Thundera como também ressucitou todos os seus habitantes. Os Thundercats então passaram vários episódios se deslocando entre o Terceiro Mundo e Thundera - de certa forma ignorando o fato de que a imensa distância no primeiro capítulo exigiu que eles ficassem em animação suspensa - tendo que enfrentar seus inimigos em dois planetas diferentes, e no espaço sideral no meio do caminho.
Assim como muitos outros heróis dos anos 80, além do desenho os Thundercats também podiam ser vistos em histórias em quadrinhos e brinquedos, as famosas action figures. Ao todo foram produzidas três séries de brinquedos, em 1985, 1986 e 1987, todas pela empresa LJN. Os personagens mais famosos tiveram mais de uma versão, enquanto os menos cotados sequer chegaram a ser fabricados, pois com o final do desenho o interesse das crianças pelos bonequinhos diminuiu e levou ao cancelamento da linha de brinquedos. Alguns bonecos foram produzidos em pequenas quantidades, e hoje em dia são quase impossíveis de ser encontrados por colecionadores. Também existem rumores de bonecos que foram produzidos mas jamais comercializados, embora ninguém tenha conseguido comprar um deles.
A série em quadrinhos foi mais longeva que o desenho e os bonecos. Na verdade, houve duas séries: a primeira foi publicada pela Marvel entre 1985 e 1991, e teve 155 edições. Em 2002, a Warner Bros. comprou os direitos de He-Man, Transformers e Thundercats, e a DC Comics, que faz parte da Warner, decidiu lançar uma nova série dos Thundercats, através de sua subsidiária Wildstorms. Esta nova série não foi composta de números seguidos, mas de cinco minisséries, uma em seis partes e as demais em cinco partes cada, e seis edições especiais, incluindo um crossover entre os Thundercats e o Super-Homem.
Após o lançamento dos novos quadrinhos, e da produção do novo desenho do He-Man pelo Cartoon Network (que também faz parte da Warner), muito se especulou que os Thundercats também ganhariam uma nova série animada. Até agora, porém, isso não se concretizou. Eu não gostei muito dos novos quadrinhos, mas gostei bastante do desenho novo do He-Man, de forma que, se fizerem algo parecido, acho que será bom. Desde que não tenha Lunataks.
concordo plenamente...lunatacks são sem graça,não curti!!!mas pumaira bengali e linx ficaram irados!!!!gostei dos 3!!!
ResponderExcluirque saudades destes tempos.. quem nunca curir thundercats, thunder mania dos anos 80.. nao teve infancia......
ResponderExcluirque saudades destes tempos.. quem nunca curir thundercats, thunder mania dos anos 80.. nao teve infancia......
ResponderExcluirque saudades destes tempos.. quem nunca curir thundercats, thunder mania dos anos 80.. nao teve infancia......
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