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sábado, 27 de julho de 2024

Escrito por em 27.7.24 com 0 comentários

Batman (III)

Faz muito tempo, mas muito mesmo, que eu penso em fazer um post falando sobre a série do Batman da década de 1960, mas, por uma razão ou outra, sempre acabo desistindo. Hoje, talvez motivado por ter voltado a falar de Jornada nas Estrelas semana passada, decidi levar essa ideia a cabo. Hoje, portanto, é dia de POU!, SOC!, CRÁS! no átomo!

A história da série começa no longínquo ano de 1963, quando a Ed Graham Productions procurou a DC Comics para negociar os direitos do Batman, visando fazer uma série de aventura voltada para o público juvenil, com episódios de meia hora, ao estilo de As Aventuras do Superman e O Cavaleiro Solitário, para ir a ar nas manhãs de sábado no canal CBS. Ao saber da notícia, o executivo Yale Udoff, do canal ABC, fã do Batman desde criança, convenceu a direção do canal a também entrar em contato com a DC, mas oferecendo uma série no horário nobre, para um público mais adulto, misturando ação e comédia ao estilo de O Agente da U.N.C.L.E.. A DC, entretanto, gostaria mais da proposta de Ed Graham, e começaria a discutir valores.

Um ano depois, em 1964, Hugh Hefner, o criador da revista Playboy, também fã do Batman, compraria em um leilão os rolos do seriado Batman, de 1943, produzido pela Columbia Pictures e exibido nos cinemas, e organizaria uma sessão para convidados em sua mansão, onde exibiria todos os 15 episódios em sequência. O evento receberia tanta atenção da imprensa que motivaria a Columbia a relançar o seriado nos cinemas, mas, assim como Hefner, exibindo todos os episódios de uma vez, com o nome Uma Noite com Batman e Robin. A bilheteria seria tão boa que a 20th Century Fox decidiria entrar na jogada e também procurar a DC, visando fazer uma nova série, mas a cores e para exibição na TV. A DC, na época, ainda estava negociando com Ed Graham, mas, ao receber a proposta da Fox, interromperia as negociações e fecharia com a ABC, que manteria sua promessa de exibir a série, que seria produzida pela Fox, em horário nobre.

Para tocar o projeto, a Fox escolheria William Dozier, da Greenway Productions; tanto a ABC quanto a Fox estavam esperando o que constava da ideia original, uma série de ação divertida, mas Dozier jamais havia lido uma história em quadrinhos de super-heróis na vida, e, ao ser apresentado a algumas para saber como deveria ser a série, concluiu que super-heróis só faziam sucesso porque suas histórias eram absurdas e cômicas - o estilo que, em inglês, se chama campy. Ao saber que Dozier iria levar a série nessa direção, o escritor de romances de espionagem Eric Ambler, contratado pela Fox para escrever o roteiro de um filme para a TV que serviria de piloto para a série, pediria demissão. Os executivos da ABC também não ficariam satisfeitos com a ideia de Dozier, mas ele conseguiria convencê-los mostrando-os que as séries de maior sucesso nos EUA em 1965 eram de comédia, enquanto as mais sérias estavam sendo canceladas ou reformuladas.

Após a saída de Ambler, o roteirista Lorenzo Semple, Jr., com poucos créditos na televisão, mas que tinha escrito a comédia The Honeymoon Machine, com Steve McQueen, que fez grande sucesso nos cinemas em 1961, foi escolhido para escrever o piloto e para ser o chefe da equipe de roteiristas, que contava com nomes como Stanley Ralph Ross, Stanford Sherman e Charles Hoffman, todos sem nenhuma intimidade com super-heróis, mas ampla experiência com comédias. A Greenway Productions faria apenas dois testes para os papéis de Batman e Robin: no primeiro, Adam West interpretava o Homem-Morcego, enquanto Burt Ward fazia o Menino-Prodígio; no segundo, o papel de Batman cabia a Lyle Waggoner (que, mais tarde, faria Steve Trevor na série da Mulher Maravilha), e o de Robin a Peter Deyell. West e Ward seriam considerados mais apropriados para o papel, por terem mais química juntos e melhor timing de comédia - com talvez essa tendo sido a única ocasião na história em que justamente esse elemento foi determinante para escolher quem iria interpretar o Batman.

Inicialmente, cada episódio teria uma hora de duração, e a série seria exibida uma vez por semana, às quintas-feiras, a partir de setembro de 1966; no final de 1965, entretanto, a produção estaria bem adiantada, o que motivaria a ABC a marcar a estreia para janeiro de 1966. Como a grade de programação para janeiro não tinha nenhum espaço para um seriado de uma hora, mas tinha dois espaços livres para seriados de meia hora, o canal decidiria dividir cada episódio em dois, sempre terminando a primeira parte com um cliffhanger, e exibir a série duas vezes por semana, com a primeira metade de cada episódio indo ao ar às quartas-feiras e a segunda às quintas-feiras. Cada episódio contava com apenas um vilão, com a história das duas metades envolvendo algum plano desse vilão para executar um roubo, ganhar dinheiro com um sequestro, dominar Gotham City, ou simplesmente se vingar do Batman por ele tê-lo prendido ou prejudicado no passado.

Semple escreveria os quatro primeiros episódios (com dois deles mudando de ordem e sendo exibidos mais à frente), e estabeleceria o que ele decidiu chamar de "Bat-regras", para que a Fox pudesse, se quisesse, contratar roteiristas freelancers, sem que as características da série fossem alteradas. Seria Semple, por exemplo, quem determinaria que a história de cada episódio deveria ser totalmente centrada no vilão da vez, com Batman apenas agindo para detê-lo; que Batman, a cada episódio, deveria retirar de seu cinto de utilidades um novo objeto, que seria essencial para aquela aventura; e aquele que talvez seja o elemento mais característico dessa série: palavras como POW!, BAM! e ZONK! surgindo na tela em enormes letras coloridas, com os metais da trilha sonora sendo acionados cada vez que uma delas aparecia - segundo ele, para que a série mantivesse o estilo das histórias em quadrinhos.

Outra característica que tornaria a série famosa seria que as transições entre as cenas eram precedidas de um símbolo do Batman, aquele morcego estilizado que ele tem no peito, bem colorido girando na tela enquanto uma música curta tocava. Também seria para essa série que seria criado o bordão "Santa não-sei-o-quê, Batman!", dito frequentemente por Robin (sempre substituindo o "não-sei-o-quê" por alguma palavra relevante para a ocasião). E outra coisa da qual muitos fãs se lembram até hoje é a chamada "cena da janela" ou "cena da corda", na qual Batman e Robin usam uma corda para escalar um prédio (filmada de forma que West e Ward estavam andando normalmente no chão, com a corda na horizontal, mas a imagem era virada para que eles parecessem estar na vertical), e, de repente, alguma celebridade da época (como Jerry Lewis ou Sammy Davis, Jr.), fazendo uma participação especial, aparecia em uma das janelas, falava alguma coisa como "oh meu Deus, Batman!" e batia um papinho com os heróis antes que eles seguissem em sua cruzada contra o crime. Apesar de ter se tornado muito marcante, a "cena da janela" só esteve presente em 14 episódios.

Cada episódio seguiria sempre a mesma rotina, com o vilão colocando seu plano em prática; o Comissário Gordon usando o Batfone (um telefone vermelho que conectava a delegacia de polícia diretamente à Mansão Wayne; aparentemente um Bat-Sinal ficaria muito caro, e não funcionaria bem de qualquer forma, já que todos os episódios eram ambientados durante o dia) para entrar em contato com o Batman; Bruce Wayne e Dick Grayson dando alguma desculpa esfarrapada para a Tia Harriet; Wayne usando um interruptor escondido em um busto de Shakespeare para acionar uma porta secreta atrás da qual dois postes daqueles usados pelos bombeiros estão escondidos; os dois descendo por esses postes até a Bat-Caverna, onde já chegam com os uniformes de Batman e Robin; entrando no Batmóvel, que sai por uma antiga mina desativada nos arredores de Gotham City; e chegando até a delegacia, onde são informados do plano do vilão, finalmente partindo para detê-lo.

Também fazia parte da rotina que, no final da primeira parte de cada episódio, aquela exibida às quartas-feiras, Batman e Robin eram invariavelmente derrotados pelo vilão e deixados para morrer em alguma armadilha ao estilo das usadas em filmes de espionagem, que se tornaram famosas com o 007, mas aqui muito mais cômicas e exageradas. No início da segunda parte, na quinta-feira, Batman e Robin conseguiam se livrar dessa armadilha, sempre de forma extremamente improvável, e voltavam para a Bat-Caverna ou para a delegacia para analisar onde erraram e descobrir como derrotar o vilão, o que era feito com a famosa luta das onomatopeias. O final de cada episódio trazia alguma situação cômica na delegacia ou envolvendo a Tia Harriet.

A abertura era feita em desenho animado, e trazia Batman e Robin enfrentando seus principais vilões ao som de uma música composta por Neal Hefti ao estilo das usadas em filmes de espionagem da época - cuja letra era apenas "Batman", repetido onze vezes. A música até hoje é extremamente famosa, com seus primeiros acordes (tan-na-na-na-nan-na-na-na-nan-na-na-na-nan) bastando para que qualquer um que já ouviu falar da série a reconheça. Uma famosa lenda diz que ninguém canta a música, com o "Batman, Batman, Batman" sendo fruto de instrumentos como cornetas e trombones, mas a realidade é que ela foi gravada por um grupo de quatro tenores e quatro sopranos chamado The Ron Hickin Singers.

O Batmóvel era um carro real, criado por George Barris. Originalmente, a Fox contrataria Dean Jeffries, responsável por criar carros customizados para diversas produções de Hollywood, que planejava modificar um Cadillac 1959, mas desistiria quando a Fox o informasse de que o carro precisaria estar pronto em três semanas. Barris pensaria em criar um carro do zero, mas, devido ao prazo apertado, decidiria modificar um carro-conceito Lincoln Futura 1955, criado por Bill Schmidt, Doug Poole e John Najjar para a Ford, para participar de exposições, e não para andar na rua. Barris havia comprado o carro pensando em alugá-lo para produções de Hollywood, mas o único filme para o qual ele conseguiu alugar o carro foi Começou com um Beijo, de 1959, pintado de vermelho - sua cor original nas exposições da Ford era azul claro.

O projeto do Batmóvel seria feito por Herb Grasse, e as modificações mais pesadas ficariam a cargo de Bill Cushenbery. O trio adicionaria asas de morcego à parte traseira do carro, removeria a capota, colocaria vidros em formato de meia-bolha - a característica mais distintiva desse Batmóvel - e faria outras modificações para que o carro ficasse com cara de algo saído de uma história em quadrinhos, como uma turbina meramente decorativa, que soltava fogo quando o carro era ligado, e uma espécie de radar atrás dos bancos dianteiros; segundo Barris, o custo total das customizações ficaria em 30 mil dólares. Curiosamente, quando o carro foi ser mostrado para a Fox, ele estava pintado de branco, somente sendo pintado em suas cores finais - preto com detalhes em vermelho - quando foram começar as gravações. Barris seguiria sendo dono do carro, e o alugava à Fox para cada episódio gravado; ele só seria vendido em 2013, para um colecionador, por 4,2 milhões de dólares.

Além de Adam West como Batman e Burt Ward como Robin, o elenco fixo contava com Alan Napier como o mordomo Alfred, única pessoa que sabia as identidades secretas da Dupla Dinâmica; Neil Hamilton como o Comissário Gordon; Staford Repp como o Chefe O'Hara, criado para a série para que o Comissário Gordon não precisasse falar sozinho quando Batman e Robin não estivessem presentes; e Madge Blake como a Tia Harriet, que era irmã da mãe de Dick Grayson - e, ao contrário do que muita gente acredita, existiu sim nos quadrinhos, onde morou brevemente na Mansão, e foi introduzida para dar a Wayne e Grayson um motivo para esconder suas identidades mesmo quando estavam em casa - e, segundo as más línguas, para que dois homens solteiros não morassem sozinhos com um mordomo em uma mansão. Cada episódio tinha também um narrador, que normalmente apenas criava o clima durante o cliffhanger; o próprio Dozier, não-creditado, faria esse papel.

Todos os vilões eram creditados como ator especialmente convidado - ou melhor, "vilão especialmente convidado" - com seu nome aparecendo após a abertura, e apenas nos episódios em que aquele vilão aparecia. Na primeira temporada, os vilões foram o Coringa (Cesar Romero, um ator de TV já imensamente famoso, mas que costumava interpretar apenas amantes latinos, e que se recusou a tirar o bigode, que era pintado de branco junto com o restante de seu rosto), o Charada (Frank Gorshin, que se ofereceu para o papel por ser fã do personagem desde criança), o Pinguim (Burgess Meredith, também já muito famoso, mas do cinema, onde fazia principalmente filmes de terror), o Sr. Frio (George Sanders), a mágica Zelda, a Grande, (Anne Baxter) e seu parceiro Eivol Ekdal (Jack Kruschen), o Chapeleiro Louco (David Wayne), o mestre dos disfarces Falsa Face (Malachi Throne, também já famoso por seus papéis na TV), o Rei Tut (Victor Buono), o Traça (Roddy McDowall, de O Planeta dos Macacos) e a Mulher-Gato (a lindíssima Julie Newmar).

Zelda, Falsa Face, o Rei Tut e o Traça seriam criados especialmente para a série, porque na época o Batman, nos quadrinhos, não tinha tantos vilões que se adequassem ao estilo da série - os roteiristas tentaram fazer um episódio com o Duas Caras, mas desistiram porque não conseguiram encaixar um vilão tão psicótico em um seriado de comédia; anos mais tarde, o ator Clint Eastwood revelaria ter sido convidado pela Fox para interpretar o vilão. Também vale citar como curiosidade que, no primeiro episódio com o Coringa, o quinto na ordem de exibição, ele tem uma ajudante chamada Queenie (interpretada por Nancy Kovack), muito semelhante em aparência e comportamento com a Arlequina, que seria introduzida no universo do Batman somente em 1992. Isso faria com que muitos fãs imaginassem que a Arlequina (cujo nome original em inglês é Harley Quinn) foi inspirada em Queenie, que na verdade estava na série porque chegou a ser uma personagem coadjuvante em algumas histórias em quadrinhos do Batman envolvendo o Coringa na década de 1940, mas depois acabou esquecida.

Ao todo, a primeira temporada teria 34 episódios (na verdade 17 divididos em duas partes cada), exibidos entre 12 de janeiro e 5 de maio de 1966. A série seria um sucesso jamais visto, e ajudaria a apresentar o Batman e seus vilões a um público que jamais havia lido quadrinhos, transformando-o no super-herói mais popular do planeta na segunda metade dos anos 1960. A audiência era tão grande que a série seria eleita "o maior fenômeno da história da televisão" pelo TV Guide, e até mesmo outras séries decidiriam imitá-la - sendo o exemplo mais notável Perdidos no Espaço, cuja primeira temporada, pré-Batman, seria filmada em preto e branco e teria um tom adulto e sério, mas a segunda, pós-Batman, seria a cores, com tudo extremamente colorido e campy.

Enquanto a primeira temporada estava sendo gravada, Dozier procurou a Fox e sugeriu que fosse produzido um filme para os cinemas, que estrearia em junho, para gerar interesse na série (que estrearia em setembro). A Fox recusaria alegando que não tinha interesse em financiar um filme e uma série simultaneamente, mas, com o sucesso da primeira temporada, enquanto ela ainda estava no ar, daria luz verde para o filme. Escrito por Semple e dirigido por Leslie H. Martinson, o filme colocaria Batman e Robin contra quatro vilões de uma vez, que usam um submarino em formato de pinguim, uma arma que transforma pessoas em pó, e uma gigantesca bomba com a qual planejam destruir toda Gotham City. A Fox reservaria um orçamento digno de uma de suas produções para o cinema, o que permitiria que o filme fosse não somente mais bem cuidado que a série, com imagem melhor e melhores figurinos e objetos de cena (que seriam aproveitados na segunda temporada), mas também que fizesse uso de muitas cenas externas (a série era quase que integralmente filmada em estúdio) e de elementos como o Bat-Cóptero e a Bat-Lancha.

Todo o elenco principal da série - West, Ward, Napier, Hamilton, Repp e Blake - está presente no filme; os vilões são o Coringa, o Charada, o Pinguim e a Mulher-Gato, interpretados, respectivamente, por Romero, Gorshin, Meredith, e Lee Meriwether (de O Túnel do Tempo), substituindo Newmar, que, com uma lesão nas costas, não pôde filmar. Outro personagem de destaque do filme é o Comodoro Schmidlapp, interpretado por Reginald Denny, inventor do raio desidratante e alvo dos vilões. O filme estrearia cerca de um mês após o último episódio da primeira temporada, em 30 de julho de 1966, e seria considerado um sucesso moderado; suas subsequentes exibições na TV e seu lançamento em VHS, porém, o transformariam em um grande sucesso, principalmente porque a série não estava disponível para aluguel nas locadoras, mas ele sim. A crítica também receberia muito bem o filme, considerando-o até melhor que a série.

Com esse sucesso todo, a ABC apressaria a Fox para que ela começasse a produção da segunda temporada, que o canal planejava levar ao ar em setembro de 1966, no horário originalmente pensado para a primeira. Mais uma vez, a ideia era fazer a temporada com episódios de uma hora, mas Dozier convenceria a Fox de que o esquema de episódios em duas partes com um cliffhanger no meio era parcialmente responsável pelo sucesso da série, então, como em time que está ganhando não se mexe, a segunda temporada teve a mesma estrutura que a primeira, com episódios exibidos às quartas e às quintas, sempre com os da mesma semana trazendo a mesma história em duas partes.

Após o sucesso do filme, Semple receberia muitos convites para escrever para estúdios de cinema, e seria substituído na função de chefe dos roteiristas por Ross; Semple ainda escreveria dois episódios e daria ideia para mais um, como freelancer. A segunda temporada seria exibida entre 7 de setembro de 1966 e 30 de março de 1967, e teria nada menos que 60 episódios - na verdade 29, sendo 27 deles divididos em duas partes e os outros dois em três partes. Esses episódios em três partes contariam cada um com dois vilões agindo juntos - no primeiro, o Coringa e o Pinguim, no segundo, o Pinguim e Marsha, a Rainha dos Diamantes - e fariam com que o episódio exibido entre eles, no qual o vilão era a Mulher-Gato, tivesse sua primeira metade exibida na quinta-feira de uma semana e sua conclusão apenas na quarta-feira da semana seguinte.

Para a segunda temporada, os roteiristas prefeririam investir em vilões originais, criados especificamente para a série, com o único vilão novo vindo dos quadrinhos sendo o Rei Relógio (Walter Slezak). Dois desses vilões novos seriam interpretados por grandes celebridades da época, o pianista Chandell (o multiartista Liberace) e o Cabeça de Ovo (a lenda dos filmes de terror Vincent Price), esse último fazendo tanto sucesso que passaria a aparecer também nos quadrinhos; também vale ser citado o caubói caminhoneiro Shame (Cliff Robertson, outro ator de grande sucesso no cinema), uma paródia do pistoleiro solitário Shane, de Os Brutos Também Amam (Shane é um nome próprio, mas shame, em inglês, significa vergonha). Outros vilões criados especialmente para a segunda temporada seriam o Arqueiro (Art Carney), o Ministrel (Van Johnson), Ma Parker (Shelley Winters), a já citada Marsha, a Rainha dos Diamantes (Carolyn Jones, de A Família Addams), e a Viúva Negra (Tallulah Bankhead).

Os seis atores do elenco principal da primeira temporada estariam de volta para a segunda, assim como Romero, Meredith, Buono, Wayne e Newmar, já recuperada da lesão que a tirou do filme - a Mulher-Gato, aliás, seria a vilã que apareceria no maior número de episódios, incluindo uma participação especial no episódio com Ma Parker, um episódio no qual ela tinha uma parceira e aprendiz chamada Pussycat (Lesley Gore), e dois episódios nos quais ela agia em conjunto com outros vilões, o primeiro deles com o ladrão internacional Sandman (interpretado por Michael Rennie, mas sem nada a ver com o Sandman dos quadrinhos), o segundo com o francês Freddy Espadachim (Jacques Bergerac). Também vale citar que Meriwether, a Mulher-Gato do filme, participaria das duas partes de um episódio no qual o vilão era o Rei Tut, como uma amiga de Bruce Wayne sequestrada pelo vilão.

O vilão com o maior número de episódios na primeira temporada havia sido o Charada, mas Gorshin não renovaria seu contrato, pois seria orientado por seu agente a pedir um salário no mínimo igual ao de Romero e Meredith, os dois maiores do elenco; enquanto as negociações estavam em andamento, um dos episódios que originalmente teria o Charada seria filmado, com o vilão sendo substituído por outro quase idêntico chamado Puzzler, interpretado por Maurice Evans (de O Planeta dos Macacos). Quando a Fox se recusou a pagar o aumento, Gorshin foi substituído no papel de Charada por John Astin (de A Familia Addams), no único episódio da segunda temporada que traria o vilão. Outro vilão que teve um intérprete diferente do da primeira temporada - ou melhor, dois - foi o Sr. Frio, já que Sanders tinha compromissos no cinema que o impediram de gravar a série; no primeiro episódio em que o Sr. Frio aparece, ele foi interpretado por Otto Preminger, que faria um monte de exigências no set e acabaria não sendo chamado para o segundo episódio, o último da temporada, no qual o vilão seria interpretado por Eli Wallach.

A segunda temporada também teria um curioso episódio crossover entre Batman e O Besouro Verde, outra série de super-heróis da Fox exibida pela ABC que estava fazendo muito sucesso na época. Nele, o Besouro Verde (Van Williams) e seu ajudante Kato (Bruce Lee, sim, aquele Bruce Lee), vão até Gotham City no encalço do Coronel Gumm (Roger C. Carmel, da série clássica de Jornada nas Estrelas), líder de uma operação de falsificação de selos. No melhor estilo dos crossovers de super-heróis, Batman e Robin entendem errado o que está acontecendo e imaginam que o Besouro Verde é o vilão, com as duas duplas se enfrentando na primeira metade do episódio e só se unindo contra o verdadeiro vilão na segunda. Uma curiosidade desse episódio é que Carmel não é creditado como "vilão especialmente convidado", com seu nome aparecendo apenas nos créditos finais; ao invés disso, Williams e Lee são creditados após a abertura como "herói visitante" e "herói assistente visitante".

No geral, as histórias da segunda temporada seriam consideradas mais fracas que as da primeira; segundo West, isso aconteceria porque a ABC apressaria a produção, o que não daria à equipe de redatores tempo suficiente para selecionar as melhores histórias, com os roteiros sendo escritos a toque de caixa. Embora a crítica continuasse sendo extremamente favorável, a audiência da série cairia a cada episódio, o que levaria a ABC a declarar que talvez não renovasse a série para uma terceira temporada, e com que Dozier começasse a pensar em formas de fazer a audiência subir novamente. Por causa do sucesso da Mulher-Gato na segunda temporada, a principal ideia de Dozier era introduzir uma super-heroína como parte do elenco permanente: a Batgirl.

O que pouca gente sabe é que Dozier inventou a Batgirl. Quer dizer, já existia nos quadrinhos uma personagem chamada Bat-Girl, criada pelo mesmo criador do Batman, Bob Kane, que havia estreado em 1961, mas ela não tinha nada a ver com o Batman, sendo uma espécie de versão feminina e namorada do Robin, além de parceira da Batwoman, personagem criada em 1956 para ser a esposa do Batman (mas não de Bruce Wayne) após Fredric Wertham, autor do livro A Sedução dos Inocentes, alegar que as histórias de Batman e Robin eram alegorias para um relacionamento homossexual entre um adulto e um adolescente - em outras palavras, a Batwoman e a Bat-Girl haviam sido criadas para provar que Batman e Robin eram homens machos e pegadores. Infelizmente, elas também fariam com que as histórias do Batman ficassem meio ridículas, com os quatro heróis agindo como uma família na qual Batman era o pai, Batwoman era a mãe, e Robin e Bat-Girl eram os filhos. Por causa disso, a Batwoman e a Bat-Girl foram abandonadas em 1964, quando Julius Schwartz assumiu como editor da linha Batman, sob a alegação de que elas transformavam as histórias do Batman em uma sitcom, ao invés de histórias de vigilantismo como elas deveriam ser.

Dozier, que não lia quadrinhos, não sabia de nada disso, e decidiu visitar a sede da DC para saber se havia alguma super-heroína feminina no universo do Batman que ele pudesse usar. Lá, ele seria recebido por Schwartz e por Carmine Infantino, desenhista do Batman na época, e, após ter a confirmação de que não havia nenhuma Batgirl nas histórias do Batman no momento, exporia a eles uma ideia que ele tinha tido: a de que, na verdade, a Batgirl seria Barbara Gordon, filha do Comissário Gordon, que trabalharia como bibliotecária na Biblioteca Municipal de Gotham City, mas que, inspirada pelo Batman, toda vez que tivesse a chance vestiria uma roupa de morcego e usaria todo tipo de geringonça tecnológica para combater o crime. Schwartz adoraria a ideia e, quando Infantino desenhasse uma arte conceitual, o produtor Howie Horowitz, da Fox, faria um acordo com a DC: eles poderiam usar a Batgirl nos quadrinhos, usando a ideia de Dozier, desde que a Fox também pudesse usar a personagem na série, sem restrição alguma. Assim, a Batgirl faria sua estreia nos quadrinhos na Detective Comics 359, de janeiro de 1967, enquanto a segunda temporada estava no ar.

Para convencer a ABC a renovar para a terceira temporada, Dozier filmaria um curta estrelando Yvonne Craig, famosa por suas participações em séries como Viagem ao Fundo do Mar e As Loucas Aventuras de James West, como a Batgirl, e Tim Herbert como o vilão Mariposa Assassina - que também seria o primeiro vilão enfrentado pela Batgirl nos quadrinhos. Esse curta não foi filmado com o intuito de ser lançado, servindo apenas para convencer a ABC de que, com a Batgirl na série, a audiência voltaria a subir; ao ser descoberto por fãs, anos depois, surgiria um boato de que ele era "o piloto de uma série da Batgirl", que jamais teria sido produzida porque a série do Batman foi cancelada. A introdução da Batgirl, uma personagem nova e que estava fazendo sucesso nos quadrinhos, convenceria a ABC a renovar a série para mais uma temporada, que acabaria tendo 26 episódios, exibidos entre 14 de setembro de 1967 e 14 de março de 1968 - a terceira temporada elevaria o número total de episódios da série para 120, o suficiente para que Batman fosse detentora do recorde de série de super-heróis com o maior número de episódios por quarenta anos, somente sendo superada por Smallville em 2007.

A ABC faria, entretanto, uma exigência: a de que, na terceira temporada, a série tivesse apenas um episódio, de meia hora, por semana, exibido sempre às quintas-feiras. Isso efetivamente mataria o cliffhanger entre um episódio e outro, e, para substituí-lo, Dozier decidiria que cada episódio terminaria com uma cena que contava com uma pequena participação especial do vilão da semana seguinte. A única exceção a esse esquema seria o segundo episódio, que, no início, mostra o Charada e a Sereia trabalhando juntos, antes de a vilã dizer que tinha "seus próprios planos para o Comissário Gordon" e sair de cena, com o Charada se tornando o único vilão do episódio, e a Sereia retornando no terceiro, que trazia uma história completamente independente; segundo West, a ideia inicial de Ross era fazer mais episódios desse tipo, mas eles acabariam a abandonando para voltar a fazer episódios com uma história dividida em duas ou três partes - ao todo, a temporada tem 15 episódios "sozinhos", com início, meio e fim, quatro episódios em duas partes e um episódio em três partes.

A abertura seria alterada para incluir a Batgirl, que seria a primeira super-heroína da história da TV norte-americana: até então, todas as mulheres seriam namoradas, assistentes, vilãs ou capangas, mas a Batgirl não somente combatia o crime ao lado de Batman de igual para igual como às vezes chegava ao local primeiro e começava a enfrentar os vilões sozinha, ou até mesmo salvava a Dupla Dinâmica de alguma enrascada - falando nisso, como agora os protagonistas eram três, Dozier criaria o termo "Trio Terrível" (palavra que, década de 1960, tinha conotação positiva, significando algo muito bom; até hoje, terrific, em inglês, significa "ótimo"), para substituir Dupla Dinâmica. Craig - e, por consequência, Barbara Gordon - tinha o cabelo curto e preto, mas a Batgirl, assim como sua versão criada para os quadrinhos, tinha cabelos longos e ruivos, o que fazia com que o capuz do uniforme da personagem tivesse uma peruca acoplada, que a ajudava a manter sua identidade secreta - nem mesmo Batman e Robin sabiam a verdadeira identidade da Batgirl, assim como ela não sabia as deles.

Para chegar mais rápido às cenas dos crimes, a Batgirl tinha uma moto, criada pela empresa Kustomotive, que customizou uma Yamaha YDS-5E; segundo Craig, um dos motivos pelos quais ela seria escolhida para interpretar a Batgirl seria que, no teste, perguntariam se ela sabia dirigir moto, e não somente ela sabia como uma moto era seu principal meio de transporte na época, enquanto a maioria das demais candidatas não tinha essa habilidade. A "Batcaverna" da Batgirl era um compartimento secreto atrás de uma parede no apartamento de Barbara, com direito a um elevador para levar a moto até o nível da rua; segundo Craig, a porta desse compartimento tinha a mania de travar, o que fazia com que as cenas de Barbara o abrindo para se transformar na Batgirl tivessem de ser refilmadas várias vezes.

No elenco principal, Craig substituiria Blake, com sérios problemas de saúde, que, aliados a uma dificuldade dos roteiristas em colocar sete personagens mais um ou dois vilões em um episódio de meia hora, fariam com que a Tia Harriet só fizesse participações especiais em dois episódios, o segundo da temporada e aquele que foi a última parte do episódio em três partes. Após Astin ser extremamente criticado na forma como interpretou o Charada na segunda temporada, a Fox decidiria atender o pedido de Gorshin para que ele recebesse o mesmo que Romero e Meredith, e ele retornaria para o elenco de vilões da terceira temporada; Newmar, por outro lado, estava comprometida com as filmagens de O Ouro de Mackenna, filme de faroeste com Gregory Peck que estrearia em 1969, e não poderia voltar ao papel de Mulher-Gato. Como Meriwether também não estava disponível, filmando Um Anjo no meu Bolso, Dozier decidiu ousar e chamar a cantora Eartha Kitt.

A ousadia na escalação de Kitt vinha do fato de que ela era negra, e, mesmo sendo uma cantora razoavelmente conhecida, era 1967, e uma atriz negra com um papel que não fosse de empregada em uma série de TV era algo ainda extremamente raro - de fato, a Mulher-Gato de Kitt é considerada apenas a segunda personagem de destaque em uma série de TV interpretada por uma mulher negra, com a primeira sendo Uhura, de Jornada nas Estrelas, interpretada por Nichele Nichols, que estrearia na TV pouco mais de um ano antes. Kitt não se limitaria a imitar a Mulher-Gato de Newmar, criando seus próprios trejeitos, que incluíam ronronar - algo que acabaria se tornando uma marca da personagem, imitada por todas as suas intérpretes seguintes. Infelizmente, a Mulher-Gato só apareceria em três episódios da temporada; a vilã também faria uma aparição relâmpago no penúltimo episódio, mas sendo interpretada por uma dublê - o que deixaria a cena bastante curiosa, já que a dublê era branca.

Mais uma vez, os roteiristas optariam por usar vilões criados especialmente para a série, ao invés de adaptar novos vilões nos quadrinhos. Os novos vilões da terceira temporada são a Sereia (Joan Collins), Lola Lasanha (Ethel Merman), Louie, o Lilás (Milton Berle), Olga, Rainha dos Cossacos (Anne Baxter, que já tinha interpretado Zelda, a Grande, na primeira temporada), Lord Marmaduke Ffogg e Lady Penelope Peasoup (respectivamente Rudy Vallée e Glynis Johns), Nora Clavícula (Barbara Rush), Verdigris (Richard Balkalyan), a Dra. Cassandra Spellcraft (Ida Lupino) e seu assistente Cabala (Howard Duff), e Minerva (Zsa Zsa Gabor). Além do Coringa, do Pinguim, do Charada e da Mulher-Gato, os vilões das temporadas anteriores que retornam são o Rei Tut, o Cabeça de Ovo, Shame e Freddy Espadachim, ainda interpretados, respectivamente, por Buono, Price, Robertson e Bergerac.

Os episódios em duas partes têm dois vilões cada - o Pinguim e Lola Lasanha, Cabeça de Ovo e Olga (que também são os vilões de um episódio posterior, de uma parte só), o Coringa e a Mulher-Gato, e Shame e Calamity Jan (Dina Merrill) - e Ffogg e Peasoup são os vilões do episódio em três partes, no qual Batman e Robin viajam até "Londinium", na Europa, especialmente para interromper sua carreira criminosa. Os três últimos episódios, apesar de terem uma parte só, também têm dois vilões cada - o Coringa e Verdigris, Spellcraft e Cabala, Minerva e Freddy - e o penúltimo conta com aparições especiais da Mulher-Gato, do Rei Tut, do Coringa, do Pinguim e do Charada, mas, como foi dito, interpretados por dublês. Após o Charada ser o vilão com mais episódios na primeira temporada e a Mulher-Gato na segunda, na terceira, finalmente, foi a vez do Coringa.

Apesar de todos os esforços de Dozier, a série não conseguiu ser salva: a audiência continuou a cair vertiginosamente, e, no final de 1967, a ABC avisaria a Fox que honraria a encomenda dos episódios da terceira temporada, mas não renovaria a série para uma quarta. Em meados de 1968, outro canal, a NBC, procuraria Dozier e se diria disposto a exibir uma quarta temporada, se ela fosse produzida, em 1968. Ao retornar à Fox, entretanto, Dozier descobriria que, assim que as gravações da terceira temporada terminaram, como já se sabia que não seria produzida uma quarta, todos os cenários e figurinos da série haviam sido destruídos ou reciclados, incluindo a moto da Batgirl, somente se salvando o Batmóvel - que, vale lembrar, era alugado. Como fazer tudo de novo representaria um custo de centenas de milhares de dólares, Dozier comunicaria à NBC que seria impossível gravar uma quarta temporada. Até hoje não se sabe de quem partiu a ordem para a destruição dos figurinos e cenários.

Assim como várias outras séries da década de 1960, ao longo dos anos, devido às inúmeras reprises na TV, Batman se tornaria uma série cult, com a segunda e a terceira temporadas fazendo mais sucesso do que quando foram originalmente exibidas. Depois que a Warner Bros. comprou a DC Comics, porém, disputas entre a Warner e a Fox fariam com que o licenciamento da série para novas reprises se tornasse cada vez mais difícil, com praticamente somente as emissoras que já haviam comprado a série podendo exibi-la. O lançamento em home video parecia impossível pelo mesmo motivo, até que, de surpresa, em 2013, Warner e Fox anunciariam ter chegado a um acordo que permitiria não somente o lançamento da série completa em DVD e Blu-ray, mas também que novos produtos usando os personagens da série fossem lançados.

O primeiro desses produtos seria Batman '66, uma série em quadrinhos que mostrava aventuras de Batman, Robin e Batgirl no universo da série de TV, incluindo histórias nas quais eles enfrentavam vilões criados especialmente para a série. Batman '66 teria 30 edições, publicadas entre julho de 2013 e fevereiro de 2016, todas escritas por Jeff Parker, mas desenhadas por vários artistas. A série também teria uma edição especial, Batman '66: The Lost Episode, com roteiro de Len Wein e arte de Jose Luis Garcia-Lopez, adaptando um suposto roteiro escrito para a primeira temporada mas jamais filmado no qual o vilão era o Duas Caras, e renderia cinco minisséries de seis edições cada, todas crossovers: Batman '66 meets the Green Hornet (com o Besouro Verde, entre agosto de 2014 e janeiro de 2015), Batman '66 meets the Man from U.N.C.L.E. (com o Agente da U.N.C.L.E., entre fevereiro e julho de 2016), Batman '66 meets Steed and Mrs. Peel (com a dupla da série britânica Os Vingadores, entre setembro de 2016 e fevereiro de 2017), Batman '66 meets Wonder Woman '77 (com a Mulher Maravilha da série de TV com Lynda Carter, entre março e agosto de 2017) e Archie meets Batman '66 (com a turma do Archie, entre setembro de 2018 e março de 2019).

Em 2016, para comemorar os 50 anos da estreia da série, seria lançada diretamente em DVD e Blu-Ray a animação O Retorno da Dupla Dinâmica, também ambientada no universo da série, na qual, assim como no filme, Batman e Robin enfrentam o Coringa, o Pinguim, o Charada e a Mulher-Gato, com West, Ward e Newmar repetindo seus papéis da série de TV. No ano seguinte, a animação ganharia uma sequência, Batman vs. Duas Caras, mais uma vez com West, Ward e Newmar, com Meriwether interpretando uma personagem secundária, e William Shatner (o Capitão Kirk de Jornada nas Estrelas) interpretando Duas Caras. A Warner planejava lançar pelo menos mais um filme, para fechar uma trilogia, mas West faleceria antes do lançamento do segundo, o que encerraria a série.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Escrito por em 16.12.09 com 0 comentários

Liga da Justiça

Já que minha resolução de ano novo determina que é hora de postar sobre aqueles assuntos que eu gostaria de falar antes do final do ano, hoje é dia de um post sobre a Liga da Justiça! Que já está até meio atrasado, visto que eu já tive vontade de fazer um três vezes - a primeira quando fiz o post dos Vingadores, lá em setembro de 2008, a segunda quando ele não foi sorteado em abril desse ano, e a terceira quando fiz o da Mulher Maravilha, em julho - mas sempre acabei adiando.

Como os que acompanham este blog devem saber, eu sempre fui fã da Marvel, e jamais comprei quadrinhos regulares da DC - o que leva à conclusão de que nunca comprei uma revista da Liga da Justiça. Apesar disso, eu jamais nutri nenhuma espécie de raiva pelos heróis da DC, e na verdade até gostava deles, mas, curiosamente, por causa de outras mídias, como o seriado da Mulher Maravilha, os filmes do Batman e o desenho dos Superamigos. Em matéria de desenho animado, inclusive, o da Liga da Justiça - aquele que depois virou Liga da Justiça Sem Limites - coloca qualquer desenho da Marvel no chinelo. Aliás, eu gosto tanto deste desenho que ele me causa duas frustrações: a primeira, que não existe um desenho com heróis Marvel tão bom quanto ele; a segunda, que ele jamais tenha sido lançado completo em DVD para eu colecionar. De fato, se hoje vocês estão lendo um post sobre a Liga da Justiça, a culpa é do desenho, porque os quadrinhos jamais teriam me dado a motivação necessária para escrevê-lo.

A Liga da Justiça não foi a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos, ou mesmo da DC. Esta honra cabe à Sociedade da Justiça da América, que estreou na revista All Star Comics número 3, de dezembro de 1940. Originalmente, esta equipe era composta pelo Flash original, o Lanterna Verde original, o Gavião Negro original, o Átomo original, o Sandman original, Senhor Destino, Espectro e Homem-Hora. Mais tarde, os três mais famosos heróis da DC, Super-Homem, Batman e Mulher Maravilha, também se uniram à equipe, mas os dois primeiros apenas como membros honorários, e a Mulher Maravilha como uma simples secretária, que nem participava ativamente das aventuras do grupo. Aliás, a Sociedade da Justiça possuía uma regra, publicada na All Star Comics número 5, segundo a qual heróis que ganhassem sua própria revista em quadrinhos teriam de se tornar membros honorários da equipe, aparecendo apenas como convidados especiais em algumas de suas aventuras - como Super-Homem e Batman já possuíam suas próprias revistas antes de 1940, foram honorários desde o início.

As aventuras da Sociedade da Justiça duraram até março de 1951, quando a All Star Comics foi cancelada na edição 57. À exceção de Super-Homem, Batman e Mulher Maravilha, os heróis da Sociedade desapareceram das páginas das revistas da DC, até o final da década de 1950, quando alguns retornaram - mas um tanto diferentes.

Naquela época, a DC decidiu reformular e relançar seus heróis clássicos, com novas identidades, novas origens, novas aparências, e até alguns novos poderes. Assim, Barry Allen se tornou o novo Flash, Hal Jordan substituiu Alan Scott como o Lanterna Verde, e por aí vai. Como esses "novos" heróis estavam fazendo sucesso, a DC decidiu ressucitar também a Sociedade da Justiça, mas com as novas versões dos heróis ao invés das antigas. Para esta tarefa, ela designou Gardner Fox, co-criador do Sandman, do Flash e do Gavião Negro originais, e que havia escrito para a All Star Comics. Ao invés de simplesmente reunir as novas versões dos integrantes da Sociedade e ressucitar a equipe, porém, Fox optou por algo novo: estimulado pelo sucesso de ligas esportivas como a National Fotball League e a Major League Baseball, ele optou por criar também uma liga de super-heróis, batizando sua equipe de Justice League of America, a Liga da Justiça da América.

A Liga da Justiça faria sua estreia na revista The Brave and the Bold número 28, de maio de 1960. Sua primeira formação contava com Mulher Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Ajax, o Caçador de Marte - ao contrário do que ocorria com a Sociedade da Justiça, todos titulares de suas próprias revistas, publicadas mensalmente pela DC - mais Super-Homem e Batman, em aparições ocasionais, e o adolescente sem poderes Snapper Carr, que servia como mascote da equipe. Em sua primeira aventura, a Liga enfrentou Starro, o Conquistador, uma estrela-do-mar gigante capaz de dominar as mentes de seus oponentes - e que teria vencido a equipe caso Snapper não tivesse encontrado uma solução milagrosa, algo bastante comum nas histórias de super-heróis da década de 1960. Após esta estreia bombástica, a Liga retornaria em sua própria revista, Justice League of America, em outubro de 1961.

Curiosamente, o motivo pelo qual os heróis mais poderosos da Terra decidiram se unir e formar uma equipe jamais ficou muito claro, e foi alterado diversas vezes ao longo dos anos. Originalmente, os heróis fundadores da Liga teriam decidido se unir quando se deram conta de que seus poderes, individualmente, não eram suficientes para repelir uma invasão de uma raça alienígena conhecida como Apelaxianos. Em 1977, porém, foi contada uma nova versão, de que a invasão na verdade era de marcianos, e que a Liga havia decidido se unir após ter trabalhado bem em conjunto para salvar Ajax. E em 1994 inventaram uma história de que um herói chamado Triunfo havaia sido o verdaderio responsável por reunir os heróis, sendo, inclusive, seu líder, até um acidente em sua primeira missão removê-lo da continuidade espaço-temporal e das memórias de todos os habitantes da Terra.

Seja lá por que eles decidiram se unir, o fato é que a Liga da Justiça começou com sete heróis, mas, durante a década de 1960, ganharia quatro novos integrantes, Arqueiro Verde, Canário Negro, Átomo e Gavião Negro, sendo que estes dois últimos foram reformulados pelo próprio Fox. Fora essas adições, a equipe permaneceria inalterada até o final da década, quando sairiam a Mulher Maravilha (na edição 69) e Ajax (na 71). Na edição 77, de 1969, Snapper Carr, inadvertidamente, revelaria o local da base secreta da Liga - uma caverna nos arredores da cidade de Happy Harbor, em Rhode Island, Estados Unidos - para o Coringa, o que colocou a vida dos demais integrantes em risco, e acabou provocando sua saída da equipe. Este evento acabou provocando mais uma mudança importante, com a nova base da Liga passando a ser em um satélite em órbita da Terra.

Por conta disso, a década de 1970 ficou conhecida como os Satellite Years, os "anos do satélite", quando a Liga ganhou como novos membros Vingador Fantasma, Homem Elástico, Tornado Vermelho, Nuclear e Zatanna, além de ver a Mulher Maravilha retornar como convidada especial, tal como ocorria com Super-Homem e Batman. Oficialmente, a Liga possuía uma limitação de doze membros, o que fazia com que, cada vez que um herói novo entrasse, um dos antigos tivesse de sair, passando a aparecer somente como convidados; e uma regra de proibição de poderes duplicados, que proibia dois heróis com os mesmos poderes de estarem na equipe ao mesmo tempo. Ambas as regras foram suspensas na edição 161, de dezembro de 1978, quando entrou para a equipe a Mulher-Gavião.

Apesar de todas essas estreias, e das histórias contarem dentre seus roteiristas com nomes como Gerry Conway, Cary Bates, E. Nelson Bridwell e Steve Englehart, na década de 1970 a Liga não conseguiu manter a mesma popularidade da década anterior, e via suas vendas caírem a cada número, No início da década de 1980, com a entrada do desenhista George Pérez, a revista passou por um novo surto de popularidade, mas que também não durou muito. Em 1984, buscando reformular a equipe, a DC a transferiu de sua base orbital para a cidade de Detroit, e a encheu de novos membros adolescentes, algo que foi muito criticado pelos leitores, que apelidaram a equipe - formada por Aquaman, Ajax, Homem Elástico, Zatanna, Cigana, Vixen, Gládio e Vibro - de Justice League of Detroit. Sem conseguir salvar as vendas mesmo após reintroduzir os personagens originais nas histórias, a DC decidiu cancelar a revista na edição 261, em abril de 1987.

Um ano antes do cancelamento, porém, se iniciou uma grande saga chamada Lendas, a primeira da DC após a Crise nas Infinitas Terras. Durante a história de Lendas, uma nova Liga da Justiça foi formada, com uma atuação mais internacional, em oposição à Liga original, que praticamente só agia dentro dos Estados Unidos. Esta nova equipe estrearia em uma revista chamada simplesmente Justice League, em maio de 1987, mas que, aproveitando seu foco internacional, seria renomeada Justice League International na edição 7, de novembro de 1987.

Criada por Keith Giffen e J.M. DeMatteis, com arte de Kevin Maguire, e mais tarde de Adam Hughes, a Liga da Justiça Internacional era composta originalmente por Batman, Canário Negro, Besouro Azul, Capitão Marvel, Doutora Luz, Senhor Destino, Ajax, Senhor Milagre e Guy Gardner. Pouco depois, entraram como novos membros o Gladiador Dourado, Capitão Átomo, Fogo, Gelo e o Soviete Supremo. As histórias dessa nova Liga, além de ação, possuíam bastante humor, e logo se tornaram um sucesso, dando origem, inclusive, a um spin-off, a revista Justice League Europe, uma equipe baseada na Europa, composta por Capitão Átomo, Homem Elástico, Poderosa, o terceiro Flash, Soviete Supremo, Homem Animal, Metamorfo, Raposa Escarlate, Gaio e Feiticeira de Prata, que combatia uma equipe de supervilões conhecida como os Extremistas, todos baseados em vilões clássicos da Marvel, como Doutor Destino e Magneto. As histórias da Liga da Justiça da Europa possuíam até mais humor que as da Internacional, algo que acabou se tornando uma marca da Liga da Justiça no final da década de 1980 e início da de 1990.

Infelizmente, porém, os roteiristas que se seguiram a Giffen e DeMatteis não conseguiram manter a popularidade das primeiras edições, e gradualmente abandonaram o humor, focalizando mais na ação. Em maio de 1989, a Liga voltou a atuar predominantemente nos Estados Unidos, e a revista, em sua edição 26, foi renomeada para Justice League America. Em maio de 1993, a Liga ganhou mais um spin-off, Justice League Task Force, uma equipe especial sancionada pela ONU, formada por vários ex-membros da Liga da Justiça original. No mês seguinte, a Justice Legue Europe foi renomeada Justice League International, e seus membros passaram a também realizar missões no mundo inteiro, ao invés de apenas na Europa. Esse novo título duraria apenas 17 edições, já que, em setembro de 1994, a revista seria substituída por Extreme Justice, que narrava as aventuras de uma Liga da Justiça paralela, formada por ex-membros das Ligas da Justiça insatisfeitos com a relação entre a Liga original e a ONU. Nem mesmo todos esses movimentos, porém, conseguiram salvar a Liga de mais um cancelamento: com a popularidade da equipe e de seus spin-offs em queda, a DC decidiu cancelar Extreme Justice após apenas 18 edições, em julho de 1996. No mesmo mês, seria cancelada Justice League Task Force, e no mês seguinte seria a vez de Justice League America.

Mas a DC nunca foi conhecida por desistir fácil. Atribuindo o insucesso dos títulos à grande quantidade de Ligas da Justiça agindo simultaneamente, ela decidiu transformar a Liga mais uma vez em uma equipe única, lançando uma minissérie, escrita por Mark Waid e Fabian Nicieza, já em setembro de 1996. O próximo passo foi o lançamento de uma nova revista, chamada simplesmente de JLA, em janeiro de 1997.

Com roteiros de Grant Morrison, essa nova encarnação da Liga era uma volta às origens, com uma equipe composta pelos sete maiores heróis da DC: Super-Homem, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Ajax, Flash (Wally West, o terceiro a vestir o manto do herói) e Lanterna Verde (Kyle Rayner). Uma equipe tão poderosa não podia se envolver em assuntos mundanos, portanto todas as histórias de JLA colocavam a Liga contra desafios que realmente necessitavam de tantos heróis juntos, como invasões alienígenas e ameaças de apocalipse. JLA rapidamente se tornou a revista de maior sucesso da DC, mas, temendo cometer os mesmos erros do passado, os editores jamais fizeram grandes modificações na equipe - heróis como Oráculo, Homem Borracha e Aço até chegaram a agir junto com a equipe, mas seu núcleo continuava o mesmo - nem lançaram qualquer spin-off, preferindo, no máximo, lançar edições especiais e minisséries, como Justice Legue Elite, de 2004 - a única exceção foi a revista Justice League: Classified, publicada entre janeiro de 2005 e maio de 2008, e que contava histórias ambientadas alguns anos antes da cronologia atual.

Curiosamente, a popularidade da Liga da Justiça na época ajudou a ressucitar também a Sociedade da Justiça, que voltou com novos membros na revista Justice Society of America, de agosto de 1999 - antes disso, a DC já havia tentado ressucitar a Sociedade com uma minissérie em 1991 e uma revista regular em 1992, mas sem sucesso. Justice Society of America foi publicada até julho de 2006, quando foi interrompida pela Crise Infinita, retornando com o mesmo nome em dezembro daquele mesmo ano.

JLA foi publicada até fevereiro de 2006, quando foi cancelada na edição 125, após os eventos da saga Crise Infinita. A Liga retornaria com uma nova revista chamada Justice League of America, de agosto de 2006, que trazia uma equipe composta por Super-Homem, Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde (Hal Jordan), Canário Negro, Arqueiro Vermelho, Tornado Vermelho, Vixen, Raio Negro e Moça-Gavião. Esta é a revista da Liga que está à venda até hoje, com algumas flutuações de popularidade ao longo do tempo - principalmente na época em que as histórias tinham roteiro de Dwayne McDuffie. Atualmente, a Liga da Justiça está passando por uma nova reformulação, conforme os eventos mostrados na minissérie Justice Legue: Cry for Justice, e em 2010 sua formação deve contar com Batman, Lanterna Verde (Hal Jordan), Arqueiro Verde, Átomo, Mon-El, Donna Troy, Ciborgue, Doutora Luz, Estelar, Congorila e Guardião. Dizem os rumores que então a revista será renomeada mais uma vez, para apenas Justice League.

Já que eu decidi fazer este post por causa do desenho, não custa nada falar sobre ele também. A primeira tentativa de se fazer um desenho da Liga da Justiça resultou, na verdade, no desenho dos Superamigos, que estreou na década de 1970, e foi produzido até meados da de 1980. Mais voltado para as crianças, porém, o desenho não refletia com fidelidade a Liga dos quadrinhos, e jamais foi considerado um desenho "oficial" da equipe.

No final da década de 1990, o animador Bruce Timm, que já havia feito as bem sucedidas séries do Batman e do Super-Homem, recebeu a proposta de fazer um desenho da Liga da Justiça no mesmo estilo, e que se mantivesse fiel aos quadrinhos, o que visava atrair fãs dos quadrinhos, dos desenhos anteriores de Timm, e ainda ter apelo junto ao espectador casual, aquele que não era especialmente fã de uma coisa ou outra, mas que começasse a assistir o desenho e desejasse acompanhá-lo.

Aceitando o desafio, Timm começou a pensar em qual seria a melhor equipe da Liga para retratar na animação. Ele acabou decidindo utilizar a mesma equipe de JLA, que não só era a encarnação mais recente como também espelhava a primeríssima formação da Liga, mas com duas alterações: o Lanterna Verde seria John Stewart, e não Hal Jordan, e, ao invés de Aquaman, a equipe teria a Mulher-Gavião. Dessa forma, Timm obteve uma equipe racialmente e sexualmente diversa, o que na televisão norte-americana é muito importante, dentre outros motivos por garantir que o desenho tivesse apelo junto a diferentes tipos de público.

A versão escolhida para origem da equipe foi a da invasão dos marcianos, o que garantiu um primeiro episódio com bastante ação e pouca explicação. Este primeiro episódio originalmente teve uma hora de duração, e foi exibido em 17 de novembro de 2001, sendo mais tarde dividido em três partes para as reprises. Contar os episódios da série é uma tarefa um tanto ingrata: ao todo, a primeira temporada, que terminou em 9 de novembro de 2002, em teve 12 episódios, mas todos curiosamente foram exibidos em duas partes, uma por semana, exceto o último, que, assim como o primeiro, também teve uma hora de duração e mais tarde foi dividido em três. Oficialmente, cada "parte" é contada como um episódio em separado, o que leva o número oficial de episódios para 26. A segunda temporada, que estreou em 5 de julho de 2003 e terminou em 29 de maio de 2004, teve mais 13 episódios, mais uma vez de duas partes cada, mas agora as duas partes eram exibidas uma após a outra no mesmo dia. Oficialmente, portanto, a segunda temporada teve mais 26 episódios, para um total de 52.

Muitos heróis da DC que não estavam dentre os sete da Liga participaram do desenho, como Aquaman, Senhor Destino, Orion e até mesmo Lobo. Snapper Carr também apareceu em diversos episódios, mas como um repórter, e não o adolescente mascote da Liga. Os vilões dos episódios também vinham de diversas partes diferentes do Universo DC, com nomes como Lex Luthor, o Coringa, Gorila Grodd, Solomon Grundy e Darkseid servindo de antagonistas para a Liga.

Com tanta variedade, o desenho se tornou um grande sucesso, tanto dentre os fãs antigos quanto os espectadores regulares do Cartoon Network, canal onde era originalmente exibido. Como todo sucesso, porém, ele não esteve imune a críticas: houve quem reclamasse de favorecimento a Batman, que em muitos episódios parecia ser o único personagem capaz de raciocinar, enquanto os outros agiam por impulso; houve quem reclamasse do "rebaixamento" de Aquaman, de membro fundador da Liga a uma espécie de antagonista; e houve quem reclamasse do tom um tanto adulto da animação, vendo insinuações sexuais em alguns episódios, ao que foi respondido brilhantemente por Timm que o desenho não era feito para crianças, era apenas assistido por elas.

O último episódio da segunda temporada foi feito para ser o último da série, contando, inclusive, com a destruição do quartel-general da Liga da Justiça. Depois dele, porém, o desenho não foi cancelado, apenas mudou um pouco de foco e foi renomeado para Liga da Justiça Sem Limites (Justice League Unlimited no original). A base de sete heróis permanecia, mas agora os episódios traziam aventuras de praticamente todos os heróis do Universo DC. A rigor, todos eles fazem parte da Liga da Justiça, sendo os sete originais referenciados como "os fundadores", e, em cada episódio, um grupo diferente de heróis se reunia para tratar de uma ameaça qualquer.

Liga da Justiça Sem Limites teve duas temporadas, a primeira, de 26 episódios, exibida entre 31 de julho de 2004 e 23 de julho de 2005, e a segunda, de mais 13, para um total de 39, exibida entre 17 de setembro de 2005 e 13 de maio de 2006. À exceção dos episódios 12 e 13 da primeira temporada, que na verdade são duas partes de um mesmo episódio, cada um deles é em uma única parte, e não em duas como os da série anterior. A maioria dos episódios tem uma história fechada, mas alguns fazem referência a um arco envolvendo o Projeto Cadmus, um projeto secreto do governo. Os episódios de Liga da Justiça Sem Limites também fazem várias referências não só aos da Liga da Justiça, mas também a outras séries animadas pertencentes ao chamado DC Animated Universe, como as séries animadas do Batman e do Super-Homem de Bruce Timm, Batman do Futuro, Super Choque e Projeto Zeta.

A segunda temporada de Liga da Justiça Sem Limites introduziu uma espécie de nova encarnação da Legião do Mal, um grupo formado por vários vilões com o objetivo de fazer frente à reunião dos heróis. Por outro lado, ela sofreu severas restrições criativas por parte da Warner: em primeiro lugar, nenhum personagem relacionado ao Batman poderia aparecer no desenho, por culpa da estreia da nova série animada O Batman, que não tinha relação com os desenhos de Bruce Timm. Além disso, os personagens relacionados a Aquaman também foram proibidos de participar, por conta de um projeto de uma série do Aquaman no estilo de Smallville, que acabou não saindo do papel. Com todas essas limitações, a série focalizou em heróis menos conhecidos da DC, mas não conseguiu manter o sucesso, e acabou cancelada.

É por essas e outras que eu costumo dizer que o maior problema da DC é a Warner. E espero que a Disney não se transforme no maior problema da Marvel.
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sábado, 2 de junho de 2007

Escrito por em 2.6.07 com 12 comentários

Batman (II)

Semana passada, eu fiz aqui um post sobre Batman. No finalzinho, falei rapidamente sobre a vida do Homem-Morcego fora dos quadrinhos, em desenhos, filmes e seriados. Meu intuito era aproveitar e comentar sobre os filmes, mas o post já estava grande demais, então eu só os citei. Hoje, o assunto será retomado, desta vez com a carreira cinematográfica do Cavaleiro das Trevas!

Batman é um dos super-heróis que tem mais filmes produzidos - se você contar o filme baseado no seriado da década de 60, são seis, e mesmo que não conte, só o Super-Homem também tem cinco filmes. E uma coisa que eu acho muito interessante nestes filmes é que eles são todos completamente diferente uns dos outros. Você até pode achar semelhanças nos dois filmes do Tim Burton, mas há de concordar que o segundo é bem mais "Tim Burton" do que o primeiro. O mesmo acontece com os dois de Joel Schumacher, o segundo é bem mais tosco que o primeiro, quase no mesmo nível da série de TV. E Batman Begins, que quis recolocar tudo nos eixos, é considerado por muitos o filme de super-heróis mais "sério" já feito.

Pois bem, diante de todas estas contradições, vamos começar uma breve análise dos filmes. Exceto do primeiro, lançado em 1966, após o final da primeira temporada da série de TV, com Adam West e Burt Ward como Batman e Robin, combatendo um ataque conjunto de seus quatro principais vilões, o Coringa (Cesar Romero), o Charada (Frank Gorshin), o Pingüim (Burgess Meredith) e a Mulher-Gato (Lee Meriwether), que planejam dominar o mundo com a ajuda de um submarino roubado e um raio desidratante, que tranforma as pessoas em pó. Eu não me recordo de já ter visto este filme, mas também não faço muita questão, e irei desconsiderá-lo neste post. Ou não, já que acabei de fazer um resumo dele.

BatmanEnfim, o primeiro filme de Batman que conta foi lançado em 1989, com o título simplesmente de Batman. Na época, a DC Comics já fazia parte da Time Warner, de forma que a Warner Bros. seria o estúdio a produzir o filme. O intuito da Warner era distanciar o máximo o filme da série dos anos 60, à qual Batman já estava incomodamente associado por aqueles que não acompanhavam os quadrinhos. O projeto previa um filme mais sombrio, mais adulto, inspirado nas histórias originais das décadas de 30 e 40, mas mais parecido com as histórias que ajudaram a popularizar Batman na década de 80. Esta foi a intenção anunciada do estúdio, mas pouca gente acreditou nela, principalmente quando foi anunciado que o ator Michael Keaton, tradicionalmente escalado para comédias, faria o papel de Batman. "Pior ainda", o diretor seria Tim Burton, que também havia dirigido comédias como Os Fantasmas se Divertem (com Keaton no elenco) e A Grande Aventura de Pee Wee.

O filme, evidentemente, foi tomado por um grande descrédito. Para debelá-lo, a Warner produziu em tempo recorde um teaser trailer, aqueles trailers pequenininhos e que não mostram quase nada, mas servem para a gente ter uma idéia do que vem por aí. Apesar das filmagens mal terem começado quando o teaser foi liberado, ele já mostrava que o Batman do novo filme não teria nada a ver com o da série. Os fãs dos Estados Unidos então se renderam, e passaram a esperar com grande expectativa. Muitos deles, inclusive, compraram ingressos para sessões que exibiriam o teaser só para assisti-lo, sem se importar com qual fosse o filme. Nos meses que antecederam o lançamento, a América foi tomada por uma "batmania", com o logotipo de Batman aparecendo em todo o tipo de merchandising, como camisetas, bonés, chaveiros, e até cereais matinais. Para capitalizar sobre o filme, a Warner convidou Prince, um dos artistas mais famosos da época, para gravar sua trilha sonora, e Danny Elfman para criar a música-tema do herói.

Batman foi lançado em 23 de junho de 1989, aclamado pela crítica e pelo público - principalmente pelos fãs de Frank Miller - se tornou o filme mais bem sucedido de 1989, e ganhou até um Oscar, de melhor direção de arte. Como nenhum filme é uma unanimidade, porém, muitos críticos reclamaram que o roteiro era bobo, e muitos fãs reclamaram que Batman mata pessoas no filme, enquanto nos quadrinhos ele é conhecido por ser um herói que não mata.

A história envolvia a luta de Batman (Keaton) contra seu maior aqui-inimigo, o Coringa (interpretado com maestria por Jack Nicholson). No início do filme, Batman é algo como uma lenda urbana, e luta contra os criminosos à noite para suprir a carência da polícia, em sua maior parte corrupta e nas mãos do chefão do crime Carl Grissom (Jack Palance). O Coringa, antes de se tornar um supervilão, se chama Jack Napier, e é o braço-direito de Grissom. Enviado para uma emboscada após Grissom descobrir que ele tem um envolvimento romântico com sua namorada, Napier acaba sendo derrubado por Batman dentro de um tonel de produtos químicos, e, ao invés de morrer, fica insano e com o rosto deformado, parecido com um palhaço com um sorriso maníaco. Assumindo a identidade de Coringa, o vilão contamina vários produtos de beleza e higiene pessoal com compostos químicos que, uma vez combinados, fazem com que a pessoa que os usou morra em meio a um ataque de riso e com um sorriso deformado no rosto.

CoringaAo longo do filme também descobrimos que Batman é, na verdade, o milionário Bruce Wayne, cujos pais foram mortos quando criança, e que vive em sua enorme mansão, onde dá algumas festas de vez em quando, com seu fiel mordomo Alfred (Michael Gough). Wayne acaba se envolvendo romanticamente com a fotojornalista Vicki Vale (Kim Basinger), que vem a Gotham fazer uma reportagem sobre Batman. O Coringa também se apaixona por Vale, e decide seqüestrá-la, mas é impedido da primeira vez por Batman, e da segunda pelo próprio Wayne, que acaba descobrindo que foi Napier quem matou seus pais quando ele era criança, dando origem ao trauma que faria com que ele passasse a combater o crime fantasiado de morcego (outro ponto muito criticado pelos fãs, mas compreensível do ponto de vista cinematográfico). No clímax do filme, o Coringa arma uma armadilha para Batman, mas é derrotado pelo herói, que deixa com a cidade o Bat-Sinal, um imenso holofote com seu símbolo, que deve ser aceso e apontado para o céu toda vez que a cidade precisar dele.

O enorme sucesso de Batman levou a uma inevitável continuação. Batman Returns (Batman: O Retorno, por aqui) seria lançado em 1992, novamente com Burton na direção e Keaton intepretando Batman. Este segundo filme, porém, seria bem mais parecido com o estilo consagrado de Tim Burton - ruas escuras, figurino vitoriano, neve, essas coisas - o que também significava que ele seria bem mais sinistro, e bem menos apropriado às crianças. Nos Estados Unidos, o filme foi classificado como PG-13 (menores de 13 anos devem ser acompanhados pelos pais), e gerou muitos protestos da Associação de Pais da América, principalmente quando o McDonald's decidiu dar bonequinhos de Batman, Pingüim, Mulher-Gato e Batmóvel como brindes no McLanche Feliz, o que fez com que muitas crianças quisessem ver o filme. Muitos dizem que foi esta contradição - um filme tenebroso demais para um personagem com apelo infantil - que acabou tirando Burton do projeto, e levando a Warner a substituí-lo para o filme seguinte. Muitos fãs também se declararam nada satisfeitos com a representação dos personagens principais no filme - o Pingüim é um sociopata homicida, a Mulher-Gato é mentalmente desequilibrada, Bruce Wayne é deprimido e melancólico, e Batman não demonstra remorso ao matar criminosos, até esboçando um sorriso ao explodir um deles com uma bomba - algo que levou muitos a reclamarem que o filme era mais um filme de Tim Burton do que um filme de Batman.

Este segundo filme se passa na época de Natal, e põe Batman contra dois oponentes, o Pingüim (Danny DeVito), na verdade Oswald Cobblepot, filho de uma das mais ricas famílias de Gotham, mas que foi abandonado quando bebê por ter nascido deformado; e a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer), na verdade Selina Kyle, uma secretária que, ao descobrir um plano malévolo do patrão, é defenestrada e aparentemente morre, mas é traziada de volta à vida pela lambida de vários gatos. Meio lelé, ela decide vestir uma roupa de couro e sair por aí cometendo atos ambíguos, como salvar uma mulher de um assalto e explodir uma loja de departamentos. Mas, para muitos, o maior vilão do filme é o megaempresário Max Shreck (Christopher Walken), envolvido em vários negócios excusos, e que planeja construir uma usina nuclear que não beneficiará ninguém a não ser ele mesmo (o tal plano malévolo que Selina descobre).

O Pingüim chantageia Shreck para que este o ajude a voltar para a alta sociedade de Gotham, e faz uma aliança com a Mulher-Gato para incriminar Batman por um assassinato e colocar a cidade contra o herói. Wayne se envolve romanticamente com Selina, sem que um saiba da identidade secreta do outro. No final, o Pingüim revela um plano maligno para matar todos os os primogênitos das famílias ricas da cidade, em vingança por ter sido abandonado por seus pais. Após uma dramática batalha, o Pingüim, Shreck, e aparentemente a Mulher-Gato, morrem, mas Bruce não consegue encontrar o corpo de Selina, e uma auspiciosa aparição no finalzinho deixa no ar que ela talvez tenha sobrevivido.

Mulher-Gato e PingüimApesar de todas as reclamações, Batman Returns não foi um fracasso. Na verdade, foi o terceiro filme mais rentável de 1992, o que motivou a Warner a assinar com Burton para uma nova seqüência. No terceiro filme, Burton planejava usar como vilão o Charada, talvez trazer de volta a Mulher-Gato, e ainda trazer Robin para os filmes. Muitos dos atores já haviam sido contratados e grande parte do roteiro já estava pronta quando a Warner, receosa quanto às reclamações que o segundo filme havia recebido, e vendo que o terceiro seria no mesmo estilo, resolveu mudar tudo. Burton foi substituído por Joel Schumacher - embora seu nome apareça em primeiro nos créditos, como uma forma de "compensação" - com ordens para fazer um filme mais "leve" e apropriado para todos os públicos. Schumacher manteve o Charada e Robin, mas decidiu trocar a Mulher-Gato pelo vilão Duas-Caras, e convidou Nicole Kidman para ser o novo interesse romântico de Bruce Wayne. Michael Keaton, descontente com as alterações no roteiro, não teve interesse em interpretar Batman mais uma vez, e acabou sendo substituído por Val Kilmer, algo que gerou muita preocupação entre os fãs, e acabou resultando em críticas desagradáveis, segundo as quais embora Kilmer tivesse um físico apropriado para interpretar Batman, teria se saído muito mal no papel de Bruce Wayne.

O terceiro filme, chamado Batman Forever (aqui Batman Eternamente), estrearia em 1995, e geraria reações das mais variadas possíveis. Houve quem gostasse do filme ter se tornado mais leve, houve quem reclamasse que os dois originais é que estavam no caminho certo, houve quem achasse que os vilões estavam cômicos demais - Duas-Caras é tão lunático que parece até o Coringa, e o Charada é Jim Carrey, nada mais precisa ser dito. Para a felicidade da Warner, essas reações contraditórias não afetaram o desempenho do filme, que se tornou o segundo mais assistido de 1995, perdendo apenas para Toy Story. Pessoalmente, eu não acho esse filme ruim, e a única coisa que eu não gosto foi que trocaram Keaton por Kilmer (ok, tem duas coisas que eu não gosto, a segunda é um close na bunda do Batman quando ele está vestindo o uniforme). Os fãs em geral gostaram de Batman voltar a ser um herói que não mata, e de Bruce Wayne ser retratado como um playboy milionário da alta sociedade ao invés de um recluso. As principais reclamações se ativeram a uma cena em que Duas-Caras joga uma moeda repetidas vezes até sair o resultado que lhe interessa, algo impensável nos quadrinhos, onde ele sempre se conforma com o resultado de suas jogadas.

Aliás, existem duas curiosidades interessantes sobre o personagem de Duas-Caras: antes de se tornar vilão, ele era o promotor público Harvey Dent, desfigurado após ser atacado com ácido por um criminoso, tendo depois deste acidente desenvolvido dupla personalidade, uma boa e uma ruim, e se sentindo obrigado a, diante de situações que requeiram uma escolha, jogar uma moeda de duas caras, sendo um lado riscado, e, se o lado riscado caísse para cima, ele agiria "para o mal"; caindo o outro, agiria "para o bem". A primeira curiosidade é que Harvey Dent apareceu no primeiro filme de Burton, onde foi interpretado por Billy Dee Williams, o Lando Clarissian de Star Wars. O contrato de Williams possuía uma cláusula play or pay, segundo a qual a Warner seria obrigada a escalá-lo para o papel de Harvey Dent em todas as possíveis continuações de Batman. Como o estúdio não tinha interesse em usá-lo em Batman Forever, teve que lhe pagar uma gorda indenização. Além disso, no filme, Duas-Caras é muito mais esquizofrênico, chegando ao ponto de se referir a si mesmo no plural ("nós"); para refletir esta dupla personalidade, ele tem duas namoradas, uma angelical, vestida de branco e chamada Sugar ("açúcar"), e uma mais "heavy metal", vestida de preto e chamada Spice ("tempero"). A curiosidade é que Sugar é interpretada pela atriz Drew Barrymore, que depois até andou sendo cotada para interpretar a Arlequina em um futuro filme.

Charada e Duas-CarasPois bem, neste filme, Batman (Kilmer), além de ter que lidar com Duas-Caras (Tommy Lee Jones), que o culpa pelo acidente que o transformou e quer vingança, ainda terá pela frente o Charada (Jim Carey), na verdade Edward Nygma, um ex-fuincionário das Indústrias Wayne que inventou uma máquina que transmite ondas de televisão diretamente para o cérebro dos espectadores, fazendo com que eles se sintam dentro dos programas de TV, mas teve seu pedido de mais verbas para o projeto negado após Bruce Wayne considerá-lo perigoso por manipular ondas cerebrais. Ao testar seu invento, Nygma descobre que ele tem o efeito colateral de deixá-lo mais inteligente conforme outras pessoas o usam, e aparentemente enlouquece, decidindo se vingar de Wayne por ter sido desacreditado. Mais tarde, ele se alia a Duas-Caras para conseguir dinheiro para financiar a construção de mais unidades de seu invento (traduzido no cinema como "nygmascópio", mas que no DVD virou só "a caixa", já que em inglês é "the box"), oferecendo, em troca, utilizá-lo para que ambos descubram a identidade secreta de Batman.

Além de combater os vilões, Batman ainda tem o desafio de acolher Dick Grayson (Chris O'Donnell), filho mais novo de uma família de trapezistas conhecida como "Os Graysons Voadores", morta durante um ataque de Duas-Caras ao circo, cujo intuito era fazer com que Batman revelasse sua identidade secreta. Se identificando com a dor de Grayson, Wayne o acolhe em sua mansão, mas tudo o que o jovem deseja é vingança, e, após acidentalmente encontrar a Batcaverna, exige que Batman o aceite como seu parceiro, algo que ele reluta até o final em fazer, quando Grayson adota o codinome de Robin e se une a Batman para derrotar os vilões. Bruce Wayne também se envolve romanticamente com a psicóloga Chase Meridian (Nicole Kidman; parece nome de banco), trazida à cidade para ajudar a polícia a lidar com Duas-Caras, mas que acaba se interessando por Batman.

O sucesso do filme estendeu a franquia para mais um título: com um elenco estelar, Joel Schumacher voltaria à direção para Batman & Robin, de 1997. Confesso que este foi o filme que eu aguardei mais ansiosamente; afinal, ele tem Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman, dois dos meus atores favoritos, no elenco. Também confesso que foi o filme que mais me decepcionou. Felizmente, eu não estou sozinho.

O filme começa com Batman (George Clooney, um superastro na época devido ao seu sucesso na série Plantão Médico) e Robin (O'Donnell), já com sua parceria bem sólida, tendo de enfrentar o Sr. Frio (Schwarzenegger), na verdade Victor Fries, um cientista ganhador do Prêmio Nobel e ex-atleta olímpico (!), que buscava a cura para sua esposa, afligida por um mal raro, quando sofreu um acidente que o tornou dependente de baixíssimas temperaturas. Para sobreviver, o Sr. Frio tem de usar uma armadura que o mantém congelado, e usa diamantes como combustível, diamantes estes que ele rouba, atraindo a atenção da Dupla Dinâmica. O Sr. Frio ainda tem um segundo plano, roubar vários diamantes bem grandões para criar uma máquina capaz de congelar toda Gotham, e então pedir um gordo resgate para poder financiar a pesquisa em busca de uma cura para a "Sra. Frio" (a supermodel Vendela Thomessen).

Mais tarde, dois outros vilões se unem ao Sr. Frio: a Hera Venenosa (Uma Thurman), na verdade a cientista Pamela Isley, que virou uma espécie de mulher-planta com beijos tóxicos após ser inoculada com os mais mortais venenos do mundo animal e vegetal ao descobrir que o cientista para o qual trabalhava era corrupto e queria vender o resultado de suas pesquisas para teroristas; e Bane (Jeep Swenson), um criminoso comum que ganhou superforça após ter injetada a substância na qual a Dra. Isley trabalhava em seu cérebro, e acabou virando uma espécie de guarda-costas de Hera, que pouco faz além de falar frases de uma só palavra e distribuir porradas. Com seu incrível poder de sedução, a Hera Venenosa colocará Batman e Robin um contra o outro, e ainda convencerá o Sr. Frio a ajudá-la (bem, isso ela fez convencendo-o de que Batman havia matado sua esposa), destruindo a humanidade ao congelar o mundo, para que ela o repovoe com plantas inteligentes.

Sr. Frio e Hera VenenosaAlém disso, Batman e Robin ainda têm um terceiro problema: Alfred (Gough) está morrendo, vitimado pela mesma doença da Sra. Frio, e traz sua sobrinha Barbara (Alicia Silverstone, outra superstar da época devido a suas aparições nos clips da banda Aerosmith) da Inglaterra, para que ela o ajude a encontrar seu irmão Wilfred, que tomará seu lugar como mordomo da Mansão Wayne. Barbara lê sem autorização um dossiê que Alfred preparou explicando todo o necessário para que alguém seja mordomo de Batman, e decide ela mesma se tornar uma combatente do crime, sob a alcunha de Batgirl.

Pode parecer bom, mas infelizmente não é. Esse filme é errado. Ele é muito mais pastelão que os anteriores, parecendo-se muito mais com a série dos anos 60. Algumas cenas são ridículas, como quando Batman e Robin revelam lâminas de patins de gelo sob suas botas que convenientemente os ajudaram a derrotar o Sr. Frio no museu. A interpretação de Uma Thurman está muitos degraus acima do tom, como se o filme fosse uma comédia infantil. Bane, que nos quadrinhos é um gênio capaz de falar vários idiomas e de deduzir a identidade secreta de Batman, só serve para quebrar coisas e obedecer ordens. E George Clooney consegue passar o filme todo com a mesma cara, com ou sem máscara. O resultado de tal espetáculo de horror foi o filme ter se tornado um fracasso de público e crítica tão grande que afundou a carreira de Joel Schumacher, que levou anos até gravar um novo filme de bom orçamento. Quatro dos cinco atores principais do filme também deixaram de ser chamados para filmes importantes - Silverstone saiu de vez do primeiro time, O'Donnell está tentando fazer carreira em seriados de TV, e apenas recentemente Clooney e Thurman voltariam a ser aclamados; o único que se salvou foi Schwarzenegger. Mas tudo isso também teve um lado bom: o de mostrar ao mundo como não deve ser feito um filme de super-herói.

O fracasso retumbante de Batman & Robin, nas palavras de Clooney, matou a franquia. O quinto filme, que traria novamente Batman, Robin e a Batgirl enfrentando o Espantalho, interpretado por Howard Stern, e a Arlequina, interpretada por Madonna, felizmente foi cancelado. Quase dez anos se passariam até que a Warner se animasse a fazer um novo filme de Batman, estimulada pelo sucesso dos novos filmes dos heróis Marvel, como X-Men e Homem-Aranha. Somente em 2005 Batman voltaria às telas, com o novo título Batman Begins.

Dirigido por Christopher Nolan, Batman Begins (literalmente "Batman Começa"), ao invés de uma seqüência, é um novo começo para a série, contando desde quando Bruce Wayne perdeu seus pais até ele se tornar o Cavaleiro das Trevas, derrotar seu primeiro vilão, e passar a herói oficial da cidade. Curiosamente, é o primeiro filme de Batman que faz isso, já que nos demais a morte do casal Wayne só é mostrada em curtos flashbacks. Também é o filme mais sério de todos, e considerado por muitos o filme de super-heróis mais "adulto" já feito. Em comum com os anteriores, só o elenco estelar: Michael Caine (Alfred), Morgan Freeman (Lucius Fox), Gary Oldman (um jovem Comissário Gordon, ainda sargento), Liam Neeson (Ducard), Ken Watanbe (Ra's al-Ghul), Katie Holmes (Rachel Dawes), Cillian Murphy (Espantalho) e Rutger Hauer (William Earle). Por incrível que pareça, o mais desconhecido é justamente Christian Bale, que interpreta Batman.

Batgirl, Batman e RobinComo já foi dito, o filme começa na infância de Bruce Wayne, quando seus pais são mortos pelo bandido Joe Chill (Richard Brake), deixando-o traumatizado. Wayne é criado por Alfred, mas cresce rancoroso e com desejo de vingança. Já adulto, ele planeja matar Chill, que teve sua pena de prisão suspensa em troca de testemunhar contra o criminoso Carmine Falcone (Tom Wilkinson). Chill, porém, é morto a mando do próprio Falcone, e Wayne, desiludido com a vida (e após também tomar uma piaba de Falcone), decide vagar pelo mundo em busca de um propósito. Nesta viagem, ele conhece Ducard, que o apresenta a uma liga de vigilantes comandada por Ra's al-Ghul. Com eles, Wayne treina artes marciais até se tornar um mestre, mas discorda de seu teste final, e acaba destruindo seu quartel general antes de fugir.

Ao retornar, Wayne encontra Gotham dominada por Falcone, e decide fazer algo a respeito. Ao invés de se tornar um político, porém, ele decide utilizar sua imensa fortuna para criar uma armadura com a qual causará o medo no coração dos criminosos. Já como Batman, ele começa a combater os negócios excusos de Falcone, mas acaba descobrindo algo ainda maior no processo: o cientista Jonathan Crane, que se auto-entitula Espantalho, estaria contaminando a água de Gotham com um poderoso alucinógeno. Ao longo de sua investigação, Batman acaba descobrindo que quem está por trás de tudo é ninguém menos que Ra's al-Ghul.

O filme foi um sucesso de público e crítica, e Bale foi aclamado como o melhor Batman de todos. Seu sucesso fez com que a Warner já reservasse Nolan e Bale para uma seqüência, The Dark Knight (que, se traduzirem, vai virar "O Cavaleiro das Trevas"), que estreará em 2008. Como Batman Begins começou tudo de novo, neste "segundo" filme teremos mais uma vez como vilão o Coringa, desta vez interpretado por Heath Ledger. Caine, Freeman e Oldman também já foram confirmados para reprisar seus papéis, mas Katie Holmes foi trocada por Maggie Gyllenhaal no papel de Rachel Dawes. Outra novidade do filme é que ele traz Harvey Dent, interpretado por Aaron Eckhart. Se no futuro teremos um filme com Duas-Caras, só o tempo dirá.

Enfim, Batman é um herói de muitos filmes, mas todos diferentes. Eu gostaria de dizer que gosto de todos eles, mas não consigo. Se eu mandasse alguma coisa nesse planeta, Michael Keaton teria interpretado Batman em todos, Batman Forever e Batman & Robin teriam mantido o clima sério, Batman Begins acabaria onde Batman começa, e ano que vem teríamos uma nova seqüência, chamada Batman Again, onde Batman, Robin e a Batgirl enfrentam o Chapeleiro Louco e a Arlequina (interpretada por Drew Barrymore).

Pensando bem, ainda bem que eu não mando nada.
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sábado, 26 de maio de 2007

Escrito por em 26.5.07 com 0 comentários

Batman (I)

Eu sempre gostei muito mais dos super-heróis da Marvel que dos da DC. Os motivos para isso permanecem obscuros - talvez porque as primeiras histórias em quadrinhos de super-heróis que eu li na vida foram da Marvel, talvez porque eu costumo associar os heróis da DC ao desenho dos Superamigos, talvez porque a DC de dez em dez anos resolva lançar uma grande saga para "consertar" sua cronologia - mas o fato é que heróis como Homem-Aranha, Homem de Ferro e os X-Men me agradam mais que Super-Homem, Aquaman ou os Jovens Titãs. Para muitos dos que me conhecem, esta preferência acabou resultando em uma crença: a de que eu odeio a DC. Não é verdade. Eu leio DC de vez em quando. Minha história em quadrinhos preferida é Watchmen. Eu adoro o desenho da Liga da Justiça Sem Limites. E eu gosto do Batman.

Aliás, eu não conheço ninguém que goste de super-heróis e não goste do Batman. Conheço muita gente que não gosta do Super-Homem, alguns que não gostam dos X-Men, outros tantos que não gostam do Aquaman, e até um demente que não gosta do Homem-Aranha, mas se você não gosta do Batman, deixe um comentário, pois será o primeiro de quem eu tenho notícia. Os motivos para que as pessoas gostem do Batman são muitos e variados, mas o meu é um só: Batman é um personagem muito interessante. Assim como o Homem de Ferro (meu herói favorito), ele não tem superpoderes, e se vale de muito dinheiro e artefatos tecnológicos para combater o crime, mas o diferencial de Batman é que ele não é dependente de tais artefatos, contando também com uma grande inteligência e bastante força física. Some a isso uma personalidade arredia, reclusa, quase tímida e um pouco perturbada, e pronto, temos um personagem extremamente complexo, capaz de render excelentes histórias nas mãos de bons roteiristas.

Batman, porém, não nasceu assim já tão detalhado. Ele foi o segundo super-herói da história, criado em 1938, quando só existia o Super-Homem, exatamente para pegar uma carona no sucesso deste. Na época, a divisão de quadrinhos da editora National Publications, que mais tarde se tornaria a DC Comics, animada com as vendas da revista Action Comics, onde eram publicadas as histórias do Super-Homem, pediu a seus editores para que inventassem novos super-heróis. O desenhista Bob Kane criou um super-herói ao qual chamou de "Homem-Morcego" ("The Bat-Man"), e o apresentou ao roteirista Bill Finger. Segundo finger, o tal herói vestia um collant vermelho, com botas da mesma cor, uma máscara que só cobria os olhos, e tinha asas de morcego. Finger deu várias sugestões para que o herói tivesse uma aparência melhor, como um capuz ao invés da máscara, uma capa ao invés das asas, luvas, e um uniforme negro ao invés de vermelho. Finger ainda criou o nome da identidade secreta do herói, Bruce Wayne, inspirado no patriota escocês Robert Bruce e no general norte-americano Anthony Wayne. Por esse motivo, muitos consideram Finger como co-criador de Batman, e acham injusto que apenas Kane seja citado nas referências oficiais.

Kane se inspirou em uma dezena de personagens para criar a personalidade de Batman e de Bruce Wayne, entre eles Zorro, Drácula, O Sombra, O Fantasma, Sherlock Holmes, Dick Tracy, Jimmie Dale, O Besouro Verde, o personagem folclórico inglês Jack Saltador, e o assassino do filme de 1926 The Bat. Kane apresentou o personagem à editora, que o adorou, e o cedeu a ela em troca de apenas ter seu nome na página inicial de cada história. Este nome acabou removido das histórias na década de 60, mas voltou no final da década de 70 sob a forma de um "aviso", que dizia "Batman criado por Bob Kane". Finger nunca recebeu nenhum crédito nas histórias, e morreu em 1974 ressentido com a editora por lhe negar este reconhecimento.

Batman fez sua estréia na revista Detective Comics número 27, de maio de 1939. Como o próprio nome da revista sugeria, suas histórias eram ao estilo detetive, bastante parecidas com os pulps, livros policiais que faziam muito sucesso na época. Batman era exatamente como qualquer detetive protagonista de um pulp - com a única diferença de que estava vestido de morcego - resolvendo crimes complicados com sua coragem e inteligência, e usando armas de fogo para derrotar seus inimigos. Mais tarde, estas características seriam atenuadas, para tornar o personagem mais acessível a leitores de todas as idades, e Batman abandonaria os revólveres e coletes à prova de balas, passando a usar inventos tecnológicos "típícos de super-heróis": na Detective Comics número 29 apareceu pela primeira vez o famoso Cinto de Utilidades, e na edição 31 foram apresentados o batarangue e o Batmóvel.

A origem de Batman só foi revelada aos leitores na edição 33: Bruce Wayne era filho do médico Thomas Wayne e de sua esposa Marta, dois milionários do alto círculo social da cidade de Gotham - inicialmente, Kane pensou em ambientar as histórias de Batman em Nova Iorque, mas mais tarde optou por criar sua própria cidade, um local tomado pelo crime e pela corrupção, onde o herói poderia viver muitas aventuras. Quando Bruce tinha oito anos, ele e seus pais voltavam para casa após uma noite no teatro, quando foram assaltados por um ladrão de nome Joe Chill. Durante o assalto, Chill matou ambos os pais de Bruce, e fugiu. Kane, mais tarde, diria que ele e Finger tomaram a decisão de começar a carreira do personagem desta forma porque "não existe nada mais traumático do que ver seus pais assassinados diante de seus olhos".

Após perder seus pais, Bruce jurou lutar para acabar com todo o crime em Gotham, e passou a dedicar sua vida exclusivamente a cumprir este juramento. Estudou criminologia, ciência forense, artes marciais, química, ginástica olímpica, a arte do disfarce, escapologia e ventriloqüismo. Bruce sabia, porém, que apenas isso não era suficiente para alcançar seu objetivo. Ele precisava de uma identidade secreta, algo que criasse o medo no coração dos bandidos. Um dia, enquanto pensava em sua mansão, Bruce viu um morcego entrar pela janela, e teve uma idéia: iria ele mesmo se disfarçar de morcego, e agir prioritariamente à noite. O simples pensamento de que poderiam ser abordados por um homem-morcego faria com que os criminosos pensassem duas vezes antes de cometer seus crimes.

As personalidades de Batman e de Bruce Wayne eram tão diferentes que muitos leitores se perguntavam qual deles seria o "verdadeiro" e qual seria a "encenação". Batman é seguro, determinado, uma presença imponente e intimidadora, de voz grave e baixa. Wayne, por outro lado, era visto pela sociedade como um playboy irresponsável e superficial, que vivia de renda graças à enorme fortuna que herdou da família e aos lucros das Empresas Wayne, das quais se tornou presidente. Bruce também é presidente da Fundação Wayne, que ajuda vítimas da criminalidade e evita que jovens da cidade sigam a carreira do crime. Batman e Bruce são tão diferentes justamente para que ninguém associe um ao outro - proteger sua identidade secreta é um dos objetivos principais de Batman, que muitas vezes arriscou morrer a utilizar suas habilidades enquanto estava sob a identidade de Wayne. Um dos pontos mais interessantes desta dualidade diz respeito ao álcool: embora Batman jamais consuma bebidas alcóolicas, para manter sua saúde e condição física sempre no ápice, Bruce Wayne é visto por muitos como um alcóolatra, e consumindo grandes quantidades de champagne em suas festas. Na verdade, tudo não passa de um teatro, onde Wayne bebe diversas bebidas não-alcóolicas, fingindo que são whisky e champagne.

Além de sua incrível inteligência e grande força e agilidade, Batman conta com um arsenal tecnológico, desenvolvido ou adaptado por ele mesmo. Antes de cada "missão" ele escolhe os equipamentos mais adequados e os guarda em seu Cinto de Utilidades, de forma a estar sempre preparado para qualquer surpresa tramada pelos vilões. De todos os equipamentos, o mais famoso é o batarangue, um bumerangue em formato de morcego, que ultimamente tem ganhado várias adições tecnológicas, como radar e sensor termoguiado. O próprio uniforme de Batman é um de seus equipamentos, podendo ser equipado com peitoral à prova de balas, asas que lhe permitem voar como em uma asa delta, e vários outros apetrechos. Batman conta ainda com diversos veículos, como o Batmóvel, um carro negro especialmente adaptado, com blindagem, mísseis, motor turbinado e um computador de bordo ligado diretamente à Batcaverna, o quartel-general do herói, localizado sob a mansão Wayne, local onde Batman guarda todos os seus equipamentos e de onde monitora a atividade criminosa em Gotham. Por fim, temos o Bat-Sinal, não propriamente um equipamento de Batman, mas algo que ele deu para a cidade, um enorme holofote que, quando acionado, projeta o símbolo de Batman nos céus, e convoca o herói para a ação.

O Bat-Sinal normalmente é acionado pelo Comissário James Gordon, chefe da polícia de Gotham, e primeiro personagem secundário introduzido nas histórias de Batman, já na Detective Comics 27. Gordon é um homem de meia-idade, comprometido com o fim do crime e da corrupção em Gotham, assim como Batman. Este interesse em comum fez com que ambos se tornassem amigos, e muitas vezes parceiros, embora Gordon nem sempre concorde com o método utilizado por Batman, de querer fazer justiça com as próprias mãos.

Depois de Gordon, o principal personagem introduzido nas histórias de Batman foi seu parceiro adolescente Robin, na Detective Comics 38, de 1940. Robin na verdade se chamava Dick Grayson, e era o filho mais novo de uma família de trapezistas conhecida como "Os Grayson Voadores", assassinada por um gangster de nome Zucco. Batman investigou o crime, e, com pena do jovem órfão, decidiu que Bruce Wayne iria adotá-lo. Wayne treinou Grayson, ensinando-o artes marciais e habilidades de detetive, e lhe revelou sua identidade secreta, nomeando-o seu parceiro na luta contra o crime. Finger e Kane decidiram criar Robin para que Batman tivesse uma espécie de Watson, o parceiro de Sherlock Holmes, com quem ele pudesse conversar e compartilhar seus problemas. O visual e o nome de Robin foram inspirados nos antigos filmes de Robin Hood, onde o personagem era interpretado pelo ator Errol Flynn, e visavam dar mais leveza às histórias, naquela época já consideradas um pouco pesadas para o público-alvo dos quadrinhos de super-heróis.

O enorme sucesso de Batman na Detective Comics fez com que ele ganhasse sua própria revista, Batman, que estreou em abril de 1940. A primeira edição teve a primeira aparição de dois dos mais famosos vilões da carreira do Homem-Morcego: o Coringa, um psicopata que atacava suas vítimas com uma toxina que fazia com que elas morressem com um sorriso distorcido no rosto; e a Mulher-Gato, uma criminosa que usava como arma um chicote, e tinha como objetivo assaltos ousados a mansões de milionários. Também foi na revista Batman que estreou o talvez mais famoso coadjuvante do mundo dos super-heróis, o mordomo Alfred Pennyworth, na edição 16, em abril de 1943. Contratado para trabalhar na mansão Wayne, Alfred acidentalmente descobriu as identidades secretas de Batman e Robin, e decidiu ajudá-los na luta contra o crime.

Além de aparecer na Detective Comics e em sua própria revista, Batman ainda tinha histórias publicadas na World's Finest Comics, revista que estreou em 1940 com o nome de World's Best Comics (essecialmente, ambos os nomes significam "os melhores quadrinhos do mundo", mas best é um adjetivo mais forte que finest, e passava a impressão de que a editora era pedante). Esta revista foi criada para reunir histórias do Batman e do Super-Homem, e capitalizar sobre o sucesso de ambos. Mais tarde, a revista passou a publicar histórias onde ambos os heróis agiam juntos. No início, Batman e Super-Homem eram grandes amigos, mas ao longo do tempo a relação entre os dois passou por diversas mudanças, e hoje eles são vistos como parceiros que se respeitam, mas com ressalvas ao método um do outro.

Falando em mudanças, Batman mudou muito ao longo dos anos. Muitas destas mudanças foram necessárias, pois os heróis da DC são muito antigos - o próprio Batman, por exemplo, lutou na Segunda Guerra Mundial contra os nazistas, então seria meio complicado ambientar suas histórias na época atual, pois Bruce Wayne estaria 60 anos mais velho do que no início de suas aventuras. Para "resolver" este problema, a DC comics decidiu que os heróis dos anos 30 e 40 na verdade viviam em outro Universo (chamado pela editora de "Earth Two", "Terra Dois"). A maioria dos heróis, como o Flash e o Lanterna Verde, ganharam "novas versões" na "Terra Um", a "nossa realidade"; Batman e Super-Homem continuaram os mesmos, mas tendo começado suas carreiras de herói mais recentemente. O Batman original, lá na "Terra Dois", envelheceu, se tornou comissário de polícia, e se casou com a Mulher-Gato.

Outras mudanças, menos drásticas, se deram simplesmente por exigências do mercado, para aproveitar uma nova moda, ou para tornar o herói mais atraente para novos leitores. No início da década de 50, por exemplo, as histórias mais populares eram as de ficção científica. Para aproveitar o filão, as histórias de Batman e Super-Homem foram adaptadas ao gênero. Sendo o Super-Homem um alienígena, era fácil encaminhar suas histórias para este lado; Batman, porém, teve de abandonar totalmente as histórias de detetive, ganhou muito mais bugigangas tecnológicas, e vilões mais adequados ao tema. Novos personagens também fizeram sua estréia, como a Batmulher, a versão feminina do herói, que ao invés de um cinto de utilidades carregava uma bolsa de utilidades; a Batmoça, sobrinha da Batmulher, algo como um equivalente feminino do Robin; Ace, o batcão, um pastor alemão que ajudava Batman e Robin na luta contra o crime, incluído nas histórias por causa do sucesso de Krypto na revista do Super-Homem; e o Bat-Mirim, um ser extradimensional com poderes mágicos, obcecado por Batman ao ponto de vestir um uniforme semelhante e querer ser seu parceiro na luta contra o crime - Bat-Mirim também foi inspirado em um personagem de Super-Homem, no caso o vilão Mxyzptlk.

A mudança para a ficção científica segurou as vendas de Batman por um tempo, mas por volta de 1964 elas caíram drasticamente. A DC Comics pensou em cancelar a revista, mas acabou designando o editor Julius Schwartz para reformulá-la. Schwartz aboliu os vilões e novos personagens da época da ficção científica, voltou a levar as histórias para o lado dos detetives, e redesenhou o uniforme de Batman, mudando-o de preto e cinza escuro para azul escuro e cinza claro, com uma elipse amarela em volta do símbolo no peito. Schwartz chegou até o ponto de matar Alfred e substituí-lo pela Tia Harriet, que segundo as más línguas foi morar com Wayne e Grayson para afastar os rumores de que eles teriam uma relação homossexual.

Com a estréia da série de TV de Batman na Fox (aquela do soc! pou! crás!) em 1966, os quadrinhos mudaram novamente. Assim como a série, os quadrinhos passaram a ter um tom mais leve, pendendo para o humor. Alfred foi ressucitado sem maiores explicações, e um novo personagem se uniu à Dupla Dinâmica na luta contra o crime, a nova Batmoça, na verdade Barbara Gordon, filha do Comissário Gordon. Enquanto a série fez sucesso, os quadrinhos venderam bem, mas quando a série foi cancelada em 1968, as vendas caíram novamente, e os quadrinhos tiveram de mudar mais uma vez.

A partir de 1970, o escritor Dennis O'Neil e o desenhista Neal Adams começaram um esforço para distanciar Batman do tom cômico da série de TV. Robin foi mandado para a faculdade, e Batman passou a combater o crime sozinho. As histórias voltaram a ser ambientadas na maior parte das vezes à noite, com elementos sombrios e de histórias de mistério. Muitos dos fãs consideram esta fase como sendo a melhor do herói.

Na década de 80 Batman passou por uma nova reformulação, principalmente devido à minissérie Crise nas Infinitas Terras, que essencialmente acabou com todos os universos paralelos da DC (incluindo a "Terra Dois"), deixando apenas umas poucas histórias anteriores como "oficiais" no Universo DC. Depois da Crise, a origem de Batman foi recontada na saga Ano Um, escrita por Frank Miller e desenhada por David Mazzucchelli. Uma das principais mudanças foi o fato de Alfred já ser mordomo da família Wayne durante a infância de Bruce, e de tê-lo criado após a morte dos pais. Miller também foi responsável pela minissérie O Cavaleiro das Trevas, que mostrava um Batman de 50 anos, que deixava sua aposentadoria de lado para voltar a combater o crime. O Cavaleiro das Trevas foi responsável por um enorme salto na popularidade do herói, e por de certa forma redefinir o tom das histórias publicadas depois dela, mais soturnas e violentas. Em A Piada Mortal, por exemplo, o Coringa seqüestra e tortura o Comissário Gordon, e deixa Barbara Gordon paraplégica.

O Batman da década de 90 passaria por uma provação parecida, quando na saga A Queda do Morcego o vilão Bane o deixa temporariamente paralisado da cintura para baixo após uma luta. Batman então passa seu manto para o novo herói Azrael, que passa a agir como Batman enquanto ele se recupera. Logo após Batman se recuperar, a DC fez mais uma minissérie para "assentar terreno", nos moldes de Crise, desta vez chamada Zero Hora, que tinha como objetivo realinhar todas as linhas do tempo das histórias da DC, algumas já incoerentes após anos de revistas publicadas. O Batman pós-Zero Hora é considerado uma lenda urbana pela população de Gotham, sendo que poucos sabem que ele verdadeiramente existe. Além disso, o assassino de seus pais nunca foi encontrado, o que retirou Joe Chill do Universo DC.

Esta não seria a última reformulação de Batman, porém. Na saga Crise de Identidade, de 2005, Batman descobre que a feiticeira Zatanna alterou suas memórias, o que fez com que ele ficasse sem saber o que era verdade ou mentira, e não conseguisse mais confiar em nenhum super-herói. Naquele mesmo ano veio mais uma minissérie para acertar o Universo DC, Crise Infinita, que trouxe de volta para o Universo DC muitos personagens e eventos removidos na Crise nas Infinitas Terras e em Zero Hora - Joe Chill, por exemplo, voltou a existir. Atualmente, Batman continua vivendo em Gotham City e combatendo o crime, além de selecionar novos heróis para a Liga da Justiça.

Batman, por falar nisso, prefere trabalhar sozinho ou com um parceiro ocasional - como Robin, a Batmoça ou até mesmo o Super-Homem - mas já fez parte de muitas equipes de super-heróis ao longo de sua carreira. O Batman original, por exemplo, era membro honorário da Sociedade da Justiça da América, a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos, que fez sua estréia na revista All Star Comics número 3, de julho de 1940. A equipe havia sido criada pela editora para promover seus heróis mais desconhecidos, que viveriam aventuras algumas vezes contando com a companhia dos carros-chefes Batman, Super-Homem, Lanterna Verde e Flash. A Sociedade da Justiça teve histórias publicadas até 1960, voltou no meio da década de 70, sumiu junto com a "Terra Dois" na Crise, mas voltaria com novos membros na década de 90.

Em 1960, a revista The Brave and the Bold número 28 trouxe ao mundo uma nova equipe de heróis, a Liga da Justiça da América, teoricamente criada para substituir a Sociedade, mas com heróis populares na época, ao invés dos heróis clássicos da equipe anterior. Batman foi membro fundador da Liga, junto com Super-Homem, Mulher Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Ajax, o Caçador de Marte. Batman permaneceu como membro da Liga até a última edição da The Brave and the Bold, o número 200, de 1983, quando ele formou uma nova equipe de super-heróis, os Renegados, da qual era o líder. Batman e os Renegados viveram aventuras na revista Batman and the Outsiders, que durou até 1988. A partir de 1993 a revista voltou a ser publicada, mas apenas com o título Outsiders, e sem a presença de Batman, que voltou para a Liga em 1996, no novo título JLA (Justice League of America, LJA aqui no Brasil), publicado até hoje.

Além dos quadrinhos, onde já apareceu em quase todas as publicações da DC e em mais alguns crossovers com personagens de outras editoras, Batman já teve versões para uma tira de jornal, uma novela de rádio, livros, uma série para o cinema de 1943, outra de 1949, a série de TV de 1966, uma série com vários heróis da DC, de 1979, e seis filmes para o cinema; incluindo um baseado na série, e lançado também em 1966, dois dirigidos por Tim Burton, dois por Joel Schumacher, e o mais recente, Batman Begins, que ano que vem ganhará uma continuação. Isso sem falar nos desenhos animados: o primeiro foi ao ar em 1968 e 1969, e consistia de um bloco com dois desenhos do Batman (sempre um episódio de Batman e um de Batman e Robin) e dois do Super-Homem; entre 1973 e 1986, Batman e Robin estiveram no ar como parte do desenho dos Superamigos; em 1977 estreou As Novas Aventuras de Batman, no qual Batman e Robin combatiam o crime com a ajuda do Bat-Mirim, desenho produzido até 1981; em 1992 o Homem-Morcego voltou com uma nova série, produzida por Bruce Timm, com o nome original de Batman: The Animated Series na primeira temporada, The Adventures of Batman and Robin de 1993 a 1995, quando o Menino-Prodígio passou a co-estrelá-lo, e The New Batman Adventures de 1997 a 1999, quando a Batmoça e Asa Noturna se uniram aos protagonistas; entre 1999 e 2001 foi prduzido Batman do Futuro, onde Bruce Wayne se aposenta e o manto de Batman passa para Terry McGinnis; Batman foi um dos personagens principais dos desenhos Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites, produzidos entre 2001 e 2006; e, finalmente, de 2004 até hoje está sendo produzido O Batman, primeiro desenho do herói totalmente separado dos demais elementos do Universo DC, como se ele fosse o único personagem existente. Batman e Robin ainda fizeram participações especiais em dois episódios de Os Novos Mistérios de Scooby-Doo, em 1972; Batman apareceu em três episódios do desenho do Super-Homem, em 1997, 1998 e 1999; e ainda apareceu como membro da Liga da Justiça em quatro episódios de Super Choque, em 2003, 2004 e 2005. Além disso tudo, Batman ainda estrelou cinco desenhos de longa-metragem, três sendo parte da série Batman: The Animated Series, um de Batman do Futuro e um de O Batman.

Ok, depois deste parágrafo imenso, o post acabou. A história de Batman, porém, não. Às vésperas de completar 70 anos, o herói segue popular, e ganhando novos fãs a cada dia. Feito notável para alguém que se veste de morcego.
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