sábado, 26 de julho de 2025

Escrito por em 26.7.25 com 0 comentários

Stargirl

Eu costumo dizer que comecei a ler DC depois de velho; a razão é que, na minha adolescência, eu só comprava revistas da Marvel (e algumas da Image), e só lia histórias da DC muito raramente, quando algum amigo me emprestava. A primeira revista da DC que eu comprei foi Watchmen, quando a Editora Abril a relançou, em 1999, e somente depois dos 30 anos eu decidi passar a comprar encadernados das histórias mais famosas da DC para ler e guardar. Hoje, a maior parte da minha coleção ainda é Marvel, mas já posso incluir algumas histórias da DC dentre as minhas favoritas.

Se eu tivesse que escolher a minha favorita de todas, excluindo Watchmen, creio que escolheria a fase da Sociedade da Justiça escrita por Geoff Johns. Por várias vezes eu pensei em fazer um post sobre a Sociedade da Justiça só para falar dela, até que essa semana eu optei por algo parecido: falar sobre uma heroína criada por Johns, que é peça fundamental em sua passagem pela SJA. Hoje é dia de Stargirl no átomo.

Mas, antes de falar de Stargirl, é preciso voltar bastante no tempo, para falar um pouco sobre outro herói da DC, o Sideral. Criado por um dos co-criadores do Superman, o roteirista Jerry Siegel, em parceria com o desenhista Hal Sherman, Sideral, cujo nome em inglês era Star-Spangled Kid, era o adolescente milionário Sylvester Pemberton Jr., que decidiu assumir uma identidade secreta para combater o nazismo. Uma das suas principais características, entretanto, era que ele tinha um parceiro adulto, Pat Dugan, o motorista da família Pemberton, que usava o codinome Listrado (Stripesy em inglês), e o acompanhava em todas as missões, mas não tinha nada de figura paterna, tutor ou mentor, tratando Sideral como um igual e frequentemente discutindo com ele que o nome da dupla deveria ser "Listrado e Sideral" ao invés de "Sideral e Listrado", já que ele era mais velho. Em inglês, os nomes de Sideral e Listrado eram uma referência aos dois apelidos da bandeira dos Estados Unidos, Star-Spangled Banner (algo como "a faixa estrelada") e Stars and Stripes ("estrelas e listras").

Nem Sideral, nem Listrado tinham qualquer superpoder, mas ambos eram extremamente competentes no combate corpo a corpo, com Sideral sendo muito ágil e Listrado muito forte; seu treinamento consistia em criar acrobacias que tirassem o melhor de suas habilidades individuais agindo em conjunto, o que permitia que eles saíssem dando saltos e piruetas pelo campo de batalha enquanto nocauteavam seus inimigos. A dupla estrearia na revista Star Spangled Comics número 1, de outubro de 1941, e teria aventuras publicadas até a edição 86, de novembro de 1948 - com Robin passando a ser o astro da revista a partir da edição 87 - além de aparecer esporadicamente, entre 1942 e 1945, na World's Finest Comics, como parte das equipes Sete Soldados da Vitória e Comando Invencível. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e da Era de Ouro dos Quadrinhos, entretanto, os dois desapareceriam das publicações da DC, retornando apenas na década de 1970, quando foi revelado que os Sete Soldados da Vitória haviam ficado presos no passado durante uma aventura com viagem no tempo, sendo salvos pelo Lanterna Verde.

Sideral, então, se uniria à Liga da Justiça substituindo Starman, que estava se recuperando de ferimentos sofridos em uma missão, e passaria a usar seu Cajado Cósmico; quando Starman se recuperasse e voltasse à equipe, ele estudaria o Cajado e criaria um Cinturão que dava a ele os poderes de voo, projeção energética e transmutação da matéria. Sideral se aposentaria temporariamente da vida de super-herói para assumir os negócios do pai, que, como ele estava desaparecido, foram parar nas mãos de um sobrinho corrupto, mas retornaria em 1986, adulto, com o codinome de Skyman e liderando a equipe Corporação Infinito. Ele acabaria morto pelo vilão Sr. Bones dois anos depois, em 1988, e permanece morto desde então.

Dez anos depois, em 1998, Johns decidiria criar um novo personagem para assumir o manto de Sideral, e, com o desenhista Lee Moder, criaria Courtney Whitmore, que tinha o mesmo nome, aparência e personalidade da irmã do roteirista, Courtney Johns, que havia falecido aos 18 anos, em 1996, em um desastre aéreo. Nos quadrinhos, a mãe da adolescente Courtney se casa com Pat Dugan, e a família se muda de Los Angeles para a pequena Blue Valley, no interior do Nebraska. Ressentida pelo novo casamento da mãe e pela mudança de cidade, Courtney faz de tudo para atazanar Dugan, até que encontra o Cinturão e um antigo uniforme de Sideral dentre os pertences do padrasto, e decide vesti-lo para provocá-lo. Gostando de ser uma super-heroína e combater o crime, Courtney logo modifica o uniforme para uma versão mais feminina, e passa a enfrentar os maiores vilões de Blue Valley, com sua arqui-inimiga sendo Shiv, que também é adolescente, além de filha do vilão Rei Dragão. Como ela é iniciante e não tem as manhas da profissão, Dugan, que já está com mais de 40 anos e não tem mais a agilidade de outrora, decide criar uma armadura robótica, que chama de F.A.I.X.A., para poder acompanhar Courtney durante as missões.

Após uma aparição relâmpago na revista DCU Heroes: Secret Files & Origins número 1, de fevereiro de 1999, Courtney faria sua estreia oficial na Stars and S.T.R.I.P.E. número 0, de julho. Ela seguiria usando o codinome Sideral até 2003, quando receberia o Cajado Cósmico de Jack Knight, filho do Starman original (que se chamava Ted Knight) e segundo Starman; cansado da vida de super-herói, Jack decidiria se aposentar e, sem um herdeiro, consideraria Courtney a escolha perfeita para manter vivo o legado de Starman. Assim, após mais algumas aventuras, na JSA: All Stars número 4, de outubro de 2003, ela decidiria adotar o nome de Stargirl.

Além de viver aventuras solo, Courtney se tornaria membro da Sociedade da Justiça, se unindo a heróis veteranos como Pantera, Dr. Meia-Noite, Homem-Hora e os Lanterna Verde e Flash da Era de Ouro, e a novatos como Jakeem Thunder e o Esmaga-Átomo. Suas aventiras com a equipe seriam narradas principalmente nas revistas da Sociedade da Justiça, como Justice Society of America, JSA e JSA: All Stars, com algumas participações especiais em outras publicações, especialmente Trinity - a revista que tinha como protagonistas Superman, Batman e a Mulher Maravilha.

Ao longo de seus anos como membro da Sociedade da Justiça, Stargirl criaria uma inimizade com Solomon Grundy, que se tornaria obcecado por derrotá-la, e teria um relacionamento amoroso com o Capitão Marvel - extremamente criticado por ser "um adulto namorando uma adolescente", o Capitão Marvel decidiria desmanchar o romance e deixar a equipe, não querendo revelar que sua identidade secreta, Billy Batson, tinha mais ou menos a mesma idade de Courtney. Durante os eventos da Crise Infinita, Stargirl faria parte de uma equipe que reuniria alguns membros da Sociedade da Justiça, dos Jovens Titãs e da Patrulha do Destino que teria como missão impedir Superboy de destruir Smallville. Depois disso, ela desfaria sua parceria com F.A.I.X.A., se tornaria uma universitária, e faria uma modificação no Cajado para que ele pudesse encolher e ficar mais portátil, sendo carregado com ela durante todo o dia.

Durante a saga Um Ano Depois, apesar da pouca idade, Stargirl se tornaria uma espécie de mentora para super-heroínas mais jovens, como a Ciclone, neta da Tornado Vermelho original, e Rajada, filha do Raio Negro. Por causa disso, quando um racha dividiria a Sociedade da Justiça em duas, Stargirl seria convencida a integrar a equipe mais jovem, liderada pela Poderosa, mesmo se sentindo mais à vontade dentre os membros mais velhos.

Então viria a saga Os Novos 52, que faria um reboot no Universo DC, e Stargirl passaria a ser membro da Liga da Justiça, vivendo aventuras nas revistas Justice League of America e Justice League United. Nessa nova versão, ela já é Stargirl desde o início, tendo encontrado o uniforme e o Cajado dentre os pertences de Dugan após ele se casar com sua mãe, e a princípio os usando para ficar famosa na internet. Ela seria escolhida por Amanda Waller para ser a relações-públicas da equipe, e estaria dentre os heróis que enfrentariam o Dr. Manhattan na Lua, dando origem à saga Renascimento. A principal aventura de Stargirl pós-Renascimento seria a minissérie Stargirl: The Lost Children, em 6 edições lançadas entre janeiro e julho de 2023, com roteiro de Johns e arte de Todd Nauck, na qual ela deve resgatar 13 parceiros de heróis que foram removidos da Linha do Tempo pelos Mestres do Tempo.

E agora chega a parte em que eu confesso que decidi escrever esse post sobre Stargirl não somente por causa de sua carreira nos quadrinhos, mas principalmente por causa de sua série de TV. Criada por Johns, a série seria originalmente produzida para o serviço de streaming DC Universe, criado pela Warner Bros., dona da DC Comics, não somente para a exibição de filmes e séries, mas também para a disponibilização em formato digital de revistas em quadrinhos da DC - pagando apenas uma mensalidade, os assinantes teriam acesso aos quadrinhos digitais, a filmes e séries antigos com personagens da DC, e a novas produções, criadas especificamente para o serviço. Stargirl seria a quarta série inédita com atores de carne e osso do DC Universe, após Titãs, Patrulha do Destino e Monstro do Pântano.

Na série, após combater o crime ao lado de Pat Dugan como Sideral e Listrado, tanto como uma dupla quanto como membro dos Sete Soldados da Vitória, Sylvester Pemberton recebe o Cajado Cósmico das mãos de Ted Knight, passa a adotar o nome de Starman e se une à Sociedade da Justiça. Um dia, a Sociedade é atraída para uma emboscada por seus maiores inimigos, a Sociedade da Injustiça da América (sério, quem é que inventa para si mesmo um nome desses? Só não é pior que Brotherhood of Evil Mutants) e todos são mortos, exceto Listrado, que, após uma briga com Starman, fica "de castigo" no quartel general da equipe, somente chegando quando já é tarde demais para salvá-los. Na mesma noite, uma Courtney Whitmore ainda criança espera, em vão, pela chegada de seu pai, que nunca mais aparece, deixando sua mãe sozinha para criá-la.

Dez anos se passam, e Courtney está levemente insatisfeita, não somente porque sua mãe decidiu se casar de novo, com Dugan, que já tem um filho de um relacionamento anterior, mas também porque ela decide aceitar uma sugestão do novo marido e ir morar na minúscula Blue Valley, no interior do Nebraska, completamente diferente da enorme Los Angeles onde Courtney cresceu. Por uma dessas coincidências que só ocorrem nesses casos, Blue Valley também é a sede de operações da Sociedade da Injustiça, que, após eliminar a Sociedade da Justiça, passou a viver escondida à plena vista, com seus membros se tornando cidadãos responsáveis e valiosos para a comunidade - mas isso também sendo parte de um plano, segundo o qual eles usarão um equipamento eletrônico para controlar as mentes dos habitantes de grande parte do país.

Courtney descobre esse plano acidentalmente, após encontrar por acaso o Cajado Cósmico dentre os pertences de Dugan. Inativo desde a morte de Starman, o Cajado estabelece uma ligação com Courtney, o que leva a menina a, após confrontar Dugan e descobrir a história da morte da Sociedade da Justiça, concluir que seu pai desaparecido era ninguém menos que Starman. Assim, ela decide modificar um uniforme antigo de Starman, e usar ele e o cajado para se tornar Stargirl - mas, como a ameaça da Sociedade da Injustiça é grande demais para ela combater sozinha, ela decide recriar a Sociedade da Justiça, entregando equipamentos como a máscara do Pantera, a ampulheta do Homem-Hora e os óculos do Dr. Meia-Noite para seus amigos de escola, que passam a combater o crime a seu lado. Usando uma armadura robótica que Courtney chama de F.A.I.X.A., Dugan também auxilia a equipe, embora Courtney constantemente rejeite seu papel de mentor do grupo, se vendo como a líder.

Johns seria consultor e um dos principais roteristas da série, escrevendo o piloto, o segundo episódio e o último da primeira temporada. Ele declararia querer fazer uma série de aventura adolescente semelhante em tom a produções dos anos 1980 como E.T.: O Extra-Terrestre e De Voilta para o Futuro, mostrando os novos membros da Sociedade da Justiça aprendendo a usar seus poderes ao mesmo tempo em que passam por provações típicas da adolescência, como bullying, dificuldades de relacionamento com os pais e pressão social. A decisão de matar os membros originais da Sociedade da Justiça seria tomada para que os novos não vivessem à sua sombra, embora respeitassem seu legado, e para que os espectadores não ficassem frequentemente se perguntando coisas como "por que o Lanterna Verde e o Flash não ajudaram nessa batalha?".

O elenco principal conta com Brec Bassinger como Courtney Whitmore / Stargirl; Yvette Monreal como Yolanda Montez, colega de escola de Courtney atlética e determinada, mas de família conservadora, que vê sua vida desmoronar após fotos íntimas serem divulgadas online, e é escolhida para receber a máscara do Pantera; Anjelika Washington como Beth Chapel, menina estudiosa com dificuldades de relacionamento na escola e com os pais, que entra para a equipe após surrupiar os óculos do Dr. Meia-Noite; Cameron Gellman como Rick Tyler, filho do Homem-Hora original, ressentido por ter sido criado por um tio abusivo após seus pais morrerem no que aparentemente havia sido um acidente, e que entra em uma espiral de vingança após descobrir que eles foram mortos pela Sociedade da Injustiça, usando a ampulheta do Homem-Hora, que confere uma hora de superpoderes por dia, para enfrentá-los; Meg DeLacy como Cindy Burman / Shiv, garota mais popular da escola e filha do Rei Dragão, que fez vários experimentos bizarros em seu corpo ao longo de sua vida, que logo se torna rival de Courtney e arqui-inimiga de Stargirl; Jake Austin Walker como Henry King, Jr., capitão do time de futebol americano da escola, ex-namorado de Yolanda, atual de Cindy, e filho do vilão Onda Mental, mas que acha que o pai é apenas um bem-sucedido médico; Trae Romano como Mike, filho de Dugan cuja mãe é ausente e tem como maior desejo se unir à nova Sociedade da Justiça para provar ao pai que é útil; Hunter Sansone como Cameron Mahkent, menino sensível e artístico por quem Courtney fica interessada romanticamente, sem saber que ele é filho do vilão Geada; Amy Smart como Barbara Whitmore, mãe de Courtney; e Luke Wilson como Pat Dugan / Listrado.

A Sociedade da Injustiça é liderada por Jordan Mahkent / Geada (Neil Jackson), que tem o poder de congelar o ar a seu redor, e posa como um bem-sucedido empresário, CEO da American Dream, onde Barbara trabalha, que tem um ambicioso plano de revitalização de Blue Valley. Seus demais membros são Henry King, Sr. / Onda Mental (Christopher James Baker), que tem o poder de controlar as mentes alheias e é um dos médicos mais respeitados da cidade; Lawrence Crock, apelido Crusher (Neil Hopkins), e sua esposa, Paula Brooks (Joy Osmanski), que posam como donos de uma academia de ginástica, mas são na verdade os vilões Mestre dos Esportes e Tigresa; Stephen Sharpe / Jogador (Eric Goins), mestre das probabilidades e responsável por gerir as finanças da equipe; o Dr. Shiro Ito / Rei Dragão (Nelson Lee), cientista mestre da genética vivo há centenas de anos graças a inúmeras modificações que fez em seu corpo; Anaya Bowin / Violinista (Hina X. Khan), diretora da escola onde Courtney e seus amigos estudam, capaz de realizar vários efeitos sinistros com os sons de seu violino; William Zarick / Mago (Joe Knezevich), atualmente um vereador, anteriormente um mágico profissional, que tinha poderes mágicos sem que ninguém soubesse; e Solomon Grundy, um morto-vivo gigantesco, pouco racional e extremamente forte, que Geada consegue controlar, mas cujas origens jamais são explicadas.

Já a Sociedade da Justiça original, que aparece em flashbacks, conta com Sylvester Pemberton / Starman (Joel McHale), Ted Grant / Pantera (Brian Stapf), Charles McNider / Dr. Meia-Noite (Henry Thomas, que também faz a voz da inteligência artificial dos óculos do herói, a quem Beth chama de "Chuck"), e Rex Tyler / Homem-Hora (Lou Ferrigno, Jr.). Outros personagens que merecem ser citados são os pais de Beth, James Chapel (Gilbert Glenn Brown), que trabalha na American Dream, e a Dra. Bridget Chapel (Kron Moore), que trabalha no mesmo hospital que Onda Mental; Artemis Crock (Stella Smith), filha do Mestre dos Esportes e de Tigresa e ás dos esportes, cotada para ser a primeira quarterback feminina em um time de futebol americano universitário; Isaac Bowin (Max Frantz), filho da Violinista, com aptidão para vários instrumentos musicais; Joey Zarick (Will Deusner), filho do Mago, que fica amigo de Courtney; Denise Zarick (Cynthia Evans), esposa do Mago e mãe de Joey; Zeek (King Orba), mecânico amigo de Dugan que acaba descobrindo acidentalmente que é ele quem pilota o F.A.I.X.A. e se tornando um membro não-oficial da nova Sociedade da Justiça; Justin (Mark Ashworth), o zelador da escola, que tem amnésia e um segredo em seu passado; Matt Harris (Adam Aalderks), tio de Rick, que o criou; os pais de Geada, Sofus (Jim France) e Lily Mahkent (Kay Galvin); e Maria (Maria Sager), a garçonete do diner da cidade, onde Yolanda trabalha e os demais personagens costumam se encontrar, de propósito ou acidentalmente.

Johns diria que a parte mais difícil da produção seria a escolha da atriz que interpretaria Courtney, com centenas sendo testadas, e ele tendo certeza de que a novata Brec Bassinger era perfeita para o papel assim que viu seu teste. A equipe de figurinos tentaria fazer os uniformes o mais parecidos possível com os dos quadrinhos, mudando apenas detalhes que prejudicassem os movimentos dos atores. As filmagens ocorreriam na região metropolitana de Atlanta, com quase todos os locais e prédios de Blue Valley existindo em pequenas cidades da região, como Marietta, Duluth e Lithia Springs; as cenas em estúdio seriam gravadas em Dallas. O treinador de dublês Walter Garcia seria contratado especificamente para trabalhar com Bessinger e suas dublês, fazendo as coreografias de suas cenas de luta com o intuito de que o Cajado parecesse vivo e ajudando Courtney em seus movimentos, ao invés de simplesmente uma arma empunhada por ela.

Os efeitos especiais ficariam a cargo da Zoic Studios; a pedido de Johns, Stargirl seria a primeira série para a TV produzida pela Warner a usar o recurso da previsualização, normalmente reservado para produções de cinema, já que aumenta o custo final, mas que permitiu que a série tivesse "efeitos jamais vistos em séries de super-heróis". Os dois maiores destaques seriam o Cajado Cósmico, que existia em uma versão cenográfica, mas era alterado digitalmente na pós-produção, e Solomon Grundy, que era um personagem 100% digital. O robô F.A.I.X.A., assim como o Cajado, existia em uma versão cenográfica, criada pela Legacy Effects, que tinha movimentos limitados e contracenava com os atores, mas cenas que envolviam movimentos mais complexos, ou nas quais ele aparecia voando, usavam um modelo digital inserido na pós-produção.

Stargirl estrearia no DC Universe em 18 de maio de 2020, com um total de 13 episódios, um lançado por semana até 10 de agosto; através de um acordo, o canal a cabo The CW também exibiria os episódios, com cada um estreando no dia seguinte ao de sua disponibilização no streaming - cada episódio no CW, porém, tinha alguns minutos a menos em relação aos do streaming, para que pudessem ser exibidos comerciais, com Johns supervisionando quais cenas poderiam ser cortadas sem que a história fosse prejudicada. A partir de 1 de dezembro de 2020, a série também seria disponibilizada como parte do catálogo do novo serviço de streaming da Warner, o HBO Max. A Warner jamais divulgou os números da audiência no streaming, mas no CW eles eram excelentes, rivalizando com os das séries do Arrowverso, carro-chefe do canal na época.

Em junho de 2020, porém, pouco após a estreia de Stargirl, a Warner decidiria descontinuar o DC Universe, que sairia totalmente do ar em 21 de janeiro de 2021, criando um novo serviço de quadrinhos digitais, chamado DC Universe Infinite, e movendo todos os seus filmes e séries, originais ou não, para o HBO Max, que havia estreado em 27 de maio de 2020, uma semana após a estreia de Stargirl. Com essa decisão, Stargirl, assim como havia ocorrido com Monstro do Pântano um ano antes, seria cancelada após apenas uma temporada, com apenas Patrulha do Destino e Titãs seguindo em produção para serem exibidas na HBO Max. O CW, entretanto, estava tão satisfeito com a audiência de Stargirl que faria à Warner uma proposta: financiaria a produção de uma segunda temporada, desde que ela fosse exibida com exclusividade pelo canal a cabo.

Assim, em 10 de agosto de 2021, estrearia no CW a segunda temporada, com o título de Stargirl: Summer School ("curso de verão", a "recuperação" nas escolas dos Estados Unidos, onde os alunos que não passaram de ano, como Courtney, têm de frequentar aulas especiais durante as férias de verão) e 13 novos episódios, exibidos um por semana até 2 de novembro. A temporada completa seria disponibilizada na HBO Max em 10 de dezembro, mas, dessa vez, não haveria diferenças entre os episódios exibidos no streaming e na TV.

Após a Sociedade da Injustiça ter sido desmantelada na primeira temporada, na segunda a ameaça é o vilão Eclipso, banido anos atrás para uma dimensão paralela pela Sociedade da Justiça original, e que agora busca se utilizar do desejo de vingança de Cindy contra Courtney para escapar. Para detê-lo, a nova Sociedade da Justiça terá um aliado improvável, o vilão Penumbra, que saiu da Sociedade da Injustiça após se desentender com Geada, usa fumaça e sombras para se teletransportar e atacar seus inimigos e compartilha uma ligação com a dimensão para onde Eclipso foi banido.

Novos nomes da segunda temporada incluem Nick E. Tarabay como Eclipso; Jonathan Cake como Richard Swift / Penumbra; Ysa Penarejo como Jennifer-Lynn Hayden / Jade, filha do Lanterna Verde original, que usa o anel do pai e vem a Blue Valley tentando encontrar seu irmão desaparecido; Alkoya Brunson como Jakeem Williams, colega de Mike na escola e como entregador de jornais; Randy Havens como Paul Deisinger, professor de artes na escola de Courtney; Keith David como o Sr. Bones, que tem a pele transparente e cujo toque pode matar qualquer ser vivo; e Lynne Ashe como a Enfermeira Louise Love, que trabalha para uma instituição onde Jade acredita que seu irmão está sendo mantido contra a sua vontade. Outros membros da Sociedade da Justiça original que aparecem em flashbacks são Jay Garrick / Flash (John Wesley Shipp), Johnny Trovoada (Ethan Embry) e seu parceiro, o gênio Relâmpago (voz de Jim Gaffigan). Alicia Witt faz uma participação especial como a mãe de Mike, Maggie, e Alex Collins substituiria Henry Thomas como Chales McNider / Dr. Meia-Noite.

A primeira temporada de Stargirl já havia sido aclamada pela crítica, que elogiaria principalmente o texto de Johns, as atuações de Bassinger e Wilson e o clima leve dos episódios, diferente das demais produções de super-heróis da época; a segunda temporada traria um clima mais pesado, mas mais uma vez seria aclamada, com o tom mais adulto sendo considerado uma evolução natural em relação ao que havia sido mostrado um ano antes. Antes mesmo da estreia da segunda temporada, a CW conseguiria um acordo com a Warner, que garantia não somente sua exibição na HBO Max, mas também uma parceria no financiamento de uma terceita temporada - como o último episódio da segunda ainda não havia sido filmado, Johns aproveitaria e incluiria uma cena que já preparava o terreno para a terceira, estabelecendo qual seria sua história.

Basicamente, a terceira temporada lidaria com a redenção dos vilões: após Penumbra decidir abrir mão de suas atividades criminosas e se estabelecer como um cidadão respeitável de Blue Valley; Crusher e Paula abandonam suas vidas duplas, se mudam para a casa vizinha à de Courtney e fazem de tudo para serem os novos melhores amigos de Dugan e Barbara; Cindy e Artemis (usando os equipamentos do pai e o nome de Mestra dos Esportes) decidem se unir à nova Sociedade da Justiça; o Jogador decide abrir mão de seus esquemas fraudulentos e investir seu dinheiro para reencontrar sua filha e fazer as pazes com ela; e até mesmo Geada retorna se dizendo arrependido e querendo reparar os erros que cometeu como líder da Sociedade da Injustiça. Mas o assassinato do Jogador joga uma sombra sobre os vilões redimidos, levando a crer que pelo menos um deles não abandonou seus antigos hábitos, e fazendo com que a Sociedade da Justiça tenha de encontrar o assassino. Paralelamente a isso, Mike e Jakeem, que acidentalmente se torna o novo parceiro de Relâmpago, se ressentem por não poderem fazer parte da Sociedade da Justiça, tentando formar sua própria equipe, o Comando Juvenil; e Starman aparentemente retorna dos mortos, passando a compartilhar o cajado com Courtney e a trazer muita tensão para o relacionamento dela com Dugan, que ele ainda vê como seu parceiro.

Com o nome de Stargirl: Frenemies (algo como "aminimigos"), a terceira temporada, de mais 13 episódios, seria exibida pelo CW entre 31 de agosto e 7 de dezembro de 2022, e disponibilizada na HBO Max em 6 de janeiro de 2023. Os únicos novos nomes de peso do elenco são Tïm Gabriel como Todd Rice / Obsidiano, o irmão de Jade; e Seth Green, que substituiria Gaffigan como a voz de Relâmpago, que seria mais um personagem totalmente digital. A terceira temporada não conseguiria manter os mesmos níveis de audiência das duas primeiras, e seria considerada bastante inferior a elas pela crítica, que reclamaria dos clichês do "quem matou" e do "retorno dos mortos"; por causa disso, enquanto ela ainda estava no ar, o CW cancelaria a série, não renovando-a para uma quarta temporada.

Johns ficaria decepcionado com o cancelamento, principalmente porque, devido a uma cena de um dos episódios da primeira temporada ter aparecido no crossover do Arrowverso Crise nas Infinitas Terras, em janeiro de 2020, ele tinha esperança de escrever um episódio crossover entre as séries Stargirl e The Flash - com Bassinger declarando em entrevistas que gostaria de ver Stargirl e Supergirl lutando lado a lado, para que ela pudesse contracenar com Melissa Benoist, e Shipp sendo escolhido especificamente para interpretar o Flash na segunda temporada de Stargirl por já ter interpretado Garrick em The Flash, estabelecendo uma ligação entre as duas séries. Johns ainda tentaria convencer a Warner a financiar uma quarta temporada para exibição na HBO Max, mas desisitiria após ser informado de que isso poderia fazer com que o crossover com The Flash ficasse ainda mais difícil, já que o Arrowverso era produzido pelo CW sem interferência direta da Warner. O máximo em matéria de crossover que ele conseguiria seria Bassinger interpretar Stargirl em um episódio da quarta temporada de Titãs.

Como o cancelamento ocorreria após todos os episódios da terceira temporada já terem sido filmados, a história ficaria com algumas pontas soltas; Johns conseguiria, entretanto, autorização do CW para filmar uma nova cena final para o último episódio, ambientada muitos anos no futuro, e, dos atores da série, contava apenas com a participação de Cake - mas ajudava a deixar claro que a Sociedade da Justiça fundada por Courtney se tornaria uma força do bem não só em Blue Valley mas em todo o planeta, alcançando um legado comparável ao da equipe original.

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