Entre os 18 e os 20 anos, eu tive uma fase na qual me interessei por cantoras solo de pop/rock mais mainstream, sabe-se lá o porquê, talvez pelas rádios que eu ouvia estarem tocando-nas à exaustão. Felizmente foi antes da era Britney/Christina ou talvez eu tivesse me interessado por elas também. Bom, seja como for, nessa fase eu comprei CDs da Jewel, Meredith Brooks, Sheryl Crow, e um da Natalie Imbruglia, que eu havia conhecido não pelo rádio, mas na Mtv, que estava exibindo constantemente o clip de Torn. Até achei o disco legalzinho, mas, assim como os das outras três, ele foi para a estante e de lá não saiu. Uns cinco anos depois, quando a fase já tinha acabado, eu vi o segundo CD dela à venda por R$ 9,90 nas Lojas Americanas. Em um impulso consumista, resolvi comprar para aproveitar o preço, e não me arrependi: além de achar as músicas bem legais, ele acabou renovando meu interesse pelo primeiro CD, o qual voltei a ouvir. Esse ano, ao ver que um terceiro álbum tinha sido lançado, comprei também, mesmo estando ao preço normal. Mais uma vez achei bem agradável. O resultado é que, de todas as cantoras que eu resolvi ouvir durante a já citada fase, Natalie Imbruglia foi a única que sobreviveu. Seu estilo musical é bem mais pop e bem diferente daquilo que eu normalmente gosto de ouvir, mas talvez seja bom variar um pouco de vez em quando. E quem não estiver satisfeito que atire a primeira pedra. Ou simplesmente pare de ler e volte semana que vem.
Natalie Jane Imbruglia nasceu em 4 de fevereiro de 1975 em Sydney, Austrália, segunda de quatro filhas de pai italiano e mãe australiana. Tendo crescido na pequena cidade litorânea de Berkleyvale, desde criança ela se interessou pela indústria do entretenimento, fazendo aulas de balé imaginando que um dia seria uma famosa bailarina. Seus planos mudaram quando ela foi descoberta por um caça-talentos que procurava pré-adolescentes para comerciais. Seu primeiro papel foi de figurante em um comercial japonês de chicletes, mas mais tarde ela chegou a fazer alguns para a Coca-Cola e para os salgadinhos australianos Twisties. Aos 16 anos ela decidiu que iria seguir a carreira de atriz, e conseguiu um papel na novela Neighbours, uma espécie de Malhação da Austrália, que está no ar desde 1985, e já tinha revelado a cantora Kylie Minogue. Após o teste, os produtores a ofereceram o papel de Beth Brennan, que faria uma participação especial de duas semanas. O personagem se tornou tão popular entre os fãs, porém, que Natalie acabou ficando na novela por dois anos.
Após este período, Natlie mudou de idéia mais uma vez, e decidiu que queria ser cantora. Tendo poucas oportunidades na Austrália, ela decidiu se mudar para Londres, mergulhando de cabeça nos clubes noturnos locais, enquanto buscava inspiração para escrever suas canções. Quando achou que estava madura o suficiente, ela gravou uma fita demo de Torn, não de sua autoria, mas um cover da banda californiana Ednaswap, e, como todo aspirante a cantor, começou a mostrá-la por aí.
O fato de ter sido uma famosa personagem de Neighbours fez com que a fita chegasse até a gravadora RCA, que ficou impressionada com a qualidade do trabalho, e decidiu arriscar lançando-a em formato single. A música foi extremamente bem sucedida, quebrando o recorde de maior número de radiotransmissões por semana no Reino Unido, e ficando no topo da parada da Billboard das mais tocadas nos EUA por 14 semanas seguidas. O single vendeu mais de um milhão de cópias e chegou ao segundo lugar da parada britânica, mas, por não ter sido vendido nos EUA, não pôde entrar na lista principal da Billboard. Ainda assim, a RCA sabia o que tinha nas mãos, e decidiu bancar um álbum inteiro para sua mais nova contratada.
O primeiro álbum de Natalie Imbruglia, Left of the Middle, seria lançado em 1997. Gravado na Califórnia e produzido pelo ex-baixista do Cure Phil Thornalley, o álbum traria Torn, uma canção de Thornalley, Don't You Think?, e mais dez de composição da própria Natalie, incluindo os sucessos One More Addiction, Wishing I Was There, Big Mistake e Smoke, estes três últimos também lançados em singles. O álbum vendeu mais de seis milhões de cópias no mundo todo, chegando ao primeiro lugar da parada australiana, quinto na britânica, e décimo na Billboard.
Enquanto estava na turnê de seu primeiro álbum, Natalie escreveu muitas outras canções. Apesar de seu início de carreira bombástico, porém, ela optou por dar uma sumida para estudar e se aperfeiçoar, lançando seu trabalho seguinte apenas quatro anos depois, White Lillies Island, de 2001. Embora as críticas fossem amplamente favoráveis e as rádios tocassem suas canções exaustivamente, o álbum não vendeu tanto quanto seu antecessor, passando pouco da marca de um milhão de cópias, sem figurar no Top Ten britânico ou americano, mas alcançando o terceiro lugar na Austrália. Uma das principais razões apontadas pelos fãs foi a diferença estilística das canções em relação ao primeiro álbum; a música de trabalho, That Day, por exemplo, foi considerada muito mais parecida com as da cantora Lisa Loeb do que com as do álbum anterior de Natalie. That Day também foi lançada como single, assim como Wrong Impression e Beauty on the Fire. Nenhuma das três conseguiu um desempenho extraordinário, embora Beauty on the Fire tenha sido aclamada pela crítica como a melhor canção da carreira de Natalie.
Mesmo com este período conturbado em sua carreira musical, Natalie conseguiu um bom contrato para ser garota propaganda da L'Oréal para a Europa, Oceania e Malásia. Até hoje é ela quem aparece nas propagandas de máscaras e produtos para a pele da empresa, em revistas e TV. Em 2003 ela decidiu retornar brevemente à carreira de atriz, interpretando Lorna Campbell no filme de ação/comédia Johnny English, estrelado por Rowan Atkinson - mais conhecido como o Mr. Bean da TV. No mesmo ano, sua vida pessoal também teria uma forte mudança, graças ao casamento com Daniel Johns, vocalista do Silverchair.
Natalie retornaria à cena musical em 2005, com o álbum Counting Down the Days. Curiosamente, sua primeira música de trabalho, Shiver, foi a mais bem sucedida desde Torn, figurando no topo da lista das mais tocadas no Reino Unido por várias semanas, e fazendo com que o álbum alcançasse o primeiro lugar da parada britânica, o primeiro de Natalie a conseguir este feito. Shiver e a canção-título, Counting Down the Days, foram lançadas como singles, embora sem muito estardalhaço. Não se sabe ao certo quantas cópias o álbum teria vendido ao redor do mundo, pois a RCA não divulgou suas vendas nos EUA, mas estima-se que tenha sido melhor sucedido que o trabalho anterior. Após o lançamento do álbum, Natalie saiu em turnê pela Europa, com bom público em praticamente todas as suas apresentações.
Atualmente, Natalie se dedica a divulgar seu novo álbum, e começa as filmagens de um filme independente na Austrália, tentando conciliar suas carreiras de cantora e atriz de cinema. Mesmo com tantos altos e baixos na carreira, Natalie ainda espera repetir o sucesso de seu primeiro álbum. Eu acho que ela merece. Ou pelo menos merece mais do que muita gente por aí que anda vendendo muito sem talento nenhum.
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