Hoje temos mais um post do quesito "música". Já falei aqui sobre minha cantora preferida (e põe preferida nisso), Tori Amos, e sobre a banda que eu mais gosto (e põe gostar nisso), os Smiths. Mas minha vida músical não se resume a pianos e rock dos anos 80. Logo depois de Tori Amos e dos Smiths, outras bandas e cantoras conseguem minha atenção auditiva. A primeira da lista é o Garbage.
Sinto não dispor de uma biografia tão completa quanto a que apresentei das outras vezes, mas, ao contrário daqueles, nunca comprei nenhuma revista que trouxesse a biografia do Garbage (bem, uma vez eu comprei uma Wired que falava da Shirley Manson, mas só dela, não da banda). Mesmo que tivesse, eles são relativamente recentes, só possuem três álbuns, então eu acho que não seria uma biografia tão completa assim. De qualquer forma, eu catei algumas coisas aqui e ali na internet, então vamos ver do que se trata esse tal de Garbage.
Para quem não sabe, além da cantora escocesa Shirley Manson, o Garbage é formado por três ex-produtores ("péssimos músicos que apenas fingem que tocam", segundo eles mesmos), Butch Vig, Steve Marker e Duke Erikson. Os três se conheceram no início dos anos 80, quando Vig foi estudar na Universidade de Winsconsin, onde formou uma banda chamada Spooner, na qual era baterista, e seu colega Erikson era vocalista e guitarrista. Após algumas apresentações, os dois conheceram Marker, que se tornou um grande fã da banda, e utilizou um dinheiro que havia ganho cortando grama (!) para ajudá-los a gravar seu primeiro compacto. A banda, porém, nunca conseguiu um contrato com uma gravadora, até que, em 1984, os três amigos decidiram comprar um velho armazém e fundar a Smart Studios, sua própria gravadora de rock de garagem.
O Spooner lançou três álbuns pela Smart Studios, depois mudou de nome para Firetown. A maior parte do dinheiro do estúdio vinha de gravações para bandas punk locais (a US$ 100 cada disco, cruzes!). A fama do estúdio se espalhou, e logo gravadoras do cenário independente estavam contratando os serviços da Smart para que seus artistas lá gravassem. No início dos anos 90, a Smart já era tão popular no cenário grunge/alternativo que lá foram gravados os álbuns "Nevermind", do Nirvana, "Siamese Dream", sos Smashing Pumpkins, e "Dirt", do Sonic Youth, todos tendo Butch Vig como produtor.
Em 1993, enquanto trabalhavam em remixes para um novo álbum do Nine Inch Nails, os três produtores decidiram fazer uma jam session, para descontrair (para quem não sabe o que é uma jam session, eles pegaram seus instrumentos - guitarra, baixo e bateria - e tocaram várias músicas sem compromisso). Por alguma razão, eles começaram a fazer sons estranhos e barulhentos com os instrumentos, e adoraram isso. Assim, eles começaram a passar mais e mais tempo tocando na Smart, sempre tentando obter os sons mais estranhos e barulhentos que conseguissem. Talvez eles tivessem ficado nessa maluquice para sempre, mas, em 1994, Butch Vig viu na Mtv um clip de uma banda chamada Angelfish, cuja vocalista era uma ruiva escocesa de nome Shirley Manson. Imediatamente, ele soube que ela era a voz que faltava para a "banda" que eles haviam criado.
Antes de cantar no Angelfish, Manson tocava teclados e fazia backing vocal na banda escocesa Goodbye Mr. Mackenzie. Ao ser convidade para uma entrevista com os três famosos produtores, ela aceitou, mas ficou muito nervosa. O que ela não sabia, é que os três também estavam muito nervosos. Segundo Steve Marker, a entrevista foi "um desastre". Mesmo assim, eles conseguiram marcar uma nova entrevista, na qual ela ficou mais à vontade. A certeza de que ela era a vocalista certa para a banda veio quando Vig a mostrou uma letra e ela respondeu "I can't sing this bloody crap!" (desculpem, mas traduzir isso tiraria a metade da graça). Segundo Vig, ela era perfeita porque eles queriam alguém "que eles não conseguissem manipular".
Mas ainda faltava um nome. Isto foi resolvido quando um amigo de Vig visitava o estúdio durante uma gravação do primeiro disco da banda. Ao ouvir a barulheira que eles estavam fazendo, este amigo exclamou: "This sounds like garbage!" (algo como "isso soa como lixo"). Butch vig riu e respondeu "Exatamente. E nós vamos transformar este lixo numa canção".
O primeiro álbum do Garbage foi lançado em 1995, após muitas gravações e regravações. Foi um enorme sucesso de público e de crítica, tendo vendido mais de 5 milhões de cópias até hoje, só nos Estados Unidos. Logo após o final da primeira turnê, eles começaram a produzir o segundo álbum, "Version 2.0", lançado em 1998. A demora no lançamento foi devida ao fato de que todos os membros da banda são perfeccionistas, e, portanto, as músicas têm de ser gravadas, regravadas, gravadas novamente, e, quando eles acham que está bom, voltam para o estúdio para gravar mais um pouco. Nas palavras de Erikson, "se não tivéssemos que parar, não pararíamos nunca".
O terceiro álbum, "Beautiful Garbage", é de 2001, lançado novamente após muitas regravações. Uma curiosidade é que o álbum vem com um "mixer virtual", para o próprio fã poder mexer nas músicas e deixá-las do jeito que quiser.
Alguns fãs reclamaram da atual fase da banda, pois Beuatiful Garbage é um álbum bem mais eletrônico (e bem menos punk) que os anteriores. Realmente, as canções mais recentes são bem mais próximas da música eletrônica que do rock, mas eu não vejo isso como um defeito.
Bem, e eu? "Como foi que o Guil descobriu essa maluquice", alguns devem estar pensando. Na verdade, acho que a única forma de se descobrir uma banda doida é através de uma doideira: eu comprei o CD porque tinha um G bem grande na capa.
Bom, não foi só por causa disso. A história toda é a seguinte: um dia, no ano de 1995, estava eu a mudar de canal, quando, passando pela Mtv, achei uma música barulhenta. Era o clip da música "Queer", mas já estava no final. Como eu gosto de músicas barulhentas, anotei o nome da banda, para tentar ver de novo outro dia (pois é, uma coisa pode não ter nada a ver com a outra, mas até hoje eu faço isso). Aí, outro belo dia, eu estava comprando CDs na internet. Na época, um Dólar era igual a um Real, não existia o imposto de importação de 100%, e a taxa de envio era US$ 15,00 para os primeiros três CDs. Diante disso (e somando ao fato de que eu tinha dinheiro), eu comprava CDs de três em três (afinal, comprando três eu pagava os mesmos R$ 15,00 de envio do que se eu comprasse só um). Eu sempre deixava juntar três CDs que quisesse comprar antes de encomendar. Nessa ocasião, porém, um dos CDs que eu ia comprar (acho que era um Single da Tori Amos) estava esgotado. Como o pedido já estava praticamente pronto, pensei, "vou substituir por outro que seja barato". O CD do Garbage estava em promoção por US$ 13,00. Ao ver o nome "Garbage", pensei: "Ei, é aquela banda barulhenta do outro dia! E tem um G enorme na capa! Isso deve ser um sinal!". Pois é, isso se chama adolescência. Comprei o CD.
E fiz muito bem, porque adorei o dito cujo, do início até o fim. Quem leu meus posts anteriores sabe que só os Smiths e Tori Amos tinham conseguido esse feito. Pois bem, agora já eram três os contemplados.
Além da barulheira, o que eu mais gosto no som do Garbage é da voz da Shirley Manson. É uma voz grossa, diferente, e muito afinada. Em algumas músicas, inclusive, ela muda a voz para um tom mais fino, o que provoca reações do tipo "isso é Garbage?!?!", mas continua afinada. O último CD realmente é bem diferente dos anteriores, pois os dois primeiros eram de rock barulhento, com letras sinistras e clima sombrio, enquanto o último é quase techno, com um clima mais leve. Mas, o que alguns chamam de defeito, eu considero versatilidade.
Se bem que, realmente, eu prefiro quando eles são barulhentos.
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