sábado, 23 de novembro de 2024

Escrito por em 23.11.24 com 0 comentários

Um Hóspede do Barulho

Mês passado, eu fiz aqui um post sobre Família Dinossauros, que me deixou com vontade de escrever sobre um outro filme que conta com um ator fantasiado cujos movimentos do rosto são feitos por controle remoto. Então, hoje é dia de Um Hóspede do Barulho no átomo!


Um dos filmes preferidos da minha infância, cujo título original é Harry and the Hendersons, por motivos que serão explicados ao longo da leitura desse texto, Um Hóspede do Barulho (termo especialmente comum em títulos traduzidos nos anos 1980, junto com "da pesada" e "do futuro") acompanha a família Henderson, composta pelo pai, George (John Lithgow), a mãe, Nancy (Melinda Dillon), uma filha adolescente, Sarah (Margaret Landrick), e um filho criança, Ernie (Joshua Rudoy), que vivem na cidade de Seattle, na Costa Noroeste dos Estados Unidos. Próximo a Seattle ficam as montanhas Cascade, refúgio natural onde muitas pessoas vão para acampar, pescar e praticar caça esportiva, motivo pelo qual George trabalha com seu pai (M. Emmet Walsh) em uma loja que vende armas, munições, varas de pescar e outros artefatos voltados para a caça e pesca - embora seu sonho de juventude fosse se tornar um desenhista. George também tem o hábito de caçar, e, um dia, ao retornar para casa após um fim de semana acampando, acidentalmente atropela uma criatura que parece ser o lendário Pé-Grande. Acreditando que ele está morto, George decide levá-lo para casa, pois provar que o Pé-Grande existe pode ser um ponto de virada financeiro para a família.

E é aí que começam as confusões, porque, como vocês devem imaginar, o Pé-Grande não está morto, e, demonstrando grande inteligência, começa a interagir com a família, que se afeiçoa à criatura conforme ela também os demonstra amor. O nome do bicho é escolhido acidentalmente, quando George fala our hairy friend ("nosso amigo cabeludo"), e Ernie entende our Harry friend ("nosso amigo Harry").

Mas todo filme precisa de um conflito, e nesse não é a dificuldade de se morar com um Pé-Grande - mesmo contando com uma vizinha extremamente fofoqueira (Lainie Kazan) - e sim o caçador Jacques LaFleur (David Suchet), que perseguiu o Pé-Grande por toda a sua vida, e, ao investigar o local do atropelamento, encontra uma placa do carro de George, que se desprendeu quando atingiu Harry. Para evitar que LaFleur encontre Harry, os Hendersons primeiro tentam sem sucesso fazer com que ele volte voluntariamente para a floresta, depois buscam a ajuda do Dr. Wallace Wrightwood (Don Ameche), o maior especialista em Pés-Grandes dos Estados Unidos.

O filme seria uma ideia do diretor e co-roteirista William Dear, que, bizarramente, até então havia dirigido apenas o erótico Nymph (1973), o violento Northville Cemetery Massacre (1976) e o faroeste futurista Timerider: The Adventure of Lyle Swann (1982). Por alguma razão, em 1985 Dear decidiria que queria mudar de estilo e dirigir uma comédia para toda a família, mas baseada na lenda mais famosa dos Estados Unidos e Canadá: a do Pé-Grande.

Chamado nos Estados Unidos de Bigfoot e no Canadá de Sasquatch (que significa "pé grande" no idioma indígena halkomelen), o Pé-Grande, que tem esse nome evidentemente por ter pés muito maiores que o normal para uma criatura de seu tamanho, seria um animal humanoide, bípede, peludo e parecido com um macaco, que viveria nas florestas do oeste dos Estados Unidos e Canadá. Os primeiros relatos de pessoas que teriam visto um Pé-Grande datam do século XVIII, mas se intensificaram no século XX, com a criatura tendo ganhado notoriedade após dois amigos, Roger Patterson e Bob Gimlin, terem supostamente filmado um Pé-Grande em 1967.

Patterson e Gimlin fizeram as filmagens em Bluff Creek, localidade 40 km a noroeste da cidade de Orleans, na Califórnia, dentro de uma reserva florestal chamada Six Rivers National Forest. O filme, que hoje é considerado domínio público e está completo na Wikipédia, caso alguém queira tirar suas próprias conclusões, tem pouco mais de três minutos, e um dos motivos pelos quais ele jamais foi levado a sério foi que os dois foram até o local especificamente para filmar um Pé-Grande, ou seja, se ele for verdadeiro, foi um tremendo golpe de sorte. Patterson, que faleceu de câncer em 1972 e manteve até o fim da vida que a criatura no filme era real e que não se tratava de um hoax, começaria a se interessar pela lenda do Pé-Grande em 1959, após ler um artigo sobre a criatura na revista True, escrito por Ivan T. Sanderson. Dois anos depois, Sanderson publicaria um livro que dizia que o Pé-Grande havia sido avistado em Bluff Creek, o que teria motivado Patterson a visitar o local.

Patterson iria pela primeira vez a Bluff Creek em 1962, e lá conversaria com várias outras pessoas que acreditavam na lenda do Pé-Grande. Ele retornaria em 1964, convidado por um lenhador chamado Pat Graves, que mostrou o que seriam pegadas autênticas e recentes de Pés-Grandes, que o deixaram maravilhado. A partir de então, Patterson dedicaria sua vida a encontrar evidências científicas da existência do Pé-Grande, declarando a amigos que isso ainda lhe renderia fama e fortuna. Ano após ano, Patterson iria a Bluff Creek na esperança de encontrar um Pé-Grande, gastando todo o seu dinheiro, mas sempre voltando de mãos vazias. Ele chegaria a fundar a Northwest Research Foundation, uma fundação devotada a encontrar evidências do Pé-Grande, através da qual conseguiria empréstimos e dinheiro do governo, mas mesmo assim não teria resultados.

Através da fundação, Patterson publicaria, em 1966, o livro Do Abominable Snowmen of America Really Exist? ("o Abominável Homem das Neves da América realmente existe?" - é importante salientar que o Abominável Homem das Neves não é o Pé-Grande, mas outra criatura, o Yeti, que viveria no Himalaia, não nos Estados Unidos), que trazia reportagens de jornal sobre os avistamentos do Pé-Grande, entrevistas e cartas de pessoas que teriam visto a criatura, desenhos, mapas, ilustrações e fotos relacionadas aos encontros. O livro faria um relativo sucesso, e, com o dinheiro de suas vendas, Patterson decidiria fazer um filme sobre os caçadores de Pés-Grandes. Também vale dizer que o livro seria republicado em 1996 e 2005, nessa última vez com o título The Bigfoot Film Controversy e material adicional sobre o filme.

O filme começaria com um caubói (Patterson) e seu guia indígena (Gimlin, de peruca) passeando por florestas do oeste dos Estados Unidos e relembrando, através de flashbacks, histórias de pessoas que avistaram o Pé-Grande no local. Patterson conseguiria pelo menos nove voluntários, incluindo Gimlin e Bob Heironimus, ambos operadores de câmera, e faria filmagens ao longo dos três dias do fim de semana do feriado do Memorial Day. Depois disso, ele iria a Los Angeles tentar atrair investidores para o projeto, mostrando as imagens que já tinha feito, mas conseguiria apenas 700 dólares, que usaria para registrar o nome "Bigfoot", para que ninguém mais pudesse usá-lo antes de ele lançar seu filme. Segundo Gimlin, ele também compraria uma fantasia de Pé-Grande, que poderia usar nas filmagens caso fosse necessário representar algum dos encontros em detalhes.

Em outubro, Patterson e Gimlin iriam a Bluff Creek para filmar cenas adicionais, local escolhido por Patterson porque ele já o conhecia, e sabia que lá eles poderiam filmar pegadas supostamente autênticas. Os dois foram sozinhos, na caminhonete de Gimlin e levando três cavalos. Segundo Gimlin, durante a viagem, Patterson faria ele prometer que não filmaria um Pé-Grande caso eles vissem um, o que Gimlin achou que fosse uma brincadeira, já que ele, pessoalmente, não acreditava que tais criaturas existissem. No dia da filmagem, Gimlin estava operando a câmera e filmando Patterson andando a cavalo e levando um segundo cavalo pela rédea, quando os dois, simultaneamente, avistaram uma criatura desconhecida agachada a cerca de 7,5 m de onde eles estavam. Gimli declararia que não era possível ser alguém usando a roupa de Pé-Grande que eles compraram, pois esta era de modelo e cor diferente; Patterson declararia que seu cavalo ficaria muito agitado ao perceber a proximidade do Pé-Grande, o que demonstraria se tratar de outro animal.

Há uma movimentação da câmera antes de a criatura ser filmada, segundo Patterson porque ele teria descido do cavalo, tirado a câmera do tripé e corrido para se aproximar dela, enquanto pedia para que Gimlin, que estava em choque com a visão, paralisado sem conseguir tomar nenhuma ação, pegasse o rifle que eles tinham levado para atirar no Pé-Grande caso ele decidisse atacar; por causa disso, enquanto Patterson corria com a câmera na direção do Pé-Grande, Gimlin corria no sentido contrário, em direção ao carro. Pelas filmagens, o que Patterson registrou foi claramente uma criatura desconhecida, mas não há como dizer, pela distância e pela qualidade do filme, se é um ser vivo ou uma pessoa fantasiada. Gimlin estimaria que a criatura teria 1,80 m de altura, mas Patterson seria muito mais exagerado, primeiro dizendo 1,98 m, depois 2,10 m, e, em entrevistas próximas ao fim da vida, 2,29 m.

Segundo Patterson, no tempo que ele levou para descer do cavalo e pegar a câmera, o Pé-Grande começou a andar, e, quando ele começou a correr atrás da criatura, ela já estava a cerca de 37 m de distância. As cenas onde a suposta Pé-Grande (que Patterson identificaria como fêmea "por ter grandes seios") realmente aparece duram cerca de 50 segundos, e mostram uma criatura claramente caminhando em direção às árvores e se escondendo em meio à vegetação, a cerca de 24 m de onde Patterson parou para filmá-la. Segundo Patterson, a Pé-Grande perceberia que estava sendo filmada, olharia por sobre o ombro diretamente nos olhos dele, e teria no rosto uma expressão de desgosto, que faria com que ele caísse de joelhos. Pouco depois disso, o rolo de filme acabaria. Gimli ainda pegaria um segundo rolo de filme no carro, e os dois se embrenhariam na mata atrás da criatura, seguindo uma trilha cujo comprimento varia entre uma e três milhas, dependendo da entrevista, antes de desistir e decidir fazer apenas moldes de gesso das pegadas que encontraram.

Nos anos seguintes, o filme ganharia fãs - pessoas que acreditam na existência do Pé-Grande, e que veem o filme como prova de sua existência - e detratores - pessoas que notam inconsistências na história de Patterson e Gimlin. Seja como for, o filme, hoje conhecido como Patterson-Gimlin Film, ou PGF, ajudaria a cimentar o Pé-Grande como uma figura folclórica e um ícone pop, e aumentaria o número de caçadores de Pés-Grandes - pessoas que têm como hobby ou até mesmo profissão encontrar evidências de que tais criaturas existem - a partir da década de 1970. Muitas cidades do oeste dos Estados Unidos possuem atrações turísticas envolvendo o Pé-Grande, incluindo lojas de lembrancinhas nas quais é possível comprar todo tipo de bugingangas com a criatura.

Dear imaginou como seria se o Pé-Grande realmente existisse, e fosse encontrado não por um caçador amador ou profissional, e sim por uma família estereotípica da classe média norte-americana. Ele escreveria uma versão preliminar do roteiro e, como o filme precisaria de um Pé-Grande feito por efeitos especiais, procuraria a Amblin Entertainment, produtora fundada por Steven Spielberg, Kathleen Kennedy e Frank Marshall em 1980, responsável por grandes sucessos como E.T.: O Extraterrestre, Gremlins, Os Goonies e De Volta para a Futuro. A Amblin adoraria a ideia, e não só colocaria Dear em contato com a Universal, que financiaria e distribuiria o filme, mas com Rick Baker, o mago dos efeitos especiais dos anos 1970 e 1980, e com os roteiristas William E. Martin e Ezra D. Rappaport, que reescreveriam partes do o roteiro de Dear para que a história ficasse mais ao agrado do estúdio.

Seria Baker quem criaria a roupa de Harry, operada por nada menos que 12 pessoas, em sua maior parte uma fantasia comum, que permitia ao ator mover os braços e as pernas, mas com os movimentos do rosto, como olhos, lábios e sobrancelhas, operados por controle remoto - devido ao tamanho das mãos e pés, nas cenas em que eles não vão aparecer seriam usadas luvas e botas de tamanho normal, para que ficasse mais fácil para o ator se movimentar. O próprio Baker ficaria responsável pela maquiagem das partes do rosto do ator que ficariam visíveis sob a máscara, se alternando como operador do controle remoto com Tom Hester e Tim Lawrence; os grunhidos e poucas palavras faladas por Harry seriam dublados por Fred Newman.

O ator que vestiria a roupa de Harry, que seria creditado, mas não mostraria sua face em nenhum momento do filme, seria Kevin Peter Hall, que teria de enfrentar três horas se maquiando e vestindo a roupa de Pé-Grande a cada vez que fosse gravar. Apenas a área ao redor de seus olhos ficava visível após o processo, com todo o restante sendo artificial; os movimentos do rosto de Harry eram totalmente controlados por controle remoto, e suas "falas" seriam adicionadas na pós-produção - a máscara era tão pesada que, mesmo que Hall emitisse algum som, ele não seria captado pelos microfones das gravações.

Nascido em 9 de maio de 1955 em Pittsburgh, e tendo 2,18 m de altura, Hall, que faria faculdade de artes cênicas graças à bolsa de estudos que ganharia jogando basquete, se acostumaria a interpretar monstros e criaturas fantásticas, raramente aparecendo nas telas sem fantasia ou maquiagem pesada - uma espécie de Doug Jones da década de 1980. Sua estreia no cinema seria em Semente do Diabo, de John Frankenheimer, lançado em 1979, no qual ele interpretava um urso mutante, mas seu papel mais famoso seria o do Predador, no filme homônimo com Arnold Schwarzenegger (que estreou nos cinemas uma semana depois de Um Hóspede do Barulho) e em sua sequência, de 1990 - em Predador, ele também interpretaria um piloto de helicóptero, na primeira vez em que apareceu sem fantasia ou maquiagem numa produção de cinema. No mesmo ano em que interpretaria Harry e o Predador, Hall chegaria a ser considerado pela produção de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração para o papel de Geordi La Forge, mas acabaria descartado por causa de sua altura; ele acabaria convidado para o papel do alienígena Neyor, em um episódio da terceira temporada, usando uma maquiagem que deixava a maior parte de seu rosto visível.

Extremamente simpático e estimado por seus colegas, Hall, que se casaria em 1989 com a também atriz Alaina Reed, de Vila Sésamo, teria uma carreira curta, atuando em apenas 10 filmes para o cinema, dois filmes para a TV, um especial para a TV e sete séries de TV - sendo que, em quatro delas, participaria de um único episódio de cada. No final de 1990, ele sofreria um acidente de carro, e, ao passar por uma cirurgia, acabaria recebendo sangue contaminado pelo vírus da AIDS. Ele faleceria em abril de 1991, um mês antes de completar 36 anos.

Um Hóspede do Barulho seria filmado nas montanhas Cascade, próximo a duas rodovias importantes dos Estados Unidos, a Interstate 90 e a US 2; nessa região existe uma cidade curiosamente chamada Index, na qual já foram reportados diversos avistamentos do Pé-Grande. As cenas em Seattle foram filmadas em bairros periféricos, como Wallingford, Ballard e Beacon Hill. Diferentemente do que foi divulgado por alguns veículos de comunicação na época, não houve filmagens em Bluff Creek; também seria cogitado que o Dr. Wrightwood seria uma versão ficcional de Patterson, o que foi negado por Dear.

O filme estrearia em 5 de junho de 1987, e seria um grande sucesso, ficando em terceiro lugar na bilheteria em seu fim de semana de estreia, atrás apenas de Um Tira da Pesada 2 e Os Intocáveis. Com orçamento de cerca de 10 milhões de dólares, renderia quase 30 milhões nos Estados Unidos e mais 20 internacionalmente. A crítica, entretanto, ficaria dividida, reclamando que o roteiro era fraco, que Dear tentava imitar Spielberg, e que o filme parecia um grande comercial a favor da ecologia e do vegetarianismo, mas elogiando a performance de Lithgow e a veracidade da roupa de Harry - que renderia a Baker um Oscar de Melhor Maquiagem.

O sucesso do filme com o público, entretanto, motivaria a Amblin e a Universal a produzirem uma série de TV, também chamada Harry and the Hendersons, vendida originalmente em regime de syndication - disponível para todos os canais que quisessem comprá-la, ao invés de apenas um canal específico. Com episódios de meia hora de comédia apropriada para toda a família, a série tinha muito pouco a ver com o filme, exceto pelo fato de a família também se chamar Henderson, seus membros terem os mesmos nomes, e acidentalmente eles encontrarem Harry na floresta e decidirem levá-lo para casa.

Na série, George (Bruce Davison), Nancy (Molly Cheek), Sarah (Carol-Ann Planté) e Ernie (Zachary Bostrom) moram numa pequena cidade no norte da Califórnia, e George trabalha em uma loja de artigos esportivos. Assim como no filme, a família acidentalmente atropela Harry enquanto estava acampando na floresta, mas decide levá-lo para casa por ele estar ferido, não pensando em explorá-lo comercialmente. O maior aliado dos Hendersons é o biólogo Walter Potter (David Coburn), que trabalha para o Departamento de Controle Animal, e tem como hobby pesquisar fatos sobre o Pé-Grande. A maior ameaça a seu segredo são a vizinha fofoqueira, Samantha Glick (Gigi Rice), uma jovem e bonita mãe solteira, e sua filha, Tiffany (Cassie Cole), que estuda na mesma turma que Ernie e é apaixonada por ele.

A primeira temporada teria 18 episódios, exibidos entre 13 de janeiro e 26 de maio de 1991. Hall seria o único ator do filme a repetir seu papel na série, voltando a vestir a roupa de Harry, mas infelizmente faleceria durante as gravações, sendo substituído nos últimos episódios por Dawan Scott, que, antes disso, atuaria como seu dublê em algumas cenas. O controle dos movimentos do rosto de Harry ficariam a cargo de N. Brock Winkless IV, e os sons emitidos pelo Pé-Grande seriam feitos por Patrick Pinney. A roupa usada não seria a mesma do filme, e sim uma idêntica, mas mais moderna, que precisava de menos gente manipulando e de menos horas para que Hall se transformasse em Harry, já que as horas de gravação seriam mais numerosas.

A primeira temporada seria um sucesso moderado, o que faria com que Amblin e Universal decidissem produzir uma segunda, mais uma vez vendida diretamente para syndication; algumas mudanças seriam feitas, entretanto, para tentar aumentar a audiência: Samantha, Tiffany e Walter sairiam da série, e seriam substituídos por Darcy Payne (Courtney Peldon), outra menina da turma de Harry apaixonada por ele, e Brett Douglas (Noah Blake), o irmão mais novo de Nancy, que é fotógrafo e vai morar com os Hendersons para procurar um emprego na Califórnia. Darcy era muito mais pentelha que Tiffany, querendo de qualquer jeito que Ernie se tornasse seu namorado, com todas as suas cenas sendo dedicadas a essa devoção; ela acabaria descobrindo a existência de Harry acidentalmente, mas, devido à grande antipatia que gerava no público, seria removida da série antes de revelar o segredo, jamais aparecendo novamente. Já Brett, morando na mesma casa, também acabaria descobrindo Harry, mas juraria manter segredo, e seria mantido até o final da série. Perto do final da segunda temporada, George pediria demissão da loja de material esportivo para lançar uma revista, chamada The Better Life, da qual Brett seria o fotógrafo. Scott seria mantido no papel de Harry para a segunda temporada.

A segunda temporada teria mais 24 episódios, exibidos entre 29 de setembro de 1991 e 17 de maio de 1992, e faria mais sucesso que a primeira, garantindo uma terceira, de mais 30 episódios (para um total de 72), exibidos entre 18 de setembro de 1992 e 18 de junho de 1993. A terceira temporada traria mais mudanças, já que, logo no primeiro episódio, a existência de Harry é acidentalmente exposta ao mundo. Ao contrário dos temores da família de que ele poderia ser capturado pelo governo e dissecado, entretanto, ele se torna uma grande celebridade local, com cientistas e turistas de todo o mundo vindo visitá-lo e os Hendersons se tornando meio que seus empresários. Para substituir Darcy como segundo personagem infantil, os produtores decidiriam apostar em um menino, Hilton Woods, Jr. (Marc Dakota Robinson), filho do comissário de polícia da cidade, que também estuda na mesma sala de Ernie, e passa a maior parte de seu tempo na casa do amigo. Para a terceira temporada, quem interpretaria Harry seria Brian Steele. A audiência da terceira temporada não agradaria a Universal desde seu início, e, ainda durante as gravações, eles decidiriam fazer um último episódio, no qual, assim como no filme, os Hendersons decidem que o melhor para Harry é retornar à sua vida na floresta.

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