segunda-feira, 14 de julho de 2014

Escrito por em 14.7.14 com 0 comentários

INXS

Quando eu fiz aqui o post sobre o Guess Who, contei que, na minha infância, eu não me interessava por música "de adulto". Curiosamente, eu me lembro muito bem quando foi que eu comecei a me interessar: em 1990, quando a Mtv estreou no Brasil.

Devido ao gosto musical do meu pai, ele só ouvia rádio 98, que, para quem não conhece, é uma estação de "sucessos", que, quando eu era criança, tocava, principalmente, artistas como Fábio Júnior, José Augusto, Simone e Joanna, o tipo de música que meu pai gostava, e, apenas esporadicamente, alguma internacional. Rock, talvez nunca. Como eu não me interessava em ouvir rádio por mim mesmo, só ouvia quando meu pai também estava ouvindo - normalmente, no carro - e, por isso, não conhecia muita coisa além do que tocava lá.

Quando a Mtv estreou, porém, por alguma razão eu decidi assistir. E, em poucos dias, fui apresentado a mais bandas, cantores e cantoras do que imaginava que existia. Eu tinha 12 anos, e, empolgado, pedi ao meu pai um rádio, para poder ouvir aquelas músicas sem precisar ligar a televisão. Ele me deu um Moving Sound, da Philips, modelo Berlim, que eu usava para gravar as músicas que gostasse em fitas cassete e poder ouvir a qualquer hora. O mundo era mais difícil em 1990.

Pois bem, girando o dial, eu acabei "descobrindo" que existiam outras estações sem ser a 98 - obviamente, eu já sabia, mas nunca tinha parado para as escutar - e, combinando o que eu via na Mtv com o que ouvia nas rádios, logo comecei a eleger meus favoritos, e pedir para o meu pai comprar fitas cassete deles também. A primeira banda pela qual eu me interessei foi o INXS; a primeira cantora, a Mariah Carey. E foi basicamente isso. Eu até gostava de muito mais músicas de muito mais cantores, cantoras e bandas - gravei muitas e muitas fitas cassete - mas esses eram os únicos dois que eu considerava meus favoritos. Dos quais eu me considerava fã.

Esse favoritismo durou pouco, no máximo uns três anos, até minha adolescência, quando eles acabaram saindo da minha lista. Da Mariah Carey eu deixei de gostar porque, sejamos francos, ela parou de cantar. É sério: se você comparar as músicas dos primeiros álbuns com as mais recentes, verá que, de Butterfly pra cá, ela canta cada vez menos e geme cada vez mais. O que eu mais gostava nela, o vozeirão, sumiu completamente.

Já de INXS eu, na verdade, nunca deixei de gostar. Só deixei de me interessar porque, durante a adolescência, não só fui descobrindo bandas das quais eu gostava mais - como Smiths, Garbage, Cake e Cardigans - como também, mais uma vez, os álbuns lançados pelo INXS nos anos 1990 eram inferiores a Kick e X, os que estavam em voga quando eu descobri a banda. Mas desses dois álbuns eu ainda gosto, até porque trazem aquela nostalgia de quando eu comecei a gostar de música "de adulto".

Enfim, hoje é dia de INXS. Porque, ao fazer o post do Guess Who, eu fiquei com vontade de também fazer um sobre INXS. E decidi não adiar muito.


As origens do INXS (cujo nome se pronuncia "inékséss") remontam ao ano de 1977, quando seus dois principais membros, o tecladista Andrew Farriss e o vocalista Michael Hutchence, ainda estavam na escola, cursando o Ensino Médio na cidade de Sydney, Austrália. Andrew havia acabado de montar uma banda, chamada Doctor Dolphin, e convidou Hutchence para ser o vocalista. O irmão mais velho de Andrew, Tim Farriss, também tinha uma banda, chamada Guinness, desde 1971, e, ao ouvir os ensaios do irmão, decidiu que o melhor a fazer era juntar forças e criar uma única banda. Da Guiness, ficariam o guitarrista Tim e seu melhor amigo, o também guitarrista e saxofonista Kirk Pengilly; da Doctor Dolphin, ficariam Andrew, Hutchence e o baixista Garry Beers. Como os bateristas de ambas as bandas não seriam aproveitados, esse posto acabaria ficando com Jon Farriss, o mais novo dos irmãos. Nada criativamente, eles batizariam a banda como The Farriss Brothers ("os irmãos Farriss") e começariam a tocar nos mesmos bares e casas noturnas que Tim e Kirk costumavam se apresentar com a Guinness.

Em 1978, a banda gravaria sua primeira fita demo, e receberia uma mãozinha do destino: um dia, após um show em um pub da região de Narrabeen, ao norte de Sydney, famosa por suas praias, Tim foi abordado por Gary Morris, empresário do Midnight Oil, uma das mais famosas bandas da Austrália, que passeava por ali e decidiu assistir ao show. Morris gostou do que ouviu, e logo contratou a banda para abrir os shows do Midnight Oil e de outras bandas que empresariava, o que ela fez durante quase um ano.

Morris não gostava, porém, do nome "Farriss Brothers", e sugeriu que a banda trocasse para INXS - segundo ele, a inspiração para esse nome, uma contração da expressão in excess ("em excesso"), veio depois que ele assistiu a um comercial da geleia IXL (I excel, algo como "eu me destaco"); segundo Morris, desde que ele viu um show da banda inglesa XTC (cuja pronúncia é "eks-ti-cí", bem semelhante à pronúncia da palavra ecstasy) na Austrália que ele pensava em batizar uma banda com uma sigla que pudesse ser pronunciada como uma palavra, e o comercial da IXL lhe deu o estalo de que ele precisava para criar um bom nome.

A primeira apresentação do INXS como banda principal ocorreria em 1o de setembro de 1979, em um hotel da região de Umina, próxima à Narrabeen onde tudo começou. Curiosamente, o fim da fase como abridora de shows viria logo acompanhado do fim da fase com Morris como empresário: Morris queria que o INXS fosse uma banda de "música cristã", mas Tim, Andrew e Hutchence não concordavam. No final de 1979, eles decidiriam dispensar Morris e contratar como empresário Chris Murphy, que Morris havia indicado como responsável por agendar os shows. Com o novo empresário, veio também uma mudança de estilo, para uma mistura de pop e new wave, que, surpreendentemente, faria bastante sucesso: no início de 1980, Murphy conseguiria para a banda um contrato para gravar cinco discos pela gravadora Deluxe Records, de propriedade de Michael Browning, ex-empresário do AC/DC, outra das mais famosas bandas da Austrália.

O INXS lançaria seu primeiro single, Simple Simon, em maio de 1980, e começaria em seguida a gravar seu primeiro álbum - o que não foi nada fácil: como a Deluxe só havia reservado 10 mil dólares australianos para a gravação, eles só podiam usar o estúdio entre meia-noite e seis da manhã, quando o aluguel era mais barato. Também chamado INXS, o álbum seria lançado em outubro de 1980, e sua primeira música de trabalho, Just Keep Walking, entraria para o Top 40 australiano. Esse pequeno sucesso seria o suficiente para que Murphy conseguisse marcar aproximadamente 300 shows ao longo de 1981, transformando a banda em uma das mais requisitadas para apresentações ao vivo.

Em meados de 1981, o INXS lançaria mais um single, The Loved One, regravação de um sucesso de 1966 da banda The Loved Ones. Surpreendentemente, esse single entraria para o Top 20, e a pressão dos fãs - agora já numerosos - fariam com que a banda decidisse lançar logo seu segundo álbum. Chamado Underneath the Colours, ele seria lançado em outubro de 1981, e se tornaria um surpreendente sucesso, chegando ao 15o lugar da lista de mais vendidos. O álbum teria uma turnê de lançamento, que, pela primeira vez, levaria o INXS para fora do país, com uma série de shows na Nova Zelândia. O sucesso crescia a cada dia, e cada vez mais Murphy se convencia de que, apesar de tudo, havia sido um erro assinar com a Deluxe - uma gravadora pequena que não possuía parceiros comerciais na Europa ou Estados Unidos. Usando de seus contatos, Murphy tentou convencer a RCA a contratá-los, mas, como a RCA tinha um contato de distribuição com a Deluxe, e o contrato do INXS com a Deluxe ainda estava em vigor, a RCA preferiu não se meter, e Murphy não obteve sucesso.

Vendo que corria o risco de perder uma de suas principais bandas, a Deluxe convenceu o INXS a gravar mais um single, The One Thing, com todas as despesas pagas. O single alcançaria a 14a posição do Top 20, mas o tiro sairia pela culatra, já que ele chamaria a atenção da WEA, que, ao ser procurada por Murphy, concordaria em pagar a multa da Deluxe e contratar a banda para a gravação de um novo álbum, que seria lançado mundialmente através dela e de suas parceiras, a Atlantic Records na América do Norte e a Polygram na Europa.

Assim, em outubro de 1982 seria lançado Shabooh Shoobah, que, apesar do título estranho, chegaria ao 52o lugar da parada da Billboard nos Estados Unidos, e ao 14o lugar na Austrália. Incluída no álbum, The One Thing se tornaria presença constante na Mtv norte-americana, o que despertaria o interesse do público e levaria ao primeiro show do INXS nos Estados Unidos, em San Diego, em março de 1983 - para uma plateia de apenas 24 pessoas. De qualquer forma, esse primeiro show faria com que o INXS fosse contratado para abrir os shows de outras bandas, como Adam and the Ants, Stray Cats, The Kinks, Hall & Oates e The Go-Go's, ajudando a cimentar sua popularidade em solo norte-americano. Seu primeiro show como banda principal seria em setembro de 1983, no Hotel Ritz, em Nova Iorque, após se apresentar como banda de abertura em uma turnê do Midnight Oil pelos Estados Unidos. Pouco depois, a banda seria convidada para um show em Toronto, Canadá, após o qual gravaria mais um single, Original Sin. No início de 1984, o INXS já podia ser considerada uma banda de verdadeiro sucesso internacional.

Naquele ano, três músicas de Shabooh Shoobah seriam escolhidas para integrar a trilha sonora do filme Jovens sem Rumo. O interesse pelo INXS crescia rapidamente, e a banda seria convidada pela Polygram para gravar seu quarto álbum em Oxford, Inglaterra. Chamado The Swing, seria lançado em maio de 1984, e, pela primeira vez, alcançaria o primeiro lugar na lista dos mais vendidos na Austrália - repetindo a proeza na Argentina e França. Incluída no álbum, Original Sin também chegaria ao topo da parada de sucessos australiana, e entraria para o Top 50 norte-americano. Curiosamente, porém, tanto o álbum quanto a música não fariam sucesso nenhum no Reino Unido, onde a crítica especializada os chamaria de "chatos", "sem imaginação" e "representantes do rock Mtv". Mas o que importava era que, ao longo de 1984 e 1985, o INXS conseguiria uma agenda de shows lotada em uma imensa turnê por Europa e Estados Unidos, enquanto, na Austrália, The Swing venderia tanto que ganharia disco de platina duplo.

Em 1985, eles retornariam a Sydney para a gravação de mais um álbum, produzido por Chris Thomas, que já havia trabalhado com Sex Pistols, Pink Floyd e Elton John. Sob a batuta de Thomas, o INXS abandonaria gradativamente o new wave e se aproximaria do rock, assumindo como principais influências Led Zeppelin e XTC, o que já podia ser notado em seu quinto álbum, Listen Like Thieves, de outubro de 1985, que alcançaria mais uma vez o primeiro lugar na lista dos mais vendidos na Austrália, e quase conseguiria entrar para o Top 10 dos Estados Unidos, parando na 11a posição. O contraste entre a opinião da crítica britânica e norte-americana, aliás, era até engraçada, com a norte-americana Rolling Stone escrevendo que a razão do sucesso da banda era que ela tocava com paixão, enquanto a britânica NME declarava que o mais novo álbum era uma bomba sem paixão alguma.

A principal música de trabalho do quinto álbum, What You Need, quase não seria incluída nele; as gravações já haviam se encerrado quando Thomas, após ouvir todas as faixas, diria que ainda faltava um hit. Andrew foi para casa pensando nisso, e, no dia seguinte, apresentou três músicas novas ao produtor, duas já prontas e uma que consistia apenas de um ritmo. Thomas adorou esse ritmo, e a banda então o transformou em uma música completa - que alcançaria o segundo lugar na parada australiana e o quinto na norte-americana, se tornando o primeiro grande sucesso do INXS nos Estados Unidos.

A turnê que se seguiria ao lançamento de Listen Like Thieves seia a primeira na qual o INXS tocaria na América do Sul - com shows na Argentina e Uruguai - e, em seu encerramento, eles seriam convidados a tocar para o Príncipe Charles e a então Princesa Diana durante uma visita do casal a Melbourne, Austrália. Depois disso, a banda decidiria fazer uma parada de dois meses - já que estava gravando e fazendo shows ininterruptamente desde o lançamento de seu primeiro álbum - mas logo depois, voltaria, em 1986, para uma nova turnê por Austrália, Estados Unidos e Europa, durante a qual, inclusive, abriria para o Queen seu famoso show daquele ano no Estádio de Wembley.

Depois dessa nova turnê, a banda planejava ficar 8 meses sem fazer novos shows, enquanto preparava seu novo álbum - depois do sucesso de Listen Like Thieves, eles queriam algo ainda maior, um disco do qual praticamente todas as músicas pudessem ser lançadas como músicas de trabalho, no estilo dos das bandas de maior sucesso da época. Murphy, porém, sem consultá-los, agendou vários shows pela Austrália, que o INXS faria na companhia de outras bandas australianas que começavam a se destacar na época. Durante essa mini-turnê, Andrew e o músico Jimmy Barnes, da banda Cold Chisel, se tornaram amigos, e o INXS chegou a gravar duas músicas com a participação especial de Barnes, Laying Down the Lawn e Good Times, regravação de um sucesso da banda The Easybeats, da década de 1960. Lançado como single, Good Times chegou ao segundo lugar da parada australiana, e entrou para a trilha sonora do famoso filme Os Garotos Perdidos.

O sexto álbum da banda, Kick, mais uma vez produzido por Thomas, seria lançado em outubro de 1987, por incrível que pareça, sob protestos da Atlantic Records. O álbum tinha uma pegada de black music, o que fez com que a Atlantic o considerasse "inapropriado" para tocar em rádios de rock, o que era sua estratégia nos Estados Unidos. A Atlantic chegou a oferecer um milhão de dólares americanos para que o INXS voltasse para o estúdio e regravasse as músicas com arranjos diferentes, mas a banda se recusou - e, no final, provaram que estavam certos: Kick alcançou o segundo lugar da lista de mais vendidos na Austrália, o terceiro nos Estados Unidos e, surpreendentemente, o nono lugar no Reino Unido, na primeira vez em que um trabalho do INXS agradou ao público e à crítica daquele país. Como se isso não fosse o bastante, o álbum venderia tanto na Austrália que ganharia sete discos de platina, e geraria nada menos que quatro músicas de trabalho - New Sensation, Never Tear Us Apart, Devil Inside e Need You Tonight - todos lançados como singles e entrando para os Top 10 da Austrália e dos Estados Unidos. Need You Tonight, aliás, foi a primeira música do INXS a alcançar o primeiro lugar do Top 10 norte-americano, e seu clipe, bastante elogiado, ganharia nada menos que cinco prêmios no Mtv Video Music Awards de 1988.

A banda passaria todo o ano de 1988 em turnê promovendo Kick, mas decidiria passar 1989 descansando - nada mais merecido depois de tanto trabalho. Seu sétimo álbum, X, só seria lançado em setembro de 1990. Assim como Kick, X seria extremamente bem sucedido, chegando ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos na Austrália, quinto nos Estados Unidos e um surpreendente segundo lugar no Reino Unido, e teria quatro músicas de trabalho: Suicide Blonde, Disappear, Bitter Tears e By My Side - todas, exceto o última, entrando para o Top 10 dos Estados Unidos, embora, curiosamente, na Austrália não tenham feito tanto sucesso, à exceção de Suicide Blonde, que chegou ao segundo lugar.

Após o lançamento de X, Michael Hutchence começaria um romance com a cantora australiana Kylie Minogue, o que deixaria a banda mais em evidência que nunca, e ajudaria a trazer novos fãs. Na turnê de promoção do álbum, eles participariam do Rock in Rio II, em janeiro de 1991, e fariam um show em um Wembley lotado, em julho, que seria gravado para o lançamento de seu primeiro álbum ao vivo, Live Baby Live, em novembro do mesmo ano. O álbum alcançaria o terceiro lugar na Austrália e oitavo no Reino Unido, mas não venderia bem nos Estados Unidos, onde a banda parecia já estar sendo substituída na preferência do público por outras mais recentes.

Essa teoria pareceria se confirmar no lançamento do oitavo álbum, Welcome to Wherever You Are, de agosto de 1992, primeiro a alcançar o primeiro lugar da lista dos mais vendidos no Reino Unido, mas que ficaria em segundo na Austrália e apenas em 16o nos Estados Unidos. Suas músicas de trabalho, Not Enough Time e Beautiful Girl, teriam desempenho pífio, sequer entrando para o Top 20 de qualquer um desses três mercados.

O nono álbum, Full Moon, Dirty Hearts, seria lançado em novembro de 1993, e contaria com duas participações especiais: Chrissie Hynde, vocalista dos Pretenders, na música que levava o mesmo título do álbum, e Ray Charles em Please (You Got That). As duas músicas de trabalho foram Please e The Gift, com a primeira não entrando em nenhum Top 20 e a segunda alcançando o 16o lugar na Austrália e 11o no Reino Unido, mas não entrando nem no Top 200 dos Estados Unidos. Na lista dos mais vendidos, o álbum seria quarto na Austrália e terceiro no Reino Unido, mas nem entraria para o Top 50 nos Estados Unidos. Diante da recepção negativa, e tendo o mais recente contrato com a WEA chegado ao fim, a banda decidiria não renovar e tirar um tempo para ficar com suas famílias enquanto planejava um novo álbum. Hutchence seria o que permaneceria mais ativo, atuando em vários comerciais e posando como modelo em campanhas publicitárias.

O INXS ficaria quase quatro anos parado, lançando seu décimo álbum apenas em abril de 1997. Elegantly Wasted, porém, não seria um bom retorno, não entrando no Top 10 dos mais vendidos nem na Austrália, nem no Reino Unido, e suas músicas de trabalho, Elegantly Wasted e Everything, também não fariam muito sucesso.

Infelizmente, esse álbum acabaria sendo o último com Hutchence à frente da banda: em novembro de 1997, o vocalista, aos 37 anos, seria encontrado morto em um quarto do hotel Ritz-Carlton, em Sydney, por enforcamento. A autópsia encontraria álcool e heroína em seu sangue, e a polícia chegaria à conclusão de que foi suicídio motivado por depressão.

Após a morte de Hutchence, a banda ficaria quase um ano sem se apresentar, retornando no final de 1998 com shows esporádicos trazendo vocalistas convidados, como Jimmy Barnes; o músico norte-americano Terence Trent D'Arby; Russell Hitchcock, vocalista do Air Supply; e Jon Stevens, ex-vocalista da banda Noiseworks, que atuaria como vocalista durante o show que o INXS faria no encerramento das Olimpíadas de 2000, em Sydney. Stevens seguiria com a banda para uma turnê pela América do Sul e Europa em 2001, e, em 2002, seria anunciado como o novo vocalista oficial do INXS. Eles jamais chegariam a gravar um novo álbum juntos, porém, já que Stevens deixaria a banda em 2003 para seguir carreira solo, após ter lançado apenas um single, I Get Up.

Em 2004, o INXS aceitaria um convite da rede de televisão norte-americana CBS para realizar um reality show, chamado Rock Star: INXS, que escolheria um novo vocalista para a banda. O vencedor seria o canadense J.D. Fortune, que gravaria com o INXS seu décimo-primeiro álbum, Switch, lançado em novembro de 2005 pela Epic Records. Sua principal música de trabalho, Pretty Vegas, seria praticamente a razão que levou Fortune a vencer o concurso - pelas regras do reality show, Andrew Farriss escreveria uma melodia, e os participantes, em dois grupos, deveriam escrever a letra; Fortune, insatisfeito com as letras de seu grupo, decidiu escrever Pretty Vegas sozinho, e, o que a princípio foi visto como um demérito, por dar a entender que ele não sabia trabalhar em equipe, logo se tornou um trunfo, pois a música se tornaria uma das favoritas do INXS e do público, que acabaria votando para que ele vencesse.

Pretty Vegas chegaria ao primeiro lugar do Top 10 canadense, mas apenas ao nono do australiano e 37o do Top 50 norte-americano; o álbum teria desempenho parecido, chegando ao segundo lugar dos mais vendidos no Canadá, mas apenas ao 18o tanto na Austrália quanto nos Estados Unidos. Provavelmente isso se devia ao fato de Fortune ser canadense, mas de qualquer forma acabaria sendo bem explorado pela banda na turnê de promoção do álbum, que teve muito mais shows no Canadá que na Austrália, Europa ou Estados Unidos. A turnê seria prematuramente encerrada em 2007, devido a um problema de saúde de Beers, que poderia afetar permanentemente sua mão se ele prosseguisse tocando com frequência.

Em 2008, o INXS se reencontraria com Murphy, que os convenceria a assinar com a Petrol Electric Records, para a qual estava trabalhando. Enquanto trabalhava em seu novo álbum, a banda sairia em uma nova turnê, já com Beers recuperado, que incluiu um show nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver, em 2010. Embora Fortune também tenha sido o vocalista da banda durante essa nova turnê, Switch acabaria sendo o único álbum de inéditas do INXS com sua participação.

Isso porque o álbum seguinte, o décimo-segundo e por enquanto último, Original Sin, lançado em novembro de 2010, seria, na verdade, um tributo a Michael Hutchence, trazendo regravações das principais canções do INXS - como Never Tear Us Apart, New Sensation, Just Keep Walking e Beautiful Girl - com novos arranjos e vocalistas convidados, dentre eles Ben Harper, Rob Thomas (do Matchbox Twenty), John Mayer e Nikka Costa; a única faixa a trazer Fortune nos vocais seria The Stairs. Original Sin não foi um sucesso comercial, alcançando apenas o 49o lugar dos mais vendidos na Austrália, e não tendo desempenho expressivo em nenhum outro lugar do mundo. Após seu lançamento, o INXS sairia mais uma vez em turnê.

No final de 2011, logo após o lançamento de um novo single, Tiny Summer, a banda anunciaria que Fortune estava deixando o posto de vocalista, sendo substituído pelo norte-irlandês Ciarán Gribbin, que chegaria a gravar um single com a banda, We Are United, e a se apresentar em diversos shows realizados em 2012. Em novembro de 2012, porém, o INXS anunciaria, durante um show em Perth, Austrália, que estava encerrando suas atividades.

Atualmente, Pengilly, Beers e os irmãos Farriss aproveitam uma merecida aposentadoria, sem planos de novo álbum ou novos shows. Pena que Hutchence não possa estar com eles.

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