X-Men: First Class
2011
Durante as filmagens de X-Men 2, a produtora Lauren Shuler Donner discutiria com a equipe do filme a possibilidade de se fazer uma "prequência", um filme ambientado antes do primeiro, trazendo atores mais jovens, que mostrasse como Xavier montou a equipe original dos X-Men. Essa ideia seria aprovada pela equipe, mas não chegaria a ser discutida oficialmente com a Fox até a produção de X-Men: O Confronto Final, cujo diretor, Brett Ratner, queria que fosse o último filme de uma trilogia. Após seu lançamento, a Fox contrataria um de seus roteiristas, Zak Penn, para escrever e dirigir essa "prequência", mas teria muita dificuldade para escrever uma história que agradasse a Shuler Donner, e o projeto acabaria engavetado.
Bem antes disso, em outubro de 2004, a Fox anunciaria sua intenção de fazer spin offs, cada um centrado em um personagem específico dos filmes, com os três primeiros sendo Wolverine, Magneto e Tempestade. O único filme que realmente sairia do papel seria X-Men Origens: Wolverine - sobre o qual eu falarei aqui no átomo em um futuro próximo - mas o projeto de X-Men Origens: Magneto chegaria a ficar bem adiantado, com o roteirista Sheldon Turner entregando um roteiro ambientado entre 1939 e 1955, que mostrava um jovem Erik Lehnsherr tentando sobreviver em Auschwitz, se encontrando com um jovem Charles Xavier, que seria um dos soldados que ajudaria na libertação dos prisioneiros do campo após a vitória dos Aliados, se uniria a ele em prol da causa mutante, mas se afastaria e seguiria seu próprio caminho após decidir perseguir e matar os nazistas que o torturaram, algo com o qual Xavier era incapaz de concordar, tudo isso intercalado com cenas que mostravam o Magneto da época atual, interpretado por Ian McKellen, se lembrando dos eventos de seu passado. Em abril de 2007, David S. Goyer, de Blade Trinity, seria contratado para dirigir esse filme, e as filmagens seriam marcadas para começar na Austrália no ano seguinte, com o lançamento nos cinemas previsto para 2009; vários fatores, entretanto, dentre eles a greve dos roteiristas de 2007, acabariam fazendo com que a Fox suspendesse o projeto por tempo indeterminado.
Paralelamente a isso, o produtor Simon Kinberg, que estava lendo a série em quadrinhos X-Men: First Class, publicada entre 2006 e 2009, que contava histórias inéditas da equipe original dos X-Men, sugeriria que o estúdio a adaptasse para um filme, o que faria Shuler Donner se lembrar de seu projeto da "prequência". Kinberg, entretanto, não queria que o filme fosse uma adaptação fiel da série, que ele achava parecida com "uma mistura de Crepúsculo com os filmes de John Hughes", e Shuler Donner não queria que o filme trouxesse a equipe original dos quadrinhos (Ciclope, Fera, Anjo, Homem de Gelo e Jean Grey), e sim "personagens novos, com visuais e poderes que ainda não foram vistos nos filmes, e que funcionassem como equipe mesmo que jamais tivessem trabalhado juntos nos quadrinhos". A Fox gostaria dessa ideia, mas condicionaria a realização do projeto ao sucesso de X-Men Origens: Wolverine.
Em 2008, após suspender o filme do Magneto, a Fox contrataria Josh Schwartz, de The O.C. e Gossip Girl, para escrever e dirigir X-Men: Primeira Classe. Como Schwartz recusaria o convite para a direção, preferindo ficar somente como roteirista, a Fox procuraria Bryan Singer, diretor dos dois primeiros filmes. Singer rejeitaria o primeiro rascunho de Schwartz, alegando que ele queria fazer "um tipo de filme muito diferente" dos demais da franquia, chamando Jamie Moss para ajudá-lo a transformar suas ideias sobre o filme em uma história; ele decidiria ambientar o filme em 1962, durante a Crise dos Mísseis de Cuba, e mostrar Xavier e Magneto lutando lado a lado contra um inimigo comum, com Shuler Donner sugerindo o Clube do Inferno.
Em outubro de 2009, X-Men Origens: Magneto seria oficialmente cancelado, já que a história de X-Men: Primeira Classe não seria compatível com a sua, e McKellen confirmaria que não estaria no novo filme, com o personagem sendo interpretado apenas por um ator mais jovem. Turner acusaria Singer de, após o cancelamento, usar seu roteiro como base para o de X-Men: Primeira Classe, o que Singer negaria, dizendo não ter aproveitado "absolutamente nada"; Turner recorreria à Guilda dos Roteiristas da América, que determinaria que ele e Singer deveriam ser creditados como criadores da história, mas Moss e Schwartz não receberiam qualquer crédito. Mas, após inúmeras vezes em que foi reescrito, o roteiro acabaria creditado a Ashley Edward Miller, Zack Stentz (esses dois contratados pela Fox para reescrever o roteiro de Singer e Moss, considerado muito cru), Jane Goldman e Matthew Vaughn (que reescreveriam mais uma vez o roteiro antes de as filmagens efetivamente começarem).
Em março de 2010, Singer decidiria abrir mão da direção em prol de seu projeto pessoal Jack, o Matador de Gigantes, pedindo, entretanto, para permanecer como produtor. A Fox começaria a fazer uma lista dos prováveis diretores, mas Kinberg, após assistir Kick Ass, decidiria ligar para Matthew Vaughn, que quase havia dirigido X-Men: O Confronto Final e perguntar o que ele acharia de "dirigir um reboot dos X-Men, usando seu estilo pessoal". Vaughn achou que ele estava brincando, mas, após receber o roteiro e ver que o filme era ambientado na década de 1960, decidiria aceitar, segundo ele, por ser uma oportunidade única de fazer um filme que era "dos X-Men, de James Bond e um thriller político de John Frankenheimer, tudo ao mesmo tempo". Vaughn assinaria contrato em maio de 2010, e imediatamente a Fox marcaria a data de estreia do filme para 3 de junho de 2011; o diretor pediria, entretanto, para mudar algumas coisas, retirando do filme um triângulo amoroso entre Xavier, Magneto e Moira MacTaggart, que ele achava que não funcionava, e removendo da equipe o personagem Mancha Solar, que, segundo ele, o estúdio não teria nem tempo, nem dinheiro para fazer antes da data de estreia. Uma cena ambientada em um sonho de Xavier, com várias portas que saíam em vários lugares, também seria descartada após a estreia de A Origem, para que o filme não fosse acusado de plágio.
Vaughn compararia X-Men: Primeira Classe a Batman Begins, por recomeçar a franquia com uma abordagem diferente da anterior, e ao Star Trek de 2009, por prestar homenagem aos filmes originais enquanto reinicia a história com um elenco mais jovem. Ele diria que suas principais preocupações seria fazer com que a amizade entre Xavier e Magneto fosse verdadeira, que o motivo pelo qual cada um seguiria um caminho diferente não parecesse mesquinharia, e com que a plateia pudesse ver Magneto se transformando em um vilão ao longo do filme; ele e Goldman também queriam aproveitar a ambientação nos anos 1960 para fazer um paralelo entre a luta da comunidade mutante e a luta pelos direitos civis, mas desistiriam por "já haver política demais neste filme". Ao ser perguntado se X-Men: Primeira Classe era ambientado na mesma linha do tempo dos outros três filmes, ele diria que sua preocupação principal era fazer um bom filme que se sustentasse sem a necessidade de a plateia ter assistido aos demais, sem se preocupar se ele era um reboot, uma história alternativa ou simplesmente uma "prequência".
No filme, Magneto, Xavier e Moira se conhecem quando o primeiro está caçando o homem que o torturou em Auschwitz, o segundo é consultor especial da CIA para assuntos mutantes, e a moça é uma agente da CIA que investiga o Clube do Inferno - organização formada por mutantes, liderada pelo homem que torturou Magneto e que planeja envolver Estados Unidos e União Soviética em um conflito bélico para atender a seus próprios interesses. Xavier e Magneto logo ficam amigos e decidem criar uma equipe de mutantes que trabalharia unida para impedir que o Clube do Inferno alcance seus objetivos, mas diferenças na forma como cada um acha que os mutantes devem se relacionar com os humanos farão com que os dois se tornem rivais, com Magneto decidindo seguir seu próprio caminho e montar sua própria equipe.
O elenco traz James McAvoy como Charles Xavier; Michael Fassbender como Erik Lehnsherr, que não usa o nome Magneto em momento nenhum do filme; Kevin Bacon como Sebastian Shaw, vilão principal do filme, líder do Clube do Inferno e torturador em Auschwitz, usando o nome Klaus Schmidt, que tem o poder de absorver energia e transformá-la em força física; Rose Byrne como Moira MacTaggart; Jennifer Lawrence como Raven Darkhölme / Mística, que é amiga de infância de Xavier; Oliver Platt como o Homem de Preto, agente da CIA que serve como contato entre os X-Men e o governo; Álex González como Janos Quested / Maré Selvagem, mutante com o poder de criar furacões, membro do Clube do Inferno; Jason Flemyng como Azazel, mutante membro do Clube do Inferno que, como Noturno, tem aparência demoníaca e o poder de se teletransportar; January Jones como Emma Frost, telepata parceira de Shaw e segunda no comando do Clube do Inferno; Zoë Kravitz como Angel Salvadore, mutante com asas de inseto que pode cuspir ácido; Nicholas Hoult como Hank McCoy / Fera, que, assim como na equipe original dos X-Men, tem aparência humana, mas pés grandes e agilidade ampliada; Caleb Landry Jones como Sean Cassidy / Banshee, que tem um grito potente que pode usar para voar; Edi Gathegi como Armando Muñoz / Darwin, mutante com o poder de mudar aspectos físicos de seu corpo, como criar guelras para respirar embaixo d'água; e Lucas Till como Alex Summer / Destrutor, irmão mais velho de Ciclope, que tem o poder de absorver energia e liberá-la em rajadas. Também podem ser citados Glenn Morshower como um oficial das Forças Armadas que age sob coerção do Clube do Inferno, Matt Craven como o diretor da CIA, Annabelle Wallis como uma moça com heterocromia que Xavier conhece em um bar, e Don Creech como William Stryker, pai do William Stryker de X-Men 2. Hugh Jackman faz uma participação especial como Wolverine, que recusa educadamente um convite de Xavier e Magneto para se unir aos X-Men, e, em uma cena em que Mística se transforma em uma versão dela mesma mais velha, quem a interpreta é Rebecca Romijn.
Vaughn faria questão de que McAvoy interpretasse Xavier, que no filme anda e tem cabelo, e faria com que ele fizesse testes com todos os candidatos a Magneto, para ver com quem ele teria a melhor química; Fassbender, alemão que não era fã de histórias em quadrinhos, decidiria se candidatar ao papel após ler o roteiro, achando que Magneto seria um personagem muito intrigante de se interpretar, um homem "com ações monumentais que independem de suas motivações, e que ninguém percebe que tudo do que ele precisa é um abraço". A primeira escolha da Fox para o papel de Shaw seria Mark Strong, que recusaria, com o vilão ficando então entre Colin Firth e Kevin Bacon, e os produtores preferindo Bacon por sua capacidade de interpretar nuances, fazendo um personagem que, em sua mente, não era o vilão, mas o herói do filme; originalmente o figurino de Shaw seria idêntico ao dos quadrinhos, mas Bacon pediria para mudar porque "estava se parecendo com um vilão de Austin Powers". Já o papel de Frost era dado como certo para Alice Eve, que sequer faria os testes, sem saber de onde saíram esses boatos; January Jones decidiria testar por ser algo totalmente diferente do que ela fazia em Mad Men, apesar de ser ambientado na mesma época, e diria ter ficado "intimidada" com os figurinos da personagem.
Jennifer Lawrence, que ainda não havia estourado com Jogos Vorazes, decidiria testar para Mística porque queria um papel "mais leve" após terminar de gravar Inverno da Alma. Ela diria não ter assistido os três filmes originais antes de fazer o teste, e que, ao assisti-los depois, ficaria em dúvida sobre se conseguiria interpretar a personagem à altura, já que, segundo ela, Rebecca Romijn era "a mulher mais bonita do mundo". Lawrence, então, decidiria interpretar a personagem de forma bem diferente, doce e ingênua, em contraste com a Mística poderosa e sedutora de Romijn. Como estaria em cena praticamente nua, a atriz decidiria fazer uma rigorosa dieta e duas horas de musculação por dia; a maquiagem de Mística levava oito horas para ser aplicada a cada vez que Lawrence ia filmar, e, nos primeiros dias, causaria uma reação alérgica em seu corpo, com seus ombros, costas e tórax ficando cheios de bolhas. A maquiagem de Azazel era mais simples, levando apenas quatro horas, e não contava com a cauda, incluída na pós-produção através de computação gráfica; segundo boatos, o personagem estaria no filme para sugerir que ele e Mística eram os pais de Noturno.
Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz, também teria de ficar quatro horas na cadeira de maquiagem para aplicar as tatuagens das asas de Angel, que eram apagadas digitalmente e substituídas por versões de computação gráfica quando a personagem estivesse voando; Angel voava "à moda antiga", com Zoë dispensando dublês e sendo pendurada por cabos de aço a gruas, guindastes e até a um helicóptero. Outra maquiagem que levava quatro horas para ser aplicada era a de Fera, que, felizmente para o ator Nicholas Hoult, só é azul metade do filme. Segundo a equipe de maquiagem, Fera era "uma mistura entre um leão e um lobisomem", e sua maquiagem incluía uma máscara de látex, lentes de contato, próteses dentárias e uma roupa que imitava músculos desenvolvidos, mas peluda, feita com peles de raposa tingidas de azul. Originalmente, o ator da Broadway Benjamin Walker havia sido escolhido nos testes, mas abriria mão do papel para estrelar a peça Bloody Bloody Andrew Jackson; Hoult, que se dizia fã de carteirinha dos X-Men, acabaria escolhido por ter "um rosto doce, mas capaz de se mostrar selvagem", e decidiria fazer um Fera mais feroz e revoltado que o de Kelsey Grammer em X-Men: O Confronto Final. Fera, aliás, era, à exceção de Xavier, o único X-Men a ter destaque tanto na trilogia original quanto no novo filme; o papel seria a porta de entrada de Hoult para vários outros filmes de ação e drama.
As filmagens em estúdio ocorreriam nos Pinewood Studios, em Iver, Inglaterra, com algumas externas sendo filmadas na cidade de Oxford; a maior parte do filme, entretanto, por razões fiscais, seria filmada no estado norte-americano da Geórgia, nas cidades de Savannah e Thunderbolt e em Jekyll Island, onde palmeiras foram plantadas para fingir que lá era Cuba - mas, como as filmagens ocorreram no inverno, várias morreram e tiveram de ser substituídas por modelos digitais durante a pós-produção. O clímax do filme seria alterado por Vaughn durante as filmagens, porque o diretor achou que a versão presente no roteiro não estava ficando boa. Cenas adicionais seriam gravadas durante a pós-produção em Los Angeles e Long Beach, também porque Vaughn achou que algumas cenas não estavam se encaixando bem. Vaughn também trabalharia junto aos figurinistas e cenógrafos porque queria que o filme fosse claramente ambientado nos anos 1960, mas "sem que os espectadores mais jovens tivessem a impressão de estarem assistindo a um filme de época"; a equipe, então, decidiria dar ao filme uma ambientação futurista ao estilo das produções dos anos 1960, semelhante à usada, por exemplo, nos primeiros filmes de James Bond - até mesmo o posicionamento e enquadramento das câmeras tentaria imitar o usado nos filmes do 007.
Seis empresas de efeitos especiais trabalhariam no filme, cinco delas ficando responsáveis por, além de outros detalhes, poderes de personagens específicos: Rhythm & Hues Studios (Emma Frost, Mística e Angel Salvadore), Cinesite (Azazel e as cenas ambientadas no computador Cérebro), Luma Pictures (Banshee, Destrutor e Darwin), Moving Picture Company (Fera e Maré Selvagem) e Digital Domain (Shaw); a sexta empresa seria a Weta Digital. Uma sétima empresa, a britânica 4dMax, usaria digitalizadores especiais para preparar as imagens dos cenários e atores, para facilitar o trabalho das empresas de efeitos especiais. As cidades de Washington e Moscou seriam recriadas digitalmente a partir de fotografias de 1962. Efeitos práticos seriam usados sempre que possível, para cortar custos e economizar tempo de pós-produção; o submarino de Shaw e o jato dos X-Men, por exemplo, não seriam cenários digitais, e sim veículos "explodidos" - construídos de forma que seu interior possa ser filmado de vários ângulos, sempre parecendo que se trata de um recinto fechado - montados sobre plataformas hidráulicas que permitiam rotação durante as filmagens.
X-Men: Primeira Classe estrearia em 3 de junho de 2011; com orçamento de 160 milhões de dólares, renderia 146,4 milhões nos Estados Unidos e 207,2 milhões no restante do planeta, para um total de 353,6 milhões. O filme estrearia mais ou menos no mesmo número de salas que X-Men: O Filme, e teria um primeiro fim de semana ligeiramente melhor em termos de bilheteria - mas ainda abaixo de X-Men 2 e X-Men: O Confronto Final - o que deixaria a Fox satisfeita, já que, na avaliação do estúdio, tratava-se de um novo começo, não de uma continuação, então era natural que os números não subissem em relação aos dois filmes anteriores, sendo importante apenas superar o primeiro. A crítica receberia muito bem o filme, elogiando o roteiro, a direção e o elenco como um todo.
X-Men: Primeira Classe poderia muito bem ser encaixado na linha do tempo dos três filmes originais como uma "prequência", já que nada nele contradiz o que é dito nos três filmes anteriores - exceto uma coisa: no primeiro X-Men é deixado claro que os mutantes são uma consequência natural da evolução da humanidade, enquanto em X-Men: Primeira Classe é deixado claro que as mutações foram causadas pelos experimentos com radiação na primeira metade do século XX, embora isso com algum esforço também pudesse ser racionalizado para que os quatro filmes se encaixassem. A Fox, entretanto, emitiria um comunicado de que X-Men: Primeira Classe era oficialmente um reboot, e que agora seriam lançados mais filmes dos X-Men com o elenco novo e sem qualquer relação com a trilogia original, exatamente como a Sony faria com O Espetacular Homem-Aranha.
Só esqueceram de avisar Bryan Singer.
X-Men: Days of Future Past
2014
Enquanto Bryan Singer ainda era o diretor de X-Men: Primeira Classe, a produtora Lauren Shuler Donner começaria a conversar com ele sobre a possibilidade de o filme seguinte ser uma adaptação de Dias de um Futuro Esquecido, uma das sagas mais famosas dos quadrinhos dos X-Men, na qual, para evitar um futuro sombrio para os mutantes, a Kitty Pryde desse futuro consegue transferir sua mente para o corpo da Kitty Pryde da época atual, que tenta convencer os X-Men a modificar um ponto da história que resultaria no crescimento desenfreado da histeria antimutante. Singer embarcaria no projeto e os dois o apresentariam à Fox, que veria dois problemas: primeiro, os atores que haviam participado de X-Men: O Confronto Final, estavam sem contrato; segundo a ideia do estúdio era fazer de X-Men: Primeira Classe um reboot, um novo primeiro filme de uma nova trilogia, e uma história com Kitty Pryde voltando no tempo e encontrando os X-Men da época atual não se encaixava bem após um primeiro filme ambientado na década de 1960. Ainda assim, Donner e Singer, já como produtor, começariam a desenvolver várias ideias e apresentá-las aos executivos da Fox.
Enquanto isso, Matthew Vaughn, diretor de X-Men: Primeira Classe, assinaria contrato para dirigir também o segundo filme, e começaria a apresentar suas próprias ideias - como começar o filme com o assassinato do Presidente Kennedy, mostrando que Magneto teria controlado a bala com seus poderes, fazer da história um paralelo entre o surgimento de cada vez mais mutantes e a luta dos movimentos dos direitos civis, ou ambientá-la durante a Guerra do Vietnã. Quando soube do projeto de adaptação de Dias de um Futuro Esquecido, Vaughn, segundo ele, receberia uma garantia da Fox de que suas ideias estariam no segundo filme da nova trilogia, e que Dias de um Futuro Esquecido seria o terceiro.
Vaughn, então, embarcaria na ideia, e faria um projeto de longo prazo segundo o qual, sendo X-Men: Primeira Classe ambientado na década de 1960, o segundo filme seria ambientado na década de 1970, e Dias de um Futuro Esquecido, assim como nos quadrinhos, na década de 1980. Ele e Jane Goldman começariam a trabalhar nos roteiros dos dois filmes, com o segundo trazendo um Wolverine jovem, interpretado por outro ator que não fosse Hugh Jackman - sendo Tom Hardy o preferido de Vaughn - e o terceiro trazendo ao mesmo tempo os elencos das duas trilogias, com Patrick Stewart e Ian McKellen como Xavier e Magneto em 2020, James McAvoy e Michael Fassbender como Xavier e Magneto na década de 1980, os X-Men de Primeira Classe em 1980 e os de O Confronto Final em 2020.
O problema foi que, quando a Fox soube dessa ideia, gostou tanto que decidiu que Dias de um Futuro Esquecido seria o segundo filme da trilogia, e não o terceiro. Vaughn, que achava que isso não fazia o menor sentido, protestou, e, como o estúdio se manteve irredutível, decidiu sair do projeto, dando como desculpa o fato de que havia sido convidado para dirigir Kingsman: Serviço Secreto, e não conseguiria se comprometer com ambos os filmes. Com a saída de Vaughn, Singer, até então produtor do filme, decidiria ele mesmo assumir a direção, e aproveitaria para usar a viagem no tempo para justificar que os filmes seguintes e a trilogia original poderiam sim coexistir, já que uma mudança no curso da história na década de 1970 permitiria que os filmes seguintes trouxessem eventos que contradissessem a trilogia original sem necessitar de maiores explicações. O produtor Simon Kinberg também decidiria ele mesmo escrever o roteiro, aproveitando o que Vaughn e Goldman já haviam preparado e adicionando algumas das ideias de Shuler Donner e Singer. No fim, Kinberg seria o único roteirista creditado, mas a história seria creditada a Kinberg, Goldman e Vaughn.
Singer e Kinberg também decidiriam que a história faria mais sentido se, ao invés de Kitty Pryde, o viajante do tempo fosse Wolverine, que já estava vivo e era adulto na década de 1970, tinha um fator de cura que sempre vem a calhar, e, principalmente, era o personagem mais popular dos quadrinhos e considerado o protagonista dos três filmes originais. Antes de optar por Wolverine, eles chegariam a considerar Bishop e Cable, que viajariam fisicamente para o passado, ou até fazer com que Kitty Pryde viajasse fisicamente ao invés de projetar sua mente, mas acabaram decidindo que o melhor seria manter a ideia dos quadrinhos, fazendo com que a mente de Wolverine do futuro ocupasse seu corpo no passado. Como Wolverine não tem como fazer isso por si só, Kinberg colocaria no roteiro Rachel Summers, uma das personagens da saga dos quadrinhos, filha de Ciclope e Jean Grey em uma linha do tempo alternativa e uma poderosa telepata, possuindo até mesmo alguns dos poderes da Fênix. Como Rachel seria uma personagem difícil de explicar, simplesmente colocar ela ali era uma solução preguiçosa, e Kitty Pryde havia ficado sem ter o que fazer no filme, Kinberg acabaria substituindo Rachel por Kitty, que ganharia o "poder secundário" de enviar a mente das pessoas para o passado - algo que causaria muita controvérsia, já que isso não é nem remotamente parecido com seu poder original de se tornar intangível.
Outra decisão controversa foi a de fazer de Mística um dos personagens fundamentais para a história do filme, no qual ela é acusada de, na década de 1970, matar o cientista Bolivar Trask, criador dos Sentinelas, robôs programados para encontrar e neutralizar mutantes; após o assassinato, o governo usaria seu DNA, encontrado na cena do crime, para aperfeiçoar esses Sentinelas, que, no futuro, se tornariam capazes de se adaptar a qualquer poder mutante, se tornando invencíveis e exterminando praticamente todos os mutantes da face da terra. A explicação para que o DNA de Mística fosse capaz dessa alteração era seu poder de mudar de forma, com muitos fãs apontando que, nesse caso, faria mais sentido que fosse usado o DNA de Vampira, que consegue duplicar os poderes de outros mutantes; a decisão de usar Mística, entretanto, não veio só do fato de que ela, assim como Wolverine, já estava viva e era adulta na década de 1970, tendo, também, um lado comercial: entre X-Men: Primeira Classe e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Jennifer Lawrence estouraria como Katniss, protagonista da série Jogos Vorazes, e tê-la em evidência no filme poderia atrair mais público. Devido à alergia que Lawrence tinha com a maquiagem, seu corpo nesse filme, tirando seu rosto, mãos e pés, é uma roupa de borracha, com a textura suavizada e o zíper removido digitalmente durante a pós-produção, o que fez com que cada sessão de maquiagem da atriz durasse apenas três horas.
Enquanto ainda era diretor, Vaughn planejava usar na nova trilogia as duas equipes do primeiro filme, com os X-Men contando com Xavier, Fera, Destrutor e Banshee, e a Irmandade de Mutantes com Magneto, Emma Frost, Mística, Angel Salvadore e Azazel. Singer, entretanto, acharia que esse monte de mutantes poderia desviar o foco da história da viagem no tempo de Wolverine, e optaria por usar apenas os essenciais, com somente Xavier, Magneto, Mística e Fera, não por acaso os que também estavam na trilogia original, retornando do filme anterior. Ele também conseguiria que vários dos atores da trilogia original aceitassem retornar a seus papéis para participações especiais nas cenas ambientadas no futuro, que contariam com Xavier, Magneto, Tempestade, Homem de Gelo, Colossus, e, evidentemente, Wolverine e Kitty Pryde, além de alguns mutantes dos quadrinhos que ainda não haviam aparecido nos filmes, como Bishop e Blink; Vampira também estaria no filme, mas acabaria cortada - ou quase, como veremos em breve.
Em abril de 2013, a Fox anunciaria que Lady Gaga estaria no filme, na parte ambientada na década de 1970, interpretando a mutante Cristal, mas isso seria, na verdade, uma brincadeira de Primeiro de Abril. O único mutante novo no elenco da década de 1970 seria Mercúrio, obtido através de um acordo com os Marvel Studios: como a Feiticeira Escarlate e Mercúrio eram originalmente personagens dos X-Men que se uniram aos Vingadores, a Fox teoricamente teria os direitos sobre eles, e os Marvel Studios não poderiam usá-los nos filmes dos Vingadores; através desse acordo, ficaria acertado que Mercúrio seria da Fox e a Feiticeira Escarlate dos Marvel Studios. Os Marvel Studios optariam por criar uma história alternativa para Wanda, para que ela não fosse mutante nem tivesse nenhuma relação com Magneto (seu pai nos quadrinhos), enquanto a Fox decidiria fazer piada com o assunto numa cena em que Mercúrio e Magneto conversam para passar o tempo.
O filme começa em 2023, com os Sentinelas já tendo aniquilado quase toda a população mutante do planeta, e alguns sobreviventes se reunindo em um templo na China, onde Xavier bola um plano para que Kitty envie a consciência dele para seu corpo de 50 anos antes, em 1973, quando Mística assassinou Trask, para que ele a convença a não fazê-lo. Como Kitty acredita que Xavier não sobreviveria ao processo, Wolverine decide ser voluntário, e vai parar em seu corpo de 1973, sem adamantium e sem a menor ideia do que ele fazia na época, já que sua memória é falha. Ele decide, porém, procurar a Mansão dos X-Men e explicar a situação, na esperança de que Xavier e seja quem lá estiver na equipe o ajude - só que isso vai acabar se mostrando mais difícil do que parece, já que os dez últimos anos não foram nada gentis com os X-Men. Para piorar a situação, os Sentinelas encontram o templo, e, se Kitty perder a concentração, a mente de Wolverine retorna a seu corpo do futuro, e sua versão de 1973 não sabe por que está trabalhando com Xavier - e, desnecessário dizer, se os Sentinelas matarem todo mundo em 2023, o plano também fracassa.
O elenco traz Hugh Jackman como Logan / Wolverine, James McAvoy como Charles Xavier em 1973, Patrick Stewart como Charles Xavier / Professor X em 2023, Michael Fassbender como Erik Lehnsherr / Magneto em 1973, Ian McKellen como Erik Lehnsherr / Magneto em 2023, Jennifer Lawrence como Raven Darkhölme / Mística, Peter Dinklage como Bolivar Trask, Halle Berry como Ororo Munroe / Tempestade, Anna Paquin como Vampira, Elliot Page (na época, Ellen Page) como Kitty Pryde, Nicholas Hoult como Hank McCoy / Fera, Evan Peters como Peter Maximoff / Mercúrio, Shawn Ashmore como Bobby Drake / Homem de Gelo, Daniel Cudmore como Colossus, Omar Sy como Bishop, Fan Bingbing como Blink, Adan Canto como Mancha Solar, Booboo Stewart como Apache, e Josh Helman como um jovem William Stryker. Lucas Till faz uma pequena participação como Alex Summers / Destrutor em uma cena ambientada no Vietnã; outras participações especiais incluem Evan Jonigkeit como um jovem Grouxo, Gregg Lowe como o mutante Tatuado, Zehra Leverman como a Sra. Maximoff, mãe de Mercúrio, Michael Lerner como o Senador Brickman, e Mark Camacho como o Presidente Richard Nixon. Brendan Pedder aparece na cena pós-créditos como En Sabah Nur / Apocalipse; Len Wein e Chris Claremont, roteiristas dos X-Men, fazem participações especiais como congressistas; e uma determinada cena conta com Famke Janssen como Jean Grey, James Marsden como Ciclope, e Kelsey Grammer como Fera.
Com orçamento de 205 milhões de dólares, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido seria o segundo filme mais caro da história da Fox, atrás apenas de Avatar. Parte dessa dinheirama teria como justificativa o fato de ele ser filmado já em 3D, usando câmeras Arri Alexa-M, ao invés de filmado com câmeras tradicionais e convertido para 3D na pós-produção, como a Fox costumava fazer. As filmagens ocorreriam integralmente na cidade de Montreal, Canadá, inclusive as cenas ambientadas em Washington, capital dos Estados Unidos; a equipe de produção faria tomadas aéreas de Washington e trocaria os cenários de Montreal pelos da cidade norte-americana na pós-produção. O templo no qual as cenas de 2023 se passam não foi criado digitalmente, sendo construído dentro de um estúdio e apenas aprimorado na pós-produção.
Os Sentinelas teriam duas versões, uma delas retrô, que lembrava um pouco os Sentinelas dos quadrinhos, mas feita para se assemelhar aos carros e eletrodomésticos da década de 1970; nem todos os Sentinelas eram feitos de computação gráfica, com a Legacy Effects construindo alguns em tamanho natural, completamente articulados, mas incapazes de se moverem sozinhos, para maior realismo durante as gravações. Uma característica curiosa dos Sentinelas dos anos 1970 era que eles eram feitos de plástico, para evitar que Magneto pudesse usar seus poderes neles; isso faria com que a equipe de produção tivesse tanto que evitar dar a eles uma aparência metalizada quanto não poder usar sons metálicos durante a sonoplastia. Já os Sentinelas do futuro eram, segundo a equipe de produção, uma "versão gigante da Mística", para refletir o uso do DNA da mutante em sua concepção; suas formas eram femininas, e seus corpos tinham escamas que se moviam quando eles se adaptavam ao poder de algum mutante, fazendo um som como o de um chocalho. Os Sentinelas do futuro seriam totalmente digitais, e, para criá-los, os técnicos em efeitos especiais adaptariam uma ferramenta originalmente desenvolvida para criar pelos e cabelos.
Ao todo, 12 empresas de efeitos especiais trabalhariam no filme, incluindo a Moving Picture Company, responsável pelos Sentinelas do futuro, pelo Pássaro Negro e pelas cenas ambientadas dentro do computador Cérebro, e a Digital Domain, responsável pelas cenas ambientadas em 1973, incluindo os Sentinelas, as transformações de Mística e uma versão digital do RFK Stadium, estádio de futebol americano localizado em Washington. A cena mais comentada do filme, na qual Mercúrio se movimenta em alta velocidade por uma cozinha, foi criada pela Rising Sun Pictures, usando uma equipe de 70 artistas, e demoraria sete meses para ficar pronta; praticamente tudo nela é criado por computação gráfica, incluindo as pernas de Mercúrio, com Peters e seu dublê tendo sido filmados correndo em uma esteira em frente a um chroma-key e sua imagem sendo adicionada ao restante da cena posteriormente. As demais empresas que trabalharam no filme foram Rhythm and Hues Studios, Mokko Studio, Cinesite, Fuel VFX, Vision Globale, Hydralux, Lola, Method Studios e The Third Floor.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido teria estreia mundial em 10 de maio de 2014, e, somando a bilheteria de todo o planeta, somente em seu primeiro fim de semana renderia mais do que custou, somando 262,8 milhões de dólares. No total, ele renderia 233,9 milhões nos Estados Unidos e 514 milhões no restante do mundo, somando 747,9 milhões e se tornando o filme mais rentável dos X-Men. A crítica também o receberia muito bem, elogiando o roteiro, a presença dos atores dos filmes originais e as atuações de Jackman e McAvoy. A maioria dos críticos entenderia o filme como uma retcon dos eventos de X-Men: O Confronto Final, e o consideraria o segundo melhor filme da franquia, atrás apenas de X-Men 2. X-Men: Dias de um Futuro Esquecido seria o primeiro filme dos X-Men com uma indicação ao Oscar, de Melhores Efeitos Especiais, que perderia para Interestelar.
Apesar de ser creditada em destaque, à frente de atores com tempo de tela considerável, Anna Paquin por pouco não estaria no filme, com todas as suas cenas sendo cortadas, exceto uma na qual Vampira aparece de relance, o que reduziu sua participação no filme a um cameo. Segundo Singer, Vampira era a estrela de uma subtrama criada para dar a Stewart e McKellen mais tempo de tela, na qual Kitty Pryde é ferida e passa a ter dificuldade para manter Wolverine em 1973, com os X-Men precisando que Vampira copie seus podres para assumir seu lugar enquanto Kitty se recupera - a dificuldade nesse plano é que Vampira é prisioneira numa instalação do governo localizada no subterrâneo da antiga mansão dos X-Men, com Xavier, Magneto e Homem de Gelo indo até lá salvá-la. Durante a edição, Singer acharia que o filme estava muito longo e que essa sequência desviava a atenção das plateias do enredo principal, cortaria essa parte inteira, e filmaria novas cenas que mostrariam Kitty mantendo Wolverine em 1973 até o final.
Após o lançamento do filme, entretanto, as notícias sobre as cenas cortadas de Vampira começariam a pulular na internet, e diversos fãs se mostrariam curiosos para assisti-las, se revoltando quando elas não seriam incluídas nos extras do lançamento em DVD e Blu-ray. Singer, então, decidiria criar uma nova versão do filme, chamada em inglês de Rogue Cut - em português ficaria a "Edição Vampira", um nome bem menos legal, já que Rogue Cut também é uma espécie de trocadilho, pois Rogue, o nome da Vampira em inglês, também significa algo como "independente" ou "autônomo". Singer tentaria lançar a Rogue Cut nos cinemas, mas, como a Fox não concordaria, o lançamento acabaria sendo exclusivo em DVD e Blu-ray, exceto por sessões especiais durante a Comic Con de 2015. Além de trazer de volta as cenas com Vampira (removendo as novas cenas gravadas quando elas foram cortadas), a Rogue Cut traz uma nova cena pós-créditos e uma cena anteriormente cortada na qual Mística, em 1973, destrói Cérebro para que Xavier não consiga encontrá-la.
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