segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Escrito por em 8.11.10 com 0 comentários

Polo Aquático

Há coisa de um ano, eu fiz aqui um post sobre polo, aquele esporte jogado com cavalos. Como eu costumo fazer de vez em quando, aproveitei e falei de dois outros esportes, o polo a canoa e o ciclopolo, e brinquei que ficaria faltando o polo aquático, que não tinha nada a ver com o post, já que nele ninguém atua montado em nada. Pois bem, hoje, finalmente, o polo aquático ganhará um post só para ele. E o mistério de por que ele tem "polo" no nome, já que não tem cavalos, será finalmente desvendado.

Como eu falei no supracitado post sobre o polo, o esporte ganhou esse nome por causa da palavra pulu, que, em tibetano, significa "bola". Assim como em vários outros casos de engano linguístico, alguém deve ter visto um tibetano chamando a bola de "pulu", e não somente entendeu que aquele era o nome do esporte inteiro, mas também entendeu "polo". Como o polo é jogado com os jogadores montados em cavalos, nada mais natural, portanto, do que outros esportes onde o jogador atua montado em alguma coisa, como uma canoa, bicicleta, iaque ou elefante, também ganhassem um nome com a palavra "polo", assim como um monte de esportes que usam tacos ganharam um nome com a palavra "hóquei". Mas, se no polo aquático, como eu já falei, ninguém joga montado em nada - nem "montado na água", como um amigo espertalhão meu uma vez tentou argumentar - então por que raios ele se chama polo aquático?

Bom, de certa forma, a culpa também recai no polo dos cavalos: o polo aquático teve sua origem na metade do século XIX no Reino Unido, quando esportes aquáticos, especialmente a natação, eram bastante apreciados, fazendo parte de diversos festivais importantes. Nesses festivais, se jogava uma espécie de "rugby aquático", esporte que usava mais ou menos as mesmas regras do rugby, mas, ao invés de ser jogado em um gramado, era disputado dentro de um rio ou lago. Após um certo tempo, chegou-se à conclusão que a bola do rugby "normal" não tinha o peso e a flutuação adequados para o jogo, e se passou a utilizar uma bola especial, feita de borracha e fabricada na Índia, à época colônia da Inglaterra. Por causa do polo, que já era então um esporte muito popular na Índia, adivinhem como se chamava a bola? Pois é, pulu. Junto com a bola, o nome "pulu" também chegou ao Reino Unido. E daí para que o esporte passasse a ser chamado water polo, ou polo aquático, foi um pulo. E esse trocadilho foi totalmente não intencional.



A bola do rugby, como vocês devem saber, parece um Ovo de Páscoa. A bola que vinha da Índia, por outro lado, era redonda. O próximo passo na evolução do esporte, portanto, foi torná-lo mais parecido com o futebol, que também usava uma bola redonda, o que começou a acontecer por volta de 1880. Como acontece com todos esses esportes, nessa época surgiram uns dez polos aquáticos diferentes, cada um usando seu próprio conjunto de regras. A unificação não tardaria, porém, ocorrendo com a fundação da London Water Polo League, em 1888, que se baseou em diversas regras regionais para criar as regras oficiais do polo aquático, usadas no primeiro campeonato inglês da modalidade, disputado no mesmo ano. O campeonato foi um grande sucesso, o que fez com que as regras da London League pegassem em todo o país. Dois anos depois, em 1890, seria disputada a primeira partida internacional do polo aquático, na qual a Escócia derrotaria a Inglaterra por 4 a 0.

Entre 1890 e 1900, o jogo se espalharia pela Europa, com a criação de ligas na Alemanha, Áustria, França, Itália, Bélgica e Hungria. Em 1900 o polo aquático era tão popular que até foi incluído no programa olímpico dos Jogos daquele ano. Mais ou menos na mesma época, ele chegaria aos Estados Unidos, onde, como de costume, receberia diversas modificações, como a possibilidade de se mergulhar e até mesmo de se carregar a bola sob a água. O polo aquático seria disputado com as regras norte-americanas nas Olimpíadas de 1904, o que faria com que várias seleções europeias desistissem de competir. Somente em 1914 os Estados Unidos aceitariam usar em seus campeonatos as regras europeias do esporte, e somente em 1930 se chegou a um conjunto de "regras internacionais", adotadas até hoje no mundo inteiro, com algumas modificações introduzidas ao longo do tempo, como de costume. Essas regras internacionais foram elaboradas graças aos esforços, em 1929, de um comitê internacional que contou com representantes dos países que compõem o Reino Unido e da Federação Internacional de Natação (FINA). Dentre outras coisas, esse comitê decidiu que a FINA seria a entidade reguladora do polo aquático, o que faz com que ele seja um dos poucos esportes coletivos a não ter uma federação internacional exclusiva.

Atualmente, uma equipe de polo aquático conta com sete jogadores, sendo, obrigatoriamente, um goleiro. Completam o time seis reservas, que podem entrar no jogo a qualquer momento: se a bola estiver em jogo, os jogadores devem entrar e sair por uma das áreas demarcadas do lado esquerdo de cada gol, conhecidas como área de substituição; se a bola estiver parada, podem entrar e sair por qualquer lugar da piscina. O "uniforme" dos jogadores se resume a uma touca própria, com um número impresso e protetores de ouvido acoplados; tradicionalmente, o time visitante joga com toucas brancas, enquanto o da casa joga com toucas de qualquer cor escura, exceto vermelho, pois as toucas vermelhas são exclusivas dos goleiros, que também devem, obrigatoriamente, usar os números 1 ou 13 - os demais jogadores podem usar qualquer número. Além da touca, os homens usam sungas e as mulheres usam maiôs, sendo vedado o uso de bermudões ou biquínis. Protetores bucais, tipo aqueles do boxe, são opcionais.

Dois dos jogadores da equipe possuem funções especiais. O primeiro, evidentemente, é o goleiro, único jogador que pode tocar na bola com as duas mãos ao mesmo tempo, e único que pode tocar os pés no fundo da piscina, se a profundidade permitir. Um goleiro pode sair jogando normalmente, desde que use apenas uma das mãos como os demais jogadores, mas jamais pode passar do meio da piscina. O outro jogador com função especial é o central, também conhecido como hole set, que é quem direcionará a jogada e arremessará a maioria das bolas para o gol. Exceto pelo goleiro, jogadores de polo aquático não possuem funções ofensivas ou defensivas fixas: quando o time está com a bola, todos se arrumam em posição de ataque; quando não a tem, todos se arrumam em posição de defesa.

A bola do polo aquático é inflável e coberta com uma borracha especial, impermeável e crespa, para permitir maior firmeza quando manipulada pelas mãos molhadas dos jogadores. A pressão da bola deve ser suficiente para que ela não afunde facilmente, apenas se for pressionada com força pelos jogadores - o que, aliás, é proibido, constituindo falta. Esse modelo de bola foi inventado apenas em 1936, pelo norte-americano James R. Smith - até então, as bolas encharcavam ao longo do jogo, se tornando progressivamente mais difíceis de se manusear - sendo adotada oficialmente para todas as competições internacionais a partir de 1956. Tradicionalmente, a bola é de cor amarela, adotada em 1948 para permitir maior visibilidade dos espectadores, mas em 2005 a FINA autorizou uma mudança para que ela tenha detalhes em outras cores, normalmente preto ou azul, para facilitar sua visualização no meio da água pelos jogadores. As bolas de polo aquático têm tamanhos diferentes para as modalidades masculina e feminina: no masculino, ela deve ter entre 68 e 71 cm, enquanto no feminino deve ter entre 65 e 67 cm. Em ambos os casos, ela deve pesar entre 400 e 450 gramas.

Cada jogador, à exceção do goleiro, só pode segurar a bola com uma das mãos de cada vez, embora possam passá-la de uma das mãos para a outra. Para conduzir a bola, os jogadores podem segurá-la com firmeza e nadar de costas, ou deixá-la sobre a água e nadar para a frente, empurrando-a com a água deslocada pelos braços e protegendo-a com os ombros. Esse segundo método é o preferido pelos jogadores, que normalmente só nadam de frente quando atacando, deixando para nadar de costas quando defendendo. O estilo de nado dos jogadores, em ambos os casos, é bastante diferente do da natação, já que, para nadar de frente, a cabeça fica o tempo todo fora da água, para melhor visualizar o campo de jogo, e os braços se movem com amplitude maior e mais rapidamente; já no nado de costas, o jogador fica quase sentado, fazendo um movimento de rotação com as pernas enquanto usa os braços em movimentos curtos e laterais, ao invés de longos e por sobre a cabeça. Além disso, como é proibido (e na maior parte das vezes impossível) tocar o fundo da piscina com os pés, os jogadores que estão "parados", como o goleiro, devem fazer um movimento circular contínuo com as pernas, sendo, ainda, capazes de conseguir um grande impulso para fora da água apenas com a força das pernas e girando o tronco, para pegar bolas altas e melhor arremessar a gol.

Para passar a bola para os companheiros, o jogador pode se utilizar de duas técnicas: no chamado "passe seco", a bola parte direto da mão de um jogador para a mão do outro, enquanto no "passe molhado" a bola é arremessada para cair na água, próxima ao jogador que a receberá, que então estica a mão e a alcança. No decorrer do jogo, o passe seco é mais utilizado, por propiciar maior velocidade, mas, na hora de passar a bola para o central, normalmente é usado o passe molhado, já que, se um jogador fizer um passe seco para o central e ele não conseguir dominar a bola, será considerado falta. Para arremessar a gol também existem várias técnicas. Nas preferenciais, o jogador projeta o tronco para fora da água antes de arremessar; após fazê-lo, ele pode optar por lançar a bola em linha reta, diretamente para o gol; por um lobby, que consiste em jogar a bola por cima do goleiro, para que ela passe entre o goleiro e o travessão; por um skip shot, no qual a bola é arremessada com força na direção da água, para quicar na superfície da água e enganar o goleiro; ou por um sidearm shot, com o qual a bola desliza na superfície da água após arremessada. Com qualquer uma dessas técnicas, o jogador pode fintar, ou seja, fingir que vai arremessar e continuar segurando a bola, para só depois arremessá-la realmente, no intuito de tirar um defensor ou o goleiro da jogada. É menos comum, mas um jogador também pode arremessar a bola direto para o gol sem se projetar para fora da água, o que, embora faça com que a bola saia com menos velocidade, normalmente engana os defensores, que não estão esperando pela jogada.

Uma partida de polo aquático é disputada em uma piscina que deve ter, no mínimo, 1,8 m de profundidade, sendo que, em jogos internacionais, ela costuma ter 2 metros ou mais. O intuito, evidentemente, é impossibilitar que os jogadores atuem de pé no fundo da piscina, obrigando-os a nadar. A área de jogo deve ter entre 10 e 20 metros de largura por entre 20 e 30 metros de comprimento, não podendo ser quadrada (20 x 20). Normalmente essa área de jogo não corresponde ao tamanho total da piscina, sendo delimitada na água por raias. Como no futebol, as traves do gol, que tem 3 metros de largura e 90 cm de altura, são posicionadas na linha de fundo, com o gol em si ficando fora do campo. Duas linhas imaginárias são marcadas por cores diferentes nas raias da linhas de lado ou por bandeirolas na borda da piscina, a linha de 5 metros e a linha de 2 metros - por exemplo, no espaço entre a linha de fundo e a linha de 2 metros, a raia lateral pode ser vermelha, entre a linha de 2 metros e a de 5 metros pode ser verde, e no restante da lateral pode ser amarela. O meio do campo também é marcado por uma bandeirola ou outro tipo de marcação na borda da piscina.

Uma partida de polo aquático dura 4 tempos de 8 minutos cada. O relógio só anda quando a bola está em jogo, parando, por exemplo, no intervalo entre o momento no qual um gol é marcado e a bola é reposta em jogo. É possível que uma partida termine empatada, mas, se for um jogo decisivo, que não pode termianr empatado, será jogada uma prorrogação de dois tempos de três minutos cada. Caso continue empatado, o jogo irá para a famosa "disputa de pênaltis": cada time escolhe cinco de seus seis jogadores que não são o goleiro, que, da linha de 5 metros, arremessarão, alternadamente, a bola em direção ao gol. Se, ao final dessas dez cobranças o jogo ainda estiver empatado, os jogadores passarão a se alternar nas cobranças, até que um faça o gol e o outro não. Cada time tem direito a dois pedidos de tempo, de um minuto cada, ao longo do jogo, e mais um caso o jogo vá para a prorrogação. Se a bola estiver em jogo, somente o time com a posse de bola pode pedir tempo, mas, se o relógio estiver parado, qualquer um dos dois pode.

No início de uma partida, a bola é colocada no centro do campo - pelo árbitro ou por um dispositivo flutuante especial, recolhido mecanicamente depois que os jogadores retiram a bola dele - e todos os jogadores se alinham em suas respectivas linhas de fundo, três do lado de cada gol e o goleiro no meio. Quando o árbitro autoriza, todos, exceto os goleiros, saem nadando em direção à bola, e quem a dominar primeiro começa atacando, normalmente fazendo um passe para um companheiro. Após um gol, os jogadores e posicionam próximos ao meio do campo, e o árbitro entrega a bola ao jogador do time que sofreu o gol mais próximo do centro. O jogo recomeça assim que ele passar a bola para um companheiro, o que obrigatoriamente deve ser feito com um passe para trás.

Um time que tenha a posse de bola é obrigado a arremessá-la em direção ao gol dentro de 30 segundos. Caso um oponente seja excluído (veja adiante) ou caso a bola seja arremessada, bata nas traves ou no goleiro, e retorne para o time que estava atacando, esse relógio zera, e o time ganha mais 30 segundos. Caso esses 30 segundos estourem, a posse de bola passa imediatamente para o adversário que estava mais próximo do jogador que tinha a posse.

Caso a bola saia do campo de jogo pela linha lateral, a posse será dada para o time que não a colocou para fora, no local onde ela saiu. Se o ataque fizer a bola sair pela linha de fundo, a posse de bola recomeça com o goleiro do time que então estava defendendo. Se a bola bater no goleiro antes de sair pela linha de fundo, um dos jogadores do time atacando receberá a bola próximo à borda da piscina, sobre a linha de 2 metros, com todos os demais jogadores devendo ficar atrás dessa linha; ele então a passará para um de seus companheiros. Falando nisso, a linha de 2 metros impõe uma espécie de regra do impedimento: nenhum jogador que estiver entre a linha de 2 metros e o gol poderá recebê-la de um companheiro que esteja atrás dessa linha, embora nada impeça um jogador de receber a bola antes da linha de 2 metros e nadar para depois dela com a bola em sua posse, nem que um jogador que já esteja com a bola entre a linha de 2 metros e o gol a passe para um companheiro em qualquer lugar do campo.

O polo aquático é um esporte de intenso contato físico, e a marcação de faltas é muito comum. Na verdade, a marcação de faltas é tão comum que o jogo nem para quando uma falta simples é marcada, prosseguindo imediatamente com a resolução da jogada. As faltas podem ser de três tipos, sendo as simples as mais usuais; uma falta simples ocorre quando um jogador tenta impedir o movimento de um adversário, empurrando-o, entrando na frente dele de propósito, enfiando o braço por cima do ombro dele, ou qualquer coisa desse tipo. Quando uma falta simples é cometida pela defesa, o jogador faltoso deve se afastar do que sofreu a falta, e o que tem a bola (normalmente o mesmo que sofreu a falta) deve passá-la para outro jogador de seu time imediatamente, não podendo arremessá-la em direção ao gol, a menos que esteja atrás da linha de 5 metros. Essa regra causa duas situações corriqueiras: primeiro, um jogador de defesa que "cola" no central, fazendo falta de propósito toda vez que ele recebe a bola, para obrigá-lo a passá-la para outro jogador ao invés de arremessá-la para o gol; segundo, centrais que sabem que receberão muitas faltas tentam se posicionar o mais perto possível da linha de 5 metros sem ultrapassá-la, para poder arremessar direto para o gol ao sofrer uma falta. Caso o jogador opte por arremessar para o gol após sofrer uma falta, deverá fazê-lo em um movimento contínuo, sem poder fintar. Quando uma falta simples é cometida pelo ataque, a posse de bola passa imediatamente para o jogador que recebeu a falta, que então deve passá-la para um companheiro ou tentar arremessá-la para o gol, se estiver atrás da linha de 5 metros.

Se um jogador segurar, afundar, puxar, subir em cima ou jogar água propositalmente no rosto de um adversário, será marcada uma falta grave. O jogador que comete uma falta grave deverá sair da piscina e sentar na área de punição durante 20 segundos, até seu time tomar um gol, ou até seu time recuperar a posse de bola, o que ocorrer primeiro. Se a falta grave for cometida por um jogador do ataque (o que é bastante raro), a posse de bola também passa para o adversário que sofreu a falta. Essa situação, quando um time atua com um jogador a menos, é chamada man up ("homem a mais"), e impedir um time que está com um homem a mais de fazer um gol é uma grande conquista para a defesa. Um jogador que cometa repetidas faltas simples ou apresente comportamento antidesportivo também pode ser punido pelo árbitro com uma exclusão de 20 segundos, e um que cometa três faltas graves está excluído do jogo de vez, não podendo mais voltar, mas podendo ser substituído por um reserva após os 20 segundos, o gol ou a recuperação de posse de bola.

Se uma falta grave for cometida entre a linha de 5 metros e o gol, e o árbitro considerar que a falta impediu um lance claro de gol, ao invés de com o man up, ela será punida com um pênalti. O jogador que sofreu a falta se posicionará sobre a linha de 5 metros, e o goleiro sob o travessão, no exato centro do gol. Todos os demais jogadores devem ficar atrás da linha dos 5 metros, e a uma distância mínima de 2 metros do que vai cobrar o pênalti. Quando o juiz autorizar, o que está cobrando o pênalti deverá lançar a bola para o gol em um movimento contínuo, sem poder fintar e sem pode cruzar a linha de 5 metros antes de a bola sair de sua mão.

O terceiro tipo de falta são as faltas brutais, as mais graves e de punição mais severa - e de nome mais legal, tão legal que, na minha opinião, deveria ser estendido para todos os outros esportes. Um jogador incorre em uma falta brutal quando atinge propositalmente um oponente com um soco ou chute, quando insiste em apresentar comportamento antidesportivo, ou quando joga água propositalmente no árbitro - embora eu, mesmo tendo vontade, nunca tenha visto isso. Um jogador punido por uma falta brutal também é excluído pelo restante da partida, mas seu time só pode substituí-lo por um reserva após quatro minutos, nunca antes disso.

Uma partida de polo aquático é oficiada por três árbitros, que ficam do lado de fora da piscina. Dois deles ficam na linha de fundo, e têm como principal função validar gols. O árbitro principal caminha na borda da piscina junto à bola, e é responsável pela marcação das faltas. Ser árbitro de polo aquático é um trabalho ingrato, já que a intensa movimentação na água impede que o árbitro veja faltas cometidas sob ela, como chutes, agarrões e puxões na roupa de banho. Além disso, alguns jogadores espertalhões são mestres em fingir que estão sofrendo faltas graves quando há um adversário por perto, para forçar sua exclusão. Por causa disso, há quem defenda o uso de câmeras subaquáticas para auxiliar os árbitros, projeto que ainda não foi autorizado, embora tais câmeras já sejam usadas durante a transmissão do esporte pela TV. Assim como em outros esportes, os árbitros são auxiliados por uma mesa, que controla o placar, o relógio, o número de exclusões de cada jogador e as substituições.

Como já foi dito, o polo aquático é regulado pela Federação Internacional de Natação, embora nem todos os seus membros tenham equipes de polo aquático ou disputem seus campeonatos. O Brasil possui equipes de polo aquático masculina e feminina, e até um bom campeonato de clubes, mas esse esporte em nosso país ainda é essencialmente amador, e não costuma conseguir bons resultados internacionais. As principais seleções de polo aquático masculino do mundo são as europeias, em especial Sérvia, Hungria e Itália. No feminino, as principais seleções são as dos Estados Unidos, Austrália e Holanda.

O polo aquático possui nada menos do que quatro campeonatos de renome. O principal deles, evidentemente, são os Jogos Olímpicos, de cujo programa o polo aquático masculino faz parte desde 1900, não tendo ficado de fora de uma única edição desde então. Já o feminino estrearia exatamente um século depois, em 2000. A Hungria é o país mais bem sucedido no masculino, com um total de nove ouros, incluindo o atual tricampeonato (2000-2004-2008), seguido de Itália e Grã-Bretanha, que têm quatro ouros cada - embora o último da Grã-Bretanha tenha sido conquistado em 1920. No feminino, cada edição disputada até agora teve um campeão diferente, com Austrália, Itália e Holanda cada um ganhando um ouro. O Brasil já participou seis vezes no masculino, sendo a última em 1984, mas ainda não estreou em Olimpíadas no feminino.

O segundo campeonato mais importante do polo aquático é o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos, evento realizado pela FINA desde 1973, de início a intervalos irregulares, mas atualmente a cada dois anos, sempre no ano seguinte a uma Olimpíada ou Copa do Mundo de Futebol. O Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos reúne eventos da natação, saltos ornamentais, nado sincronizado e o equivalente a um campeonato mundial de polo aquático masculino, realizado desde a primeira edição, e feminino, realizado desde 1986. No masculino, o atual campeão é a Sérvia, que, herdando um título de Sérvia e Montenegro e dois da Iugoslávia, é o maior campeão do evento com quatro, seguida de Hungria, Itália, Espanha e União Soviética com dois cada, e Croácia com um. No feminino, Estados Unidos, Hungria e Itália têm dois títulos cada, e Austrália e Holanda têm um. Como o Mundial tem mais vagas que as Olimpíadas, a participação do Brasil, tanto no masculino quanto no feminino, é mais frequente, mas nosso país jamais conseguiu um resultado expressivo no evento.

Em seguida temos a Copa do Mundo de Polo Aquático, evento criado em 1979 para ser o "mundial solto" do esporte, tanto no masculino quanto no feminino. Realizado a cada dois anos até 1999, naquele ano o campeonato teve um intervalo de três, para que a edição seguinte fosse realizada em 2002, e desde então é realizado a cada quatro anos, sempre no mesmo ano da Copa do Mundo de Futebol - a mudança para um intervalo de tempo maior visava aumentar sua importância, já que campeonatos disputados a cada quatro anos costumam ser mais valorizados que aqueles em intervalos menores. No masculino, o maior campeão da Copa do Mundo de Polo Aquático é a Sérvia, com quatro títulos (sendo mais uma vez um conquistado como Sérvia e Montenegro e dois como Iugoslávia), seguido de Hungria e Rússia com três (sendo dois da Rússia conquistados como União Soviética). No feminino, a Holanda é absoluta, com oito títulos, seguida da Austrália, com três, e dos Estados Unidos, com dois.

Finalmente, temos a Liga Mundial de Polo Aquático, disputada anualmente desde 2002 no masculino e 2004 no feminino. Criada para aproveitar um momento de crescimento na popularidade do esporte - e tentar aumentá-la ainda mais - a Liga Mundial de Polo Aquático tem um formato semelhante ao da Liga Mundial de Vôlei, com as equipes que a disputam sendo convidadas pela FINA, ao invés de qualificadas em outros eventos, e uma primeira fase disputada nos próprios países que a disputam, sendo a fase final em uma cidade pré-escolhida. A Liga Mundial também tem regras especiais para aumentar a emoção, como quartos de nove minutos ao invés de oito, e indo direto para a disputa de pênaltis se o jogo terminar empatado. No masculino, o maior campeão é mais uma vez a Sérvia, com cinco títulos (sendo dois como Sérvia e Montenegro), seguido pela Hungria, com dois, e por Montenegro e Rússia, com um cada. Sérvios e Montenegrinos, aliás, são absolutos na competição, subindo ao lugar mais alto do pódio todo ano desde 2005. No feminino, os Estados Unidos têm cinco títulos, e Rússia e Grécia, um cada. O Brasil, que eu saiba, nunca foi convidado a disputar a Liga.

0 Comentários:

Postar um comentário