domingo, 6 de junho de 2004

Escrito por em 6.6.04 com 0 comentários

Tomb Raider (I)

Tomb Raider IUm de meus jogos de videogame preferidos, sobre os quais ainda não tinha falado por aqui, é a série Tomb Raider. Nem tanto por causa da Lara Croft, mas pelo sistema de jogo, que ainda não consegui encontrar em nenhum outro do gênero (o que chegou mais perto foi Deathtrap Dungeon, mas ainda assim era bem diferente).

Tomb Raider (algo como "saqueador de tumbas") foi criado em 1996 pela gamehouse britânica Eidos, em parceria com a softhouse Core. Os jogos com gráficos poligonais estavam começando a surgir, e os programadores da Eidos planejavam fazer um jogo que misturasse ação, aventura e quebra-cabeças. Já existiam muitos jogos semelhantes (como Gabriel Knight, por exemplo) mas a Eidos queria algo no qual a interação do jogador com o personagem fosse mais do que escolher suas ações em um menu enquanto corria para lá e para cá. A idéia era fazer um jogo no qual o personagem pudesse ser efetivamente controlado, inclusive durante os combates, e os quebra-cabeças fossem resolvidos através de suas ações, não de menus. Aparentemente, os gráficos poligonais permitiriam que se fizesse algo do gênero, e o projeto começou.

Inicialmente, a estrela de Tomb Raider seria um homem, uma mistura de Indiana Jones com Agente do FBI, tentando recuperar artefatos roubados e/ou desaparecidos. Um dos programadores imaginou que o jogo faria mais sucesso se a estrela fosse uma mulher, pois existiam pouquíssimos jogos com protagonistas femininas na época. A idéia foi bem aceita, e a personagem ganhou o nome provisório de "Indiana Jane".

Tomb Raider IIPróximo à conclusão do jogo, porém, este nome foi descartado, e a heroína ganhou o nome de Laura Cruise. Antes do lançamento do jogo, quando ele foi apresentado ao pessoal da Core, eles perguntaram se a moça era americana ou britânica. Sem ter uma resposta para esta pergunta, os programadores disseram que ela era britânica (já que tanto a Eidos quanto a Core eram britânicas), o que levou à conclusão de que Laura Cruise não era um "nome britânico". Com algumas pequenas modificações, Laura Cruise virou Lara Croft, um nome bem mais forte, mais bonito, e mais britânico.

Não se sabe se por causa da Lara Croft, pouco após seu lançamento, Tomb Raider já era um grande sucesso, tendo versões para PC, MacIntosh, Playstation e Sega Saturn. Lara virou uma mania mundial, e milhares de jogos com o mesmo sistema (e com protagonistas femininas) começaram a aparecer, o que, de certa forma, causou a extinção dos jogos de plataforma tradicionais.

Apesar desse plágio todo, Tomb Raider continua único, e se aperfeiçoava a cada versão (bem, pelo menos até a última, que é horrível), o que o deixava sempre um passo à frente de seus concorrentes.

Tomb Raider IIIA primeira versão, lançada em 1996, apesar de ter gráficos feios para os padrões de hoje, foi produzida com o pináculo da tecnologia da época. Lara Croft, arqueóloga e exploradora, é contratada por Jacqueline Natla, CEO da Natla Technologies para encontrar um artefato desconhecido no Peru. No decorrer do jogo, Lara descobre que tal artefato era parte da Scion, um antigo artefato da cidade de Atlântida, e que poderia dar poderes ilimitados a seu possuidor. Ao deduzir que o plano de Natla era ganhar poderes ilimitados para algum propósito, Lara decide intervir e recuperar o artefato ela mesma, colocando-o a salvo da maldade dos homens (é, ela tem mania de fazer isso). O jogo tem 15 longas fases, divididas em 4 "mundos", Peru, Roma, Egito e Atlântida. Cada fase tem segredos, quebra-cabeças e perigos próprios e diferentes, o que garante diversão por muitas e muitas horas.

O sucesso estrondoso do jogo levou ao lançamento quase instantâneo de Tomb Raider II: The Adventures of Lara Croft, em 1997, novamente para PC, Mac, Playstation e Saturn. Desta vez a missão de Lara era encontrar a Adaga de Xian, um artefato que, cravado no coração de um homem, o transformaria em um dragão. Com a ajuda de novas armas (incluindo um lança-arpão, a única que funciona embaixo d'água) e técnicas de salto, Lara deve encontrar o artefato antes da Fiamma Nera, uma organização criminosa liderada por Marco Bartoli, que quer a adaga para si. Lara também pode dirigir uma lancha e um snowmobile, adicionando ainda mais ação a algumas fases. E desta vez são 20 fases, sendo que uma delas só estará disponível se você encontrar todos os segredos do jogo (são três por fase) e outra não é obrigatória: trata-se da Mansão Croft, onde você poderá treinar todos os movimentos de Lara, "auxiliada" por seu mordomo Winston. As demais 18 fases, como no jogo anterior, estão divididas em 4 "mundos": Grande Muralha da China, Veneza, Navio Afundado (meu preferido) e Tibet.

Ainda em 1997 foi lançado Tomb Raider: Unfinished Business, um CD duplo apenas para PC e Mac, com Tomb Raider I e mais quatro fases de bônus, duas no Egito e duas em Atlântida. Quem comprou um Tomb Raider oficial teve o direito de baixar estes quatro níveis de graça do site da Eidos, para não ter que gastar dinheiro de novo.

Vestida para dançar... digo, matar!Em 1998 foi lançado Tomb Raider III: The New Adventures of Lara Croft, na minha opinião o melhor de todos, para PC, Mac e Playstation, com gráficos muito mais bonitos, incluindo raios, chuva, neve e vários outros fenômenos atmosféricos, novas armas, veículos (quadriciclo, unidade de propulsão submarina, bote inflável e carrinho de mineração) e novos movimentos (Lara agora pode se pendurar no teto, se agachar, rastejar e dar corridas curtas). Lara começa sua aventura na Índia, onde procura pela Pedra de Infada. Ao encontrá-la, ela é advertida pelo Dr. Willard, um cientista escocês, de que a Pedra é um de quatro artefatos feitos com metal de um meteoro, e que podem colocar a humanidade em risco se caírem em mãos erradas. Lara decide encontrar tais artefatos, passando por 21 fases. Como no anterior, uma das fases só estará disponível se você encontrar todos os segredos (de 0 a 6 por fase) e outra é a Mansão Croft. As outras 19 estão divididas entre Índia, Area 51, Tahiti, Londres e Antártida. Após cumprir as fases da Índia, você poderá escolher em qual ordem irá enfrentar as três seguintes, só podendo ir à Antártida quando já as tiver concluído.

Seguindo o que já havia acontecido com o primeiro Tomb Raider, em 1999 foi lançado Tomb Raider: The Golden Mask, um CD duplo para PC e Mac, que consistia em Tomb Raider II e uma aventura-bônus, onde Lara teria que encontrar a Máscara de Tornasuk antes de um grupo de mercenários contratados para isto. Quatro fases na Rússia, e mais uma de bônus em Las Vegas, caso o jogador encontrasse todos os 12 segredos. Como no anterior, quem comprou o TR2 original também poderia baixar esta aventura de graça no site da Eidos.

Last Revelation1999 também foi o ano de lançamento daquela que seria a última aventura de Lara Croft: Tomb Raider: The Last Revelation, para PC, Mac, Playstation e Dreamcast. Tirando os gráficos, a esta altura já belíssimos, este jogo foi planejado para ser o mais parecido possível com o primeiro. O inventário foi remodelado, e agora Lara poderia combinar itens, escalar cordas, se balançar e "virar esquinas" enquanto escala, além de escolher entre mira automática ou manual. A história começa no Camboja, em 1984, onde Lara, com 16 anos, começa sua vida de aventureira. Mais tarde (após duas fases), ela já está no Egito, onde procura o Amuleto de Set. Encontrando-o, porém, Lara libera Set para dominar o mundo, e sua missão passa a ser enclausurá-lo novamente, antes que ele consiga sair do templo. Fora as duas primeiras fases, todas as demais se passam no Egito. Os seis "mundos" da vez são Camboja, Vale dos Reis, Karnak, Alexandria, Cairo e Gizé. Este era o maior jogo de todos até o momento, com 35 fases. Não há Mansão Croft nem fase-bônus, mas o jornal britânico The Times, na época do lançamento do jogo, disponibilizou em seu site uma fase exclusiva, onde Lara explora a tumba de Tutancâmon. Ao final deste jogo, quando Set é novamente aprisionado, o templo começa a desmoronar. Lara não consegue fugir a tempo, sendo soterrada, e dada como morta.

Chronicles2000 começou com o lançamento de Tomb Raider: The Lost Artifact, para PC e Mac. Inicialmente um projeto do mesmo estilo de Unfinished Business e The Golden Mask, The Lost Artifact foi lançado separadamente, sem Tomb Raider III, e não estava disponível para download na Eidos. A história é que Lara descobriu que existe um quinto artefato feito do mesmo meteoro que os outros quatro de TR3, e decide encontrá-lo também. São seis fases, divididas entre Escócia e Paris, e mais a Mansão Croft.

Também em 2000 foi lançado Tomb Raider Chronicles, para PC e Mac. Estando Lara presumidamente morta, seus amigos se reúnem para um funeral simbólico (já que não há corpo), e se lembram de suas antigas aventuras. Em um sistema interessante, cada "mundo" do jogo é uma "lembrança" de um dos amigos de Lara. Curiosamente, acompanha este jogo um editor de níveis, para que você possa fazer suas próprias fases de Tomb Raider. Como novos movimentos, Lara pode andar em cordas-bambas, usar barras horizontais como impulso para saltos (tipo uma ginasta) e virar cambalhotas para sair de lugares apertados. O único "veículo" novo é uma roupa de profundidade. As 13 fases estão divididas entre Roma, onde, em uma aventura que se passa entre Tomb Raider I e II, Lara tenta encontrar a Pedra Filosofal; Rússia, onde Lara invade um submarino para encontrar a Lança do Destino; Irlanda, onde Lara com 16 anos enfrenta fantasmas e demônios; e o Quartel-General da VCI, onde nossa heroína tenta recuperar um artefato roubado conhecido como Íris. No fim do jogo, Von Croy, o antigo professor de Lara, fazendo escavações no Egito, encontra algo surpreendente...

Angel of DarknessProvavelmente tão surpreendente quanto o último jogo da série até agora, Tomb Raider: The Angel of Darkness, de 2003. Sim, este jogo sofreu sucessivos atrasos antes de ser lançado para PC e Playstation 2, e todos imaginavam que seria uma obra-prima. Os gráficos realmente são primorosos, mas o jogo em si é horrível! A câmera raramente mostra o que precisamos visualizar, Lara não responde instantaneamente aos comandos, é impossível correr empunhando a arma quando há um inimigo na tela e, como se isso já não bastasse, em algumas fases não se joga como Lara, e sim como um paranormal chamado Kurtis Trent, que deseja vingar a morte de seu pai. Só posso dizer que foi uma decepção total. Até a história é meio estranha: Lara, já não tão presumidamente morta, recebe um telefonema de Von Croy, pedindo para que ela o ajude a encontrar as Pinturas Obscuras, antigos quadros do século XIV. Ao chegar ao apartamento de Von Croy, porém, Lara o encontra morto, e passa a ser a principal suspeita deste crime. Agora, além de fugir da polícia, Lara ainda precisa encontrar um homem chamado Eckhardt, sua única pista sobre o assassinato de Von Croy. São 29 fases, divididas entre Paris e Praga. Apesar de ser o mais bonito, infelizmente é o pior de todos.

Tomb Raider ainda teve duas versões para Game Boy Color (Tomb Raider e Tomb Raider: Curse of the Sword), uma para Game Boy Advance (Tomb Raider: The Prophecy) e uma para o N-gage, o videogame/celular da Nokia (que é igualzinho ao primeiro Tomb Raider, diga-se de passagem). Tirando a deslizada feia que foi Angel of Darkness, é uma excelente série, com elementos únicos e empolgantes. Não há previsão de um novo título da série, mas eu espero que não lembre nem de longe o último, senão serei obrigado a considerar que a série acabou no Chronicles.

Tomb Raider

Parte 1

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