Mas, felizmente, toda regra tem exceção. Alguns filmes baseados em games podem não ser dignos de um Oscar nem aclamados pela crítica, mas pelo menos não causam vergonha alheia nem vontade de espancar o diretor. É o caso, pelo menos na minha opinião, dos filmes baseados em Resident Evil. Vejam bem, eu não vou entrar no mérito de que os filmes não seguem fielmente a história dos games (até porque quem conhece a história dos games há de concordar comigo que isso não é necessariamente uma boa ideia) nem discutir a relevância de nenhum dos games ter uma Alice. Na minha opinião, enquanto jogador de Resident Evil e apreciador de filmes de ação, os responsáveis pela série de filmes fizeram um bom trabalho.
A essa altura do campeonato, todos vocês já devem estar imaginando que o post de hoje falará sobre os filmes de Resident Evil. Bom, sim e não. A origem do post de hoje remonta (sempre quis escrever essa frase) a um dia no qual eu estava pensando quais assuntos poderia abordar depois do Post 500. Eu havia acabado de assistir Resident Evil: Retribuição, e imaginei que seria uma boa escrever sobre os demais filmes. O problema é que escrever sobre filmes baseados em games sem falar sobre os games nos quais eles foram baseados fica uma coisa meio esquisita, de forma que, ao invés de um post, eu acabei inventando dois. Como o (I) no título desse post atesta, ele tem mais de uma parte: na de hoje, eu vou falar sobre os games; na seguinte, sobre os filmes baseados neles.
Só mais um detalhe: como parece estar se tornando regra hoje em dia, Resident Evil tem 634 spin-offs, de modo que eu precisaria de uma série de posts para falar de todos eles. Como todos os Resident Evil que eu já joguei na vida pertenciam à série principal, decidi me ater a esses, deixando títulos como Resident Evil Gaiden, Operation Raccoon City e The Umbrella Chronicles para outra oportunidade.
As origens do primeiro Resident Evil remontam a um antigo jogo de RPG da Capcom, lançado em 1989 exclusivamente no Japão para o Famicom, o NES japonês. Chamado Sweet Home, esse jogo era baseado em um filme de terror japonês de mesmo nome, e colocava o jogador no controle de cinco personagens explorando uma casa mal-assombrada, se confrontando com fantasmas e zumbis. Atualmente, esse jogo é considerado o primeiro exemplar do gênero survival horror, que Resident Evil popularizaria, por trazer músicas tenebrosas, cut scenes (as "historinhas" entre as fases) assustadoras e um clima de terror constante - muitos monstros apareciam do nada, e personagens mortos jamais podiam ser recuperados, influenciando o andamento do jogo até o seu final.
Pois bem, em 1995, a Capcom decidiria fazer um remake de Sweet Home, colocando o produtor Shinji Mikami à frente do projeto. Como era 1995, a ideia era fazer um jogo de tiro em primeira pessoa, ao estilo Doom, ambientado dentro da casa de Sweet Home. Durante o desenvolvimento, após colocar mais zumbis e mudar a ação para terceira pessoa, ao estilo Tomb Raider (que, na verdade, só seria lançado depois de Resident Evil), Mikami e sua equipe achariam que o jogo já estava diferente demais de Sweet Home para ser um remake, e decidiram mudar o nome para Biohazard ("risco biológico", nome pelo qual a série Resident Evil é conhecida no Japão; o nome foi mudado porque já existia um outro game e uma banda nos Estados Unidos com esse nome, o que tornaria difícil para a Capcom registrá-lo por lá).
O primeiro Resident Evil seria lançado para Playstation em 1996. Nele, estranhos acontecimentos ocorrem nas cercanias de Raccoon City, com evidências de canibalismo. Uma equipe de uma divisão especial da polícia, a Bravo Team, é enviada para investigar, mas desaparece misteriosamente. A polícia, então, envia outra equipe, a Alpha Team, para descobrir o que aconteceu com ela. E é aí que o jogador entra, podendo escolher entre dois membros dessa equipe: Chris Redfield, que aguenta mais dano, mas possui menos poder de fogo e só pode armazenar seis itens em seu inventório, ou Jill Valentine, que tem mais poder de fogo, a habilidade de arrombar cadeados e pode armazenar até oito itens, mas recebe bem mais dano dos ataques oponentes. Seja qual for o personagem escolhido, ele contará, ao longo do jogo, com a ajuda de outros membros da equipe, como Albert Wesker, líder da Alpha Team, e Richard Aiken, que dá ao jogador um rádio capaz de captar transmissões de um helicóptero pilotado por Brad Vickers. Além disso, cada personagem tem um "ajudante personalizado": Chris conta com a ajuda de Rebecca Chambers, sobrevivente da Bravo Team com habilidades médicas, enquanto Jill é ajudada por Barry Burton, especialista em armas da Alpha Team.
Ambientado dentro de uma estranha mansão, Resident Evil usa gráficos poligonais para os personagens, inimigos e objetos, sobre planos de fundo renderizados. Os ângulos de câmera são pré-determinados para cada ambiente (como em God of War), ao invés de sempre acompanhar o jogador por detrás do personagem (como em Tomb Raider). Além de destruir os monstros, o jogador deverá solucionar vários quebra-cabeças, encontrar itens que permitam que ele continue avançando no jogo, e documentos que vão, aos poucos, revelando a história: a mansão pertence a uma companhia do ramo da biotecnologia chamada Umbrella Corporation, que a utilizava para experimentos genéticos envolvendo animais e plantas. Um desses experimentos, envolvendo um vírus criado em laboratório chamado T-Virus, deu errado e saiu do controle da Umbrella, transformando os animais e plantas em monstros e infectando os funcionários da companhia, que se transformaram em seres semelhantes a zumbis - e, em alguns casos, em coisas bem piores. Logo após chegarem, Chris e Jill se veem trancados dentro da mansão, e passam a ter como objetivo escapar de lá antes de ter o mesmo destino dos funcionários da Umbrella, transformados em zumbis, ou de seus parceiros da Bravo Team, devorados por eles. Como objetivo secundário, eles devem impedir que a infestação se alastre, encontrando o laboratório secreto da Umbrella no qual o T-Virus era produzido. O jogo possui quatro finais diferentes, dependendo de quantos personagens sobrevivem e se a mansão é ou não destruída.
Para se defender dos monstros, Chris e Jill usam várias armas, sendo que todas elas possuem munição limitada, com o jogador devendo encontrar mais munição quando ela se esgota - ou carregá-la em seu inventário, ocupando o lugar de itens preciosos. Igualmente limitados são itens como sprays e combinações de ervas que restauram a energia perdida durante os combates. Em determinados momentos do jogo, o jogador pode salvar seu progresso para recomeçar dali em caso de morte ou de querer parar para continuar depois, de uma forma curiosa: pela mansão estão espalhadas fitas de máquina de escrever, que o jogador pode carregar consigo e usar em máquinas de escrever presentes am algumas salas; toda vez que usa uma dessas máquinas, o jogo é salvo - o lado ruim é que as fitas também estão presentes no jogo em quantidade limitada, então é bom não abusar dos saves. Outra característica do jogo são as "caixas tetradimensionais": em algumas salas da mansão o jogador encontrará caixas nas quais poderá armazenar os itens que não quer mais carregar consigo; elas são tetradimensionais porque, ao achar outra caixa igual, ele poderá retirar lá de dentro qualquer item que tenha guardado nelas, mesmo que não o tenha guardado naquela caixa específica.
Quando foi lançar o jogo nos Estados Unidos, a Capcom fez diversas modificações, a maioria delas temendo reclamações de pais de jogadores - como remover uma cena da abertura na qual Chris aparecia fumando, ou cenas do jogo consideradas "pesadas", como a descoberta de cadáveres esquartejados. Mesmo com essas modificações, o jogo ainda seria classificado como "M", o equivalente a proibido para menores de 18 anos nos Estados Unidos. Alguns elementos da jogabilidade também seriam alterados para deixar o jogo mais ao gosto dos norte-americanos, como um menor número de fitas de máquina de escrever disponível e a ausência da mira automática. Em relação à versão japonesa, um detalhe curioso é que as falas dos personagens são as mesmas da versão americana, em inglês, mas com legendas em japonês; isto ocorreu porque Mikami não ficou satisfeito com a dublagem japonesa, considerando a interpretação norte-americana bem mais adequada ao clima de terror do jogo.
O sucesso de Resident Evil no Playstation faria com que ele logo ganhasse versões para Saturn e Windows. A versão Saturn era idêntica à norte-americana do Playstation, com a adição de um minigame no qual o jogador deve navegar uma série de salas da mansão eliminando todos os inimigos de uma antes de seguir para a próxima, com os inimigos ficando cada vez mais difíceis. Já a versão Windows era idêntica à japonesa, sem a "censura" e com mais fitas e mira automática, e ainda contava com duas novas armas. Em 2002, o jogo chegaria também ao GameCube, mas com novos gráficos, novos finais, novas salas e novas armas, incluindo um taser exclusivo para Jill e granadas de concussão exclusivas de Chris; além disso, zumbis mortos mas não decapitados "evoluíam" para outro tipo de monstro ao invés de ressucitar. Esse "remake" também seria lançado para o Wii em 2008, com pouquíssimas modificações. Em 2006, seria a vez do jogo chegar ao Nintendo DS, com o nome de Resident Evil: Deadly Silence, fazendo uso da touch screen para mostrar o mapa, inventário e energia do jogador, incluindo algumas modificações introduzidas nos jogos seguintes da série e trazendo dois modos, o Classic, igual ao jogo original, e o Rebirth, com novos quebra-cabeças que faziam uso da touch screen e do acelerômetro.
Em 1997, o jogo ainda ganharia uma nova versão para o Playstation, chamada Resident Evil: Director's Cut. Essa nova versão colocava os itens e inimigos em lugares diferentes, trazia novas roupas para Chris, Jill e Rebecca, incluía a mira automática e fazia uma modificação na pistola padrão, que agora, a cada tiro, aleatoriamente, decapitava automaticamente os zumbis. A Director's Cut trazia todas as cenas do jogo "censuradas" na versão original, mas não a cena da abertura na qual Chris fumava, o que a Capcom atribuiu a um erro na programação do jogo. Em 1998, a Director's Cut ganharia uma segunda versão, a Resident Evil Director's Cut Dual Shock Ver., que trazia suporte aos direcionais analógicos e à vibração do controle Dual Shock, além de uma nova trilha sonora orquestrada.
Um dos motivos que levaram a Capcom a lançar a Director's Cut foi aplacar a ira dos fãs, revoltados com a demora no lançamento da anunciada continuação do jogo. Essa demora se deveu ao fato de que essa continuação, originalmente chamada de Resident Evil 1.5, seria totalmente descartada e teria sua produção recomeçada do zero quando já estava entre 60% e 80% pronta, após Mikami se mostrar insatisfeito quanto ao rumo que a história tomava e considerar o jogo chato e sem-graça. Esse recomeço faria com que a continuação, já rebatizada para Resident Evil 2, só fosse lançada em janeiro de 1998, após um ano e meio de produção envolvendo uma equipe de quase 50 pessoas - mas valeria a pena, já que o jogo seria um dos mais vendidos da história do Playstation, e frequentemente citado como um dos melhores de todos os tempos.
Ambientado dois meses após o primeiro jogo, Resident Evil 2 também teria como cenário Raccoon City - apesar dos esforços de Chris e Jill, o T-Virus se espalharia, transformando quase toda a população da cidade em zumbis - mas traria dois novos protagonistas: Leon S. Kennedy, policial recém-formado na academia em seu primeiro dia de trabalho, e Claire Redfield, irmã mais nova de Chris, estudante universitária e pega de surpresa em meio aos eventos do jogo, já que planejava apenas visitar o irmão - que, para sua infelicidade, não está na cidade, mas investigando a sede da Umbrella na Europa. Ambos não têm a menor intenção de se tornarem heróis, e planejam apenas encontrar uma saída da cidade antes de serem mortos. Ao longo do jogo, porém, eles acabarão descobrindo que o chefe de polícia, Brian Irons, recebia suborno da Umbrella para esconder que a empresa fazia experiências nos arredores da cidade, e que um de seus cientistas, William Birkin, havia criado uma nova versão muito mais poderosa do T-Virus, chamada G-Virus, capaz de transformar seres humanos em verdadeiras armas vivas - e que acaba criando criaturas muito mais perigosas que as do primeiro jogo.
Assim como no primeiro jogo, o jogador pode escolher jogar com Leon ou Claire, sendo que, agora, o jogo é bastante diferente dependendo de qual personagem seja escolhido, já que o caminho escolhido por cada um dos dois para fugir da cidade é diferente. Também como no primeiro jogo, cada personagem possui um ajudante: Claire é ajudada pela garotinha Sherry, que, como ela, quer fugir da cidade, enquanto Leon ganha a ajuda de Ada Wong, que diz estar procurando por seu namorado, um cientista da Umbrella. Outro personagem importante do jogo é Anette, esposa de Birkin, que revela a maioria dos detalhes da história aos personagens do jogador.
Em termos de jogabilidade, pouca coisa foi alterada em relação ao primeiro jogo, sendo mantidas as armas com munição limitada, o inventário limitado, as caixas tetradimensionais e as máquinas de escrever para salvar o jogo. Uma novidade é que o dano que o personagem recebe influencia na maneira como ele se comporta, passando a andar mais devagar ou manco, por exemplo. Outra novidade é que, após terminar o jogo com um personagem, o jogador pode escolher jogá-lo novamente com o outro, mas mantendo as alterações que o primeiro fez - nem todos os itens estarão no mesmo lugar, por exemplo - como se o outro personagem realmente tivesse "passado por ali" antes. O jogo só possui um final, mas dependendo do tempo gasto para terminar o jogo, no número de itens de cura e saves utilizados, o jogador pode liberar armas e roupas adicionais para os jogadores, além de três minigames.
Assim como seu antecessor, Resident Evil 2 também ganharia uma Dual Shock Ver., que traria suporte para o controle Dual Shock, um novo minigame e um novo modo de dificuldade para iniciantes, que tinha uma arma com munição infinita. A Dual Shock Ver. serviria de base para as versões dos outros consoles que seriam lançadas a seguir, como a do Windows, do Dreamcast (que ainda trazia a possibilidade de acompanhar a energia atual do personagem na tela do VMU, aquele acessório que encaixava no controle), do GameCube e do portátil Game.com. O Nintendo64 também ganharia uma versão, mas essa teria novos gráficos, novos uniformes adicionais para os personagens, vários níveis de dificuldade, a possibilidade de colocar os itens em locais aleatórios a cada vez que se jogava, e uma série de documentos espalhados pelo jogo que revelavam mais sobre a história dos dois primeiros Resident Evil - em contrapartida, alguns elementos das outras versões, como os minigames, foram removidos.
Em 1999, a série ganharia mais um título, Resident Evil 3: Nemesis (Biohazard 3: Last Escape em japonês), ambientado quase que simultaneamente aos eventos de Resident Evil 2: sua primeira metade acontece 24 horas antes do início do segundo jogo, e a segunda metade, dois dias depois de seu final. Mais uma vez, o jogador tem a oportunidade de controlar dois personagens, Jill Valentine e Carlos Oliveira, embora agora controle cada um em momentos específicos do jogo. Na infestada Raccoon City, Jill tem de fugir de um monstro chamado Nemesis, enviado pela Umbrella para matar todas as testemunhas das experiências que ela fazia na mansão do primeiro jogo, enquanto Carlos é um ex-membro da equipe de segurança da própria Umbrella, que decide ajudar a policial depois que seus colegas, Mikhail Victor e Nicholai Ginovaef, são mortos pelos monstros da empresa. Brad Vickers, do primeiro jogo, também faz uma breve participação, antes de ser morto por Nemesis. A fuga dos dois se complica quando Jill é infectada pelo T-Virus, o que leva Carlos a ter de encontrar uma vacina, e quando o governo planeja lançar um míssil nuclear para destruir a cidade e enterrar de vez todas as provas do acidente.
Resident Evil 3 trouxe algumas novidades, como a possibilidade de se subir ou descer escadas andando em direção a elas (nos jogos anteriores, era necessário selecionar a ação "subir/descer escada"); um botão que fazia com que o personagem do jogador virasse 180 graus, presente em todos os jogos seguintes da série; um movimento de esquiva para que o personagem pudesse escapar de ataques inimigos; e a possibilidade de criar novas munições a partir de objetos encontrados na cidade, como combustíveis e pólvora. Em alguns momentos, o jogo também apresenta ao jogador duas escolhas (tipo "lutar ou fugir"), sendo que a ação escolhida afeta o restante da história. Mas a maior novidade do jogo talvez seja Nemesis: ele segue Jill sem descanso, e frequentemente deve ser enfrentado por ela - alguns desses combates sendo obrigatórios, mas outros podendo ser evitados se o jogador souber o que fazer. Dependendo do desempenho do jogador, ao final também são liberados novos uniformes para Jill e arquivos que revelam o que aconteceu com cada personagem da franquia após os eventos desse jogo, assim como um minigame, no qual o jogador pode escolher entre Carlos, Mikhail e Nicholai, cada um portando itens diferentes, e cumprir uma certa missão em um tempo pré-determinado.
Resident Evil 3 seria lançado primeiro para Playstation, depois para Windows, Dreamcast e GameCube, sendo que nas versões Windows e Dreamcast os novos uniformes de Jill e o minigame já estavam presentes desde o início.
Em 2000, a série ganharia seu primeiro jogo a não ser lançado primeiro para o Playstation, Resident Evil Code: Veronica, para o Dreamcast. Apesar de não ser um spin-off, e sim uma continuação legítima, Mikami optou por não chamá-lo Resident Evil 4 com o argumento de que os jogos lançados primeiro para o Playstation seriam numerados, enquanto os de outros consoles ganhariam subtítulos.
Em Code: Veronica, o jogador tem a oportunidade de controlar os irmãos Claire e Chris Redfield. Como em Resident Evil 3, cada um deles será controlado em um momento específico do jogo - Claire na primeira metade e brevemente na segunda, Chris na segunda, além de um outro personagem, Steve Burnside, podendo ser controlado brevemente na primeira. O jogo começa quando Claire vai até a Europa buscando encontrar Chris; acusada de espionagem, ela é presa por seguranças da Umbrella e levada para uma prisão em uma ilha. Para seu azar, a ilha está sofrendo uma epidemia do T-Virus, causada quando uma equipe de mercenários, liderada por Albert Wesker, tenta roubar amostras do vírus do laboratório do diretor da prisão, Alfred Ashford, que sofre de dupla personalidade e algumas vezes se apresenta como sua irmã gêmea, Alexia. Alfred trabalhava em uma nova variante do vírus, a qual chamava de T-Veronica, e planejava usá-la para reviver a verdadeira Alexia, posta em sono criogênico há 15 anos em uma base da Umbrella na Antártida, vítima de uma doença desconhecida. Claire e seu companheiro de cela, Steve, conseguem fugir da ilha no avião de Alfred, que o coloca em piloto automático e os leva até a Antártida. Paralelamente a isso, Chris chega à ilha-prisão procurando pela irmã, e, após confrontar Wesker, parte também para a Antártida, onde ocorrerá o acerto de contas final com Alfred/Alexia.
Code: Veronica foi produzido quase que simultaneamente a Resident Evil 3, e possui os mesmos elementos de jogabilidade introduzidos naquele, exceto a esquiva. Como novidades, permite que o jogador use duas pistolas ao mesmo tempo, uma em cada mão, podendo, inclusive, acertar dois oponentes ao mesmo tempo; e é o primeiro da série a trazer continues que colocam o jogador no início da última cena, ao invés de no local onde salvou pela última vez. Também pela primeira vez algumas armas, quando selecionadas, mudam a ação para primeira pessoa. Como já era tradição, terminar o jogo liberava itens extras, como armas adicionais e um minigame.
Em 2001, Code: Veronica ganharia uma nova versão, lançada exclusivamente no Japão, chamada Biohazard Code: Veronica Kanzenban ("versão completa"), que trazia uma leve melhora nos gráficos, um novo quebra-cabeças para Claire, e novas cut scenes. Essa versão seria mais tarde lançada para Playstation 2 GameCube, com o nome de Resident Evil Code: Veronica X. Em 2011, Code: Veronica X seria relançado também para o Playstation 3 e Xbox 360, com novos gráficos, novos menus, alguns itens em locais diferentes e nova trilha sonora; no Japão, o lançamento foi feito em mídia física, mas, no resto do mundo, o jogo deve ser baixado da PSN ou Xbox Live Marketplace.
Em 2002, seria a vez do GameCube ganhar um jogo exclusivo, Resident Evil Zero (Biohazard 0 no Japão). Originalmente, esse jogo estava sendo desenvolvido para o Nintendo 64, para ser lançado em 2000, e vários demos chegaram a ser apresentados, mas o projeto foi posto em espera quando a Nintendo anunciou que estava desenvolvendo seu videogame seguinte - o que acabou sendo uma boa notícia, já que os programadores não estava conseguindo fazer tudo o que queriam caber dentro de um cartucho. Converter o jogo de uma plataforma para outra se mostrou impossível, porém, e o jogo teve de ser refeito do zero, o que causou um atraso de dois anos. Além de para o GameCube, o jogo também seria lançado, em 2008, sem qualquer alteração - o que causou muita reclamação dos fãs - para o Wii.
Como o nome dá a entender, Resident Evil Zero é ambientado antes do primeiro Resident Evil, e acompanha dois personagens, a já conhecida Rebecca Chambers, médica da Bravo Team, e Billy Coen, ex-militar e presidiário fugitivo. Assim como no primeiro jogo, cada um tem habilidades diferentes: Rebecca pode passar por lugares apertados e misturar ervas e componentes para criar remédios e compostos químicos, mas possui menos energia, enquanto Billy possui mais energia, um isqueiro e pode levantar objetos pesados, mas é maior, ocupando mais espaço, e tem de se virar com os itens que encontra. Graças a um novo sistema de jogo revolucionário, o jogador controla ambos ao mesmo tempo - bem, na verdade um de cada vez, mas ambos viajam juntos e são usados pelo jogador a todos os momentos, ao invés de a história focar em apenas um dos dois. Essa cooperação é indispensável para resolver a maior parte dos quebra-cabeças do jogo, que traz todas as inovações mais recentes, mas acaba com as caixas tetradimensionais: itens que o jogador não queira mais devem ser deixados no chão.
O jogo começa 24 horas antes do início de Resident Evil, quando o helicóptero da Bravo Team é abatido e Rebecca, em fuga pela floresta, encontra um transporte militar destruído pelas criaturas do T-Virus. Sendo ela a única sobrevivente do helicóptero e Billy o único sobrevivente do transporte, ambos decidem se aliar para aumentar suas chances e explorar as cercanias, encontrando o laboratório no qual o T-Virus foi criado. Durante a exploração, eles encontram dois outros personagens, o cientista-chefe do laboratório, James Marcus, e um outro sobrevivente da Bravo Team, Enrico Marini, que está rumando para a mansão no qual se desenvolvem os eventos do primeiro jogo, e convida Rebecca para juntar-se a ele.
Em 2005, seria a vez de Resident Evil 4 finalmente ser lançado. "Finalmente" não somente porque dois outros jogos foram lançados antes dele, mas também porque ele estava em desenvolvimento desde 1999. Assim como Code: Veronica e Resident Evil Zero, a intenção da Capcom era lançá-lo em 2000, para o Playstation 2, dando continuidade à série numerada do Playstation. Entretanto, nada menos que três versões preliminares do jogo seriam descartadas, por vários motivos: a primeira versão seria descartada por se desviar demais do clima dos três jogos anteriores; como já estava quase pronta, a Capcom optaria por fazer mais algumas modificações e lançar o jogo com o nome de Devil May Cry. A segunda versão, provisioriamente chamada Biohazard 3.5, começou a ser desenvolvida para o GameCube, teria elementos de jogos de ação em primeira pessoa, e traria como protagonista Leon, infectado por um novo vírus, que lhe daria alguns poderes sobrenaturais, investigando um castelo na Europa no qual a Umbrella montou um laboratório, de forma semelhante à exploração da mansão no primeiro jogo; essa versão chegou a ficar 40% pronta, mas acabou abandonada em favor de Resident Evil Zero. A terceira versão, com o nome provisório de Hallucination Biohazard 4, também traria a exploração do castelo, com elementos como flashbacks e alucinações confundindo o jogador durante a partida. Os desenvolvedores não estavam gostando do resultado final, e também a abandonaram.
Depois desses descartes todos, foi preciso muita motivação para que os programadores não desistissem do jogo de vez. Mikami promoveu essa motivação convencendo-os a deixar no jogo todas as boas ideias que tiveram para a as versões descartadas, o que transformaria Resident Evil 4 em um jogo com um pouco mais de ação e menos survival horror. O resultado foi um jogo bem diferente dos demais da série, com a câmera seguindo o personagem e mostrando-o por detrás de seu ombro quando ele saca uma arma, uma mira laser que permite atingir inimigos mais distantes e até mesmo determinadas áreas de seus corpos, com efeitos variados - um oponente armado atingido no braço solta a arma, por exemplo - um botão de ação que permite que o personagem chute escadas e pule de janelas, e até mesmo eventos ao estilo God of War, nos quais uma série de botões pré-determinados deve ser pressionada corretamente para obter algum efeito. O inventário também foi totalmente reformulado, com cada item ocupando um determinado número de espaços, e o número de espaços total podendo ser aumentado; alguns itens, aliás, nem ocupam mais espaço no inventário, indo para um menu próprio, enquanto outros podem ser comprados de um negociante encontrado várias vezes ao longo do jogo.
Ambientado seis anos após os eventos de Resident Evil 2, Resident Evil 4 tem como protagonista Leon S. Kennedy, que viaja à Europa para salvar a filha do Presidente dos EUA, Ashley Graham, sequestrada por um grupo de cultistas. Ao chegar na pequena vila da região rural onde Ashley estaria sido mantida, Leon descobre que a população local está infestada por uma espécie de parasita conhecida como la plaga, que lhes confere estranhos poderes. Fugir de lá e encontrar Ashley, portanto, não será tarefa fácil. Personagens que Leon encontra ao longo do jogo são Bitores Mendez, chefe do grupo infectado; Luis Sera, pesquisador sobre as origens do culto também capturado pelos infectados; Osmund Saddler, líder do culto, que planeja infectar Ashley; Jack Krauser, ex-companheiro de Leon na polícia, hoje parte do culto; e Ada Wong, que está na Europa procurando por Albert Wesker.
Resident Evil 4 acabaria sendo lançado primeiro para o GameCube, e só depois para o Playstation 2. A versão Playstation 2 traria novidades que podiam ser desbloqueadas ao se terminar o jogo, como três minigames, novas armas e novos uniformes para Leon e Ashley. Versões do jogo também seriam lançadas para Windows, idêntica à do Playstation 2; Wii, fazendo uso do acelerômetro e do apontador do Wiimote; Zeebo, bastante reduzida em relação à original; Playstation 3 e Xbox 360, com novos gráficos e som remasterizado, mas que, fora do Japão, só estavam disponíveis para download.
No mesmo ano em que lançou Resident Evil 4, a Capcom anunciou sua continuação, Resident Evil 5, que seria lançada em 2009 para Playstation 3, Xbox 360 e Windows. A intenção da equipe de produtores, dessa vez, foi fazer um jogo parecido com o anterior, mas que resgatasse o clima do primeiro. O longo tempo de desenvolvimento dessa vez se deveu não a versões preliminares descartadas, mas ao perfeccionismo: além de contar com gráficos de última geração, Resident Evil 5 fez uso de técnicas de motion capture, aquela na qual atores são filmados e então substituídos pelos personagens de computação gráfica, para maior realismo.
Ambientado cinco anos após Resident Evil 4 - e onze após o primeiro jogo da série - Resident Evil 5 tem como protagonista mais uma vez Chris Redfield, que agora trabalha para um grupo que cuida da avaliação e neutralização de atividades bioterroristas. Esse grupo o envia para a África, onde ele encontra a contato Sheva Alomar - que o acompanha durante toda a missão, e pode ser controlada pelo jogador em algumas circunstâncias. Sua missão é prender o bioterrorista Ricardo Irving antes que ele venda uma poderosa arma biológica no mercado negro. Ao chegar ao local combinado, porém, Chris e Sheva encontram a população local contaminada por parasitas e se comportando como os oponentes de Resident Evil 4, e outros membros da equipe de Chris mortos. Resgatados por uma equipe liderada pelo mentor de Sheva, Josh Stone, Chris e Sheva descobrem que o culpado é ninguém menos que Albert Wesker, que está na África e teria, inclusive, matado Jill Valentine. A dupla, então, se põe a descobrir o paradeiro dos vilões, Sheva para impedir que a arma faça mais estragos, e Chris para vingar a morte da amiga. Nessa missão, eles enfrentarão muitos monstros criados pelos vírus desenvolvidos pela Tricell, companhia presidida pela cruel Excella Gionne, que parece disposta a seguir os passos da Umbrella.
Em termos de jogabilidade, Resident Evil 5 é bem parecido com seu antecessor, mas introduz algumas novidades, como o fato de que o jogo continua rolando enquanto o jogador acessa seu inventário - nos jogos anteriores, o tempo parava - e a possibilidade de dois jogadores jogarem ao mesmo tempo, um controlando Chris e o outro Sheva. Esse modo cooperativo, inclusive, pode ser jogado online, com cada jogador acompanhando seu personagem em sua própria tela - caso ambos estejam com o mesmo videogame (offline), a tela é dividida ao meio. O jogo conta, também, com um novo minigame dos mercenários.
Resident Evil 5 também foi o primeiro jogo da série a trazer downloadable content (DLC), novo conteúdo disponível para baixar mediante pagamento nas versões Playstation 3 e Xbox 360. Parte desse conteúdo, como novos uniformes para Chris e Sheva e um novo episódio para o minigame dos mercenários, estava disponível desde o início na versão Windows; conteúdo adicional exclusivo incluía um novo minigame, dois novos modos competitivos multiplayer online, e dois novos episódios para o jogo principal, um no qual Chris e Jill invadem a mansão do presidente da Umbrella e um no qual Jill e Josh se aventuram pela África para tentar ajudar Chris e Sheva. Todo esse conteúdo adicional estaria disponível desde o início em uma segunda versão do jogo, chamada Resident Evil 5: Gold Edition, lançada para Playstation 3 e Xbox 360 em 2010. A versão Xbox 360 foi alvo de algumas críticas, pois, enquanto a versão Playstation 3 trazia todo o conteúdo adicional no próprio disco do jogo, a versão Xbox 360 vinha com um código que permitia baixar esse conteúdo de graça. A versão Playstation 3 também trazia suporte ao Playstation Move, o controle com sensor de movimentos para o console da Sony.
Os dois mais recentes jogos da série foram lançados em 2012. O primeiro, Resident Evil: Revelations, foi lançado para o Nintendo 3DS, usando um engine desenvolvido especialmente para o sistema, e buscava mesclar o clima dos jogos mais recentes com os mais antigos, com a câmera seguindo o personagem e a possibilidade de mudar para primeira ou terceira pessoa quando se usava as armas, mas com foco muito maior na exploração e resolução de quebra-cabeças do que na ação. Ambientado entre Resident Evil 4 e Resident Evil 5, o jogo mostra eventos que ocorreram logo após Jill Valentine e Chris Redfield fundarem a organização que combate bioterrorismo da qual ele faz parte no último jogo. Jill e seu novo parceiro, Parker Luciani, são enviados pelo chefe da organização, Clive R. O'Brian, para encontrar Chris e sua nova parceira, Jessica Sherawat, que desapareceram ao invetigar o navio de cruzeiro SS Queen Zenobia. Ao chegar lá, eles se deparam com várias criaturas criadas pelo T-Abyss, uma variante do T-Virus. Separados durante a ação, eles agora têm de se reencontrar e fugir do navio, missão durante a qual encontram e recebem a ajuda do agente Raymond Vester. Além de no Queen Zenobia, a ação ocorre na Finlândia, onde Chris e Jessica invadem um laboratório da Vetro, organização liderada por Jack Norman e responsável pelo uso do T-Virus no navio, e em flashbacks de uma missão chamada Terragrigia, ocorrida um ano antes, na qual Parker e Jessica enfrentaram a Vetro em uma ilha do mediterrâneo.
O último jogo da série, pelo menos por enquanto, é Resident Evil 6, lançado para Playstation 3 e Xbox. A Capcom chegou a considerar criar mais uma vez um sistema totalmente novo para a série, mas o sucesso de Revelations e estimativas de que o desenvolvimento desse sistema levaria pelo menos oito anos acabaram levando-a a decidir por algo mais simples, mais uma vez mesclando a ação dos último jogos com o survival horror dos primeiros.
A história começa três anos após os eventos de Resident Evil 5, quando uma equipe anti-bioterrorismo liderada por Chris Redfield confronta Ada Wong, que está de posse de um novo vírus, o C-Virus. O confronto não acaba bem, e todos os membros da equipe, exceto Chris e o atirador de elite Piers Nivans, são transformados em monstros. Achando que a culpa foi sua, Chris se aposenta e se auto-exila. Paralelemante a isso, o mercenário Jake Muller, filho ilegítimo de Albert Wesker, é acusado de um ataque bioterrorista em um fictício país do leste europeu chamado Edônia, foge para a China e se alia a Sherry, sobrevivente de Raccoon City e atualmente membro de uma divisão de segurança.
Um ano depois, Leon S. Kennedy acompanha o Presidente dos Estados Unidos, que decidiu revelar toda a verdade sobre os eventos de Raccoon City, para tentar diminuir o número de casos de bioterrorismo. Durante a conferência, porém, o Presidente é atacado e transformado pelo C-Virus. Leon e sua parceira, a agente do serviço secreto Helena Harper, descobrem que o responsável foi outro agente do serviço secreto, Derek C. Simmons, afiliado a uma organização conhecida como Neo Umbrella, liderada por Ada Wong. Leon e Helena decidem ir até a China, sede da Nao-Umbrella, investigar. Todos os personagens se encontram quando Chris é convencido por Piers a voltar à ativa, e ambos são mandados à China para investigar uma ameaça de bioterrorismo. Lá, Leon, Helena, Chris, Piers, Jake e Sherry deverão deter Ada antes que ela consiga espalhar o C-Virus pelo mundo.
No início do jogo, o jogador pode escolher se quer controlar Leon, Jake ou Chris, cada um tendo uma primeira parte própria e então uma segunda parte compartilhada com os outros dois, mas sob pontos de vista diferentes. Cada um também possui um parceiro - Helena, Sherry e Piers, respectivamente - que é controlado pelo computador se apenas um estiver jogando, mas pode ser controlado por outro jogador no controle 2 ou online. Ao terminar o jogo com todos os três protagonistas, o jogador ainda libera a possibilidade de jogar com Ada Wong. Outros modos de jogo incluem o minigame dos mercenários e um modo online chamado Agent Hunt, no qual os jogadores controlam os monstros em partidas que outros estejam jogando. Os DLC lançados até agora incluem dois modos multiplayer no qual o objetivo é matar todos os outros jogadores.
Ao longo dos anos, Resident Evil se transformou em uma das franquias mais populares e mais rentáveis da Capcom. Nada mal para quem começou como um remake de um jogo obscuro do Famicom baseado em um filme obscuro de terror japonês.
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