sábado, 26 de janeiro de 2008

Escrito por em 26.1.08 com 0 comentários

Hóquei

É raro, mas de vez em quando eu fico sem assunto para escrever aqui no átomo. No início isto era mais freqüente, e eu costumava preencher o espaço com letras de música. Depois do advento dos posts em várias partes, passei a me programar, escolhendo o tema de cada semana com várias de antecedência, e o problema foi minimizado. Ainda assim, às vezes o "prazo fatal" vai se aproximando, e eu não faço a menor idéia do que escrever. Nestas ocasiões, costumo ler o meu Perfil, para ver o que está escrito nele que ainda não foi abordado em posts, mas algumas vezes não me dá vontade de escrever sobre nenhum destes temas. Como hoje, por exemplo.

Hoje, porém, acabei encontrando um tema meio que sem querer. Quando vi que não tinha vontade de escrever sobre nada do meu Perfil, decidi que iria escrever sobre algum esporte. Afinal de contas, eu adoro esportes, e, tirando os posts das Olimpíadas, este é um assunto que não dá as caras por aqui com muita freqüência. A princípio pensei em escrever sobre punhobol - idéia que ainda não foi totalmente descartada - mas depois, em um lampejo, decidi escrever sobre hóquei.

Hóquei na GramaNão que eu seja especialmente fã de hóquei, até porque este esporte não costuma ser transmitido por aqui. O motivo que me levou a escolhê-lo como tema foi um comentário de um amigo: "toda vez que se fala em hóquei, em penso em hóquei no gelo". De fato, aposto que muitos de vocês também fazem esta associação, já que, em parte por causa da NHL, o hóquei no gelo realmente é mais famoso por aqui. Ele não é, porém, o hóquei original: este é jogado em um campo gramado, parecido com o de futebol, evidentemente sem patins, e com uma bolinha ao invés de um disco. Em países onde é necessário diferenciar o hóquei original de alguma variação, como o do gelo, ele costuma ser chamado de hóquei na grama - ou, em países de língua inglesa, field hockey, ou "hóquei de campo".

O hóquei é considerado o esporte coletivo mais antigo da história: embora não se possa precisar quando o ser humano começou a tentar acertar uma bolinha dentro de um gol usando um taco, existem registros de que esportes semelhantes eram praticados no Antigo Egito há mais de 4.000 anos. Ao longo dos séculos, esportes deste tipo foram praticados na Arábia, Pérsia, Etiópia e nos Impérios Azteca e Romano, até que, na Idade Média, um verdadeiro batalhão deles se espalhou por toda a Europa, cada um com um nome diferente. A primeira menção ao nome hockey data de 1527, uma referência nos estatutos de Galway, uma cidade da Irlanda, à época parte da Grã-Bretanha, onde o jogo era proibido por atrapalhar o trabalho alheio e treinos de arqueiria (pois é). Ninguém sabe de onde veio o nome hóquei, mas especula-se que pode ter sido uma corruptela de comocke, o nome de um dos jogos aparentados com ele que era muito popular na Irlanda na época. Outra teoria diz que hóquei deriva de hook, palavra inglesa para "gancho", talvez pelo formato curvo do taco.

Seja lá de onde veio o nome, o fato é que a imensa popularidade do hóquei na Europa começou a decair com o passar dos anos, até que, no século XIX, torneios intercolegiais disputados na Inglaterra acabaram reacendendo o interesse da população, e os primeiros clubes de hóquei começaram a surgir, começando pelo Blackheath, fundado em 1849. Mas o esporte era bem diferente do que conhecemos hoje, com mais contato físico, e usando um campo bem maior e um cubo de borracha ao invés de uma bola. A versão moderna do jogo só surgiria em 1871, quando os sócios do Clube de Críquete de Teddington procuravam uma atividade esportiva para o inverno, quando o críquete não era praticado. Tentando criar um novo esporte, eles misturaram as regras do hóquei com as do futebol, e usaram uma bola e um campo de críquete, que era o que tinham à mão. A primeira codificação das regras do hóquei foi feita em 1874, e em 1886 surgiu a Hockey Association, que congregava sete clubes de Londres e um de Cambridge.

Assim como ocorria com outros esportes, especialmente o futebol, nem todos os clubes concordaram em adotar as mesmas regras, principalmente o Blackheath, que insistia em jogar pelas regras antigas. Isto foi um obstáculo à popularização do jogo, já que torneios eram relativamente raros, e a Hockey Association não conseguia mais membros. A colonização, porém, daria uma mãozinha ao esporte: no final do século XIX, levado pelo exército, o hóquei alcançou grande popularidade em todo o Império Britânico, e jogos internacionais começaram a ser disputados em 1895. Em 1908, os organizadores das Olimpíadas de Londres conseguiram incluir o hóquei no programa, o que contribuiu para que o esporte pouco a pouco se espalhasse por toda a Europa. No ano seguinte, as associações de hóquei da Inglaterra, Bélgica e França decidiram se unir e criar uma associação internacional, mas a Federação Internacional de Hóquei (FIH) só surgiria em 1924, por iniciativa de Paul Léautey, presidente da associação francesa, que se chateou pelo esporte não ter sido incluído no programa dos Jogos de 1924, em Paris. No início, a FIH contava com apenas 7 membros, mas este número foi crescendo ao longo dos anos, e hoje já são 112, incluindo o Brasil.

No início, o hóquei masculino era dominado pela Índia e pelo Paquistão, ambos ex-colônias britânicas, com a Índia ganhando seis medalhas de ouro olímpicas consecutivas entre 1928 e 1956, até ter sua seqüência interrompida pelo Paquistão em 1960. A partir de 1976, o domínio destes países foi caindo devido a uma questão técnica: os campos de grama natural foram gradativamente substituídos por grama sintética, que deixa o jogo mais veloz. Como a maioria dos campos na Índia e no Paquistão é de grama natural, mais barata, eles acabaram ficando com uma certa desvantagem, e as potências do esporte passaram a ser a Alemanha, Holanda e Austrália, tanto no masculino como no feminino. O segundo torneio mais importante do hóquei após as Olimpíadas é a Copa do Mundo de Hóquei, disputada pela primeira vez em 1971 no masculino e 1974 no feminino. No início, o torneio ocorria em intervalos irregulares, mas atualmente é disputado a cada quatro anos. No masculino o maior vencedor é o Paquistão, com quatro títulos, e no feminino é a Holanda, com seis. No Brasil o esporte ainda está em desenvolvimento, de forma que todos os atletas são amadores, e o país não consegue resultados expressivos - no último Pan-Americano, por exemplo, terminou em último perdendo todos os jogos, tanto no masculino quanto no feminino.

o campoO hóquei pode parecer exótico, mas é um esporte fácil de ser compreendido, e até bastante parecido com o futebol. É disputado em um campo de 91,4 por 55 metros, dividido no meio por uma linha. Centralizado nos cantos menores fica um gol, de 2,14 metros de altura por 3,66 de largura; a 14,63 metros do gol há um semicírculo que o circunda, conhecido como linha de tiro ou arco; e a 22,9 metros do gol fica uma linha conhecida como "linha de 23 metros". Se você achou as medidas meio quebradas, não se assuste: como o hóquei foi criado na Inglaterra, as medidas eram em Unidades Imperiais, como pés e jardas; em 2000 a FIH as converteu para metros, mas manteve as mesmas distâncias. Nos principais torneios, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, o campo é forrado com grama sintética, mas em algumas competições ainda são utilizados gramados naturais. Uma partida de hóquei dura dois tempos de 35 minutos cada, sendo que, assim como no futebol, o relógio não pára.

Um time de hóquei é composto de 11 jogadores em campo e 5 reservas. Por incrível que pareça, não há nas regras exigência de posição para nenhum deles - um time pode até atuar sem goleiro, se quiser - mas os times costumam atribuir aos jogadores posições de defesa, meio-de-campo e ataque, e de vez em quando líbero. A quantidade de jogadores em cada posição depende do esquema defensivo/ofensivo do time, mas os jogadores de hóquei costumam ser bem menos especializados que os de futebol ou rugby, de forma que mudar a formação no decorrer de uma partida é relativamente simples. As substituições são ilimitadas e podem ser feitas a qualquer momento, exceto durante um pênalti.

Cada jogador - inclusive o goleiro - atua munido de um taco, que pode ser feito de madeira, fibra de vidro, fibra de carbono ou até mesmo kevlar, mas nunca metal ou plástico. O taco tem 90 cm de comprimento e uma curvatura na ponta, que o deixa parecido com um J. Os jogadores usam este taco para conduzir uma bola de 75 mm de diâmetro, feita de cortiça envolvida em plástico duro, até o gol, que em todos os aspectos exceto o tamanho é igual ao do futebol. Graças a rígidas regras visando a segurança dos jogadores, nenhuma proteção extra além do uniforme é requerida, embora alguns jogadores usem protetores bucais semelhantes aos do boxe para evitar qualquer eventualidade. Os goleiros, por outro lado, devem usar capacete com grade e protetores para as pernas e pés, além de protetores para os seios no caso das mulheres; opcionalmente, os goleiros podem vestir luvas e protetores peitorais, de pescoço, para os braços e para as genitais. Esta proteção extra é requerida porque o goleiro pode defender a bola com qualquer parte de seu corpo, e normalmente os jogadores não economizam força na hora de mandar a bola para o gol.

À exceção do goleiro, os jogadores só podem tocar a bola com o taco, mas se esta bater acidentalmente em alguma parte de seu corpo que não resulte em vantagem para o jogador, o jogo segue normalmente; por outro lado, interromper a trajetória da bola sem ser com o taco - com os pés, por exemplo - é considerado falta. Os jogadores que não têm a bola também devem usar o taco apenas para roubar a bola do adversário, não podendo bater com um taco no outro nem no corpo dos jogadores. A bola também deve sempre correr rente ao chão, exceto se um jogador a lançou em direção ao gol; erguer a bola é absolutamente proibido. Finalmente, um jogador só pode atirar a bola em direção ao gol de dentro do arco, e os goleiros podem sair do gol jogando, desde que usem somente o taco e não passem da linha de 23 metros. As regras possuem mais algumas sutilezas, mas o básico é isso: conduza a bola usando o taco e passando-a para seus companheiros até que um dos jogadores bata nela em direção ao gol. Para assegurar que as regras serão cumpridas, o jogo de hóquei conta com dois árbitros, ambos com a mesma autoridade, e com uma mesa, que cuida da cronometragem, placar e substituições.

Hóquei no GeloE como o hóquei foi parar no gelo? Bem, antes de falarmos do famoso hóquei no gelo, temos que fazer um pequeno desvio e falar de outro esporte aparentado com o hóquei, o bandy. Lá naquela época em que um monte de esportes com tacos se popularizou na Europa, alguns deles se chamavam bandy, palavra que significava "jogar as coisas para frente e para trás". Uma das versões do bandy era jogada não somente em gramados no verão, mas em lagos congelados no inverno. Com a codificação das regras do hóquei, o bandy passou a ser jogado apenas no inverno, e suas regras foram modificadas para fazer melhor uso do gelo. A primeira codificação das regras do bandy foi feita em 1891 pela National Bandy Association da Inglaterra, mas apenas em 1955 foi fundada a Federação Internacional de Bandy (FIB), que hoje conta com 21 membros, todos do hemisfério norte exceto a Austrália. A mais importante competição do bandy é o Campeonato Mundial, cuja versão masculina é disputada a cada dois anos desde 1957, com a União Soviética, 14 títulos, como a maior vencedora, seguida da Suécia com 8; e a feminina desde 2004, com a Suécia vencendo ambas as edições já disputadas. O bandy masculino foi esporte de demonstração na Olimpíada de Inverno de Oslo, em 1952, mas apenas três nações participaram, com a Suécia ganhando o ouro, a Noruega a prata e a Finlândia o bronze. Desde então a FIB luta para que o esporte seja integrado ao programa olímpico, mas ainda sem sucesso.

O bandy é jogado em um campo de gelo ao ar livre, de 90 a 110 por 45 a 65 metros; centralizado nos lados menores fica um gol de 2,1 metros de altura por 3,5 de largura, envolto em um semicírculo de 17 metros de raio a partir do centro do gol, que constitui a área. Todo o campo é cercado por uma parede de 15 cm de altura, que impede que a bola saia. Cada time de bandy tem 11 jogadores - sendo que um obrigatoriamente é o goleiro - e 4 reservas. Os jogadores vestem capacetes, protetores bucais e usam patins de gelo, e carregam um taco idêntico ao do hóquei, com o qual conduzirão a bola - também idêntica à do hóquei - em direção ao gol. Diferentemente do que ocorre com o hóquei, as regras do bandy permitem que os jogadores usem os patins para interromper a trajetória da bola, mas não para conduzi-la. Os goleiros podem defender a bola com qualquer parte do corpo, e dentro da área podem manipular a bola com as mãos - no bandy, aliás, os goleiros podem sair jogando normalmente, desde que usem apenas o taco. A única proteção obrigatória para os goleiros é uma grade no capacete, mas eles costumam usar várias outras proteções opcionais. Uma partida de bandy tem dois tempos de 45 minutos cada, sendo que o relógio não pára, e é oficiada por um único árbitro, auxiliado por dois assistentes que correm às laterais do campo.

Quando os imigrantes ingleses chegaram à América, trouxeram vários jogos semelhantes ao hóquei com eles. Assim como o bandy, um destes jogos era jogado no gelo ao invés de em um gramado. Esta variação do jogo se tornou especialmente popular no Canadá, onde o registro do primeiro jogo oficial data de 1875 em Montreal, embora registros não-oficiais relatem jogos que teriam ocorrido desde 1825. A primeira codificação das regras aconteceu em 1877 por estudantes da Universidade McGill, que batizaram o jogo de hóquei no gelo. Rapidamente o esporte se espalhou para os Estados Unidos, e voltou à Europa, onde se tornou um excelente passatempo para os meses de inverno. Em 1908 foi fundada a Federação Internacional de Hóquei no Gelo (IIHF, da sigla em inglês), que hoje conta com 65 membros.

acima: hóquei no gelo; abaixo: bandyComo o hóquei no gelo se desenvolveu totalmente separado de seu primo na grama, as regras ficaram bastante diferentes, de forma que a única semelhança entre ambos é o uso de um taco. O hóquei no gelo não é disputado ao ar livre, mas em um rinque, semelhante ao de patinação, de 60 por 30 metros, com os cantos arredondados, cuja marcação mais relevante são duas linhas azuis, cada uma a 9 metros da linha vermelha que divide o rinque em dois, e servem para delimitar a área de ataque de cada time. Todo o rinque é cercado por um muro de 1 metro de altura, que evita que o puck, um pequeno disco de borracha vulcanizada de 76 mm de diâmetro e 25,4 mm de altura que faz o papel da bola, saia do rinque. O mais curioso do rinque é que o gol - pequenininho, com 1,22 metro de altura por 1,83 de largura - não fica em seu final, mas a 4 metros do fim do rinque, ou seja, é possível passar por trás do gol jogando normalmente. Um jogo de hóquei no gelo tem três tempos de 20 minutos cada, com o relógio só andando quando o puck está em jogo.

Um time de hóquei no gelo é composto de seis jogadores: um goleiro, três atacantes (central, direito e esquerdo) e dois defensores. Cada time pode ter 12 reservas, mas apenas um destes pode ser um goleiro reserva. Cada jogador usa patins de gelo e carrega um taco de 1,63 metro de comprimento, com um final inclinado, semelhante a um L, de 32 cm, com o qual conduzirá o puck na direção do gol - um jogador pode usar os patins para aparar o puck, mas não para conduzi-lo. O hóquei no gelo é um esporte de bastante contato físico, portanto os jogadores devem usar capacetes, joelheiras, cotoveleiras, luvas e protetores bucais, de ombro, peito, pescoço, queixo e genitais. O goleiro usa a mesma proteção, mas reforçada, incluindo uma grade no capacete e um taco mais largo, o que faz com que ele seja talvez o atleta mais bem protegido de todos os esportes. O contato físico inerente ao esporte acabou deixando o hóquei no gelo com fama de esporte onde a porrada rola solta; realmente, na liga profissional norte-americana, a NHL, brigas entre os jogadores em pleno jogo são freqüentes, mas a IIHF condena veementemente esta postura, e jogadores que brigam durante torneios internacionais oficiais costumam ser punidos com firmeza.

Um jogo de hóquei no gelo é oficiado por quatro árbitros, sendo que dois têm a função de validar gols e marcar faltas, enquanto outros dois prestam atenção nas regras de impedimento e icing: segundo o impedimento, um jogador do time que tem a posse do puck não pode passar da linha azul que delimita sua área de ataque antes do puck passar por ela, e a regra do icing diz que um jogador não pode jogar o puck de trás da linha que divide o campo para trás da linha do gol. Ambas as situações são consideradas falta. Fora isso, as regras são as mesmas de sempre: use o taco para conduzir o puck até o gol.

O hóquei no gelo é esporte olímpico desde 1920, quando foi disputado na versão masculina nas Olimpíadas de Verão de Antuérpia; em 1924 passou a ser disputado nas Olimpíadas de Inverno, e nos Jogos de 1998 finalmente estreou a versão feminina. No início o esporte era dominado pelo Canadá, que ganhou os quatro primeiros ouros, mas depois a União Soviética repetiu a façanha, ganhando entre 1964 e 1976 - hoje, cada um tem sete títulos; no feminino, os Estados Unidos ganharam a primeira edição, e o Canadá as duas seguintes. O Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo é organizado pela IIHF desde 1920, e tem como maior campeão o Canadá, com 24 títulos, seguido da União Soviética com 22. No feminino, disputado a cada dois anos desde 1990, o Canadá ganhou 9 dos 10 títulos disputados, e os Estados Unidos ganharam o outro.

Hóquei sobre PatinsAlém destas versões no gelo, o hóquei também ganhou variações jogadas em quadras, começando pelo hóquei sobre patins. Que, curiosamente, quando foi inventado em 1878 na Inglaterra, não tinha as regras do hóquei, mas do pólo, e se chamava "roller polo". Apesar de contar com alguns entusiastas na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde chegou em 1882, o hóquei sobre patins só começou a se popularizar após a Primeira Guerra Mundial, e suas regras, já mais parecidas com as do hóquei que com as do pólo, só foram codificadas em 1924. Desde 1930 o hóquei sobre patins é regulado pela Federação Internacional de Esportes sobre Rodas (FIRS, da sigla em francês), a mesma que regula a patinação artística e em velocidade. Ao todo, 60 países, incluindo o Brasil, praticam o esporte, sendo que os mais fortes no masculino são Portugal, que tem 15 títulos no mundial disputado a cada dois anos desde 1936, e a Espanha, que tem 13 - o melhor resultado do Brasil foi o 4o lugar, conseguido em 1991 e 1995. O mundial feminino é disputado desde 1992, e Espanha e Argentina têm três títulos cada; o Brasil tem dois quarto lugares, em 1996 e 1998, e dois vice-campeonatos, em 2002 e 2004. O hóquei sobre patins masculino foi esporte de demonstração nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992 - a Argentina foi ouro, o Brasil terminou em 5o - e fez parte do programa dos World Games de 1981, 85, 89, 93 e 2001, com o Brasil ganhando a prata em 2001.

O hóquei sobre patins tem bem mais a ver com o hóquei na grama que com o no gelo: é um esporte de habilidade, onde qualquer contato físico mais forte é punido com faltas; por conta disso, os jogadores não usam qualquer equipamento de proteção além de joelheiras e luvas, apenas o goleiro usa um protetor peitoral e um capacete com grade ou tela de plástico. Os patins devem ser daquele modelo com quatro rodinhas, sendo duas de cada lado, e não podem ser usados para parar a bola. O taco tem entre 90 e 115 cm de comprimento, e o mesmo formato do taco do hóquei na grama, sendo que o taco do goleiro é mais curto. A bolinha é feita de borracha vulcanizada, com 23 cm de circunferência, e normalmente em uma cor que contraste com a da quadra, pois o esporte é rapidíssimo, e os espectadores costumam ter dificuldades para ver a bola. Um time de hóquei sobre patins tem 5 jogadores - um goleiro, dois atacantes e dois defensores - e 5 reservas, sendo que um deve ser um goleiro.

A quadra do hóquei sobre patins tem entre 34 e 44 metros de comprimento por entre 17 a 22 de largura, e é dividida no meio por uma linha. A 3 metros do fim da quadra fica a área, um quadrado de 9 por 5,4 metros, na borda posterior do qual fica o gol, de 1,05 metro de altura por 1,7 metro de largura - assim como no hóquei no gelo, é possível passar por trás do gol. Também como no hóquei no gelo, em volta de toda a quadra há um muro de 1 metro de altura, para evitar que a bola saia. Uma partida de hóquei sobre patins tem dois tempos de 25 minutos cada, onde o relógio só anda se a bola estiver em jogo. O jogo é oficiado por um único árbitro, auxiliado por uma mesa.

O hóquei sobre patins é freqüentemente confundido com um primo distante, o hóquei inline. Este, porém, é bem mais recente, tendo surgido na década de 1990 nos Estados Unidos, usa patins inline, aqueles onde as quatro rodinhas são no meio, uma atrás da outra, e é muito mais parecido com o hóquei no gelo: seus tacos são idênticos aos do hóquei no gelo, sua quadra é praticamente idêntica a um rinque sem gelo, e é usado até mesmo um puck, mas feito de plástico e mais leve. As regras também são basicamente as mesmas, com as seguintes diferenças: contato físico só é permitido em um nível mínimo, e apenas em roubadas de puck; cada time tem 5 jogadores, sendo um goleiro, e 5 reservas; e não existem as regras do impedimento e do icing. Uma partida de hóquei inline tem quatro tempos de 10 minutos cada, sendo que o relógio não pára.

O hóquei inline ainda sofre de um estranho caso de dupla personalidade, sendo regulado tanto pela IIHF quanto pela FIRS, que organizam cada uma seus próprios torneios, incluindo seu próprio mundial. Ambos os mundiais masculinos são disputados anualmente, o da FIRS desde 1995 com 10 títulos dos Estados Unidos, e o da IIHF desde 1996, com os Estados Unidos também sendo os maiores campeões, mas com 4 títulos, à frente de Finlândia e Suécia com 3; o mundial feminino só existe na versão FIRS, é disputado desde 2002, e Estados Unidos e Canadá têm 3 títulos cada. O hóquei inline masculino fez parte do programa dos World Games de 2005, com os Estados Unidos ganhando o ouro, e já está confirmado para os de 2009. O Brasil é filiado à IIHF, e é o atual campeão mundial da Division I masculina, uma espécie de "segunda divisão" do esporte.

acima: hóquei sobre patins, hóquei inline; abaixo: hóquei indoor, floorbolAlém destas duas versões a patins, existe uma versão "a pé", o hóquei indoor, criado na Alemanha na década de 1950 para que os jogadores de hóquei tivessem um passatempo no inverno, quando os campos estavam congelados. O hóquei indoor passou a ser regulado pela FIH em 1968, e os primeiros jogos internacionais foram disputados em 1972; desde então o esporte vem crescendo na Europa e no mundo, com 84 países, inclusive o Brasil, dentre seus praticantes, sendo os mais fortes a Alemanha, Bélgica e Holanda. A primeira Copa do Mundo de Hóquei Indoor foi disputada por homens e mulheres pela primeira vez em 2003, e será realizada a cada quatro anos; no masculino ambas as edições já realizadas foram vencidas pela Alemanha, e no feminino a primeira foi vencida pela Alemanha e a segunda pela Espanha. O hóquei indoor foi esporte convidado nos World Games de 2005, com a Alemanha ganhando ambos os ouros, e já está confirmado nos de 2009.

As regras do hóquei indoor são praticamente as mesmas do hóquei na grama, com as adaptações necessárias ao campo menor: a quadra tem de 36 a 44 por de 18 a 22 metros, o gol tem 2 metros de altura por 3 de largura, o arco circunda o gol a uma distância de 9 metros, e ao redor da quadra uma placa de 15 cm de altura impede a saída da bola. A bola e os tacos são idênticos aos do hóquei na grama, mas os jogadores não podem bater na bola, apenas apará-la e conduzi-la, exceto de dentro do arco, quando tentam marcar um gol. Um time de hóquei indoor tem 6 jogadores, sendo um goleiro, e 6 reservas, e uma partida dura dois tempos de 20 minutos cada. As demais regras são as mesmas do hóquei na grama.

Mas existe ainda um outro esporte de quadra, que não deve ser confundido com o hóquei indoor, o floorbol. Criado na Suécia no início da década de 70 para ser um "esporte escolar" inspirado no bandy, o floorbol rapidamente se espalhou pela Europa, e logo os primeiros campeonatos para adultos também começaram a ser disputados, o que levou à formação, em 1986, da Federação Internacional de Floorbol (IFF, da sigla em inglês), que hoje conta com 40 membros, inclusive o Brasil. O campeonato mundial de floorbol é disputado a cada dois anos, desde 1996 no masculino, com a Suécia ganhando todos os seis títulos, e desde 1999 (com uma edição inaugural em 1991) no feminino, com a Suécia também sendo a maior campeã, com três títulos. Em 1997, o floorbol masculino foi esporte convidado nos World Games de Lahti, e a Suécia também ganhou a medalha de ouro por lá. Além da Suécia, os países mais fortes no floorbol são Finlândia, Suíça e República Tcheca.

O floorbol é disputado em uma quadra bastante parecida com a do hóquei sobre patins, de 40 por 20 metros, em torno do qual há uma placa de 50 cm de altura, para evitar que a bola saia. A 3 metros do final da quadra fica a área, um quadrado de 5 por 4 metros, onde fica um gol de 1,15 metro de altura por 1,6 de largura. O objetivo todos vocês já sabem, é conduzir a bola com o taco até o gol, mas embora a bola e o taco lembrem os do hóquei, são exclusivos para este esporte: o taco é feito de plástico ou fibra de carbono, tem 99 cm de comprimento, a parte curva feita de plástico duro, lembra um taco de golfe, e é oco. A bola, de 72 mm de diâmetro, também é feita de plástico duro e é oca, com 26 furos de 11 mm ao seu redor, para facilitar a mobilidade. Cada time é composto por seis jogadores, sendo um goleiro, e 14 reservas, incluindo um goleiro reserva. Os jogadores, que podem usar os pés para parar a bola, mas não para conduzi-la, não usam qualquer equipamento além do taco; o goleiro veste proteções para as pernas, uma camisa acolchoada, luvas e um capacete com grade, mas curiosamente não tem direito a um taco, devendo colocar a bola em jogo com as mãos. Uma partida de floorbol tem dois tempos de 20 minutos, sendo que o relógio não pára, a não ser nos três minutos finais de cada tempo, quando só anda quando a bola está em jogo. A partida é oficiada por dois árbitros, ambos com a mesma autoridade.

Hóquei SubaquáticoFinalmente, vamos encerrar este post falando do hóquei mais exótico de todos, o hóquei subaquático. Este curioso esporte é jogado no fundo de uma piscina com de 1,8 a 3 metros de profundidade, onde é pintado um campo de jogo de 25 por 15 metros. Centralizado nos lados mais curtos fica o gol, parecido com uma caixa, de 20 cm de largura, 10 de altura e 3 metros de comprimento. O objetivo é simples: os jogadores devem submergir e usar seus tacos para jogar um puck dentro deste gol. Uma partida de hóquei subaquático tem dois tempos de 15 minutos cada, durante os quais o relógio não pára.

Cada time é composto por seis jogadores, divididos entre atacantes e defensores, e quatro reservas. Como jogar o puck dentro do gol debaixo d'água já é complicado o suficiente, não existe goleiro. O equipamento é estritamente controlado para que os jogadores não aumentem seu peso, o que facilitaria permanecer submerso: toucas parecidas com as do pólo aquático, óculos de mergulho, pés-de-pato, snorkels e o taco; além destes itens, o "uniforme" de jogo não pode ser mais do que uma sunga para os homens ou um maiô para as mulheres, exceto pelo uso de luvas, que são opcionais. O taco é curto, com 25 cm de comprimento e a ponta curva, e feito de plástico; deve ser leve a ponto de flutuar, e cada time deve usar tacos de cor diferente, normalmente um branco e o outro preto. O puck tem 8 cm de diâmetro, 3 cm de altura, e pesa 1,5 Kg, pois é feito de chumbo envolvido em plástico rosa fluorescente, para facilitar a visualização.

O hóquei subaquático é um esporte de fôlego: os jogadores devem tomar ar, submergir, fazer as jogadas que conseguirem, e subir para respirar - os momentos mais curiosos são os inícios e reinícios, quando o puck é colocado no meio da área de jogo e os jogadores, cada um com a mão no canto onde fica seu gol, saem nadando para ver quem irá alcançá-lo primeiro. Qualquer contato físico intencional é expressamente proibido, assim como tocar no puck com a mão livre ou usá-la para atrapalhar os demais jogadores – mas bloquear um taco com outro é permitido. Curiosamente, mas também bastante óbvio, dois dos árbitros se revezam embaixo d'água para poder tomar conta do que está acontecendo, enquanto um outro fica andando pela borda da piscina, e serve como auxílio aos outros dois e como comunicação entre eles e a mesa. Para que o público possa acompanhar o jogo sem ter que entrar na água, várias câmeras são espalhadas pela piscina, e suas imagens são mostradas em telões ao redor desta.

O hóquei subaquático foi inventado em 1954 por um grupo de mergulhadores de um clube da Inglaterra, que no início o tratavam como um passatempo, mas naquele mesmo ano decidiram codificá-lo. Durante muito tempo a Marinha Britânica o utilizou como treinamento de fôlego, e assim, em 1962, ele acabou chegando ao Canadá e à Austrália. Embora nunca tenha se tornado um esporte muito popular, o hóquei subaquático é bastante praticado em clubes ao redor do mundo, e regulado desde 1975 pela Confederação Mundial de Atividades Subaquáticas (CMAS), uma espécie de federação internacional de todos os esportes disputados embaixo d'água. Atualmente, 44 países praticam profissionalmente este esporte, cuja competição mais importante é o campeonato mundial, disputado a cada dois anos desde 1980. As nações mais fortes são a Austrália - nove vezes campeã mundial no masculino e sete no feminino – o Canadá e a Nova Zelândia.

Bem, é isso. Ficou um pouco grande, mas são oito esportes pelo preço de um. É claro que estes não são os únicos esportes com hóquei no nome, nem os únicos que usam tacos para jogar uma bola ou disco dentro de um gol, mas com certeza são os mais famosos. E até que eu consegui bastante assunto para um post onde eu não tinha nenhum.

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