Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Escrito por em 22.2.25 com 0 comentários

Siouxsie and the Banshees

Essa semana eu estava conversando com um amigo sobre a banda Siouxsie and the Banshees, e achei que seria um bom tema para um post. Ei-lo!


Siouxsie Sioux (que, acreditem ou não, se pronuncia "Suzi Su") nasceu Susan Janet Ballion, em 27 de maio de 1957, em Londres, Inglaterra, mais nova dos três filhos de uma secretária com um bacteriologista que estudava veneno de serpentes. Seu pai era nascido na Valônia, a parte da Bélgica que fala francês, e sua mãe, de família escocesa, era fluente em francês, de forma que, após se casarem, eles foram morar no Congo Belga, onde os dois irmãos mais velhos de Siouxsie nasceram. Ela seria fruto de uma gravidez não planejada após seu pai ser demitido e o casal voltar para a Inglaterra, sendo dez anos mais nova que seu irmão do meio.

Não somente, mas também por causa disso, Siouxsie foi uma criança isolada, com poucos amigos, principalmente porque não podia convidá-los para sua casa, pois seu pai, devido a um longo período desempregado, se tornaria alcoólatra, passando mais tempo ébrio do que sóbrio. Apesar de tudo, Siouxsie era uma menina inteligente, bem articulada, e que nutria um amor verdadeiro pelo pai, que, quando estava sóbrio, lia vários livros de sua grande biblioteca para ela ou junto com ela. Segundo Siouxsie, sua família era considerada "diferente", não se relacionava com os vizinhos, e ela achava sua vizinhança, em Chislehurst, na cidade de Kent, "opressiva", não vendo a hora de se mudar de lá.

A vida de Siouxsie, porém, pioraria muito antes que ela conseguisse se mudar. Quando ela tinha 9 anos, ela e uma amiga seriam molestadas sexualmente por um estranho em um parque próximo à sua casa; a polícia não levaria a denúncia das meninas a sério, e a família de Siouxsie optaria por varrer o episódio para debaixo do tapete, jamais o mencionando, o que faria com que ela passasse a não confiar mais em nenhum adulto que não fosse seu pai. Mas, quando ela tinha 14 anos, seu pai faleceria em decorrência do alcoolismo, e Siouxsie sofreria de uma depressão severa, chegando a emagrecer perigosamente e quase abandonando a escola. Em 1972, ela seria diagnosticada com colite ulcerosa, e teria de passar por uma cirurgia. Enquanto se recuperava no hospital, ela veria David Bowie se apresentando no programa Top of the Pops.

Ver Bowie se apresentando mudaria a vida de Siouxsie, que decidiria se tornar cantora. Aos 17 anos, ela abandonaria definitivamente a escola, e passaria a maior parte de seu tempo indo ao maior número de shows que conseguisse. Em setembro de 1975, durante um show da banda Roxy Music, ela conheceria Steven Severin; nascido Steven John Bailey, em 25 de setembro de 1955, também em Londres, Severin era apaixonado por música desde os 15 anos, quando assistiu a um show da banda Captain Beefheart & His Magic Band, que ele definiria como uma experiência que mudou sua vida. Decidido a montar ele também uma banda, ele tentaria os nomes artísticos Steven Havoc e Steve Spunker antes de se decidir por Steven Severin, e passaria a assistir o maior número de shows que conseguisse - indo parar no Roxy Music bem no dia em que Siouxsie também estava.

Em novembro de 1975, os Sex Pistols tocariam em Chislehurst; Siouxsie não conseguiria ir, mas, ouvindo os relatos dos que foram, ficaria fascinada pela banda. Ela teria uma nova oportunidade em fevereiro de 1976, quando os Sex Pistols tocariam em Londres, e ela e Severin conseguiriam ingressos com direito aos bastidores. Após conversar pessoalmente com os membros da banda, eles decidiriam entrar para um grupo conhecido como Bromley Contingent, que a imprensa britânica rotulava como "adolescentes excêntricos" que seguiam os Sex Pistols onde eles fossem, assistindo a todos os shows. Nessas viagens, Siouxsie chamaria atenção por suas vestimentas, que combinavam couro, látex, vinil, muito delineador nos olhos, batom vermelho sangue e laquê nos cabelos - numa época em que nada disso era moda, com a moça sendo considerada uma precursora tanto do estilo punk quanto do estilo gótico.

Em 20 de setembro de 1976, seguindo os preceitos do punk do "faça você mesmo" e "na plateia sempre há uma banda em potencial", Siouxsie e Severin decidiriam, de súbito, montar sua própria banda, aproveitando que um espaço no festival 100 Club Punk Festival, em Londres, organizado pelo empresário dos Sex Pistols, Malcolm McLaren, havia sido aberto devido a uma desistência. Siouxsie e Severin não sabiam tocar nenhum instrumento, não tinham nenhuma canção, mas isso não iria impedi-los; já com o nome de Siouxsie Sioux, a moça subiria ao palco com Severin no baixo, Marco Pirroni na guitarra, e Sid Vicious, dos Sex Pistols, na bateria, e se apresentaria durante 20 minutos, conquistando os críticos presentes, que diriam que diria que ela era diferente de qualquer cantora que eles já haviam visto ou que viriam a ver no futuro, que ela parecia saída de um sonho, e que não conseguiram prestar atenção em mais nada do festival depois dela.

A apresentação faria tanto sucesso que Siouxsie e Severin seriam convidados para se apresentar ao lado dos Sex Pistols no programa de Bill Grundy, na Thames Television, em dezembro de 1976, durante o qual o apresentador, ao vivo, daria em cima de Siouxsie e a convidaria para um "programa após o programa", sendo xingado, também ao vivo, por Steve Jones, guitarrista dos Sex Pistols - em entrevistas posteriores, Grundy diria estar bêbado quando fez a proposta. Esse acontecimento bizarro catapultaria não somente a carreira dos Sex Pistols, até então um sucesso local, a partir daí uma banda de renome internacional, como também colocaria Siouxsie no mapa, com o famoso tabloide Daily Mirror colocando sua foto na primeira página com a legenda Punk Shocker. Despreparada para isso, e sem querer ficar conhecida como uma roadie dos Sex Pistols, Siouxsie veria a banda ao vivo pela última vez em 15 de dezembro de 1976, e começaria 1977 conversando seriamente com Severin sobre os dois montarem sua própria banda, que decidiriam chamar de Siouxsie and the Banshees - sendo o banshee (que se pronuncia "bênshe") uma criatura mítica da Irlanda cuja voz pode enlouquecer os humanos.

A primeira formação da banda contaria com Siouxsie nos vocais, Severin no baixo, Kenny Morris, que eles conheceriam durante o 100 Club Punk Festival, na bateria e Peter Fenton na guitarra; após algumas apresentações em clubes noturnos, Siouxsie e Severin chegariam à conclusão de que Fenton não combinava com a banda por ser "um guitarrista de verdade" e o demitiriam, contratando John McKay para o seu lugar. Em novembro de 1977, a banda conseguiria sua primeira apresentação na TV, no programa So It Goes, da ITV Granada, da região de Manchester; no mês seguinte, eles se apresentariam na BBC Radio tocando Metal Postcard, música anti-nazista que Siouxsie escreveria após ser presa durante um show dos Sex Pistols em Paris em setembro de 1976, no qual estava na plateia sem blusa, só de sutiã, e com uma faixa com a suástica no braço esquerdo - em entrevistas, ela diria estar "tentando chocar as gerações conservadoras", e não fazer propaganda nazista; em 1979, a música seria gravada também em alemão, com o nome de Mittageisen. A apresentação na BBC renderia à banda a capa da revista Sounds, na qual seu som seria descrito como "frio, mecânico e passional ao mesmo tempo, como um complexo industrial do século XXI".

A banda receberia várias propostas de gravadoras, mas recusaria todas, querendo uma que lhes desse controle artístico total. Seria somente após um show lotado em Londres, no início de 1978, que a Polydor faria uma proposta que agradaria Siouxsie e Severin, com a banda assinando contrato em junho. Seu primeiro single seria Hong Kong Garden, que entraria para o Top 10 britânico e renderia à banda uma matéria na revista NME. Seu primeiro álbum, The Scream, seria lançado em novembro de 1978, classificado pela crítica como pós-punk, e traria como música de trabalho uma nova versão de Metal Postcard. O álbum seria bem recebido pela crítica e alcançaria a 12a posição na lista da OCC (Official Charts Company, responsável por fazer a lista dos álbuns mais vendidos no Reino Unido), rendendo um Disco de Prata, mas, devido à performance da banda nos shows, a gravadora acharia que as vendas ficaram abaixo do esperado.

Para tentar aproveitar o bom momento, a banda já começaria a gravar um segundo álbum, Join Hands, lançado em setembro de 1979, mais uma vez com uma única música de trabalho, Playground Twist. Originalmente, a capa traria a reprodução de um livreto usado por crianças estudando para fazer Primeira Comunhão, mas a gravadora vetaria, e a nova capa traria quatro soldadinhos de chumbo; somente em 2015 o álbum seria relançado com a capa original. Novamente a crítica ficaria encantada, considerando o álbum "obrigatório", mas novamente as vendas ficariam abaixo do esperado, com Join Hands alcançando a 13a posição na lista da OCC e rendendo mais um Disco de Prata. A banda sairia em turnê pelo Reino Unido após seu lançamento, durante a qual Morris e McKay se desentenderiam com Severin e se demitiriam; para a bateria, Siouxsie e Severin convidariam Budgie, nome artístico de Peter Edward Clarke, então na banda The Slits, mas, para a guitarra, eles fariam vários testes, sem encontrar ninguém do seu agrado. Robert Smith, vocalista da banda The Cure, ofereceria seus serviços, e seria o guitarrista de Siouxsie and the Banshees até o fim da turnê.

Após o fim da turnê, Budgie seria oficialmente efetivado como membro da banda, e o guitarrista John McGeoch, da banda Magazine, seria convidado para gravar o single Happy House; ele acabaria ficando também para o terceiro álbum da banda, Kaleidoscope, lançado em agosto de 1980, no qual eles decidiriam experimentar sintetizadores e baterias eletrônicas, se afastando do punk e se aproximando de um som mais pop. Tendo como músicas de trabalho Happy House e Christine, o álbum mais uma vez seria um sucesso de crítica, se tornando também o primeiro sucesso de vendas de Siouxsie, alcançando a quinta posição na lista da OCC e rendendo mais um Disco de Prata. Após seu lançamento, Siouxsie and the Banshees sairiam em sua primeira turnê internacional, com shows na Europa e Estados Unidos, estreando do lado de cá do Atlântico com um show em Nova Iorque em novembro de 1980.

Durante essa turnê, a banda experimentaria várias músicas novas, que incluiria em seu quarto álbum, Juju, de junho de 1981, uma volta ao pós-punk, bem mais sombrio que o anterior, trazendo como músicas de trabalho Spellbound e Arabian Knights. A crítica mais uma vez se renderia, e o público pareceria manter as boas vendas, com o álbum alcançando a sétima posição na lista da OCC e rendendo o quarto Disco de Prata seguido. Durante as gravações de Juju, Siouxsie e Budgie começariam a namorar e criariam um projeto paralelo, a banda The Creatures, composta apenas pelos dois, com músicas apenas com voz e bateria; eles gravariam cinco faixas, que seriam lançadas pela Polydor como o EP Wild Things em setembro de 1981.

Em dezembro de 1981, seria lançada Once Upon a Time/The Singles, coletânea apenas com músicas que estavam nos singles dos quatro primeiros álbuns - cada single trazia duas músicas: no lado A, uma das músicas de trabalho do álbum, e, no lado B, uma música inédita; conhecidas como B-Sides, essas músicas inéditas costumam ser valorizadas pelos fãs, que compram todos os singles só para colecioná-las, e eram justamente essas que estavam presentes nessa coletânea. A coletânea seria um inesperado sucesso de vendas, e renderia o único Disco de Ouro da carreira de Siouxsie and the Banshees, ficando 26 semanas seguidas na lista da OCC.

O quinto álbum de Siouxsie and the Banshees seria o psicodélico A Kiss in the Dreamhouse, lançado em novembro de 1982, que mais uma vez encantaria a crítica; com as músicas de trabalho Slowdive e Melt!, ele renderia mais um Disco de Prata, mas chegaria apenas à posição 11 na lista da OCC. Durante a turnê de lançamento, McGeoch revelaria também sofrer de alcoolismo, e, com sérios problemas envolvendo bebida, teria de ser hospitalizado após um show em Madri. Siouxsie optaria por demiti-lo, e Severin convidaria Smith para, mais uma vez, concluir a turnê junto com a banda. Essa nova colaboração daria origem a dois outros projetos: o single Dear Prudence, cover dos Beatles, maior sucesso da carreira de Siouxsie and the Banshees, alcançando a terceira posição na parada britânica, e a banda The Glove, formada por Severin, Smith e a vocalista Jeanette Landray, ex-namorada de Budgie.

Essa agitação seria muito bem-vinda por Smith, que, em meados de 1982, estava à beira de um colapso nervoso após as complicadas gravações e conturbada turnê do álbum Pornography, do Cure - durante a turnê, o baixista da banda, Simon Gallup, seria demitido após uma briga feia com o resto da banda, o que levaria Smith a pedir que Severin fosse o baixista na gravação do single Lament. Quando Severin pediu para que Smith voltasse a ser o guitarrista de Siouxsie and the Banshees, portanto, ele aceitaria sem pensar duas vezes, imaginando ser uma excelente oportunidade para esfriar a cabeça, se livrando das preocupações com sua banda original. Quando Siouxsie e Budgie anunciassem um hiato na banda para poderem gravar o primeiro álbum das Creatures, Severin e Smith aproveitariam e também reservariam um estúdio para gravar um álbum do Glove; Smith, entretanto, estava contratualmente proibido de ser vocalista de outra banda que não fosse o Cure, o que levaria à contratação de Landray.

1983, portanto, seria um ano pleno de lançamentos para os membros de Siouxsie and the Banshees: em maio, seria lançado o primeiro álbum das Creatures, Feast, com a música de trabalho Miss the Girl, aclamado pela crítica, mas um sucesso moderado de vendas, chegando à posição 17 na lista da OCC. Em setembro, seria a vez do único álbum do Glove, Blue Sunshine, que infelizmente não agradaria tanto à crítica ou ao público. E, em novembro, seria a vez de Nocturne, primeiro álbum ao vivo de Siouxsie and the Banshees, gravado durante duas apresentações, em 30 de setembro e 1 de outubro daquele ano no Royal Albert Hall, em Londres.

O sexto álbum de estúdio de Siouxsie and the Banshees, Hyæna, primeiro com Smith na guitarra, seria lançado em junho de 1984, com as músicas de trabalho Swimming Horses e Dazzle, sendo mais um gigantesco sucesso de crítica e um moderado sucesso de vendas, chegando à posição 15 na lista da OCC; esse também seria o primeiro álbum da banda a entrar para a parada da Billboard, na posição 157. Um mês antes de seu lançamento, Smith, alegando não estar dando conta de estar em duas bandas ao mesmo tempo, pediria para sair; ele seria substituído por John Valentine Carruthers, ex-guitarrista da banda Clock DVA. O primeiro projeto da banda com Carruthers seria um EP, The Thorn, lançado em outubro de 1984, que trazia quatro músicas dos álbuns anteriores regravadas com a participação da Orquestra Sinfônica de Londres.

1985 seria o primeiro ano desde o lançamento de The Scream sem um novo álbum de Siouxsie and the Banshees, e o primeiro desde 1979 em que eles não sairiam em turnê; a razão seria que eles decidiriam tirar um ano sabático exclusivamente para trabalhar em seu sétimo álbum, Tinderbox, lançado em abril de 1986, com as músicas de trabalho Cities and Dust e Candyman. Com um som mais suave, distante do punk e próximo do rock alternativo, o álbum agradaria à crítica e ao público, chegando à 13a posição na lista da OCC e à 88a na Billboard.

Esgotados após as gravações, Siouxsie, Severin e Budgie decidiriam não compor novas músicas e gravar um álbum de covers, Through the Looking Glass, lançado em março de 1987, com as músicas de trabalho This Wheel's on Fire (de Bob Dylan) e The Passenger (de Iggy Pop), trazendo também, dentre outras, Hall of Mirros, do Kraftwerk, Strange Fruit, de Billie Holiday, You're Lost Little Girl, dos Doors, Sea Breezes, do Roxy Music, e Trust in Me, cantada pela cobra Kaa no desenho da Disney Mogli, o Menino Lobo. O álbum seria bem recebido pela crítica, chegaria à posição 15 na OCC e 188 na Billboard, e renderia o sexto Disco de Prata da banda. Após seu lançamento, insatisfeitos com Carruthers, os três integrantes da banda decidiriam de comum acordo demiti-lo.

Após tirar mais um ano sabático em 1987, a banda contrataria o guitarrista Jon Klein e o multi-instrumentista Martin McCarrick para a gravação de seu nono álbum, Peepshow, lançado em setembro de 1988, que tinha como músicas de trabalho Peek-a-Boo (que seria originalmente o nome do álbum), The Killing Jar e The Last Beat of My Heart. Com um som mais experimental, o álbum seria mais um sucesso de crítica; nas vendas, chegaria à posição 20 na OCC, mas renderia mais um Disco de Prata. Peek-a-Boo seria o primeiro sucesso da banda nos Estados Unidos, chegando à primeira posição na parada de rock moderno e à posição 58 no Top 100 da Billboard; o álbum, na Billboard, chegaria à posição 68. Após uma turnê de enorme sucesso, com shows lotados no Reino Unido e nos Estados Unidos, a banda se declararia estafada e decidiria por mais um ano sabático, passando todo o ano de 1990 sem gravar músicas ou fazer shows.

Antes desse ano sabático, Siouxsie e Budgie decidiriam aproveitar um espaço na agenda de shows e gravar mais um álbum das Creatures, enquanto estavam na Espanha. Chamado Boomerang e lançado em novembro de 1989, o álbum traria metais, como trombones, trompetes e saxofones, e elementos de blues e jazz, sendo aclamado pela crítica, mas seu som exótico evitaria que ele fosse um sucesso de vendas. Suas músicas de trabalho seriam Standing There e Fury Eyes.

Siouxsie and the Banshees retornariam em 1991 com o maior sucesso de sua carreira, Kiss Them For Me, que contava com a participação do músico indiano Talvin Singh, chegaria à primeira posição da parada de sucessos de música alternativa nos Estados Unidos, à oitava na parada de música dance, e à posição 23 na parada da Billboard. O álbum da qual ela seria música de trabalho, Superstition, seria lançado em junho de 1991, trazendo também Shadowtime e Fear (of the Unknown). Muito mais pop que qualquer um dos outros álbuns, Superstition seria mais um grande sucesso de crítica, e, apesar de não conseguir certificação, chegaria à posição 25 na OCC e 65 na Billboard. O sucesso do álbum nos Estados Unidos faria com que a banda fosse convidada para a primeira edição do festival Lollapalooza e recebesse um convite do diretor Tim Burton para incluir uma música na trilha sonora do filme Batman Returns, de 1992; junto com o compositor da trilha instrumental do filme, Danny Elfman, eles criariam Face to Face, que se tornaria mais um grande sucesso.

Em outubro de 1992, seria lançada mais uma coletânea de B-Sides, Twice Upon a Time - The Singles, com músicas que estavam nos singles de A Kiss in the Dreamhouse a Superstition, incluindo Dear Prudence e Face to Face, mais uma nova versão de Overground, de The Torn, regravada sem a participação da orquestra; uma versão ao vivo de The Last Beat of My Heart, gravada durante o Lollapalooza; e um remix de Fear (of the Unknown) feito pelo DJ norte-americano Junior Vasques especialmente para o lançamento.

Convidada para tocar em vários festivais ao redor do planeta, a banda decidiria experimentar músicas novas durante os shows, e, ao retornar à Inglaterra, em 1994, contrataria John Cale, ex-membro do Velvet Underground, para ajudá-los a reunir todas em um novo álbum, creditando-o como produtor. Esse álbum se chamaria The Rapture, e seria lançado em janeiro de 1995, tendo como músicas de trabalho O Baby e Stargazer. Mais uma vez um álbum pop, The Rapture seria bem recebido pela crítica, mas não tanto quanto os anteriores, e chegaria à posição 33 na OCC e 127 na Billboard. Durante sua turnê de lançamento, a Polydor, sem qualquer aviso prévio, encerraria seu contrato com a banda, alegando não ter interesse em manter uma banda punk em seu catálogo em plena década de 1990. Também durante a turnê, Klein decidiria deixar a banda, e seria substituído nos shows restantes por Knox Chandler, ex-guitarrista da banda Psychedelic Furs.

Sentindo-se estafados após tantos anos de álbuns e turnês, Siouxsie, Severin e Budgie decidiriam, de comum acordo, ao invés de procurar uma nova gravadora, desfazer a banda. Siouxsie e Budgie conversariam com a Polydor e conseguiriam que a gravadora lançasse A Bestiary of The Creatures, coletânea da banda que trazia todas as faixas de Wild Things e Feast, mais três B-Sides. Um inesperado sucesso de vendas dessa coletânea, provavelmente causado por fãs de Siouxsie and the Banshees que estavam atrás de mais material da banda, faria com que Siouxsie e Budgie recebessem uma proposta da gravadora belga PIAS, pela qual lançariam mais um álbum das Creatures, Anima Animus, em fevereiro de 1999. Trazendo as músicas de trabalho 2nd Floor, Say e Prettiest Thing, o álbum mais uma vez agradaria à crítica, mas não teria vendas expressivas.

Em maio de 2000, seria lançada mais uma coletânea das Creatures, dessa vez pela gravadora norte-americana Instinct Records, que lançaria os três álbuns da banda nos Estados Unidos, mas nenhum dos singles. Chamada U.S. Retrace, ela trazia apenas B-Sides desses singles, e a princípio seria um lançamento exclusivo para os Estados Unidos, mas Siouxsie conseguiria lançá-la também na Europa, sob o selo Sioux Records - que já havia sido usado no lançamento de Anima Animus no Reino Unido. Entre 1999 e 2002, Siouxsie e Budgie também fariam vários shows na Europa e nos Estados Unidos, se apresentando como The Creatures; enquanto isso, Severin tentava sem sucesso emplacar uma carreira solo, lançando dois "álbuns conceituais", Maldoror, de 1999, e The Woman in the Dunes, de 2000, antes de conseguir engatar uma bem sucedida carreira como compositor de trilhas sonoras.

Em 2002, a Universal Music compraria os direitos sobre todos os álbuns de Siouxsie and the Banshees, e lançaria a coletânea The Best of Siouxsie and the Banshees, em novembro. Antes disso, em abril de 2002, Siouxsie, Severin, Budgie e Chandler decidiriam ressuscitar a banda e sair em uma nova turnê mundial, chamada The Seven Year Itch; um dos shows dessa turnê, em Londres, seria gravado e lançado em maio de 2003 como um álbum ao vivo, também chamado The Seven Year Itch, pela gravadora Sanctuary. Enquanto estavam fazendo shows no Japão, Siouxsie e Budgie aproveitariam um intervalo da turnê para gravar o quarto e último álbum das Creatures, Hái, lançado em outubro de 2003, que contava com a participação do baterista Leonard Eto e tinha fortes influências da música japonesa. Tendo como única música de trabalho Godzilla!, o álbum seria mais uma vez aclamado pela crítica, mas teria vendas baixas.

Em março de 2004, McGeoch faleceria dormindo após um ataque epilético. Siouxsie e Budgie só descobriram meses depois, ao tentar entrar em contato com ele para convidá-lo para uma nova turnê que estavam pensando em iniciar naquele ano, e ficaram muito abalados. Diante do ocorrido, eles decidiriam cancelar a turnê e produzir uma caixa chamada Downside Up, que continha B-Sides, raridades e o EP The Thorn, em um total de quatro discos, lançada em novembro de 2004 pela Universal. Com isso, The Seven Year Itch se tornaria a última turnê da banda, que jamais voltaria a se reunir novamente.

Desde o final de 2004, porém, Siouxsie, usando apenas esse nome (sem o "Sioux"), faria shows solo, acompanhada de músicos contratados; um desses shows, no Royal Festival Hall, em Londres, no qual ela cantaria acompanhada por uma orquestra de 16 músicos chamada The Millenia Ensemble, por Budgie e por Eto, seria gravado e lançado em setembro de 2005 como o DVD Dreamshow, que chegaria ao primeiro lugar na lista dos mais vendidos. Esse também seria o último show no qual Siouxsie e Budgie estariam juntos, com o casal se afastando cada vez mais até decidir se separar em 2007. Aliás, em seus shows solo, Siouxsie cantaria músicas das bandas Siouxsie and the Banshees e The Creatures, até justamente 2007, quando lançaria seu primeiro, e até agora único, álbum solo, Mantaray, cujas músicas também passariam a ser incluídas nos shows a partir de então. Lançado pela Universal em Setembro e tendo como músicas de trabalho Into a Swan, Here Comes That Day e About to Happen, o álbum seria mais um grande sucesso de crítica, mas chegaria apenas à posição 39 na OCC.

Em 2006, The Scream, Join Hands, Kaleidoscope e Juju seriam relançados pela Universal em versões remasterizadas e com faixas extras; em outubro do mesmo ano, seria lançado, também pela Universal, Voices on the Air: The Peel Sessions, coletânea que reunia dois EPs, originalmente lançados pela pequena gravadora Strange Fruit, em 1987 e 1989 (chamados The Peel Sessions e The Peel Sessions: The Second Session), que, por sua vez, eram as gravações de duas apresentações de Siouxsie and the Banshees no programa de John Peel, na rádio BBC, ocorridas em 29 de novembro de 1977 e 6 de fevereiro de 1978. Em 2009, seria a vez de Siouxsie and the Banshees at the BBC, caixa com três CDs e um DVD que reunia apresentações da banda na rádio BBC, músicas tocadas ao vivo durante concertos patrocinados pela BBC e apresentações em programas de TV da BBC entre 1977 e 1991 - ou seja, tudo o que a banda fez para a BBC durante sua carreira. Também em 2009, seriam lançadas as versões remasterizadas de A Kiss in the Dreamhouse, Hyæna e Tinderbox; Peepshow, Superstition e The Rapture ganhariam as suas em 2014.

Após a turnê de Mantaray, Siouxsie faria um hiato de cinco anos, somente voltando a se apresentar em 2013. Em 2015, ela lançaria sua primeira música nova desde o álbum, Love Crime, trilha sonora da série Hannibal. Desde então, ela tem feito participações esporádicas em festivais, e mantém boas relações com Budgie e Severin, trabalhando com eles principalmente em projetos relacionados às suas duas ex-bandas. O mais recente desses projetos foi All Souls, coletânea de Siouxsie and the Banshees lançada em outubro de 2022, somente com músicas que falam de ocultismo, morte e festivais como o Halloween e o Día de los Muertos do México, selecionadas pessoalmente por Siouxsie.
Ler mais

sábado, 12 de outubro de 2024

Escrito por em 12.10.24 com 0 comentários

Sneaker Pimps / Scheer

Eu gostei da ideia que tive quando fiz o post duplo falando da Banks e das Bangles, então hoje eu vou repetir a dose falando de duas bandas das quais eu gosto, mas que tiveram carreiras curtas demais para ganharem cada uma seu próprio post. Ambas têm estilos musicais bem diferentes, mas ambas eu conheci na Mtv, recém-saído da adolescência, no programa Lado B, que era o que eu mais gostava.

Vamos começar pela que teve a carreira mais longa, os Sneaker Pimps. A banda teria sua gênese no final dos anos 1980, quando o guitarrista Chris Corner e o tecladista Liam Howe, ainda adolescentes, se conheceriam na cidade onde moravam, Hartlepool, na Inglaterra, e decidiriam montar um duo de música eletrônica chamado F.R.I.S.K. Na época, estava começando a surgir o estilo hoje conhecido como trip hop, e os dois decidiriam produzir e gravar por conta própria um EP, chamado Soul of Indiscretion, lançado em 1990. O EP faria um relativo sucesso e garantiria um contrato com a Clean Up Records, pela qual eles lançariam mais dois EPs, F.R.I.S.K., de 1991, e World as a Cone, de 1992. Sem conseguir emplacar músicas nas rádios nem um contrato para o lançamento de um LP, eles decidiriam desfazer o duo e passar a trabalhar como DJs e como produtores de outras bandas com contrato com a Clean Up.

Em 1994, através da Clean Up, eles conheceriam o compositor Ian Pickering, e decidiriam contratá-lo para escrever músicas para uma nova banda, que eles decidiriam chamar de Sneaker Pimps, nome tirado de um artigo escrito pela banda Beastie Boys para a revista Grand Royal Magazine, sobre um homem cujo emprego era encontrar e comprar tênis (sneakers, em inglês) raros para colecionadores. Corner e Howe contratariam o baixista Joe Wilson e o baterista Dave Westlake, e gravariam algumas músicas com Corner nos vocais, mas chegaria à conclusão de que as músicas ficariam melhores com uma voz feminina. Seu empresário, então, indicaria Kelli Dayton, que, na época era vocalista da banda The Lumieres. Corner e Howe assistiriam a um show dela em um pub, e concluiriam que a voz dela era exatamente o que estavam procurando, convidando-a logo após esse show.

Kelli aceitaria e gravaria uma demo de 6 Underground, que seu empresário usaria para conseguir para os Sneaker Pimps um contrato com a gravadora Virgin, para gravar seu primeiro álbum, Becoming X, lançado em agosto de 1996. Com nada menos que cinco músicas de trabalho - Tesko Suicide, Roll On, 6 Underground, Spin Spin Sugar e Post-Modern Sleaze - o álbum começaria como um sucesso moderado, mas ganharia tração ao ser lançado nos Estados Unidos, em fevereiro de 1997, quando o clipe de Spin Spin Sugar se tornaria um dos mais exibidos pela Mtv. Somando as vendas do mundo inteiro, Becoming X venderia mais de um milhão de cópias, rendendo um Disco de Ouro no Reino Unido e chegando à posição 111 na parada da Billboard. Sua turnê de lançamento duraria dois anos, e incluiria vários shows conjuntos com Aphex Twin, um dos DJs que atraíam mais público na época.

Oficialmente, os Sneaker Pimps eram apenas Kelli, Corner e Howe, com Wilson e Westlake, mesmo também participando da turnê, sendo considerado músicos contratados. Durante a perna da turnê nos Estados Unidos, Howe alegaria cansaço e retornaria à Inglaterra, sendo substituído por vários músicos nos shows seguintes; algumas notícias diriam que ele havia deixado a banda, mas ele negaria, e aproveitaria para trabalhar na produção de um álbum de remixes, chamado Becoming Remixed, lançado em março de 1998.

Ao voltar da turnê, Howe e Corner decidiriam montar seu próprio estúdio, chamado Line of Flight, no qual eles produziriam e gravariam não somente os próximos lançamentos dos Sneaker Pimps, mas também álbuns de outras bandas de música eletrônica do Reino Unido. Também alegando cansaço, Kelli pediria para passar um tempo viajando, e, ao retornar, teria uma grande surpresa: enquanto produziam o segundo álbum dos Skeaker Pimps, devido à ausência de Kelli, Corner mais uma vez faria os vocais durante os ensaios. Quando Kelli retornasse, seria informada que, diferentemente do que aconteceu no primeiro álbum, a dupla achava que as músicas do segundo pediam uma voz masculina, simplesmente demitindo a moça e transformando os Sneaker Pimps em um duo. A Virgin, que havia contratado a banda graças à presença de Kelli, não concordaria com a mudança e cancelaria o contrato, o que faria com que o segundo álbum dos Sneaker Pimps fosse lançado pela Clean Up.

Kelli, por sua vez, não se abalaria com a demissão: conseguindo um contrato com a gravadora One Little Indian, ela seguiria carreira solo, usando o nome Kelli Ali, em homenagem a seu pai, que havia acabado de falecer. Ela lançaria três álbuns, Tigermouth, de 2003, Psychic Cat, de 2004, e Rocking Horse, de 2008, todos de música eletrônica e com sucesso moderado na Europa, rendendo os hits Kids, Inferno High Love, Teardrop Hittin' the Ground e Hot Lips, esse último um grande sucesso nas rádios do Reino Unido. Sua primeira turnê solo, em 2003, seria abrindo para o Garbage. De 2008 para cá, ela trabalharia principalmente colaborando com outros cantores, como Ozymandias e o duo Cult With No Name, e se envolveria com cinema, produzindo o longa metragem Ghostdriver, para o qual também faria a trilha sonora, sendo seu último lançamento um álbum também chamado Ghostdriver, de 2021.

Voltando aos Sneaker Pimps, seu segundo álbum, Splinter, seria lançado em outubro de 1999, apenas com Corner e Howe como membros fixos, e as demais posições sendo preenchidas por músicos contratados, incluindo, mais uma vez, Wilson e Westlake. Talvez nada surpreendentemente, o álbum falharia em repetir o sucesso do primeiro, teria apenas uma música de trabalho (a faixa-título), e não renderia uma turnê própria, apenas uma em conjunto com o Placebo, ao final da qual o duo também seria demitido da Clean Up.

Diante do insucesso, Corner e Howe decidiriam voltar a investir na carreira de produtores, até conseguirem, inesperadamente, um contrato com a pequena gravadora Tommy Boy Records. Eles aproveitariam para gravar mais um álbum, Bloodsport, lançado em janeiro de 2002, que teria como músicas de trabalho KiroTV e Loretta Young Skills. Esse seria o último álbum com a participação de Wilson e Westlake, que, talvez cansados de serem creditados como músicos contratados, decidiriam se dedicar a outros projetos.

Após o lançamento de Bloodsport, Corner e Howe gravariam várias músicas originalmente criadas para um quarto álbum dos Sneaker Pimps, mas que, sem um contrato com uma gravadora, seriam engavetadas. Corner começaria a compor as músicas para serem a trilha sonora de um longa animado chamado Blind Michael, que também seria cancelado. Algumas dessas músicas, ainda em versão demo, vazariam na internet, e seriam apelidadas pelos fãs, coletivamente, como SP4. Após o vazamento, Corner tentaria concluir algumas delas e as lançaria como sendo de uma banda chamada IAMX - na verdade um projeto solo de Corner, que incluía uma turnê que combinava música, imagens projetadas e realidade virtual.

Em 2006, novas músicas em versão demo vazariam na internet, cantadas por uma vocalista não identificada, e ganhariam o apelido de SP5 Demos. Durante muitos anos, haveria uma discussão sobre se essas faixas realmente haviam sido gravadas pelos Sneaker Pimps, até que os próprios Corner e Howe confirmariam que se tratava de um projeto que eles começaram mas abandonaram, e que alguém pegou um MiniDisc que eles haviam gravado e levou para a Rússia, onde as músicas primeiro seriam tocadas em um bar local, depois vazadas na internet.

Corner e Howe passariam os anos seguintes trabalhando como produtores, DJs e fazendo remixes, com Corner de vez em quando fazendo shows com o IAMX, até que, em 2015, começariam a surgir rumores de que os Sneaker Pimps iriam voltar com um novo álbum. Corner confirmaria a informação em 2016, mas os verdadeiros trabalhos de gravação começariam apenas em 2019. Durante a pandemia, versões de luxo de Becoming X, Splinter e Bloodsport seriam lançadas, em preparação para o novo álbum.

Com o nome de Squaring the Circle, o quarto álbum dos Sneaker Pimps seria lançado em setembro de 2021 pela gravadora Unfall Productions. Cinco de suas 16 faixas estavam presentes nos SP5 Demos, com a vocalista misteriosa sendo identificada como Simonne Jones; outras três eram remixes de músicas lançadas originalmente por um projeto paralelo de Howe, semelhante ao IAMX, chamado Ape Mink Press. Squaring the Circle faria pouco sucesso, e seria considerado apenas mais do mesmo pela maior parte da crítica. Desde seu lançamento, Corner e Howe voltariam a trabalhar como produtores; ainda não há planos para o lançamento de um novo álbum.

Agora vamos para a que teve a carreira mais curta, o Scheer. Assim como os Sneaker Pimps, o Scheer é uma banda britânica, que teve sua gênese no final dos anos 1980 quando dois adolescentes se conheceram e decidiram tocar juntos. A diferença é que, no caso do Scheer, esses amigos moravam em Derry, Irlanda do Norte, e não tinham interesse em música eletrônica, querendo montar uma banda de rock pesado, cuja principal inspiração era o Metallica. Esses amigos eram o guitarrista Paddy Leyden e o baixista PJ Doherty, apelido Doc.

Como não podiam montar uma banda de rock sozinhos, os dois colocaram anúncios em publicações locais, através das quais conheceram o guitarrista Neal Calderwood e o baterista Joe Bates. Já com o nome de Scheer, os quatro começariam a tocar em pubs e casas noturnas do Condado de Londonderry em 1990, inicialmente com Doc como vocalista. Um dia, eles conheceram Audrey Gallagher, nascida em uma pequena cidade curiosamente chamada Moneyglass, que também estava tentando começar uma carreira como cantora, e acharam que seu estilo vocal, meigo e sussurrante, faria um contraste apropriado com o som pesado do grupo, poderia se tornar sua marca distintiva e ajudar a banda a chamar atenção de algum empresário. A estratégia daria certo, e, com Audrey nos vocais, o Scheer conseguiria contratos para shows em casas noturnas de toda a ilha da Irlanda.

Durante um show em Belfast em 1993, um representante da pequena gravadora irlandesa SON procuraria a banda e ofereceria um contrato para gravar um single, que seria oferecido às principais rádios alternativas da Irlanda do Norte. Para esse single, a banda escolheria Wish You Were Dead, que rapidamente se tornaria um grande sucesso na cena alternativa irlandesa. O sucesso da música nas rádios animaria a SON a gravar um EP, chamado Psychobabble, com quatro faixas, lançado em 1994. A música de trabalho desse EP, Howling Boy, também seria um grande sucesso nas rádios alternativas.

Rapidamente o Scheer começava a se tornar uma das bandas mais pedidas nas rádios da Irlanda, o que chamou a atenção de uma gravadora bem maior, a 4AD, com quem eles assinaram contrato em abril de 1995. Doc não concordava com os termos do contrato, achando que ele seria desfavorável à banda, e decidiu sair antes da assinatura, sendo substituído pelo baixista Peter Fleming, indicado por Audrey. O primeiro lançamento do Scheer pela 4AD seria mais um EP de quatro faixas, que eles decidiriam chamar de The Schism ("o cisma", aquilo que acontece quando os membros de um grupo se desentendem e um ou mais decidem sair), lançado ainda em 1995.

Após o lançamento de The Schism, o Scheer sairia em turnê pelo Reino Unido, onde conseguiria bons públicos e resenhas extremamente favoráveis da crítica. Em seus shows, eles cantariam algumas das músicas lançadas em seus EPs e algumas das que estavam gravando para seu primeiro álbum, Infliction, que seria lançado em maio de 1996. Infliction traria versões regravadas, com novos arranjos, de Howling Boy, Screaming (ambas do EP Psychobabble), Baby Size (do EP The Schism) e Wish You Were Dead, que seria a segunda música de trabalho do álbum, entre Shéa e Demon, a mais elogiada pela crítica.

Infliction dividiria a crítica, que notaria que ele tinha duas metades muito bem definidas, a primeira mais pesada, a segunda mais melódica, e, apesar de elogiar fortemente o desempenho de Audrey, comparada a Kristin Hersh, do Throwing Muses, e a Alison Shaw, dos Cranes, consideraria o álbum "promissor, mas inconsistente". Apesar de o álbum entrar para o Top 100 do Reino Unido, na posição 83, as vendas também seriam abaixo do esperado pela 4AD, com a gravadora colocando a culpa nas escolhas da banda para as imagens de capa - um ferimento suturado na capa, um carrapato sugando sangue na contracapa.

Após o lançamento de Infliction, o Scheer sairia em outra turnê pelo Reino Unido, e, em 1997, voltaria a estúdio para começar a gravar seu segundo álbum. Aí seria a vez de Audrey e Leyden darem razão a Doc e acharem que o contrato com a 4AD era muito desfavorável à banda - que praticamente não recebia nada pelos singles de Shéa, Wish You Were Dead e Demon, lançados, respectivamente, em 1995, 1996 e 1997. Sem conseguir chegar a um acordo, o que impossibilitava a realização de novos shows e o lançamento do segundo álbum, eles decidiriam romper o contrato com a 4AD no início de 1998. A banda ainda tentaria conseguir marcar novos shows por conta própria, mas uma série de desentendimentos entre os membros fariam com que eles decidissem se separar, em outubro de 1998.

Com o fim da banda, Leyden decidiria fundar uma nova, chamada Vertigo Bird, com um som mais suave, que lembrava o dos Cocteau Twins. Já Fleming passaria a ser o baterista do trio Pulszar, formado por Annette Quinn e pelas irmãs Aisling e Kerri Ann Gallagher - que, apesar da coincidência, não são parentes de Audrey (e nenhuma das três é parente de Noel e Liam Gallagher, do Oasis, caso alguém esteja se perguntando). Falando em Audrey, ela e Calderwood decidiriam fundar, acreditem ou não, um duo de música eletrônica, chamado Lima, que não faria sucesso; Calderwood logo desistiria e decidiria abrir seu próprio estúdio de gravação, o ManorPark Studios. Após o fim da Lima, Chris Agnelli, do duo Agnelli & Nelson, encontraria uma fita demo da banda jogada no armário da BBC Radio Ulster, e, adorando a voz de Audrey, decidiriam convidá-la para uma colaboração. Assim, ela começaria uma extremamente bem sucedida carreira na música trance, providenciando vocais para faixas de nomes famosos do estilo, como John O'Callaghan, tyDi e Ashley Wallbridge, estando na ativa até hoje e já tendo participado de mais de 30 álbuns, o mais recente sendo Going Home, do duo canadense SMR LVE, lançado em 2023.

Mas o Scheer ainda teve um "capítulo póstumo": após romper contrato com a 4AD, a banda entraria na justiça pelo direito de lançar as canções que já haviam gravado de forma independente, com o resultado sendo favorável a eles e saindo no final de 1999. Assim, em maio de 2000 sairia o segundo álbum do Scheer, apropriadamente chamado ...And Finally, financiado pela própria banda e lançado através do selo Schism Records, criado especialmente para isso. ...And Finally seria bem recebido pela crítica, que consideraria que o som do Scheer havia evoluído, e lamentou o fim da banda, afirmando que ela tinha potencial para se tornar muito mais se tivesse tido a chance. Sendo lançado de forma independente, o álbum não teve músicas de trabalho nem vendas suficientes para transformá-lo em destaque - talvez porque novamente tenha uma capa, digamos, de mau gosto, mostrando dois pés com uma etiqueta no dedão, como os de um cadáver no necrotério.
Ler mais

sábado, 31 de agosto de 2024

Escrito por em 31.8.24 com 0 comentários

Helloween

Eu não me considero fã de metal. Conheço algumas bandas, gosto de algumas músicas, mas a maioria, quando toca, eu não reconheço de quem é - sendo o contrário também válido, tipo, "fala aí uma música do Motörhead", eu não vou saber responder. Existem duas bandas de metal, porém, das quais eu realmente gosto, a nível de conhecer várias músicas de cada uma e até saber cantar algumas. Sobre uma delas, o Iron Maiden, eu já falei. Sobre a outra, eu vou falar hoje. Hoje é dia de Helloween no átomo!


O Helloween foi formado em Hamburgo, na Alemanha Ocidental, no ano de 1983, após um verdadeiro troca-troca em quatro outras bandas. Tudo começou com Piet Sielck, que nunca fez parte do Helloween, mas, em 1978, fundaria uma banda chamada Gentry, na qual ele era o vocalista e Kai Hansen era o guitarrista. Em 1982, Sielck decidiria deixar a banda e começar uma carreira de produtor musical, voltando a ser vocalista de uma banda apenas em 1996, quando fundaria a Iron Savior; com a saída de Sielck, Hansen assumiria os vocais. Cerca de um ano depois, a banda Powerfool também ficaria sem vocalista, e o guitarrista Michael Weikath convidaria Hansen para a posição. Após horas de conversa, ao invés de trocar a Gentry pela Powerfool, Hansen decidiria fundar uma nova banda em parceria com Weikath, chamando também o baterista Ingo Schwichtenberg, que havia sido da Gentry e estava na Iron Fist. O quarteto se completaria com o baixista Markus Grosskopf, que havia conhecido Hansen no ano anterior, e estava tocando com a Second Hell.

A formação original do Helloween, portanto, contaria com Kai Hansen nos vocais e guitarra, Michael Weikath na guitarra, Markus Grosskopf no baixo e Ingo Schwichteberg na bateria. O nome seria uma sugestão de Schwichtenberg, que "gostava da palavra hell" ("inferno" em inglês, mas, curiosamente, o adjetivo "brilhante" em alemão), e quis fazer um trocadilho com Halloween, o famoso dia das bruxas associado à cultura dos Estados Unidos. Os quatro conseguiriam um contrato com a novata Noise Records, fundada no mesmo ano de 1983, para gravar não um disco próprio, mas duas faixas para a coletânea Death Metal, lançada em maio de 1984, que também contaria com as bandas Hellhammer, Running Wild e Dark Avenger - curiosamente, apesar do nome do álbum, nenhuma delas, nem mesmo o Helloween, de death metal.

A coletânea seria um sucesso, e a Noise decidiria financiar a gravação de um EP para o Helloween, com a condição de que eles mesmos atuassem como produtores, já que ela não tinha dinheiro para contratar um. Lançado em abril de 1985 e chamado simplesmente Helloween, o EP, que contava com cinco faixas, teve boas vendas, e motivou a Noise a financiar o primeiro álbum da banda, chamado Walls of Jericho, que seria lançado ainda em 1985, em novembro, trazendo mais nove músicas. O álbum faria um sucesso moderado, e teria uma história bizarra: originalmente, ele seria lançado em LP e cassete, mas, devido a um erro de produção da primeira tiragem, o lado A da fita cassete, ao invés das cinco faixas do lado A do LP, trazia as cinco faixas do lado A de To Mega Therion, da banda de extreme metal suíça Celtic Frost, o que confundiu muita gente que comprou a fita para conhecer o Helloween - como era outra época, ficou tudo por isso mesmo, e quem quis a fita certa teve de comprar outra, com a Noise colocando a culpa na fábrica e não fazendo nenhuma troca.

Após o lançamento de Walls of Jericho, o Helloween sairia em uma turnê pela Alemanha Ocidental, durante a qual Hansen reclamaria que tinha muita dificuldade para cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. A banda, então, concordaria que, ao fim da turnê, procuraria outro vocalista, com Hansen passando a ser apenas guitarrista, o que faria com que Walls of Jericho se tornasse, além do primeiro, o único álbum do Helloween com a formação original da banda e Hansen nos vocais. Após a turnê, Hansen ainda gravaria mais uma música como vocalista, Judas, que seria lançada em um EP de mesmo nome em 1986, junto com duas faixas de estúdio gravadas mas não lançadas para Walls of Jericho e versões ao vivo dos então dois maiores sucessos da banda, Ride the Sky e Guardians, gravadas durante um show em Gelsenkirchen. Quando Walls of Jericho foi lançado em CD, em 1987, além de suas nove faixas originais, ele traria Judas e quatro das faixas do EP Helloween.

Para substituir Hansen, a banda escolheria Michael Kiske, na época com 18 anos e vocalista da banda Ill Prophecy, também de Hamburgo. Kiske ouviu Walls of Jericho e não gostou, respondendo que não estava interessado, mas a banda conseguiu convencê-lo a assistir a uma das sessões nas quais eles estavam compondo as músicas de seu segundo álbum, modificando alguns arranjos para que elas ficassem mais adequadas a seu estilo; após essa sessão, ele mudaria de ideia e aceitaria o convite.

Com uma nova formação, com Kiske nos vocais, Hansen e Weikath nas guitarras, Grosskopf no baixo e Schwichtenberg na bateria, o Helloween proporia à Noise a gravação de um álbum duplo - que a gravadora rejeitaria. Diante disso, eles decidiriam chamar seu segundo álbum de Keeper of the Seven Keys: Part I. Lançado em maio de 1987, o álbum levaria quase um ano para ficar pronto, durante o qual Weikath seria internado com um colapso nervoso, o que faria com que apenas uma das faixas, A Tale That Wasn't Right, fosse composta por ele, com todas as demais sendo de Hansen, exceto A Little Time, composta por Kiske - nos trabalhos anteriores, a autoria das músicas seria dividida igualmente entre Hansen e Weikath. Também por causa da internação, Weikath só conseguiria gravar os solos de guitarra das músicas, com todas as demais guitarras das faixas ficando a cargo de Hansen.

Até Judas, o Helloween pertencia ao estilo conhecido como speed metal, mas, para Keeper of the Seven Keys: Part I, eles decidiriam mudar para o power metal. A mudança daria super certo, com o álbum sendo considerado um dos maiores expoentes do power metal de todos os tempos, o modelo no qual todas as bandas de power metal deveriam se espelhar, recebendo excelentes avaliações de todas as publicações especializadas. Isso motivaria a Noise a lançar uma música de trabalho, Future World, e renderia um contrato com a gravadora RCA para que o álbum fosse lançado nos Estados Unidos; a RCA também financiaria a gravação de um clipe para a música Halloween, mas com a canção editada, para que ele pudesse ser exibido na Mtv - a faixa tem um pouco mais de 13 minutos de duração, mas a versão do clipe tem um pouco menos de cinco. A RCA também financiaria a primeira turnê internacional do Helloween pelos Estados Unidos, conjunta com a banda britânica Grim Reaper e com a americana Armored Saint; em troca, sua turnê europeia seria conjunta com a banda americana Overkill.

Ao retornar da turnê, Hansen se diria exausto, e pediria para que a banda tirasse um ano sabático, durante o qual não faria nenhum show. Os demais integrantes, porém, seriam contra, achando que a banda estava ganhando tração, e que um ano sem shows poderia prejudicar as vendas do álbum seguinte - que, devido ao sucesso do Keeper of the Seven Keys: Part I, se chamaria Keeper of the Seven Keys: Part II. As discussões entre Hansen e Weikath rapidamente passariam de se a banda deveria dar um tempo dos shows ou não para qual tipo de música eles deveriam gravar no álbum seguinte, se deveriam contratar um produtor de renome ou não, e logo os dois estariam discutindo pelas coisas mais insignificantes, o que levaria Hansen a considerar sair da banda.

Ele ainda ficaria, porém, para Keeper of the Seven Keys: Part II, lançado em agosto de 1988, do qual cinco das nove faixas eram de Weikath - com duas sendo de Hansen e outras duas de Kiske. O álbum seria um sucesso maior ainda, rendendo um Disco de Ouro e quase entrando no Top 100 da Billboard, onde chegou à posição 108; ele seria o quinto álbum mais vendido do ano na Alemanha Ocidental, uma proeza para uma banda de metal, e seria eleito um dos dez maiores álbuns de metal de todos os tempos pela revista britânica Metal Hammer. Suas músicas de trabalho seriam Dr. Stein, que chegaria à posição 57 da Billboard, e I Want Out, que tornaria a música mais famosa da carreira do Helloween, sendo regravada nos anos seguintes por outras bandas de metal, como Unisonic, Hammerfall e Sonata Arctica. Em 1993, ambas as partes de Keeper of the Seven Keys seriam relançadas como um único álbum duplo, com três faixas-bônus.

O enorme sucesso do álbum levaria a um convite para tocar no Monsters of Rock de 1988, ao lado de Iron Maiden, David Lee Roth, Kiss, Megadeth e Guns N' Roses. Também em 1988, o Helloween abriria os shows da parte europeia da turnê Seventh Tour of a Seventh Tour, do Iron Maiden, e sairia em uma turnê solo internacional, com shows na Europa, Ásia e Estados Unidos - um dos shows dessa turnê, em Edimburgo, Escócia, seria gravado e lançado em abril de 1989 como o primeiro álbum ao vivo do Helloween, chamado Live in the U.K. na Europa, I Want Out Live nos Estados Unidos e Keepers Live no Japão. A turnê teria a participação de Jörn Ellerbrock nos teclados, que já começavam a se tornar comuns em várias faixas da banda - Dr. Stein tinha até um solo de órgão.

Infelizmente, o sucesso também faria com que as animosidades entre Hansen e os demais membros da banda continuassem crescendo, dessa vez envolvendo também a Noise, já que Hansen e Weikath consideravam que a gravadora pagava muito pouco à banda diante do sucesso que eles estavam fazendo e das vendas de seus álbuns. No final de 1988, a Mtv convidaria o Helloween para fazer parte da turnê Headbangers Ball Tour, que ocorreria em 1989, o que levaria Hansen a reunir a banda e perguntar se eles poderiam passar todo o ano de 1989 sem fazer nenhum show, porque ele já não estava aguentando mais. Diante da negativa da banda, em dezembro de 1988 ele anunciaria sua saída, sendo substituído no mês seguinte por Roland Grapow, da banda Rampage - anos mais tarde, Weikath confessaria já ter começado a procurar um novo guitarrista quando Hansen começou a se desentender com a banda lá em 1987, e ter mantido o nome de Grapow em mente "para um momento oportuno". Grapow, por sua vez, era mecânico de automóveis, e declarou que, se Weikath não o tivesse convidado, teria desistido da música, pois sentia que não ia a lugar algum com o Rampage.

Grapow tocaria com o Helloween na Headbangers Ball Tour, que contaria também com as bandas Exodus e Anthrax; Kiske reclamaria que essas duas bandas eram de thrash metal, e que o som do Helloween não combinava com os delas, mas os shows seriam enormes sucessos, e levariam a um convite para que eles assinassem contrato com a gravadora EMI - e a um processo da Noise, que alegaria quebra de contrato. Em uma ironia do destino que deve ter agradado Hansen, o juiz que recebeu a petição da Noise ordenou que o Helloween estava proibido de fazer qualquer apresentação ao vivo, o que fez com que eles ficassem de junho de 1989 a abril de 1992 sem fazer nenhum show.

Eles podiam, porém, gravar álbuns, e seu primeiro com Grapow e a EMI seria Pink Bubbles Go Ape, cujas músicas de trabalho foram Kids of the Century e Number One. Devido ao embate entre Noise e EMI, a banda teve que pagar parte das gravações do próprio bolso, gastando quase 400 mil libras esterlinas; além disso, também por causa da ação judicial, o álbum só pôde ser lançado na Alemanha (já unificada) e nos Estados Unidos em abril de 1992, mesmo já estando disponível no Reino Unido e Japão desde março de 1991. Na época o cenário musical já havia mudado bastante, o que levaria o Helloween a se aproximar do hard rock, deixando de lado o metal não somente no estilo musical mas também na iconografia - a capa do álbum trazia uma fotografia surreal, ao estilo das bandas de rock da época, e não ilustrações que remetiam à fantasia, como era tradicional para bandas de metal. Todos esses fatores combinados fariam com que o álbum fosse um grande fracasso de vendas e de crítica, e com que novas tensões surgissem entre os integrantes da banda.

Em abril de 1992, EMI e Noise finalmente chegariam a um acordo, que permitiria não somente o lançamento de Pink Bubbles Go Ape em seus dois principais mercados, mas também que a banda finalmente saísse em uma turnê para divulgá-lo, que começaria na Alemanha, passaria para o restante da Europa, e terminaria no Japão. Querendo recuperar o prejuízo, a banda lançaria seu quinto álbum, Chameleon, em maio de 1993. Com quatro músicas de trabalho (When the Sinner, I Don't Wanna Cry No More, Windmill e Step Out of Hell), Chameleon era um álbum experimental, com o som mais parecido com o do Queen e de Stevie Ray Vaughan do que com o metal do início da carreira ou o hard rock do lançamento anterior, o que desagradaria aos fãs antigos e falharia em atrair novos, levando a mais um grande fracasso de vendas e crítica e ao fim do contrato com a EMI.

Durante a turnê de Chameleon, que teria shows apenas na Europa, Schwichtenberg começaria a apresentar traços de depressão e esquizofrenia, que ele atribuiria ao uso de álcool e drogas; alegando ser impossível continuar trabalhando com ele, Weikath e Grosskopf decidiriam demiti-lo, com o baterista declarando ter sido pego de surpresa pela decisão. A demissão de Schwichtenberg faria com que vários shows da turnê fossem cancelados, com Ritchie Abdel-Nabi sendo contratado temporariamente apenas até o final da mesma; os shows com sua participação, entretanto, teriam baixíssimo público, que reclamaria não tanto da substituição de Schwichtenberg, mas mais do fato de que o Helloween tocava apenas músicas de Chameleon e Pink Bubbles Go Ape, ignorando suas origens. Isso irritava não somente o público, mas também Kiske, que chegou a declarar publicamente que gostaria de cantar mais canções antigas no show. No final de 1993, o clima entre Kiske, Weikath e Grosskopf ficaria insustentável, e o vocalista acabaria também demitido, ingressando em uma bem sucedida carreira solo. Assim, o Helloween entraria em 1994 sem vocalista, sem baterista e sem gravadora.

Weikath e Grosskopf acabariam concluindo que a única forma de salvar a banda seria um volta às origens, ou seja, gravar um novo álbum de power metal. A toque de caixa, eles conseguiriam um contrato com a pequena gravadora Castle Records, e contratariam, apenas para a gravação do álbum, o vocalista Andi Deris, da Pink Cream 69, e o baterista Uli Kusch, da Gamma Ray; os dois seriam efetivados como membros plenos da banda pouco após o lançamento do álbum, em setembro de 1994 - Deris havia sido convidado por Weikath para se unir ao Helloween já em 1991, mas, como Kiske ainda era o vocalista, decidiria não aceitar; nos anos seguintes, sua relação com a Pink Cream 69 se deterioraria, e, após a demissão de Kiske, ao ser novamente convidado, decidiria aceitar antes que ele mesmo fosse demitido e acabasse desempregado.

O sexto álbum do Helloween se chamaria Master of the Rings, seria lançado em agosto de 1994, e teria como músicas de trabalho Mr. Ego ("dedicada" a Kiske), Where the Rain Grows, Perfect Gentleman e Sole Survivor. O álbum faria um sucesso moderado e seria seguido de uma curta turnê pela Europa, ao fim da qual o Helloween voltaria a estúdio para gravar seu sétimo, The Time of the Oath, lançado em março de 1996. Durante a turnê de Master of the Rings, Schwichtenberg, então com 29 anos, cometeria suicídio, com a banda decidindo dedicar The Time of the Oath à sua memória. The Time of the Oath teria como músicas de trabalho Power, The Time of the Oath e Forever and One (Neverland), e seria um álbum temático, com suas músicas representando as escolhas da humanidade após a realização das profecias de Nostradamus; mais uma vez faria um sucesso moderado, um pouco menor que o de Master of the Rings.

A turnê de The Time of the Oath daria origem a um álbum duplo ao vivo, High Live, gravado durante três shows, em Milão, na Itália, e em Pamplona e Girona, na Espanha, lançado em setembro de 1996. Mais uma vez, eles emendariam a turnê com a gravação de um novo álbum, Better Than Raw, lançado em março de 1998, trazendo I Can e Hey Lord! como músicas de trabalho. O álbum seria um pouco mais bem sucedido que os dois anteriores, e sua turnê, que começaria na Europa e terminaria no Japão, também teria o primeiro show do Helloween no Brasil e uma única apresentação nos Estados Unidos, primeiro show da banda lá em quase uma década. Depois de Better Than Raw, o Helloween lançaria um álbum de covers, Metal Jukebox, no qual regravaria, em ritmo de heavy metal, sucessos dos Scorpions, Jethro Tull, Faith no More, David Bowie, ABBA, Cream, e até mesmo All My Loving, dos Beatles.

Em 2000, o Helloween assinaria contrato com outra gravadora pequena, a Nuclear Blast, e lançaria mais um álbum experimental, The Dark Ride, com um som mais sujo e pesado que o habitual; lançado em outubro, ele teria como músicas de trabalho Mr. Torture e If I Could Fly, e seria mais um sucesso moderado. Imediatamente após sua turnê de lançamento, Grapow e Kusch seriam demitidos; a versão oficial seria a de que eles estavam dando mais atenção a uma banda paralela que os dois formaram durante a turnê, chamada Masterplan, do que aos shows do Helloween. Eles seriam substituídos pelo guitarrista Sascha Gerstner, que havia sido membro da Freedom Call e da Neumond, e pelo baterista Mark Cross, ex-integrante das bandas Metalium, Kingdom Come, At Vance e Firewind, ambos indicados por Charlie Bauerfeind, produtor de The Dark Ride.

Os dois estreariam no décimo álbum do Helloween, Rabbit Don't Come Easy, lançado em maio de 2003, que teve uma única música de trabalho, Just a Little Sign; Cross, entretanto, teve mononucleose e não pôde completar as gravações, participando apenas de duas faixas, nas demais sendo substituído pelo baterista do Motörhead, Mikkey Dee. Apesar de ser mais um retorno ao power metal tradicional da banda e de ter sido bem avaliado pela crítica, Rabbit Don't Come Easy não teria boas vendas, sendo considerado um fracasso pela gravadora; ainda assim, os shows na Europa teriam bom público, o que renderia uma nova turnê mundial, a primeira com mais de um show nos Estados Unidos desde 1989. Para a turnê, na qual o Helloween voltaria a tocar sucessos do início de sua carreira, o baterista seria Stefan Schwartzmann, ex-integrante das bandas Running Wild e Accept.

Schwartzmann se desentenderia com Weikath e Grosskopf ainda durante a turnê, porém, e seria demitido ao seu final, substituído por Daniel Löble, da banda Rawhead Rexx. Através de Bauerfeind, a banda também conseguiria um contrato com uma das maiores gravadoras da Alemanha, a SPV, que os colocaria em seu selo Steamhammer. Preocupados com a imagem da banda, que começava a ser chamada pela imprensa alemã de "uma porta giratória de músicos", Weikath e Grosskopf decidiriam voltar às origens mesmo, chamando seu décimo-primeiro álbum, lançado em outubro de 2005, de Keeper of the Seven Keys: The Legacy e o anunciando como uma continuação das Partes I e II. De fato, o álbum possui um som bem parecido com os dois clássicos da banda, embora em alguns momentos se aproxime mais do progressive metal do que do power metal; suas músicas de trabalho seriam Mrs. God e Light the Universe, que contava com a participação da vocalista Candice Night, da banda Blackmore's Night, mas um de seus maiores destaques seria sua primeira faixa, The King for a 1000 Years, de 13 minutos e 54 segundos, a mais longa da carreira da banda - aliás, tudo em Keeper of the Seven Keys: The Legacy seria exagerado, já que ele seria um álbum duplo de 77 minutos vendido em um digipack de seis seções.

O álbum seria mais um grande sucesso de crítica, mas mais um sucesso moderado de público; sua turnê, entretanto, teria shows lotados em quase todas as datas, e mais uma vez rodaria o mundo. Essa turnê daria origem ao pack Keeper of the Seven Keys – The Legacy World Tour 2005/2006, lançado em fevereiro de 2007 e composto de dois CDs e dois DVDs; os CDs, um álbum duplo chamado Live in São Paulo, traziam a gravação de um show realizado em São Paulo, Brasil, enquanto um dos DVDs, chamado Live On 3 Continents, trazia partes dos shows de São Paulo, Tóquio e Sófia, na Bulgária - o segundo DVD trazia clipes, entrevistas, um mini-documentário e a gravação da apresentação da música Halloween no Monsters of Rock de Vizovice, República Tcheca, em 2007.

Logo após o fim da turnê, o Helloween voltaria ao estúdio para gravar Gambling with the Devil, lançado em outubro de 2007, que contaria com a participação especial de Biff Byford, vocalista da banda Saxon, e teria uma única música de trabalho, As Long as I Fall, lançada exclusivamente online - além de uma das músicas mais famosas da banda, The Saints. Sua turnê mundial de lançamento seria conjunta com a Gamma Ray, nova banda de Hansen, com a maioria dos shows na Alemanha também contando com a banda Axxis. Nessa turnê, ao final de cada apresentação, Hansen se uniria ao Helloween para cantar I Want Out e Future World.

O lançamento seguinte da banda seria Unarmed - Best of 25th Anniversary, de janeiro de 2010, que celebraria seus 25 anos de carreira com regravações acústicas de seus maiores sucessos - incluindo The Keeper's Trilogy, um medley das canções Halloween, Keeper of the Seven Keys e The King for a 1000 Years gravado com a participação da Orquestra Sinfônica de Praga. Seu álbum seguinte de inéditas seria 7 Sinners, de outubro de 2010, disponibilizado totalmente online na página do Helloween no Myspace uma semana antes, e que tinha como única música de trabalho Are You Metal?, mais uma vez lançada exclusivamente online.

7 Sinners marcaria o fim do contrato com a SPV, e, ao invés de renovar, a banda decidiria assinar com a The End Records, menor mas sediada em Manhattan, visando uma maior penetração no mercado norte-americano. Seu primeiro álbum pela nova gravadora seria Straight Out of Hell, de janeiro de 2013, que trazia como músicas de trabalho Burning Sun e Nabataea. O álbum seria o maior sucesso do Helloween desde a saída de Hansen, entrando para o Top 100 da Billboard (na posição 97) e chegando ao quarto lugar na lista de mais vendidos da Alemanha. Sua turnê de lançamento incluiria um show no Rock in Rio, com a participação de Hansen tocando e cantando com a banda. Após o fim da turnê, insatisfeitos com a gravadora americana, eles decidiriam voltar para a Nuclear Blast, pela qual lançariam My God-Given Right, em maio de 2015; o álbum seria mais um grande sucesso na Europa, chegando à oitava posição da lista de mais vendidos na Alemanha, mas a banda optaria por não lançar músicas de trabalho.

Em novembro de 2016, o Helloween anunciaria a turnê Pumpkins United World Tour, com a participação de Hansen e Kiske, o que surpreenderia a muitos, já que as desavenças entre Kiske e Weikath eram públicas e notórias. Em entrevistas, Kiske diria que se encontraria por acaso com Weikath durante um festival de rock na Suécia em 2013, e que ele lhe pediria perdão e para que ele reatasse os laços com a banda; Kiske, então, conversaria com Hansen sobre o assunto, e acabaria percebendo que já havia perdoado Weikath, mesmo sem perceber. Curiosamente, ao ser perguntado se Grapow e Kusch também haviam sido convidados para a turnê, Grosskopf diria que não, porque senão haveria "gente demais" no palco. A turnê começaria no México, incluiria shows no Brasil, e traria um tributo a Schwichtenberg; Kiske e Deris cantariam as músicas que originalmente haviam gravado com a banda, enquanto Hansen cantaria um medley das canções de Walls of Jericho e atuaria como guitarrista nas demais. Kiske teria um problema se saúde um pouco antes do início da turnê, e seria acusado de cantar de playback, admitindo que de fato foi "ajudado por faixas pré-gravadas", mas apenas no primeiro show.

Um dos shows da turnê, em Madri, Espanha, seria gravado e lançado em outubro de 2019 como o álbum triplo ao vivo United Alive in Madrid, com faixas-bônus gravadas em Santiago do Chile, São Paulo, Praga e em Wacken, Alemanha. Pouco antes do início da turnê, em outubro de 2017, a banda disponibilizaria, gratuitamente para download, a faixa Pumpkins United, com a participação de Hansen e Kiske, o que levaria a especulações de que o Helloween poderia gravar um álbum com a formação da turnê. Em entrevistas, Deris diria que a possibilidade estava em aberto, enquanto Weikath e Hansen confirmariam ter conversas sobre o assunto; em agosto de 2018, a banda divulgaria oficialmente que, a pedido da Nuclear Blast, a "formação Pumpkins United" seria mantida para um novo álbum, ainda sem data prevista de lançamento. Alguns meses após o fim da turnê, o Helloween, ainda com a formação da Pumpkins United, se apresentaria no Rock in Rio 2019.

As gravações do novo álbum, assim como uma nova turnê, seriam interrompidos, assim como quase tudo na época, pela pandemia. Chamado simplesmente Helloween, e tendo como músicas de trabalho uma nova versão de Pumpkins United, Skyfall e Fear of the Fallen, o álbum seria lançado em junho de 2021, e se tornaria o mais bem sucedido da carreira da banda, chegando ao topo da lista dos mais vendidos na Alemanha e Espanha, ao topo da parada de rock e metal do Reino Unido, à posição 35 da Billboard, e rendendo mais um Disco de Ouro.

A formação atual do Helloween conta com Kiske e Deris como vocalistas, Hansen como vocalista e guitarrista, Weikath e Gerstener como guitarristas, Grosskopf como baixista e Löble como baterista. Em maio de 2023, eles entrariam para o Hall da Fama do Metal, e, em fevereiro de 2024, anunciariam uma nova troca de gravadora, agora assinando com a Reigning Phoenix. No momento eles estão em estúdio gravando seu décimo-sétimo álbum, que tem lançamento previsto para 2025.
Ler mais

sábado, 22 de junho de 2024

Escrito por em 22.6.24 com 1 comentário

The Offspring

Hoje eu vou falar sobre mais uma banda de rock que marcou minha adolescência. Hoje é dia de The Offspring no átomo!


A história da banda começa em 1983, na cidade de Cypress, Califórnia, onde dois amigos, Bryan Holland, apelido Dexter, e Gregory Kriesel, apelido Greg K, tinham o habito de passar suas tardes na garagem de Holland, tocando música; na época, Holland tocava bateria, enquanto Greg K tocava guitarra. Em 1984, após irem a um show da banda punk Social Distortion que terminou em pancadaria, os dois decidiram conversar com amigos e fundar uma banda chamada Manic Subsidal. Holland conhecia um outro baterista, chamado James Lilja, e o convidou para a banda, passando para os vocais e guitarra; com isso, Greg K passaria para o baixo. Lilja também estava querendo formar uma banda, chamada Clowns of Death, e combinou que só aceitaria tocar na Manic Subsidal se Holland aceitasse cantar na Clowns of Death. Holland aceitaria, e acabaria ficando amigo do guitarrista da Clowns fo Death, Kevin Wasserman, apelido Noodles, a quem também convidaria para a Manic Suibsidal, acabando com a Clowns of Death. Na época, todos os quatro moravam na cidade de Garden Grove, também na Califórnia, considerada a cidade natal do Offspring.

Com Holland nos vocais, Noodles na guitarra, Greg K no baixo e Lilja na bateria, a Manic Subsidal conseguiria contrato para dois shows no mesmo fim de semana, viajando para a cidade de Santa Cruz, no norte da Califórnia, para abrir um show para a banda White Flag, e voltando para São Francisco, no sul do estado, para, na tarde seguinte, tocar em um festival de bandas novas na casa noturna Mabuhay Gardens. Nos dois anos seguintes, eles conseguiriam fazer novos shows em casas noturnas de forma esparsa, e chegariam a imaginar que a falta de mais convites se dava porque Manic Subsidal não era um nome muito bom; assim, em 1986, eles decidiriam mudar o nome da banda para The Offspring (que, em português de hoje, seria "os crias", mas, em um termo mais técnico, significa "a prole"), que retiraram de um filme B chamado The Offspring: They Were Born to Kill. Com o dinheiro que ganharam dos shows, eles decidiriam gravar, de forma independente, um compacto com a música I'll Be Waiting, que distribuiriam em rádios e casas noturnas. Esse compacto acabaria chegando até a revista Maximum Rocknroll, que avaliaria a banda muito positivamente.

Em 1987, Lilja decidiria deixar a banda para se dedicar à faculdade de medicina, se tornando oncologista, e seria substituído por Ron Welty, que, na época, tinha apenas 16 anos. Com essa segunda formação, o Offspring gravaria uma fita demo, que levaria a um contrato, em 1988, com a pequena gravadora Nemesis Records. A gravadora era tão pequena que só teve dinheiro para produzir o primeiro álbum da banda, também chamado The Offspring, em março de 1989, com seu lançamento ocorrendo em junho; na época, nos Estados Unidos, vários álbuns já estavam sendo lançados em CD, mas, também por falta de dinheiro, a gravadora só conseguiria lançar The Offspring em vinil e cassete, e, ainda assim, com uma tiragem limitada. O álbum não faria muito sucesso, e teria como única música de trabalho I'll Be Waiting, mas conseguiria vender o suficiente para a Nemesis financiar uma turnê de seis semanas pelos Estados Unidos para promovê-lo - que teve de ser cancelada após Noodles ser esfaqueado durante um protesto contra as armas nucleares.

O Offspring passaria mais dois anos sobrevivendo de pequenos shows, até que, em 1991, pagaria parcialmente do próprio bolso a gravação de um EP, chamado Baghdad, lançado em maio de 1991. Lançado somente em vinil, o EP seria um grande sucesso, vendendo todas as suas 3 mil cópias em uma semana, o que chamaria a atenção da gravadora Epitaph Records, bem maior que a Nemesis, especializada em punk rock, e da qual um dos donos era Brett Gurewitz, guitarrista da banda Bad Religion. O Offspring assinaria com a Epitaph ainda em 1991, e entraria em estúdio para gravar seu segundo álbum no ano seguinte. Lançado em outubro de 1992, Ignition teve como única música de trabalho Kick Him When He's Down, e foi um grande sucesso local, vendendo muito no sul da Califórnia, mas pouco no restante do país. Vendo o potencial da banda e querendo mudar esse jogo, a Epitaph investiria em uma turnê de um ano e meio, primeiro com shows por todos os Estados Unidos, acompanhando as bandas Pennywise e Lunachicks, e então na Europa, abrindo para a banda NOFX.

Ao retornar para os Estados Unidos, o Offspring iria direto para o estúdio gravar seu terceiro álbum, Smash, lançado em abril de 1994. Se a turnê de Ignition não serviu para alavancar as vendas do álbum e tornar a banda conhecida em todo o país, como a Epitaph planejava, serviu para chamar atenção sobre Smash, que começou com vendas tímidas, mas constantes, em todo o país, até a rádio KROQ-FM, de Los Angeles, decidir que sua primeira música de trabalho, Come Out and Play, seria uma das mais tocadas em sua programação. Essa exposição levaria os fãs de rock a pedir a música também em outras rádios, e logo ela seria uma das mais tocadas nos Estados Unidos, chegando à primeira posição da parada de rock da Billboard, onde ficaria por duas semanas. As duas outras músicas de trabalho, Self Esteem e Gotta Get Away, também seriam grandes sucessos nas rádios, principalmente na Califórnia.

Smash chegaria à quarta posição da lista de mais vendidos da Billboard e ajudaria a chamar o interesse do público pelo Ignition, que ainda estava à venda, e alcançaria vendas suficientes para um Disco de Ouro após seu lançamento. Smash também é considerado o principal responsável por reacender o interesse do público pelo punk rock, estilo que fez muito sucesso nos anos 1970, esteve em baixa nos 1980, mas voltou com força total nos 1990, segundo muitos, por causa do Offspring. Ficando em catálogo até o ano 2000, Smash venderia 11 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, rendendo à banda seis Discos de Platina, e sendo até hoje o recordista de vendas, em qualquer estilo musical, para uma gravadora que não é ligada a uma das majors. Assim como a de Ignition, a turnê de Smash começaria com o Offspring se apresentando em conjunto com a Pennywise; em seguida, eles abririam para o Bad Religion e para o SNFU, fariam uma turnê pelos Estados Unidos conjunta com Guttermouth e Big Drill Car, iriam para a Europa abrir para a Desaster Area, e retornariam aos Estados Unidos para abrir para o Rancid. Após fazer seus primeiros shows na Austrália, como parte do festival Big Day Out, e no Japão, em um festival de bandas punk americanas, eles retornariam aos Estados Unidos, mas sempre tocando com outras bandas, como Weezer, Quicksand, No Use for a Name, The Vandals e Lunachicks.

Desde o final de 1994, porém, o Offspring já tinha status de headliner, com os próprios donos dos locais onde os shows eram marcados pedindo para que eles fossem a única atração. Isso levaria a um atrito da banda com a Epitaph, que insistia em só colocá-los em turnês conjuntas, e faria com que Holland e Greg K decidissem fundar sua própria gravadora, a Nitro Records, que conseguiria trazer para seu catálogo outras bandas insatisfeitas com a Epitaph, como The Vandals, Guttermouth, Jughead's Revenge e AFI. Em 1995, Holland também conseguiria comprar da Nemesis os direitos sobre seu primeiro álbum, The Offspring, que seria relançado pela Nitro, pela primeira vez em CD e com uma nova capa - segundo a banda, porque eles jamais gostaram da original. Em janeiro de 1997, a Nitro também lançaria mais um EP do Offspirng, chamado Club Me.

Evidentemente, a ideia inicial de Holland era que a Nitro lançasse os álbuns subsequentes do Offspring, mas, por causa do sucesso de Smash, em 1996 eles receberiam uma proposta irrecusável da Columbia - major que, com certeza, poderia fazer com que seus álbuns tivessem muito mais alcance do que se lançados de forma independente. Chamado Ixnay on the Hombre (uma espécie de mensagem cifrada combinando uma linguagem em código conhecida como pig latin, uma gíria dos filmes de Hollywood da década de 1940, e a palavra "homem" em espanhol, tudo isso para obter um significado como "dane-se o sistema"), o álbum seria lançado em fevereiro de 1997, e teria quatro músicas de trabalho, All I Want, Gone Away, The Meaning of Life e I Choose. Por opção da própria banda, Ixnay on the Hombre se distanciaria do "punk político" dos três álbuns anteriores para se aproximar mais do rock mainstream, o que faria com que muitos dos fãs torcessem o nariz - segundo Holland, eles esperavam um "Smash parte 2" e se decepcionaram. Ainda assim, Ixnay on the Hombre foi um grande sucesso, vendendo o suficiente para um Disco de Platina e chegando à nona posição na lista dos mais vendidos.

O Offspring se aproximaria ainda mais do mainstream com seu álbum seguinte, Americana, lançado em novembro de 1998, que chegaria à segunda posição na lista dos mais vendidos e renderia cinco Discos de Platina. Sua primeira música de trabalho, Pretty Fly (for a White Guy), chegaria à quinta posição na parada da Billboard, e à primeira na Austrália e em dez países da Europa, incluindo o Reino Unido. Suas demais músicas de trabalho seriam Why Don't You Get a Job?, The Kids Aren't Alright e She's Got Issues.

Em 1999, os membros do Offspring apareceram como eles mesmos no filme de terror adolescente A Mão Assassina, contribuindo com duas músicas para a trilha sonora, o cover dos Ramones I Wanna Be Sedated e Beheaded. No mesmo ano, eles também tocariam no infame festival Woodstock 1999. No ano seguinte, eles lançariam seu sexto álbum, Conspiracy of One; inicialmente, para demonstrar seu apoio ao download de músicas pela internet, eles pensaram em lançar o álbum exclusivamente online, mas a Sony, dona da Columbia, não permitiu, e o lançamento físico ocorreu em novembro de 2000 - ainda assim, eles conseguiram disponibilizar a primeira música de trabalho, Original Prankster, gratuiitamente para download. O posicionamento do Offspring nessa questão os colocava em contraponto ao Metallica, que era radicalmente contra qualquer tipo de download ou compartilhamento de arquivos de música, e ajudou a chamar ainda mais atenção para a banda - que, para alfinetar, colocou na capa de Conspiracy of One um símbolo parecido com o do Napster, o principal programa usado para compartilhamento de música na época, e chegou a vender camisetas do Napster em seu site oficial, revertendo todas as vendas para o criador do programa, Shawn Fanning. Conspiracy of One foi um sucesso moderado, chegando à nona posição da lista dos mais vendidos e rendendo um Disco de Platina; suas músicas de trabalho foram Original Prankster, Want You Bad e Million Miles Away.

Em 2001, o Offspring lançaria o single Defy You, mais tarde incluído na trilha sonora do filme Correndo Atrás do Diploma. Ao final da turnê de Conspiracy of One, em 2003, Welty anunciaria estar deixando a banda para tocar com o Steady Ground, banda na qual ele até então atuava como produtor dos álbuns; anos mais tarde, seria revelado que Welty, na verdade, seria demitido por Holland e Noodles, que achavam que ele estava se dedicando mais a seu trabalho de produtor que ao de baterista. Em dezembro de 2003, o Offspring lançaria seu sétimo álbum, Splinter, contratando Josh Freese para gravar como baterista; Freese não ficaria na banda, porém, e, antes do início da turnê de promoção, Atom Willard, antigo baterista da Rocket from the Crypt, seria anunciado como o novo baterista oficial do Offspring. Inicialmente, o nome do álbum seria Chinese Democrazy (You Snooze, You Lose), uma provocação com o álbum dos Guns N' Roses que não saía nunca, mas Axl Rose ameaçou processar o Offspring caso eles lançassem o álbum com esse nome. Splinter renderia à banda mais um Disco de Platina, e teria apenas duas músicas de trabalho, Hit That e (Can't Get My) Head Around You; o álbum seria definitivamente mainstream, com a presença do tecladista Ronnie King, e Hit That contendo samplers.

Em 2005, o Offspring lançaria sua primeira coletânea, Greatest Hits, apenas com músicas dos álbuns entre Smash e Splinter, mais duas faixas inéditas, Next to You, cover da banda The Police, e Can't Repeat. A coletânea teria uma turnê de lançamento, com shows na Europa e Japão, ao fim da qual Willard anunciaria estar saindo do Offspring para tocar na Angels & Airwaves. Holland, Noodles e Greg K também decidiriam que iriam dar um tempo de escrever, gravar e sair em turnê, se sentindo sobrecarregados após tantos anos contínuos de trabalho.

Em 2007, Holland anunciaria que o substituto de Willard seria Pete Parada, ex-baterista da banda Save the Day, que sairia com eles em uma nova turnê que começaria ainda naquele ano, e que contaria, dentre outros, com shows no Soundwave Festival, na Austrália. Parada, entretanto, não seria o baterista durante as gravações do oitavo álbum, com Freese sendo mais uma vez contratado. Chamado Rise and Fall, Rage and Grace, o álbum seria lançado em junho de 2008, e teria como músicas de trabalho Hammerhead; You're Gonna Go Far, Kid; Kristy, Are You Doing Okay?; e Half-Truism. Hammerhead seria mais uma vez disponibilizada gratuitamente na internet, e You're Gonna Go Far, Kid ficaria 11 semanas no topo da parada de rock da Billboard, com seu single conseguindo um disco de ouro, o que a transformou na canção de maior sucesso da carreira do Offspring; apesar disso, o álbum não conseguiria certificação. No mesmo dia que Rise and Fall, Rage and Grace, seria lançado, se aproveitando de uma previsão contratual, a Epitaph relançaria Ignition e Smash, em versões remasterizadas com novos encartes. Na turnê de lançamento de Rise and Fall, Rage and Grace, Greg K, devido a "um nascimento na família", seria substituído por Scott Shiflett, da banda Face to Face, e o Offspring se tornaria um quinteto, com a adição do guitarrista Andrew Freeman, da Lynch Mob.

O nono álbum do Offspring, Days Go By, seria lançado somente em junho de 2012, contando mais uma vez com Freese na bateria e King nos teclados. Tendo como músicas de trabalho Days Go By, Cruising California (Bumpin' in My Trunk) e Turning into You, o álbum seria um sucesso moderado, entrando para o Top 20 dos mais vendidos mas não conseguindo certificação. Após seu lançamento, a banda tocaria em diversos festivais, incluindo o Rock in Rio de 2013, e faria turnês conjuntas com o Metallica e o Linkin Park; um dos shows de sua turnê pela Europa, na Polônia, seria gravado para se transformar em um álbum ao vivo, que seria disponibilizado gratuitamente online, mas até hoje não foi lançado.

Nos anos seguintes, o Offspring se dedicaria apenas a turnês, a primeira em homenagem aos vinte anos do lançamento de Smash. Eles também voltariam a fazer turnês conjuntas com Bad Religion, Pennywise e The Vandals, e gravariam covers de músicas dessas três bandas, que disponibilizariam gratuitamente no YouTube. Essas covers fariam tanto sucesso que acabariam sendo reunidas em um EP, chamado Summer Nationals, lançado em agosto de 2014. Em dezembro, eles lançariam um novo single, Coming for You, e, no início de 2015, embarcariam em uma turnê solo pelos Estados Unidos e Canadá, cujo ponto alto foi um show no Amnesia Rockfest, na cidade canadense de Montebello, no qual tocaram todas as músicas do álbum Americana.

Em 2015, o Offspring conseguiria comprar os direitos sobre seus álbuns lançados pela Columbia, que mais tarde negociaria com a Round Hill Music, que, por sua vez, faria, em dezembro de 2016, um contrato com a Universal, que relançaria todos os álbuns em formato digital. Antes disso, em julho, eles lançariam a música Sharknado, trilha sonora do filme Sharknado: The 4th Awakens. Já haviam se passado mais de quatro anos desde o lançamento de Days Go By, e não havia nem previsão de quando o décimo álbum ficaria pronto; em uma entrevista, Greg K diria que a data de lançamento prevista seria 2018. Em 2017, a banda sairia em uma nova turnê, mas sem Noodles, que alegaria "problemas familiares", sendo substituído por Tom Thacker, e Freeman, que deixaria a banda, sendo substituído por Jonah Nimoy; essa turnê incluiria um novo show no Rock in Rio.

Em dezembro de 2017, em suas redes sociais, a banda confirmaria que o novo álbum estava previsto "para o verão de 2018", e que não marcaria nenhum show para o primeiro semestre daquele ano, para poder se dedicar integralmente às gravações. Seu retorno aos palcos se daria apenas em junho de 2018, no Greenfield Festival, na Suíça, no qual lançariam uma música nova, It Won't Get Better. No mês seguinte, eles lançariam um cover em ritmo de rock da música Down, da banda 311, que lançaria, simultaneamente, um cover em ritmo de reggae de Self Esteem. Em agosto de 2018, Noodles diria em uma entrevista que o Offspring já tinha material para dois álbuns, mas que estava procurando um acordo vantajoso com alguma gravadora que quisesse lançá-los, de forma que o lançamento estava adiado até, pelo menos, o início de 2019.

Em novembro de 2018, pouco antes de sair em mais uma turnê por Japão e Austrália, o Offspring surpreenderia e anunciaria a demissão de Greg K, membro fundador da banda, por "diferenças irreconciliáveis". Para substituí-lo nos shows já marcados seria chamado Tony Kanal, do No Doubt, mas, após o final da turnê, Todd Morse, ex-baixista da banda H2O, seria anunciado como o substituto oficial de Greg K, que entraria na justiça contra Holland e Noodles, alegando que eles haviam banido sua presença de todas as atividades relacionadas à banda e que estavam conspirando para tomar tudo o que ele conquistou financeiramente durante sua carreira.

2019 veio e se foi, começou a pandemia, e nada de álbum novo. Em abril de 2020, a banda lançaria um cover de Here Kitty Kitty, de Joe Exotic, segundo eles gravada com cada um na sua casa, por causa da quarentena. Em junho, Holland confirmaria que o décimo álbum estava pronto, mas que não seria lançado tão cedo por causa da pandemia. Então, em setembro, seria a vez de Welty processar a banda, alegando não ter recebido os royalties dos relançamentos dos álbuns - ele perderia a ação na justiça após dois anos de contenda. Em novembro, o Offspring lançaria mais um cover, Christmas (Baby Please Come Home), de Darlene Love, exclusivamente em compacto de vinil, segundo eles, sua primeira música de natal. No mesmo mês, seria lançada uma edição especial de vigésimo aniversário de Conspiracy of One.

Let the Bad Times Roll, o décimo álbum do Offspring, seria finalmente lançado em abril de 2021 pela gravadora Concord, e teria como músicas de trabalho Coming for You, Let the Bad Times Roll, We Never Have Sex Anymore e Behind Your Walls. Apesar de chegar ao primeiro lugar na parada de álbuns alternativos, ao segundo na de álbuns de rock e ao terceiro na de álbuns independentes, Let the Bad Times Roll seria considerado um sucesso moderado, já que não entraria para o Top 20 dos mais vendidos nem conseguiria certificação. Em agosto, pouco antes do início da turnê de lançamento, Parada anunciaria ter sido demitido da banda por ter se recusado a se vacinar contra covid, mas que essa recusa foi por ordem médica, já que ele sofre de Síndrome de Guillain-Barré; em uma entrevista em novembro, Holland negaria que Parada havia sido demitido, e diria que a banda foi forçada a removê-lo e a contratar outros bateristas para os shows, já que, devido às regras em vigor nos Estados Unidos devido à pandemia, ele não poderia viajar com a banda. Parada acabaria formando uma banda nova, chamada The Defiant (algo como "aqueles que desafiam").

A banda ficaria em turnê, incluindo um terceiro show no Rock in Rio, em 2022, até janeiro de 2023, quando voltaria ao estúdio para gravar mais um álbum. Em maio, o baterista Brandon Pertzborn, que havia tocado com as bandas Black Flag e Suicidal Tendencies, anunciaria que havia sido contratado para a gravação do álbum, já que Freese havia se tornado o novo baterista dos Foo Fighters após o falecimento de Taylor Hawkins. Pertzborn, entretanto, não sairia em turnê com o Offspring após o anúncio, com a banda preferindo contratar bateristas show a show; em um deles, em Los Angeles, em agosto, Lilja tocaria pela primeira vez com a banda desde 1987. Em março de 2024, o Offspring voltaria ao Brasil, dessa vez para uma apresentação no Lollapalooza, em São Paulo.

A formação atual do Offspring conta com Holland, Noodles, Morse, Nimoy e Pertzborn. Seu décimo-primeiro álbum, chamado Supercharged, está pronto, com data de lançamento prevista para outubro. Seu primeiro single, Make It All Right, foi lançado no início desse mês.
Ler mais

sábado, 18 de maio de 2024

Escrito por em 18.5.24 com 0 comentários

Banks / The Bangles

Meu assunto preferido é esportes - inclusive, ando meio chateado por estar tendo dificuldade para encontrar novos esportes para abordar - mas os posts que eu mais gosto de escrever são os sobre música. Existem dois posts sobre música, porém, que eu sempre acabo desistindo de escrever porque acho que ficariam muito curtos - curiosamente, um sobre uma cantora que eu conheci recentemente, outro sobre uma banda da qual eu gostava quando criança. Por causa disso, decidi fazer pela primeira vez em um post de música algo que já é comum eu fazer com posts de esportes, e juntei os dois assuntos em um só. Hoje, portanto, é dia não de um post de música no átomo, mas de dois!

Vamos começar pela cantora que eu conheci recentemente, Banks, que nasceu Jillian Rose Banks, em 16 de junho de 1988, em Orange County, Califórnia, Estados Unidos. Quando tinha um ano de idade, seus pais se mudaram para a vizinha Los Angeles, e, quando ela tinha dois, para Tarzana, também na Califórnia, cidade onde morava o escritor Edgar Rice Burroughs, e que, após sua morte, recebeu esse nome em homenagem à sua mais famosa criação, Tarzan. Quando Banks tinha 15 anos, seus pais se divorciaram, e ela começou a desenvolver depressão. Um amigo a presenteou com um teclado, e disse que a música poderia ajudá-la a lidar com seus sentimentos; ela, então, decidiria aprender piano e começar a escrever suas próprias canções. Não seria ali, ainda, que ela decidiria ser cantora: após concluir a escola, ela se matricularia na Universidade do Sul da Califórnia (USC), onde se formaria em psicologia, apresentando como trabalho de conclusão de curso um estudo sobre o comportamento de crianças filhas de pais divorciados.

Enquanto Banks estudava na USC, ela conheceria o DJ Yung Skeeter, que já havia trabalhado com Ke$ha, Azealia Banks e Katy Perry, para quem mostraria algumas de suas composições. Ele veria talento na moça, e a convenceria a assinar um contrato com a pequena gravadora inglesa Good Years Records, que estava procurando novos cantores nos Estados Unidos. Nos estúdios da gravadora em Los Angeles, Banks gravaria Before I Ever Met You, que ela decidiria disponibilizar no serviço de streaming SoundCloud, mas em uma página privada, que as pessoas só poderiam acessar com senha. Um amigo de Skeeter, o também DJ Zane Lowe, entretanto, tinha outros planos, e decidiu tocar a música na BBC Radio One. A música faria um enorme sucesso e começaria a ser pedida pelos ouvintes, o que levaria a Good Years a convencer Banks a gravar um EP, chamado Fall Over, lançado em março de 2013. Ao escolher seu nome artístico, ao invés de Jillian Banks ou Rose Banks, ela optaria por apenas BANKS, escrito todo em maiúsculas.

Fall Over seria elogiado pela Billboard, que publicaria que as canções de Banks eram do tipo que as pessoas ficariam obcecadas por elas. Seu sucesso faria com que a Good Years a convidasse a gravar em seus estúdios em Londres, mais modernos e bem equipados que os de Los Angeles, onde ela gravaria um segundo EP, chamado London, lançado em setembro de 2013 pela Harvest Records e aclamado pela crítica. Uma das músicas de London, Waiting Game, seria escolhida para um comercial da Victoria's Secret, o que ajudaria a popularizar Banks entre o público em geral. Waiting Game também estaria na trilha sonora do filme Divergente, e em um dos episódios da série Grey's Anatomy.

Mesmo sem ainda ter lançado um álbum, Banks seria indicada aos prêmios de Melhor Artista Novo do Sound of..., da BBC, e do Mtv Music Awards, incluída na lista de "artistas nos quais devemos prestar atenção" do aplicativo Shazam, e na de "novos artistas de destaque" do iTunes, seria destaque no Spotify, e ganharia matérias nas revistas Vogue e Spin. Essa ascensão meteórica levaria a um convite do artista The Weeknd para que ela fizesse os shows de abertura de sua turnê nos Estados Unidos e Reino Unido; após o final da turnê de The Weeknd, em março de 2014, ela conseguiria um contrato para uma turnê solo no Reino Unido, onde já era uma artista de grande destaque. No mês seguinte, ela tocaria no Coachella, onde seria considerada uma das principais atrações, e, em julho, seria a principal atração do festival Open'er, que ocorre anualmente na cidade de Gdynia, na Polônia. Em agosto, ela cantaria duas músicas no programa de TV Jimmy Kimmel Live!.

O primeiro álbum de Banks, Goddess, seria lançado em 5 de setembro de 2014 pela Harvest Records, e entraria para o Top 20 da lista dos mais vendidos no Reino Unido, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Suécia. Nos Estados Unidos, ele venderia 25 mil cópias somente na primeira semana, e chegaria à 12a posição dos mais vendidos. Suas músicas de trabalho seriam Warm Water, Brain, Drowning e Beggin for Thread; nenhuma delas conseguiria grande destaque, apesar das boas vendas do álbum, que renderia um Disco de Ouro, e da positividade das críticas. A turnê de lançamento contaria com apenas oito shows, sendo seis nos Estados Unidos e dois no Canadá. A coisa mais curiosa sobre o álbum, porém, seria que, em sua primeira entrevista após seu lançamento, Banks divulgaria um número de celular, que depois adicionaria a todas as suas redes sociais; segundo ela, aquele era seu número pessoal, através do qual seus fãs poderiam se comunicar com ela através de aplicativos de mensagens.

Em janeiro de 2015, Banks seria uma das atrações do festival St. Jerome's Laneway, que teria shows em sete cidades da Austrália e em Cingapura. No fim do ano, ela sairia em mais uma turnê pelos Estados Unidos abrindo para The Weeknd; pouco antes, ela lançaria a canção inédita Better, acompanhada de um clipe que faria bastante sucesso na Mtv. Em junho de 2016, ela anunciaria que havia terminado de gravar seu segundo álbum, e, no mês seguinte, o DJ Zane Lowe tocaria na BBC Radio One a primeira faixa desse álbum, Fuck With Myself, segundo Banks, a última que ela escreveu e gravou, e que, também segundo ela, tinha vários significados, sendo o principal o de que ela se auto-sabota. Em uma entrevista para a revista Vice, ela diria que sua principal inspiração para o segundo álbum seria o conflito entre a autocrítica e o amor próprio, que era muito presente em sua vida desde que ela começou a compor. Fuck With Myself seria aclamada pela crítica, e chegaria à posição 29 na parada da Billboard.

Com o nome de The Altar, o segundo álbum seria lançado em 30 de setembro de 2016, chegando à posição 17 na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, mas sem obter certificação; a crítica seria predominantemente positiva. Além de Fuck With Myself, as músicas de trabalho seriam Gemini Feed, Mind Games e To the Hilt; a faixa Trainwreck ganharia um clipe, mas não teria execução nas rádios. A turnê de lançamento teria sessenta shows a mais que a anterior, para um total de 68, e passaria por Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Holanda, França e Luxemburgo, se concluindo apenas em novembro de 2017; também estavam previstos shows no Japão, Coreia do Sul, Cingapura, China, Indonésia, Itália e Suíça que seriam cancelados por "circunstâncias imprevistas".

Enquanto estava em turnê, Banks lançaria mais dois singles: Crowded Places, que estaria na trilha sonora da série Girls, e Underdog, que estrearia no programa de Lowe na BBC Radio One. No final de 2017, ela anunciaria uma colaboração com o rapper 6lack, gravando três faixas junto com ele para uma edição especial de primeiro aniversário do primeiro álbum do cantor; duas dessas faixas fariam parte da trilha sonora do seriado Power.

Banks tiraria um ano sabático em 2018, retornando aos holofotes apenas em dezembro, quando anunciaria que lançaria um novo álbum no ano seguinte. Em abril de 2019, ela lançaria o single Gimme, que estrearia mais uma vez no programa de Lowe, que agora já não era transmitido pela BBC, e sim pela Apple Music. Em junho, ela lançaria mais um single, Look What You're Doing To Me, com a participação da banda Francis and the Lights.

Ambas as faixas, junto com Contaminated, seriam músicas de trabalho de seu terceiro álbum, chamado simplesmente III, lançado em 12 de julho de 2019. Mais uma vez, as críticas seriam bastante positivas e o álbum não faria feio, chegando à posição 21 na lista dos mais vendidos, mas falharia em obter certificação, nenhuma das faixas teria especial destaque nas rádios, e o único país no qual o álbum entraria para o top 20 seria o Canadá. A turnê de lançamento teria 66 shows nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Suécia, Bélgica, França e Austrália, se encerrando em janeiro de 2020.

Durante a pandemia, Banks ficaria bem quietinha, afastada até mesmo de suas redes sociais. Ela retornaria apenas em junho de 2021, com o single The Devil. Na ocasião, ela anunciaria que havia se tornado uma artista totalmente independente, e que passaria ela mesma a produzir suas próprias canções e álbuns, que seriam lançados de forma independente ao invés de por uma gravadora. Banks também seria co-diretora do clipe de The Devil e daquele do single seguinte, Skinnydipped, lançado em agosto.

The Devil e Skinnydipped, junto com Holding Back, I Still Love You, Meteorite e Deadend, seriam as músicas de trabalho do quarto álbum de Banks, Serpentina, lançado em 8 de abril de 2022. Talvez por ter sido lançado de forma independente, ele seria o de pior vendagem dos quatro, sequer entrando para a lista do mais vendidos, embora tenha sido bastante elogiado pela crítica. A turnê de lançamento ainda está rolando, e conta com shows nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Europa.

Vamos passar agora para a banda que eu gostava quando criança, The Bangles, cuja história começa em dezembro de 1980, na cidade de Los Angeles. Alguns meses antes, Susanna Hoffs, de 21 anos, que tocava guitarra e tinha o sonho de montar uma banda de rock, havia colocado um anúncio na revista independente The Recycler, pedindo por outras mulheres que soubessem tocar instrumentos. O anúncio de Hoffs seria respondido por apenas uma única pessoa, Annette Zilinskas, na época com 18 anos, que também tocava guitarra. Zilinskas mostraria a Hoffs que, na mesma edição, havia um segundo anúncio também pedindo por mulheres músicas, colocado por Lynn Elkind, guitarrista da banda Those Girls, que estava pensando em sair e formar uma banda nova.

Hoffs decidiria ligar para Elkind, mas quem atenderia seria sua colega de quarto, Vicki Peterson, de 22 anos, que também tocava guitarra. Hoffs e Vicki conversariam durante horas, e descobririam ter vários interesses em comum. Quando Elkind ligasse para Hoffs, após receber a mensagem de Vicki, a conversa já não fluiria tão bem, e Hoffs, ao invés de se candidatar à banda de Elkind, decidiria convidar Vicki e sua irmã, Debbi, de 19 anos, que estava aprendendo bateria, para formar uma nova banda. Inicialmente, essa banda contaria com Hoffs, as irmãs Peterson e Amanda Hills, ex-baixista da Those Girls, mas, quando Hills diria não ter interesse em seguir com a banda, pois preferiria se dedicar aos estudos, Hoffs ligaria para Zilinskas, e perguntaria se ela estaria disposta a tocar baixo ao invés de uma terceira guitarra. Zilinskas aceitaria, e a nova banda, chamada Colours, começaria a fazer suas primeiras apresentações em casas noturnas de Los Angeles em janeiro de 1981.

Pouco tempo após sua primeira apresentação, as Petersons descobririam que já existia uma banda chamada The Colors, e, para evitar confusão, sugeririam que o nome da banda fosse mudado para The Bangs. Com esse nome, a banda faria parte da cena chamada Paisley Underground, que reunia bandas cujo som era influenciado pelo rock dos anos 1960, com guitarras melódicas e letras psicodélicas. Em junho de 1981, com o dinheiro que ganhariam dos shows, as Bangs gravariam um single de forma independente, atribuído à gravadora DownKiddie Records, que contava com duas músicas, Getting Out of Hand e Call On Me. Esse single chamaria a atenção de Miles Copeland, dono da gravadora Faulty Products, que convidaria as moças para assinar um contrato.

As Bangs gravariam, então, um EP, com cinco canções, três delas com vocais de Hoffs, uma com vocais de Debbi e uma com vocais de Vicki - o que, aliás, se tornaria uma marca registrada da banda, com as três sempre se revezando nos vocais. Com o nome de The Bangs, o EP seria lançado em em junho de 1982, e teria inclusive uma música de trabalho, The Real World, que faria sucesso nas rádios alternativas de Los Angeles. Esse sucesso renderia um convite para que elas tocassem no famoso Lhasa Club; poucos minutos antes desse show, elas receberiam uma notificação judicial de uma outra banda chamada The Bangs, que diria que elas não poderiam se apresentar com esse nome sem pagar parte do que receberiam a eles. Em cima da hora, então, elas decidiriam mudar para The Bangles - palavra que dá nome a um tipo de pulseira ou bracelete, mas que também é usada como gíria para franja de cabelo.

O ano de 1983, infelizmente, não começaria bem para as Bangles: primeiro, Zilinskas decidiria deixar a banda, para montar uma outra, chamada Blood on the Saddle. Depois, a Faulty Products iria à falência, deixando as moças sem gravadora. A salvação viria de outra gravadora pequena, a I.R.S., que não somente se comprometeria a relançar o EP, trazendo o nome novo da banda na capa, como também indicaria uma nova baixista, Michael Steele (que é mulher e originalmente se chamava Susan Thomas), de 28 anos, fundadora da banda The Runaways, e que também já havia tocado com Toni & The Movers, Slow Children e Elton Duck. Steele começaria a tocar nos shows da banda já em 1983, e, em parte, seria sua presença que chamaria a atenção de uma gravadora grande, a Columbia, com quem as Bangles assinariam já no final daquele ano.

O primeiro álbum das Bangles, All Over The Place, com Hoffs nos vocais e guitarra, Vicki nos vocais e guitarra, Debbi nos vocais e bateria, e Steele no baixo, seria lançado pela Columbia em maio de 1984; a pedido da gravadora, elas abandonariam o estilo Paisley Underground e passariam a tocar o pop rock característico dos anos 1980. Suas músicas de trabalho seriam Hero Takes a Fall e Going Down to Liverpool, essa última um cover da banda inglesa Katrina and the Waves, cujo clipe contaria com a participação de Leonard Nimoy, o Sr. Spock de Jornada nas Estrelas, faria um grande sucesso e ajudaria a chamar publicidade para a banda. Após o lançamento do álbum, elas sairiam em turnê - mas não uma turnê própria, e sim abrindo para Cyndi Lauper em sua Fun Tour.

As apresentações da banda na turnê de Lauper chamariam a atenção do artista na época ainda conhecido como Prince, que, após uma de suas apresentações, iria até seu camarim e as ofereceria a canção Manic Monday, que ele havia escrito para a banda Apollonia 6, mas ainda não havia sido gravada. A canção faria um enorme sucesso, chegaria ao segundo lugar na parada da Billboard - ficando atrás apenas de outra canção de Prince, Kiss - e, creditada a "Christopher", seria incluída no segundo álbum das Bangles, Different Light, lançado em janeiro de 1986. Junto com Manic Monday, o álbum teria como músicas de trabalho If She Knew What She Wants (cover de Jules Shear), Walk Like an Egyptian, Walking Down Your Street e Following.

Escrita por Liam Sternberg, Walk Like an Egyptian seria oferecida às Bangles durante as gravações do álbum e dividiria a banda, que não conseguia se decidir se a gravava ou não, com algumas das integrantes achando que a música tinha potencial para ser um sucesso, outras temendo que fosse um fracasso. A música acabaria se tornando o maior sucesso da carreira das Bangles, chegando ao primeiro lugar do Hot 100 da Billboard e ao topo das paradas de sucessos de outros sete países, além de trazer para a banda um novo público que era composto, em sua maioria, por mulheres jovens, algo que Steele declararia em entrevistas a ter surpreendido. Graças principalmente a Walk Like an Egyptian, Different Light também seria um grande sucesso, chegando ao segundo lugar da lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, e rendendo um Disco de Platina triplo.

Em 1987, as Bangles regravariam A Hazy Shade of Winter, da dupla Simon & Garfunkel, para a trilha sonora do filme Abaixo de Zero; a música seria mais um grande sucesso, e segunda da banda a chegar à segunda posição da parada da Billboard. Pouco depois, elas demitiriam seu produtor, David Kahne, com quem estavam tendo muitas diferenças criativas - basicamente porque ele, levando em conta seus sucessos anteriores, queria que elas investissem em covers e em composições de outros artistas, enquanto elas queriam investir em suas próprias composições - e contratariam Davitt Sigerson, para começar a trabalhar em seu terceiro álbum. Com o nome de Everything, o álbum seria lançado em outubro de 1988, e renderia à banda mais um Disco de Platina. Suas músicas de trabalho seriam In Your Room, Eternal Flame, Be with You e I'll Set You Free.

Escrita por Hoffs, Tom Kelly e Billy Steinberg, Eternal Flame seria não só o maior sucesso da carreira das Bangles, mas também é até hoje a canção de maior sucesso gravada por uma banda composta apenas por mulheres em toda a história, ficando sete semanas no topo da parada da Billboard e chegando ao topo das paradas de sucessos de nada menos que outros 17 países, dentre eles o Brasil, onde fez parte da trilha sonora da novela Que Rei Sou Eu?. O nome da canção seria escolhido por Steinberg após Hoffs contar pra ele que a banda havia visitado Graceland, a mansão de Elvis Presley, onde fica acesa a Chama Eterna em homenagem ao cantor - mas que, justamente naquele dia, estava apagada por causa de fortes chuvas, com um guia informando que a chama estava na verdade protegida em um recipiente para que pudesse ser acesa novamente mais tarde. Segundo relatos, Hoffs gravaria a canção totalmente nua, após Sigerson convencê-la de que Olivia Newton-John fez isso em seus maiores sucessos.

Ao invés de alavancar a carreira da banda, entretanto, o enorme sucesso de Eternal Flame serviria para acabar com ela: segundo as Petersons, a Columbia começaria a divulgar a banda como se Hoffs fosse a atração principal e as outras três meramente sua banda de apoio. Para tentar mostrar que não era o caso, a Columbia incluiria em seus releases sobre a banda que Walk Like an Egyptian tinha vocais de Vicki, e concordaria em lançar como música de trabalho seguinte Be With You, que tinha vocais de Debbi. Be With You, entretanto, seria um fracasso, e, à época de seu lançamento, toda a imprensa já estava tratando Hoffs como vocalista principal, líder da banda e até mesmo símbolo sexual, quando a história de que ela "gravava pelada" vazou. Hoffs, talvez inebriada pelo sucesso, não fez nada para reverter a situação, o que levou a um irreversível atrito entre ela e as Petersons.

Assim, em outubro de 1989, as Bangles se separariam. Vicki aceitaria sair em turnê com as bandas Continental Drifters e Go-Go's, enquanto Steele entraria para a Crash Wisdom, Debbi se uniria a Siobhan Maher, da banda River City People, e formaria uma dupla chamada Kindred Spirit, e Hoffs começaria uma carreira solo, lançando dois álbuns, When You're a Boy, de 1991, e Susanna Hoffs, de 1996, nenhum dos dois chegando nem perto do sucesso que ela obteve com as Bangles. Segundo Vicki, nem ela, nem Debbi sequer falariam com Hoffs durante os nove anos seguintes.

O retorno da banda se daria em circunstâncias curiosas: em 1993, Hoffs se casaria com o diretor de cinema Jay Roach, que, em 1999, dirigiria Austin Powers: O Agente Bond Cama. Quando o filme estava em pré-produção, ele diria a Hoffs que gostaria que houvesse uma canção das Bangles na trilha sonora do filme, e ligaria para Vicki para negociar. Surpreendentemente, as Petersons aceitariam reformar a banda, e entrariam em contato com Steele, que também aceitaria. Assim, quase dez anos após o rompimento, elas estavam entrando em estúdio para gravar Get the Girl, que estaria na trilha do filme de Austin Powers e seria lançada como single em 1999. Para aproveitar o momento, elas sairiam em turnê pelos Estados Unidos no início de 2000, e, em 2001, entrariam em estúdio para gravar um novo álbum.

Lançado em setembro de 2003 pela gravadora independente MNRK, Doll Revolution, o quarto álbum das Bangles, tiraria seu nome de uma cover de Elvis Costello, Tear Off Your Own Head (It's a Doll Revolution), que abria o álbum. Sua única música de trabalho seria Something That You Said. Por alguma razão, o álbum seria um grande sucesso na Alemanha, onde as Bangles seriam convidadas para se apresentar no programa de maior audiência da Europa, Wetten dass, mas passaria praticamente despercebido no resto do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Isso faria com que sua turnê de lançamento tivesse shows apenas na Europa, exceto um na Times Square, em Nova Iorque, parte do festival Dick Clark's New Year's Rockin' Eve 2006, que começou em 31 de dezembro de 2005 e terminou no primeiro dia de 2006.

No início de 2005, alegando não estar sendo paga o que queria para fazer turnê com a banda, Steele decidiria sair, e seria substituída por Abby Travis, que seria demitida no final de 2008 sem maiores explicações. No início de 2009, as Bangles voltariam ao estúdio para gravar um quinto álbum, e decidiriam se tornar um trio, contratando o baixista Derrick Anderson para as gravações, e vários outros baixistas para a turnê. Com o nome de Sweetheart of the Sun, o quinto álbum seria lançado pela Model Music Group em setembro de 2011, com uma turnê pelos Estados Unidos começando logo após. O álbum teria como única música de trabalho I'll Never Be Through with You, e, mais uma vez, não faria muito sucesso.

Em 2014, Zilinskas começaria a participar como convidada em alguns shows das Bangles, e, em 2018, seria anunciada oficialmente como membro da banda, que retornaria à sua formação lá do EP - que não pode ser chamada de "original", já que Zilinskas só entraria após a saída de Hills. Também falta a Zilinskas gravar um álbum com a banda, já que ela não esteve em nenhum dos cinco, mas ela já participou de três novas canções, as três últimas das Bangles lançadas até hoje, incluídas na coletânea 3 x 4 , de novembro de 2018, que contava também com canções das bandas The Dream Syndicate, The Three O'Clock e Rain Parade, todas parte da cena Paisley Underground.

O último show das Bangles ocorreria em maio de 2019; depois disso, Hoffs lançaria mais dois álbuns solo, Bright Lights, de 2021, e The Deep End, de 2023. Tanto ela quanto as Petersons, porém, dizem que as Bangles seguem em atividade, apenas esperando o momento certo para retornar ao estúdio para trabalhar em seu sexto álbum.
Ler mais