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quarta-feira, 11 de março de 2009

Escrito por em 11.3.09 com 0 comentários

Tormenta

Hoje eu estou escrevendo o tricentésimo post do átomo. Se eu dissesse que jamais esperava chegar a este ponto, estaria mentindo, porque desde o post 250 que eu faço planos para o 300. Nada muito elaborado, apenas um assunto sobre o qual eu queria falar há tempos, mas que estava guardando para esta ocasião especial. Quem prestou atenção nas categorias deve ter percebido que eu deixei lá uma dica do que seria. Não, a categoria Tormenta não está lá à toa. Ela foi criada porque hoje é dia de Tormenta no átomo. E também para aproveitar e juntar tudo o que foi inventado pelo Trio Tormenta em uma categoria só. Mas o motivo principal mesmo é o post de Tormenta, então vamos a ele!

Guia do JogadorPara quem não sabe, Tormenta é um RPG. Mais que isso, é um RPG nacional. Mais ainda, é o RPG nacional mais jogado de todos os tempos. Há quem diga, inclusive, e eu acredito, que ele é o RPG mais jogado do Brasil, mais até do que qualquer importado. Mas, mais do que isso tudo, ele é um RPG muito legal, com uma ambientação de primeira, personagens carismáticos, e livros muito bem escritos. E, por incrível que pareça, começou da forma mais despretensiosa possível, como um apanhado de vários cenários, personagens e aventuras criados para outros RPGs pelos autores Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan - desde então conhecidos como o Trio Tormenta.

Tudo começou na finada revista Dragão Brasil, durante muito tempo a melhor - e única - revista de RPG do país. Além de apresentar resenhas de livros de RPG, a Dragão Brasil também trazia material próprio, como aventuras, personagens e cenários, que podiam ser usados por mestres e jogadores em suas campanhas. Já na primeira edição, por exemplo, foi apresentado o personagem Mestre Arsenal, um colecionador de armas e itens mágicos que poderia ser introduzido como vilão em campanhas de AD&D ou GURPS.

Diferentemente de outras publicações do gênero, a Dragão Brasil se mostrou surpreendentemente longeva, e, em 1999, ao chegar à edição número 50, merecia alguma matéria especial. Cassaro, Trevisan e Saladino, então, tiveram a idéia de reunir todo o material inventado por eles ao longo destas 50 edições, que até então era genérico, e reunir tudo em um único cenário de campanha - um único mundo, como se costuma dizer. Nascia assim o mundo de Arton, ameaçado por um perigo que talvez nem seus maiores heróis pudessem derrotar: a Tormenta, uma tempestade rubra que arrasa tudo por onde passa, trazendo seres inimagináveis, chuva ácida, destruição e morte.

"Arton" não é o nome de um planeta, mas de um grande continente - e, até bem pouco tempo, quando foi descoberta a Ilha de Moreania, este continente representava todo o mundo conhecido por seus habitantes. O mundo de Arton é de fantasia medieval, ao estilo D&D e Senhor dos Anéis, mas com algumas característica únicas, como a presença de armas de fogo que usam pólvora - clandestinas, pois a pólvora, ao contrário da magia, é proibida por ser considerada muito imprevisível e perigosa. A maior parte da população de Arton é humana, mas com eles convivem outras raças características de fantasia medieval, como elfos, anões, halflings, minotauros, sprites, centauros e dragões.

A porção norte do continente de Arton, conhecida como Remnor, abriga o Reinado, um conjunto de 27 reinos, cada um com suas características próprias, cidades e povoados únicos. Embora cada reino possua seu monarca ou governante, o Imperador-Rei Thormy, monarca do reino de Deheon, é, para todos os efeitos, o governante do Reinado. Além de reinos curiosos, como Tapista, o reino dos minotauros, e Collen, onde todos os habitantes possuem olhos mágicos, Remnor ainda abriga lugares de grande perigo, como o Deserto da Perdição, as Montanhas Sanguinárias e a ilha de Galrasia.

ArtonJá a porção sul de Arton, chamada Lamnor, não tem reinos humanos, embora um dia tenha contado com eles e com a cidade de Lenórienn, antiga morada dos elfos, hoje destruída e ocupada. Isso porque Lamnor é o lar da Aliança Negra, um imenso exército de goblins, hobgoblins, ogros, orcs e outras criaturas, lideradas pelo genreal bugbear Thwor Ironfist. Nascido sob a égide de uma profecia e aparentemente invencível, Ironfist planeja marchar com suas tropas por sobre o Reinado, governando toda Arton em nome dos goblinóides.

Além de Thwor Ironfist, vários outros vilões ameaçam a segurança do reinado diariamente, como o já citado Mestre Arsenal; o assassino Camaleão, que tem a capacidade de mudar de aparência; ou o dragão vermelho Sckhar, megalomaníaco governante do reino de Sckharshantallas. Mas nenhum perigo é tão iminente, devastador e temido quanto a Tormenta. Tudo começa com nuvens vermelhas, que se formam aparentemente sem motivo sobre uma área qualquer. Depois vem a chuva ácida, e criaturas que a mente humana não consegue conceber caem dos céus. Em poucos momentos, o local se transforma em uma Área de Tormenta, um local tão perigoso que apenas os mais poderosos aventureiros ousam desafiar.

Até recentemente, com a infeliz exceção do reino oriental de Tamu-Ra, nenhuma área de Tormenta havia oferecido um perigo real ao Reinado, sempre aparecendo em áreas remotas ou pouco importantes. Cada vez mais, porém, a tempestade vermelha se aproxima de Deheon, e a cada dia novos e aterrorizantes fatos sobre ela são revelados, que podem levar pânico à população se divulgados em larga escala. Arton pode ser um mundo medieval típico, com todos os perigos e aventuras que um mundo desses pode oferecer, mas a Tormenta é um ingrediente único e interessantíssimo, e uma das causas do cenário ser tão bem sucedido.

Com tantos perigos à espreita, aventureiros em Tormenta têm muito o que fazer. Mas, se não quiserem desafiar a Tormenta, enfrentar a Aliança Negra ou roubar um artefato do Mestre Arsenal, os jogadores ainda podem se envolver em aventuras mais usuais, como resgatar uma princesa, derrotar um lorde morto-vivo ou fechar um portal planar para outra realidade. As possibilidades são inúmeras, e durante as aventuras os personagens jogadores ainda podem conhecer, cooperar com ou até mesmo lutar ao lado dos personagens mais famosos do cenário, como o Protetorado do Reino, a elite dos aventureiros de Deheon; Talude, o Metsre Máximo da Magia; o temido pirata James K; Katabrok, o bárbaro; ou o mago Vectorius, tão poderoso que usou sua magia para arrancar uma montanha do chão, construir uma cidade sobre ela, e fazer com que a tal cidade viaje pelo Reinado, funcionando como mercado itinerante.

Na forma de um pequeno livro ofertado como brinde na compra da edição 50 da DB, a primeira edição de Tormenta era um cenário multissistemas, que podia ser usado com as regras de AD&D, GURPS ou 3D&T, o sistema "caseiro" da DB, também inventado por Cassaro. Embora a maior parte do material fosse "reciclado", Tormenta se mostrou um grande sucesso, com a edição 50 rapidamente se esgotando das bancas, e algumas pessoas até vendendo o brinde separadamente da revista. Por conta dessa alta vendagem, já na edição 54 da DB, Tormenta ganharia seu primeiro suplemento: também distribuído como brinde na compra da revista, O Panteão trazia os deuses do cenário, com regras próprias para seus clérigos e adoradores. Paralelamente a isso, Marcelo Cassaro decidiu lançar uma série em quadrinhos, Holy Avenger, ambientada no mundo de Arton e com a presença de vários personagens citados no livro de Tormenta. Holy Avenger fez um sucesso ainda maior, e ajudou a divulgar o RPG entre os fãs de quadrinhos.

Shivara Sharpblade lidera um exército contra a TormentaAnimados com tanto sucesso, os editores da DB passaram a publicar mais material para o cenário a cada edição da revista, o que se mostrou uma decisão controversa: a cada mês, mais eram as pessoas que reclamavam que a DB publicava matérias demais para seu próprio cenário, mas ainda em maior quantidade eram as que pediam ainda mais material para ele. Para tentar contrabalançar as coisas, os editores decidiram lançar uma nova revista, também chamada Tormenta, focada exclusivamente no cenário, para que a DB pudesse se concentrar em outros assuntos. Curiosamente, a revista Tormenta durou apenas 17 edições, sendo cancelada por decisão da editora, o que fez com que o novo material se concentrasse novamente na DB.

Como o cenário era uma verdadeira "colcha de retalhos", muitas pontas também precisavam ser aparadas, o que levou ao lançamento de uma segunda edição de Tormenta, esta vendida separadamente nas bancas, no formato de um pequeno livro, e com regras apenas para o 3D&T, para evitar problemas de copyright. Esta segunda edição trazia todo o conteúdo da primeira e de O Panteão revisados, além de algumas informações novas. Ao longo dos anos seguintes, Tormenta também ganharia seis novos suplementos: o Manual do Aventureiro, com novas opções para os personagens jogadores; o Manual dos Monstros, com a descrição de várias criaturas fantásticas do mundo de Arton; Holy Avenger 3D&T, uma adaptação da aventura dos quadrinhos; e O Reinado, três volumes que descrevem todos os reinos do cenário; além de um Escudo do Mestre, que também veio de brinde na DB. Em 2001, Tormenta ganhou uma terceira edição, desta vez com capa dura e vendida em livrarias, publicada pela Editora Daemon, e que também trazia regras para o sistema próprio da editora. Em 2004 foi a vez da "edição turbo", novamente vendida em bancas de jornal e com regras para 3D&T.

Com a chegada da terceira edição de D&D, que permitia que qualquer editora lançasse material compatível com os sistema d20, os editores de Tormenta decidiram lançar uma nova atualização, Tormenta d20, também pela Daemon. A este título se seguiram O Reinado d20 e Holy Avenger d20, adaptações dos títulos antigos para o novo sistema. Após o lançamento de D&D 3.5, o Trio Tormenta conseguiu um contrato com a Editora Jambô, e lançou a mais recente versão do jogo, Tormenta 3.5, que na verdade são dois livros, o Guia do Jogador e o Guia do Mestre. Os suplementos desta nova fase incluem A Libertação de Valkaria, uma aventura onde os personagens jogadores tentam salvar uma deusa prisioneira; O Panteão, a atualização do antigo suplemento, desta vez com revelações assustadoras sobre o cenário; Academia Arcana, a descrição da maior escola de magia de Arton; Vectora: Cidade nas Nuvens, que descreve a cidade-mercado de Vectora, que viaja pelos céus de Arton; Área de Tormenta, com mais revelações sobre a tempestade rubra; Piratas e Pistoleiros, que traz regras para jogar com estes dois tipos de personagens; e Galrasia: O Mundo Perdido, que descreve a ilha de Galrasia, habitada por monstros pré-históricos.

Além dos livros de RPG, Tormenta também ganhou três romances, escritos por Leonel Caldela, que, após o Trio Tormenta migrar da DB para a DragonSlayer, se uniu a eles como autor do cenário: O Inimigo do Mundo, O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus. Ao que tudo indica, o próximo lançamento do cenário será a aventura Contra Arsenal, onde os jogadores terão a chance de enfrentar o próprio Mestre Arsenal. Também está prevista uma nova versão do livro básico, atualizada após os acontecimentos dos três romances.

Mestre ArsenalQuando o Trio Tormenta saiu da DB, criou-se um imbróglio sobre quem teria os direitos relativos ao 3D&T, que poderia acabar respingando no cenário. Como a linha de Tormenta estava bem encaminhada na Jambô, os autores decidiram concentrar seus esforços em um novo cenário, os Reinos de Moreania, ambientado em um arquipélago no mesmo mundo de Arton, onde os humanos evoluíram de diferentes animais, com alguns mantendo características como orelhas, escamas e chifres de seus antepassados. Moreania ainda não ganhou nenhum livro, tendo sido apresentado até agora em matérias da DragonSlayer, mas, recentemente, personagens dos dois cenários começaram a interagir, o que pode indicar que Moreania será integrada ao jogo de Tormenta em um futuro próximo.

Apesar de ser tão bem sucedido, Tormenta não é imune a críticas. As mais curiosas são reclamações de que os personagens não-jogadores do cenário seriam poderosos demais, e perguntas do tipo "por que eles não acabam com a Tormenta", "por que os deuses não cabam com a Tormenta", e outras que parecem feitas por pessoas que querem jogar Second Life ao invés de um RPG de aventura medieval fantástica. Goste você ou não do estilo, devemos reconhecer que Tormenta não teria chegado onde chegou se não fosse realmente bom. Se você ainda não conhece - sei lá, às vezes está começando a jogar RPG agora - eu recomendo. Na pior das hipóteses, Tormenta servirá para provar que um RPG não precisa ser estrangeiro para ser de qualidade, e que nem tudo produzido no Brasil precisa estar de acordo com a "cultura nacional" - seja lá o que este termo signifique.
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domingo, 23 de abril de 2006

Escrito por em 23.4.06 com 0 comentários

Holy Avenger

De vez em quando, eu fico meio sem saber sobre qual assunto vou escrever. Quando isso acontece, eu releio o meu perfil ali da coluna da esquerda. Na maioria das vezes, eu encontro algo do que gosto e sobre o qual ainda não falei. O post de hoje foi feito desta forma. E o assunto é Holy Avenger.

Holy Avenger, para quem não sabe, é a mais bem sucedida revista em quadrinhos nacional não voltada para o público infantil - em outras palavras, tirando a Turma da Mônica. Publicada entre 1999 e 2002 pela Editora Trama (que após um tempo mudou de nome para Talismã), Holy Avenger chegou ao espantoso recorde de 42 (47 se você contar os cinco especiais) edições publicadas. Parece pouco? Pois nenhuma revista em quadrinhos brasileira - Turma da Mônica não conta, novamente frisando - chegou à metade disso.

Lógico que tal longevidade não foi por acaso. Mesmo com um público alvo aparentemente restrito, já que tem traço em estilo mangá, e sua ambientação é medieval-fantástica, normalmente associada ao RPG, Holy Avenger conseguiu unir roteiro criativo, interessante e surpreendente, traço de alta qualidade, papel bom (sem ser "de jornal") e preço baixo (se comparada aos similares estrangeiros), atingindo o público-alvo em cheio, e respingando em muitas outras pessoas que começaram a comprar devido aos comentários dos amigos. Muita gente pode pensar que com o tempo este interesse desapareceu e a revista foi cancelada, mas desde o início já estava previsto que a revista só teria 40 edições, no melhor estilo mangá de que até as coisas boas devem ter um fim.

O Paladino, Sandro, Niele e LisandraOriginalmente, Holy Avenger - que significa "Vingadora Sagrada" em inglês, o nome de uma famosa espada mágica do RPG Dungeons & Dragons - não foi concebida para ser uma história em quadrinhos, mas uma aventura em três partes, escrita por Marcelo Cassaro e publicada nas edições 44, 45 e 46 da revista Dragão Brasil. Nela, os jogadores tinham de se aliar a alguns personagens controlados pelo mestre para frustrar os planos do vilão Mestre Arsenal. A aventura se tornou bastante popular, e Cassaro, que já havia conseguido um relativo sucesso com outras histórias em quadrinhos de sua autoria, como as do Capitão Ninja, começou a imaginar onde poderia reutilizar seus personagens. Em sua edição número 50, a revista Dragão Brasil trouxe de brinde o RPG Tormenta, que nada mais era que a reunião de todos os personagens, lugares e monstros inventados pela revista em um único cenário, que podia ser utilizado pelos jogadores em suas campanhas. Com personagens carismáticos e um cenário praticamente pronto em mãos, Cassaro chamou a desenhista Erica Awano, e ambos começaram a trabalhar na série em quadrinhos de Holy Avenger, um empreendimento altamente arriscado, mas igualmente satisfatório se desse certo.

Mas do que se trata esta tão fabulosa história? Holy Avenger conta a história da druida adolescente Lisandra, criada longe da civilização, na selvagem ilha de Galrasia, dominada por dinossauros e outros monstros que ela considera como amigos. Um dia, Lisandra descobre o corpo do Paladino de Arton, o mais poderoso guerreiro do mundo, em uma espécie de torpor. Através de sonhos enigmáticos e perturbadores, Lisandra descobre que tem de reunir os vinte Rubis da Virtude, jóias mágicas contruídas pelos próprios deuses, e recolocá-los na armadura do Paladino, para que este volte a viver. Confusa em relação aos seus sentimentos, Lisandra imagina que está apaixonada pelo Paladino, e decide viajar até o continente para encontrar as jóias e ajudá-lo.

Após uma grande confusão na cidade de Valkaria, Lisandra acaba conhecendo o ladrão Sandro Galtran, filho do maior ladrão do Reino, e que herdou a fama do pai, apesar de não ter absolutamente talento nenhum para o negócio. Mesmo sem se dar conta disso, Sandro se apaixona por Lisandra, e decide ajudá-la a recuperar os Rubis. Na verdade, Sandro não sabe que existe mais de um Rubi, e, tendo ouvido falar de mais um Rubi da Virtude após ajudar Lisandra a encontrar o primeiro, ele imagina que ela está com um falso, e vai atrás do verdadeiro para entregar a ela. Assim ele fica conhecendo a "arquimaga" elfa Niele, uma menina tresloucada e inconseqüente, que de maga mesmo não tem nada, mas consegue grandes proezas mágicas graças a um artefato que encontrou por acidente, o Olho de Sszzaas.

Enquanto a adorável Niele e seu mais novo amigo tentam chegar a Galrasia para entregar o Rubi "verdadeiro" a Lisandra, esta se reencontra com Tork, o troglodita anão (Nota do Guil: em RPG, um troglodita não é um homem-das-cavernas, mas algo parecido com um homem-lagarto), que a criou em Galrasia, ensinando-a a falar e agir como humana. A princípio, Tork fica irritado com o fato de Lisandra ter saído da ilha, mas decide ajudá-la em sua busca pelos Rubis. Após algum tempo, Sandro e Niele descobrem que os Rubis são vinte, e decidem reunir a maior quantidade deles antes de entregá-los à druida.

A partir daí, os quatro heróis viverão uma jornada por todo o continente de Arton, antagonizados pelo Mestre Arsenal, um vilão megalomaníaco que tem por objetivo reunir todos os itens mágicos do mundo; e por Nakapeth, sumo-sacerdote de Sszzaas, deus da traição e da intriga, que foi expulso por seus pares mas possui um plano maligno para voltar ao panteão. Mas Niele, Sandro, Lisandra e Tork também ganharão muitos aliados, como a xamã centaura Odara, o pirata James K e sua irmãzinha Annie, o necromante Vladislav Tpish e sua filha Petra, o simpático esqueleto Tarso, a gladiadora Loriane e o guerreiro Arkam. Existe ainda uma trama paralela, que envolve o Paladino, o bardo Luigi Sortudo, Leon Galtran (o pai de Sandro) e os dragões Beluhga, Rainha dos Dragões Brancos, e Schkar, Rei dos Dragões. Para quem acompanhava a Dragão Brasil, Holy Avenger era quase um manual, com todos os principais personagens e cidades criados pela revista interagindo entre si.

Mas não era necessário ser leitor da Dragão Brasil para se divertir. Do início ao fim, Holy Avenger conseguiu manter um ritmo constante e um roteiro bem amarrado, que sempre deixava os leitores curiosos sobre o que aconteceria na edição seguinte, e reclamando que a revista tinha poucas páginas. Ao longo das 40 edições, Niele e Sandro viajaram no navio de James K; Sandro e Tork se tornaram gladiadores, e depois, acompanhados por Anne, encontraram o lugar onde o Paladino foi criado; Niele e Lisandra visitaram Vectora, o Mercado nas Nuvens, uma cidade que flutua através do continente, sustentada pelo poder de Vectorius, um dos magos mais poderosos do mundo; Niele teve um encontro nada agradável com o Camaleão, um assassino capaz de assumir qualquer aparência; Tork voltou a brigar com Deenar, um elfo-do-mar maligno que havia sido seu inimigo no passado; Lisandra e Petra visitaram a Academia Arcana, a maior escola de magia de Arton, comandada por Talude, o Mestre Máximo da Magia; um flashback mostrou como Leon, Vladislav, Luigi e Lenora, uma elfa-do-mar, acidentalmente se envolveram na criação do Paladino; tudo isso enquanto a paixão de Lisandra pelo Paladino se revelava algo muito mais sombrio. O final da saga, se não foi incrivelmente surpreendente, pelo menos foi à altura, com algumas revelações bombásticas.

O "fim final" ocorreu na edição 40, mas a revista ainda teve duas edições extras, que mostravam Sandro e Lisandra alguns anos depois, casados e com dois filhos gêmeos, Kaio e Karina. Completam a saga cinco edições especiais que mostram, respectivamente, como Sandro foi parar em Valkaria antes de seu encontro com Lisandra; como Niele conseguiu o Rubi da Virtude que estava com ela; o nascimento de Lisandra; como Tork foi inserido na sociedade humana e chegou a Galrasia para educar Lisandra; e uma aventura de Petra e Tarso enquanto a menina procurava por cogumelos na floresta para uma receita. Ainda foram lançados o especial A Arte de Holy Avenger, com ilustrações originais e comentários dos artistas, e um CD onde dubladores profissionais liam a história, interpretando os personagens.

Holy Avenger não fica devendo nada a qualquer mangá ou anime de fantasia medieval - na verdade, é até melhor que muitos deles - e foi um mais do que bem-vindo intervalo no mundo de super-heróis americanos que eram os quadrinhos da época. Infelizmente, como tudo o que é bom, acabou. Cassaro e Awano saíram da Dragão Brasil, e atualmente fazem parte da equipe da Dragonslayer, da Editora Escala. As histórias originais de Holy Avenger andam sendo republicadas sob o nome de Holy Avenger Reloaded, em edições em papel de jornal preto-e-branco com duas histórias cada.

Mas pode ser que venha um "novo" Holy Avenger por aí. Já há alguns anos se comenta que Cassaro estaria trabalhando em um ambicioso projeto: transformar Holy Avenger em um anime, o primeiro 100% nacional. Eu aguardo ansiosamente.
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domingo, 19 de setembro de 2004

Escrito por em 19.9.04 com 0 comentários

Dragão Brasil

Embora eu goste muito de cinema, não concordo com o Severiano Ribeiro. Para mim, ler é que é a maior diversão. E além de livros, eu sempre gostei muito de ler revistas. Já colecionei Super Interessante, Game Power, Wizard; na minha adolescência, gastava os tubos comprando X-Men, Homem-Aranha, Witchblade, Gen13... Houve uma época em que eu chegava a comprar mais de 15 revistas por mês.

Enfim, a palha acabou de queimar, enchi o saco de gastar tanto dinheiro, e hoje só coleciono duas revistas, além de comprar alguma "avulsa" muito raramente. Uma revista que eu comecei a comprar lá em 1995 e sobreviveu até hoje é o tema deste post. A Dragão Brasil.

Se não me engano, comecei a comprar a DB pelo número 6. Na época eu jogava Mage e Werewolf, e vi um dos meus amigos comprando a publicação na saudosa banca do Paulinho (caraca, será que o Paulinho ainda está lá?). Não conhecia a revista, mas pedi para dar uma olhada e achei interessante. Resolvi comprar também. Não comecei a colecionar, comprava só alguns números esporádicos, que traziam matérias que me interessavam. Mais tarde, como eu já tinha quase todas mesmo, dei um jeito de comprar as que tinha "perdido" (e a mais difícil foi a no 15, que eu demorei quase um ano para conseguir). Por volta do no 30 eu já tinha a coleção completa, e estava colecionando.

Pois bem, eu parei de jogar RPG, parei de colecionar revistas, mas a DB ficou. Até hoje eu gasto uma parcela do meu dinheiro todo mês com ela. Mas por quê? Do que se trata?

Bem, como alguns já devem ter reparado, a Dragão Brasil é uma revista sobre RPG, aquele famoso jogo onde cada jogador interpreta um personagem, e um jogador chamado Mestre apresenta os desafios na forma de uma aventura. Já escrevi aqui sobre ele, procurem ali ao lado no Arquivo.

Na DB, todos os meses temos os últimos lançamentos de RPG no Brasil e nos EUA, alguns com resenhas, além de aventuras prontas para o Mestre que quiser poupar um pouco de tempo, e adaptações de histórias famosas, como filmes e anime. Se você quiser meter a porrada no Inu Yasha, a DB no 97 traz a ficha dele.

Apesar de comentar sobre todos os sistemas, para as adaptações são utilizados principalmente quatro: d20 (D&D), Storyteller (Vampire, Werewolf), GURPS (esse andava meio sumido, mas parece que agora voltou) e 3D&T. 3D&T, aliás, é o sistema "da casa", inventado por um dos editores e criadores da DB, Marcelo Cassaro, sob o nome de Defensores de Tóquio, um RPG satírico com heróis japoneses (Tokusatsu e Sentai), e depois adaptado para proporcionar a criação de aventuras em qualquer cenário, incluindo fantasia medieval.

Falando em fantasia medieval, a DB também possui seu cenário "oficial", Tormenta. De vez em quando são publicados livros para o cenário (alguns até em d20!) e regularmente temos matérias na revista sobre ele. Tormenta já é um dos cenários mais jogados no Brasil (se não o mais jogado) e é um dos mais interessantes que eu já vi, não devendo nada aos oficiais do D&D.

Além de RPG, a DB também fala de Card Games (tipo Magic: The Gathering), jogos de miniaturas (Mage Knight, Hero Clix) e RPGs de videogame (Final Fantasy, Star Ocean). De vez em quando também são publicados contos e histórias em quadrinhos. Como curiosidade, a Dragão Brasil tem este nome porque, quando começou, resolveu utilizar o nome Dragon, o mesmo da mais importante publicação norte-americana do gênero. Só que eles não eram uma versão brasileira da Dragon, e provavelmente foram obrigados a mudar de nome pela Dragon verdadeira. Assim, a partir do no 3, a revista passou a se chamar Dragão Brasil.

Para os padrões do mercado nacional, em se tratando de uma revista de uma editora pequena (a Talismã, que só publica mesmo a DB e suas edições especiais) a DB é uma revista muito profissional. Mesmo que alguns descontentes reclamem de vez em quando, todo o material é de alta qualidade. Se você joga RPG e não a conhece (o que deve ser meio difícil, já que ela é "a maior, melhor e única revista de RPG do Brasil") eu recomendo.

Atualização (29/05/2005): Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan saíram da Editora Talismã, foram para a Editora Mantícora, e estão em uma nova revista, a Dragonslayer. A Dragão Brasil agora é de responsabilidade da equipe do site RedeRPG. Inicialmente, acho que não vai ser uma mudança ruim. Afinal, duas revistas de RPG no mercado é sempre melhor que uma.

Atualização (21/11/2016): Pouco depois de ser passada para as mãos da RedeRPG, a Dragão Brasil, sem fazer sucesso, acabaria cancelada. Mas, para a surpresa de todos, este mês ela retornou em formato digital (pdf), e pelas mãos de seus criadores originais, Cassaro, Saladino e Trevisan, ajudados por outros profissionais competentíssimos como Leonel Caldela, Gustavo Brauner e Guilherme dei Svaldi. Para receber a nova revista todos os meses, basta fazer uma assinatura no site da Dragão Brasil no Apoia.se, sendo possível escolher entre três opções, com valores de 7, 11 e 20 Reais, e alguns mimos incluídos para quem assinar com mais de 7. Em breve, também estarão disponíveis para venda no mesmo site as edições anteriores (aparentemente, apenas as digitais, não as das Editoras Trama e Talismã).
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