domingo, 11 de novembro de 2018

Escrito por em 11.11.18 com 1 comentário

Record of Lodoss War (II)

Um dos primeiros posts que eu escrevi quando transformei o átomo em um blog para falar sobre as coisas que eu gosto foi sobre Record of Lodoss War. Não foi por acaso, já que se trata de um dos meus anime preferidos, e de uma das minhas obras favoritas de todos os tempos. Meu post original sobre Lodoss, entretanto, apesar de não ser dos piores, sofre de duas mazelas até comuns a meus primeiros posts: pra começar, naquela época era muito mais difícil encontrar informações sobre certos assuntos, de forma que muitas informações que eu gostaria de colocar no texto acabavam não sendo sequer mencionadas; além disso, naquele começo, por razões óbvias, eu ainda não tinha desenvolvido meu estilo de escrever no átomo, ainda adotando um estilo semelhante ao do BLOGuil, mas com menos humor, de forma que, hoje, às vezes eu leio aqueles primeiros posts e os acho estranhos. E ainda há o fato de que, na época em que escrevi o post, eu só havia assistido à OVA (série lançada diretamente em vídeo), não tendo ainda tido a oportunidade de assistir à série regular que foi lançada alguns anos depois.

Pois bem, quando eu mudei o template do átomo, acabei incluindo um slider (com o qual não estou totalmente satisfeito, mas tenho preguiça de mudar por enquanto) que serviria de chamariz para cinco posts. Desde que tive essa ideia, eu já sabia que não queria que fossem os cinco últimos; minha ideia original era incluir o atual, o imediatamente anterior, um bem velho e um aleatório. Acabei fazendo mais ou menos isso mesmo, mas tomando cuidado para que o aleatório também não fosse muito recente. Outro dia, quem apareceu no aleatório foi justamente o post de Record of Lodoss War, o que me deixou animado não só para relê-lo, mas também para tentar "completá-lo", falando sobre a segunda série, que agora eu já assisti. Inicialmente, pensei em fazer isso no post 800, imitando o que fiz com a Tori Amos no post 600. Depois, mudei de ideia, e pensei em fazer um post apenas sobre a segunda série. Enquanto o estava escrevendo, mudei de ideia de novo, e decidi acrescentar mais coisas. O resultado é esse post que vocês estão lendo agora.

Embora meu intuito não fosse falar de novo da série OVA, ela acabou, por necessidade, sendo incluída. Assim, vale aqui o mesmo aviso do segundo post sobre Tori Amos: havendo informações conflitantes entre esse post e a parte (I), vale o que está aqui, porque agora eu tenho acesso a informações mais precisas, e não tenho saco para editar o post original apenas para que ele se conforme a esse (além do que acho que editar um post original é modificar sua identidade; por mais que eu ache meus primeiros posts esquisitos, eles são assim por uma razão, e eu prefiro preservá-los do jeito que foram escritos, evitando ao máximo editá-los). Tudo isso dito, hoje é dia de Record of Lodoss War no átomo!

Record of Lodoss War teve origem em uma prática literária muito curiosa, bastante popular no Japão na década de 1980, chamada replay. Basicamente, um replay era a novelização de uma sessão de jogo de RPG, publicada em capítulos em uma revista; na prática, um grupo se reunia para jogar RPG, e o Mestre ia anotando tudo o que acontecia, transformando essas anotações, depois, em uma história, que era publicada. Cada capítulo da história correspondia a uma sessão de jogo, e os acontecimentos daquele capítulo narravam exatamente o que ocorreu com os personagens dos jogadores enquanto eles estavam jogando.

No caso, Record of Lodoss War era publicada na revista Comptiq, que não era dedicada a fantasia, ficção ou anime, e sim a games de computadores - no Japão, na década de 1980, muitos computadores eram famosos por seus games, o que motivaria o lançamento de diversas publicações especializadas no assunto. Publicada pela primeira vez em 1983, a Comptiq contava com uma sessão dedicada a anime a mangá, que trazia quadrinhos e contos normalmente inspirados em games de computador; várias séries famosas, como .hack//GU+, Gunbuster e The Tower of Druaga: The Aegis of Uruk Sekigan no Ryu foram originalmente publicadas nas páginas da Comptiq - cujo nome era uma mescla das palavras computer e boutique.

No ano de 1986, os RPGs de mesa tomaram o Japão de assalto, e um grupo de jornalistas e programadores que trabalhava para a Comptiq decidiu se reunir periodicamente para jogar Dungeons & Dragons, Tunnels & Trolls e RuneQuest. Batizado pelo programador Hitoshi Yasuda com o nome de Group SNE - tirado de Syntax Error, expressão usada para avisar que há um erro na programação em linguagem Basic - o grupo contava, ainda, com dois escritores profissionais, o romancista Ryo Mizuno, que atuava como Mestre, e o escritor de ficção científica Hiroshi Yamamoto, que jogava com uma elfa chamada Deedlit. Mizuno decidiria registrar as sessões de jogo de Dungeons & Dragons para publicar como replay na Comptiq, dando a elas o nome de Lodoss Tou Senki, as "Crônicas da Guerra da Ilha de Lodoss", pois o reino no qual as aventuras jogadas pelo grupo se passavam era uma ilha chamada Lodoss.

Lodoss Tou Senki seria publicada pela Comptiq durante dois anos, entre 1986 e 1988, trazendo aventuras vividas por três grupos diferentes - sempre mestradas por Mizuno - e seria um dos maiores sucessos da revista. Tanto sucesso motivaria Mizuno a escrever histórias inéditas ambientadas em Lodoss e tendo como protagonistas os personagens do grupo, mas sem estarem diretamente ligadas às sessões de jogo. A primeira dessas histórias, Lodoss Tou Senki: Haiiro no Majo ("A Bruxa Cinzenta"), seria publicada pela editora Kadokawa Shoten em abril de 1988; um dos primeiros romances de fantasia medieval escritos no Japão, o livro seria um gigantesco sucesso, que motivaria o Group SNE a fundar sua própria empresa, que produziria jogos de tabuleiro, card games e livros de RPG.

O primeiro desses RPGs seria, justamente, Lodoss Tou Senki, lançado em 1989, publicado pela editora Fujimi Shobo. Como não poderia usar as regras do Dungeons & Dragons, o Group SNE criaria seu próprio sistema, o qual chamaria de Forcelia, e que, além de em Lodoss, seria usado em três outros RPGs: Sword World, Legend of Crystania e Rune Soldier. Ambientado no mesmo cenário que o Group SNE havia criado para suas sessões de jogo, Lodoss Tou Senki permitia que os jogadores vivessem aventuras criando personagens semelhantes aos dos replays e dos livros, e, embora não tenha se tornado um grande sucesso, chegou a figurar dentre os RPGs mais vendidos no Japão no início da década de 1990.

Enquanto isso, Mizuno não pararia em um único livro: ao todo, a série de Lodoss contaria com um total de sete. O segundo, Honou no Majin ("O Demônio em Chamas") seria lançado em fevereiro de 1989. Depois dele, viria uma história em duas partes, Karyu-zan no Maryuu ("O Dragão Demônio da Montanha do Dragão de Fogo"), cuja Parte Um foi lançada em maio de 1990, e a Parte Dois em fevereiro de 1991. O quinto livro seria Otachi no Seisen ("A Guerra Sagrada dos Reis"), lançado em julho de 1991. A série se concluiria com mais um romance em duas partes, Lodoss no Seikishi ("Os Cavaleiros Sagrados de Lodoss"), cuja Parte Um seria publicada em novembro de 1991, e a Parte Dois em Abril de 1993.

Paralelamente ao lançamento dos romances, o Group SNE decidiria pegar as histórias originalmente publicadas nos replays lançados na Comptiq e adaptá-las para o sistema de jogo do Forcelia, aproveitando para também adequá-las às informações contidas nos romances - para deixar claro que as histórias dos replays ocorreram no mesmo mundo no qual os romances eram ambientados. Essas histórias seriam relançadas pela Kadokawa Shoten em três volumes, chamados RPG Replay Lodoss Tou Senki, com o Volume 1 sendo lançado em setembro de 1989, o Volume 2 em setembro de 1990, e o Volume 3 em agosto de 1991. As histórias não foram apresentadas em ordem cronológica, e sim com cada volume sendo dedicado a um grupo diferente: o Volume 1 tem as histórias do grupo liderado por Parn, o 2 as do grupo liderado por Orson, e o 3 as do grupo liderado por Spark.

Após a conclusão dos romances, Mizuno ainda lançaria duas coletâneas de contos ambientados em Lodoss; alguns deles já haviam sido publicados em diversas revistas, outros eram inéditos. A primeira coletânea, High Elf no Mori: Deedlit Monogatari ("A Floresta dos Altos-Elfos: A História de Deedlit"), lançada em março de 1995, trazia contos protagonizados por Deedlit, muitos deles ambientados antes de ela conhecer Parn e os demais heróis de Lodoss. A segunda, Kokui no Kishi ("O Cavaleiro Negro"), trazia contos protagonizados por Ashram, um dos principais antagonistas dos romances e maior rival de Parn, tendo sido lançada em julho de 1995.

Sendo uma série de tanto sucesso, Lodoss Tou Senki logo seria adaptada para anime e mangá. A primeira adaptação ocorreria justamente com a série OVA (sigla para Original Video Animation, formato bastante comum no Japão pelo qual um anime é lançado em capítulos diretamente em vídeo, ao invés de ser exibido na televisão). Chamado, também, de Lodoss Tou Senki (Record of Lodoss War no mercado internacional), o anime teria um total de 13 episódios, lançados em VHS entre junho de 1990 e novembro de 1991. Produzido pelo estúdio Madhouse, o anime possui duas partes distintas, pois a primeira delas, que corresponde aos oito primeiros episódios, é uma adaptação do primeiro romance, enquanto a segunda, que corresponde aos cinco últimos, adapta o terceiro e o quarto (que são uma história só em duas partes); além disso, como, quando o desenho estava em produção, o quarto romance ainda não havia sido lançado, o final da OVA é bastante diferente do final do quarto romance.

A história do cenário é a seguinte: há centenas de anos, uma guerra entre os deuses Falis, ligado à bondade e à luz, e Falaris, ligado à maldade e às trevas, literalmente rachou o mundo, separando parte do continente de Alecrast e criando a ilha de Lodoss. Mais que isso, ao sul de Lodoss, se formaria uma outra ilha, chamada Marmo. Ao final da guerra entre Falis e Falaris, todos os demais deuses haviam perecido, exceto duas deusas: Marfa, deusa da cura e da criação, e Kardis, deusa da morte e da destruição. Em um último ataque simultâneo, Marfa e Kardis se destruíram mutuamente, o corpo de Marfa caindo em Lodoss, o corpo de Kardis caindo em Marmo. Graças a isso, o reino de Alania, onde jaz o corpo de Marfa, é próspero e rodeado por uma aura de bondade, enquanto a ilha de Marmo, devido à presença do corpo de Kardis, é envolta em uma escuridão eterna e povoada por criaturas malignas, como goblins e orcs, que atormentam os humanos que viviam lá desde antes da guerra. Um dia, o governante de Marmo, o Rei Beld, decide que é um absurdo seu povo ter sido sorteado dessa forma, e decide invadir Lodoss para dominar tudo e permitir que o povo de Marmo tenha as mesmas chances que os demais habitantes de Lodoss.

O personagem principal do anime (e dos quatro primeiros romances, e do primeiro volume do replay) é Parn, adolescente que vive em um pequeno vilarejo e sonha com uma vida de aventuras. O pai de Parn foi um valoroso guerreiro, mas que morreu em desonra. Tendo herdado a armadura e a espada do pai, quando a oportunidade se apresenta, Parn decide viajar através de Lodoss para descobrir as verdadeiras circunstâncias da morte de seu pai, bem como para limpar a honra de sua família. Ao sair da vila, Parn parte acompanhado de alguns amigos: Etoh, seu amigo de infância e recém-ordenado clérigo de Falis; Deedlit, elfa da floresta que salva Parn e Etoh de um ataque de goblins e se interessa romanticamente por Parn; Slayn, estudioso da magia que mora na mesma vila de Parn e se une ao grupo com uma missão pessoal própria; Ghim, anão que recebe da sumo-sacerdotisa de Marfa, Neese, a missão de encontrar sua filha, Leylia, desaparecida, e que, para tanto, pede a ajuda de Slayn; e Woodchuck, ladrão que o grupo conhece na cadeia após serem presos devido a um mal-entendido. Um guerreiro, um clérigo, uma elfa, um anão, um mago e um ladrão - grupo típico de Dungeons & Dragons, portanto.

Após começarem sua peregrinação, Parn e seus amigos descobrem que a invasão liderada por Beld não é bem o que se imagina: existe, em Lodoss, uma entidade chamada Karla, conhecida como A Feiticeira Cinzenta. Imortal, Karla tem sua alma presa dentro de uma tiara, e consegue dominar qualquer corpo que a ponha na cabeça - tendo sido ela, aliás, quem dominou Leylia. Karla não faz isso apenas por seu bel-prazer: ela tomou para si a missão de "manter o equilíbrio de Lodoss", e, toda vez que um dos lados - luz ou trevas - fica poderoso demais, ela intervém, ajudando o outro lado, para que um equilíbrio seja restabelecido. Karla teria ressurgido porque, sob o governo do Rei Fahn, o Reino de Valis se tornou o mais poderoso de Lodoss, o que a Feiticeira vê como uma ameaça ao equilíbrio; ela, então, manipula Beld, antigo amigo de Fahn, para invadir Lodoss e levar Valis a um estado de guerra, diminuindo seu poder. A história da primeira parte do anime termina quando Ghim consegue quebrar o controle de Karla sobre Leylia, encerrando a guerra entre Marmo e Lodoss.

Mas, infelizmente, o estrago já está feito. Dentre as forças de Marmo estão Ashram, principal guerreiro do reino, que, durante a guerra, se torna rival de Parn; Pirotess, elfa negra amante de Ashram e, by default, rival de Deedlit; e Wagnard, sumo-sacerdote de Kardis e principal conselheiro de Beld, que se aproveita da confusão para simplesmente tentar ressuscitar Kardis, o que poderá destruir todo o planeta - afinal, ela é a deusa da morte e da destruição. A segunda parte do anime, portanto, é centrada em Wagnard tentando sequestrar Deedlit para realizar um ritual profano e ressuscitar Kardis, enquanto Parn e seus amigos, em companhia do Rei Kashue, governante do reino de Flaim e um dos principais aliados do Rei Fahn na luta contra Beld, rumam para o covil do dragão Shooting Star ("Estrela Cadente"), o mais poderoso dos dragões de Lodoss, visando impedir Ashram de conseguir a posse do Cetro da Dominação, artefato poderosíssimo que está no tesouro do dragão.

Outros personagens do anime são a princesa Fiana, filha do Rei Fahn, que se apaixona por Etoh; Wort, mago que, no passado, foi colega de Fahn, Beld e Neese, e é um dos únicos que conhece o segredo de Karla; Orson, mercenário acometido da maldição do berserker, que o torna muito mais forte mas o transforma em uma criatura irracional toda vez que ele se enfurece; e Shiris, mercenária parceira de Orson, que também desenvolve uma quedinha por Parn - Shiris e Orson conhecem Parn acidentalmente durante a guerra contra Marmo, confundindo-o com um soldado de Marmo, e na segunda parte se unem a seu grupo no ataque a Shooting Star e a Wagnard.

Além de Shooting Star, que é um dragão vermelho que mora na Montanha do Dragão de Fogo, Lodoss tem outros quatro dragões ancestrais: Abram, um dragão azul (que no anime, por qualquer motivo, é verde), que mora em uma ilha no estreito entre Lodoss e Alecrast; Bramd, dragão branco aliado dos seguidores de Marfa, que vive sob o Templo de Marfa em Valis, e é amigo de Neese; Narse, dragão preto que vive sob o Templo de Kardis em Marmo, que foi "domesticado" pela população da ilha, e agora atua como seu protetor; e Mycen, o dragão dourado, protetor de toda Lodoss, que vive em uma fortaleza protegida pelos Cavaleiros do Dragão na cidade de Moss. Embora tenham papéis importantes nos romances, no anime eles quase não aparecem, sendo Shooting Star o único que possui algum destaque.

Enquanto os episódios da OVA eram lançados, a Kadokawa Shoten lançaria também três adaptações de Lodoss para mangá. A primeira, chamada Haiiro no Majo, seria lançada em três volumes, entre 1994 e 1998, e, assim como a OVA, adaptava a história do primeiro, terceiro e quarto romances. A segunda, Honou no Majin, teria dois volumes lançados em 1995 e 1996, e adaptava a história do segundo. A terceira, Eyuu Kishiden, teria seis volumes lançados entre 1998 e 2000, e adaptava o quinto, sexto e sétimo romances. Em 1998, também seria lançado Deedlit Monogatari, mangá que adaptava os contos protagonizados por Deedlit.

Entre 1995 e 1999, seria lançado, em três volumes, Yokoso Lodoss Tou E! ("Bem-Vindos à Ilha de Lodoss"), mangá aparentemente voltado para o público infantil, no qual os personagens eram no estilo SD (Super Deformed, se parecendo com adultos em miniatura) e as situações nas quais eles se envolviam eram sempre cômicas - o Rei Kashue, por exemplo, era fanático por trocadilhos, e sempre desafiava Parn para duelos nos quais vencia quem criasse o melhor jogo de palavras.

Em 1998, seria lançado um segundo anime, dessa vez não diretamente em vídeo, mas com exibição na TV. Lodoss Tou Senki: Eyuu Kishiden ("Contos do Cavaleiro Heroico", Record of Lodoss War: Chronicles of the Heroic Knight para o mercado internacional) seria produzida pelo estúdio AIC, e teria 27 episódios, exibidos na TV Tokyo entre 1o de abril e 30 de setembro. A série para a TV adaptaria todos os romances, exceto o primeiro, e, por isso, ignoraria os eventos da segunda parte da OVA. Um detalhe curioso da série para a TV é que ela aparentemente também ignora a existência do Rei Fahn, já que, em todos os flashbacks dos eventos da primeira parte da OVA, quem comanda os exércitos de Lodoss e duela com o Rei Beld é o Rei Kashue.

Assim como a OVA, entretanto, a série para a TV teria duas partes distintas. A primeira, que mais uma vez corresponde aos oito primeiros episódios, é ambientada cinco anos após a guerra entre Lodoss e Marmo (mostrada na primeira parte da OVA), e nela Ashram está procurando o Cetro da Dominação, que está no tesouro de um dos dragões, embora ele não saiba de qual. Como Shooting Star acordou e está ameaçando uma cidade próxima, o Rei Kashue decide rumar com Parn, Deedlit e Cecil, jovem mago discípulo de Slayn, para a Montanha do Dragão de Fogo, mas envia um grupo formado por Orson, Shiris, Slayn, Leylia e o gnomo bardo Maar para a Ilha do Dragão Azul, lar de Abram, para onde o grupo de Ashram vai primeiro - sendo esse grupo composto por Pirotess; o elfo negro Astar; Hobb, sumo-sacerdote de Myrii, deus da guerra; os gêmeos mercenários Smeddy e Gaberra; e o mago Groder, discípulo de Wagnard, que secretamente está a serviço do sumo-sacerdote. Como o Cetro não está com Abram, os três grupos acabam se encontrando na Montanha do Dragão de Fogo, onde ocorre uma grande batalha, durante a qual os heróis devem impedir tanto o dragão de destruir a cidade quanto Ashram de conseguir o cetro.

A segunda parte, que corresponde aos episódios de 9 a 27, é ambientada dez anos após a Batalha da Montanha do Dragão de Fogo - e, consequentemente, 15 anos após os eventos da OVA. Parn agora já é um cavaleiro respeitado, mas, como não serve a nenhum reino, é conhecido como O Cavaleiro Livre, e viaja através de Lodoss em companhia de Deedlit realizando façanhas; Slayn e Leylia têm uma filha adolescente, também chamada Neese (apelidada Pequena Neese para não ser confundida com a avó); e Etoh, que se casou com a Princesa Fianna, é o novo Rei de Valis, sendo conhecido como O Rei Santo, por ser também o sumo-sacerdote de Falis.

O protagonista da segunda parte é Spark, jovem guerreiro que sonha ser ordenado Cavaleiro de Flaim, mas nunca consegue passar nos testes. Quando Ashram decide liderar uma nova invasão a Lodoss, para que o povo de Marmo possa viver livre da sombra de Kardis, Wagnard se aproveita para tentar realizar o ritual que trará Kardis de volta a vida, mas, para isso, ele precisa da Pequena Neese, que é a reencarnação da Rainha Naneel, sumo-sacerdotisa de Kardis na época em que a deusa era viva - fato que é desconhecido por todos, exceto Wagnard e a própria Pequena Neese. Enquanto está ocorrendo um banquete para comemorar a vitória do exército comandado pelo Rei Kashue contra as forças de Marmo, um grupo de elfos negros ataca Flaim e rouba a Bola de Cristal das Almas, artefato do qual Wagnard necessita para seu ritual. Como Parn, Deedlit, Slayn e Leylia estão ocupados combatendo a invasão de Marmo, o Rei Kashue nomeia Spark Capitão da Guarda de Flaim, e coloca um grupo de aventureiros sob seu comando, para que eles persigam o grupo dos elfos negros e tragam o artefato roubado de volta.

O grupo liderado por Spark é composto por dois mercenários, o humano Garrack e a meio-elfa Leaf, mais Grievus, anão clérigo de Myrii, e o mago Aldonova. Sem que eles saibam, a Pequena Neese passa a segui-los, pois conhece o verdadeiro propósito do roubo do artefato, e, quando sua presença é descoberta, ela também se une ao grupo. Mais adiante, uma nova aliada também se une a eles, a ladra Ryna, cujo parceiro e amante, Randy, foi morto durante um ataque do grupo de elfos negros que o grupo de Spark está seguindo. Os sete improváveis heróis acabam descobrindo a verdade sobre os planos de Wagnard, e, quando o vilão sequestra a Pequena Neese, sua única alternativa é ir até Marmo impedi-lo; enquanto isso, a rivalidade entre Parn e Ashram e entre Deedlit e Pirotess fica cada vez mais aflorada, e as forças do exército do Rei Kashue, com a ajuda de Slayn, Leylia e Etoh, lutam para repelir a invasão de Marmo.

O trecho final de cada episódio da série de TV é um segmento de cerca de cinco minutos chamado Yokoso Lodoss Tou E!, e, assim como o mangá de mesmo nome, traz os personagens da série em formato SD e vivendo situações cômicas. Na primeira parte, esses segmentos são adaptações das histórias do mangá, enquanto na segunda parte todos seguem o mesmo arco de história, no qual Spark é escolhido pelo Rei Kashue para escoltar a Pequena Neese e o Bebê Dragão, que estão levando biscoitos feitos com uma receita secreta para a Mamãe Dragão na Montanha do Dragão de Fogo, passando através da Floresta Proibida, e protegê-los dos ataques do Elfo Negro Viciado em Doces, que fará de tudo para roubá-los.

Os sete romances originais - e suas obras derivadas - são consideradas a "série principal" de Lodoss; posteriormente, porém, Mizuno escreveria muitas outras obras ambientadas no mesmo cenário. O primeiro desses "spin-offs" seria a série Lodoss Tou Densetsu ("A Lenda da Ilha de Lodoss"), com histórias ambientadas cerca de vinte anos antes do início das aventuras de Parn, protagonizadas por um grupo conhecido como "Os Seis Heróis", do qual faziam parte Fahn, Beld, Wort, Neese, o anão Fleeves e a feiticeira Estrela. Essa série começaria com um mangá, Falis no Seijo ("O Santo de Falis"), lançado em 1991. Em seguida, viriam cinco romances: Bokoku no Oji ("O Príncipe do Reino em Ruínas", lançado em setembro de 1994), Tenku no Kishi ("O Cavaleiro do Paraíso", julho de 1996), Eiko no Yuusha ("O Bravo Glorioso", abril de 1997), Densetsu no Eiyuu ("O Herói Lendário", abril de 1998) e Shiko Kami no Seijo ("O Deus Supremo da Santidade", novembro de 2002). Enquanto os romances eram lançados, a série ganharia também dois livros de contos: Taiyou no Oji, Tsuki no Hime ("Príncipe do Sol, Princesa da Lua", novembro de 1996) e Eien no Kikan Sha ("O Retorno dos Heróis Eternos", janeiro de 2000). Para manter a tradição, o Group SNE jogaria sessões de Forcelia com Os Seis Heróis, registradas em replays, lançados em três volumes, em novembro de 1994, novembro de 1995 e novembro de 1996. Finalmente, duas novas séries do mangá Falis no Seijo seriam lançadas, uma em 1994, outra em 2001, adaptando a história dos quatro primeiros romances.

O segundo spin-off seria Legend of Crystania, que começou com um filme em anime para a TV, Hajimari no Bokenshatachi: Legend of Crystania ("Aventuras para Iniciantes: A Lenda de Crystania", somente Legend of Crystania no mercado internacional), exibido em 29 de julho de 1995 na TV Tokyo. Nos romances e na série para a TV, após Marmo perder a segunda guerra (na época de Spark), Ashram e Pirotess reúnem o que restou do povo de Marmo e saem navegando em busca de um lugar melhor para se estabelecer. Esse lugar é o Reino de Crystania, governado por deuses-animais que interagem com seu povo. Para obter salvo conduto para o povo de Marmo, Ashram faz um pacto com o deus maligno Barbas, que apaga sua memória, fazendo-o acreditar que ele é seu servo. Pirotess não se conforma, e parte em uma busca através de Crystania para libertar Ashram dessa lavagem cerebral. O filme faria um relativo sucesso, e daria origem a uma OVA, chamada simplesmente Legend of Crystania no Japão, mas Legend of Crystania: The Chaos Ring ("O Anel do Caos") no mercado internacional. A OVA teve três episódios lançados entre setembro de 1996 e abril de 1997, e trazia Ashram e Pirotess - por alguma razão rebatizados como Príncipe Reon e Sheru - lutando contra as forças de Barbas. A história da OVA seria adaptada para um mangá em três volumes, lançados em 1999 e 2000. Crystania se tornaria um cenário oficial de Forcelia em 1993, com o filme sendo criado para promover o RPG; entre 1995 e 2002, treze romances, quatro livros de contos e oito replays seriam lançados ambientados em Crystania, mas sem nada a ver com Lodoss, e apenas os quatro primeiros romances e alguns contos sendo de autoria de Mizuno.

O terceiro spin-off seria a série Shin Lodoss Tou Senki ("As Novas Crônicas da Guerra de Lodoss", lançada como Record of Lodoss War Next Generation no mercado internacional), ambientada vinte anos depois dos eventos do último romance da série principal. Spark agora é o Rei de Flaim, e Marmo deixou de ser um reino, se tornando um ducado sob o controle de Flaim, governado pela Rainha Neese, esposa de Spark; Garack, Leaf, Aldonova, Ryna, Grievus, Cecil, Slayn e Leylia também estão presentes, e Parn, Deddlit, Etoh, Woodchuck e Wort fazem participações especiais. A principal antagonista é a misteriosa Elena, que é meio-demônio e quer restaurar a antiga glória de Marmo, colocando o menino Reyes, supostamente a reencarnação do sumo-sacerdote original de Kardis, Fionis, no trono, transformando-o no novo Rei de Marmo. Outros personagens que lutam pela independência de Marmo são a cavaleira Neta, o mago Veil, a elfa negra Seinea e o capitão da guarda Lorsch, que não aceita a autoridade de Reyes. Shin Lodoss Tou Senki começaria com um replay, RPG Replay Shin Lodoss Tou Senki Eiyu Kishi Spark ("O Cavaleiro Heroico Spark"), lançado em abril de 1998, seguido de oito romances: Ankoku no Shima no Ryoshu ("O Senhor da Ilha das Trevas", maio de 1998), Yami no Mori no Majou ("A Besta Demoníaca da Floresta das Trevas", setembro de 1998), Hono o Tsugu Mono ("Aqueles que Herdaram as Chamas", maio de 1999), Shinsei no ma Teikoku ("A Fundação do Novo Império", abril de 2001), Kuro Tsubasa no Yokoshima Ryuu ("O Dragão Maligno de Asas Negras", dezembro de 2001), Unmei no Masen ("O Navio Demoníaco do Destino", novembro de 2004), e Shumatsu no Jakyo ("O Fim do Espírito Maligno"), que teve duas partes, a Parte Um lançada em novembro de 2005 e a Parte Dois lançada em dezembro de 2006.

O mais recente lançamento de Lodoss é um novo mangá, em três volumes lançados entre 2013 e 2015, também chamado Haiiro no Majo, que é uma espécie de remake do primeiro romance, contando a mesma história mas com novos elementos e algumas coisas diferentes. Mizuno não tem qualquer envolvimento com esse novo projeto, que pretende adaptar novamente toda a série principal, e não escreve material novo de Lodoss desde 2006; ele não se considera, porém, aposentado, e não descarta retornar ao cenário.

Tendo começado como uma diversão entre amigos, Lodoss se tornou uma das séries de maior sucesso do mercado japonês, contando, até hoje, com uma legião de fãs fiéis; é uma pena, realmente, que jamais tenha tido a divulgação que merecia fora do Japão.

Um comentário:

  1. Grato pelo texto explicativo! Eu queria ter assistido na década de noventa, mas não foi possível. Relembrei por causa do Goblin Slayer, que me decepcionou...

    Prof. Gilson

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