domingo, 7 de agosto de 2022

Escrito por em 7.8.22 com 0 comentários

Pastelzinho Frito

Hoje teremos mais um conto que eu escrevi para o Crônicas de Categoria. Depois de dois "tristes", um engraçadinho.




Pastelzinho Frito

Era uma tarde quente de domingo. Neuziane estava em sua sala, brigando com um ventilador de teto que não funcionava, quando ele chegou: um cheiro de pastelzinho frito que adentrou sua casa, deixando-a com água na boca. Sem conseguir resistir, Neuziane calçou um chinelo e se dirigiu à padaria, de onde o delicioso aroma com certeza estava vindo.

E foi assim que Neuziane conheceu Francieldo, o novo rapaz que a padaria tinha contratado para fritar seus pasteizinhos. Francieldo era gordo, caolho e não falava muito bem, mas tudo o que ele fazia, fazia com amor, e esse era o diferencial em todos os lugares onde ele trabalhava. Nunca aqueles pasteizinhos haviam cheirado tão bem.

Neuziane pediu meio quilo, e não pôde deixar de notar o carinho com o qual Francieldo colocou os pasteizinhos no pacote e os pesou. Decidiu soltar os cabelos, presos numa chuca no alto da cabeça, antes de recompensá-lo com um sorriso. O rapaz percebeu o gesto e quis desejá-la um bom dia, mas, como ele não falava muito bem, ela também não entendeu o que ele disse. De qualquer forma, foi pra casa feliz com sua nova aquisição.

E assim surgiu uma bela amizade. Todo domingo, quando Neuziane sentia o cheiro dos pasteizinhos, ia à padaria comprar meio quilo e ver Francieldo. Ela até conversaria com ele, se entendesse o que ele dizia. Mas ela gostava de passar aquele pedacinho da sua tarde com uma pessoa que colocava tanto amor no que fazia.

Um dia, porém, Neuziane não sentiu o cheiro dos pasteizinhos. Preocupada, ela calçou seu chinelo e foi até a padaria, saber se tinha acontecido alguma coisa com Francieldo. Em seu lugar, encontrou um rapaz alto, forte, lindo e tatuado, mas seus pasteizinhos não tinham gosto de nada. Pareciam feitos de papel. Neuziane decidiu perguntar ao dono da padaria onde estava Francieldo, e descobriu que ele havia voltado à sua cidade de origem para se casar.

Neuziane comprou cem gramas, e voltou para casa pensativa. Enquanto comia os pasteizinhos com gosto de papel, não pôde deixar de sentir um pouquinho de inveja da noiva de Francieldo. Essa pelo menos comeria pasteizinhos gostosos à vontade.


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