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domingo, 30 de dezembro de 2012

Clássicos Disney (XVIII)

E, antes que o ano acabe, vamos ao último post da série dos Clássicos Disney!

Enrolados
Tangled
2010

Quando a Disney pensou em retornar aos contos de fadas, A Princesa e o Sapo não foi sua única opção. Diversos contos de fadas ainda não utilizados foram listados e seriam analisados para que um fosse escolhido. A Princesa e o Sapo acabaria sendo escolhido pela coincidência de a Pixar também estar trabalhando em um projeto baseado no conto de fadas O Príncipe Sapo na época da fusão entre as duas empresas. O preferido dos animadores, entretanto, era outro, Rapunzel.

Desde Branca de Neve e os Sete Anões, havia se construído a fórmula das Princesas Disney, moças sonhadoras e batalhadoras que serviriam de modelo para as meninas - e, nos tempos modernos, ajudariam a Disney a vender muito merchandising. Segundo grande parte dos animadores, das princesas mais famosas dos contos de fadas, apenas Rapunzel, protagonista da história de mesmo nome publicada pelos Irmãos Grimm em 1812, adaptada do conto Persinette, de Charlotte-Rose de Caumont de La Force, originalmente publicada em 1698, ainda não havia sido protagonista também de um Clássico Disney. Para remediar essa situação, logo após A Princesa e o Sapo entrar em produção, Rapunzel, aquele que seria o 50o Clássico Disney, também começaria a ser produzido, tendo os renomados animadores Dean Wellins e Glen Keane (de A Pequena Sereia, Aladdin, A Bela e a Fera e Tarzan) como diretores.

Um ano após o início do projeto, entretanto, alegando falta de tempo, Wellins e Keane desistiriam de dirigir o filme, com Keane permanecendo apenas como produtor, e Wellins se desligando completamente. John Lasseter, o responsável pelo departamento criativo da Disney, então, decidiria trazer para o projeto a mesma equipe de Bolt, com o diretor Byron Howard dividindo a direção com o responsável pelo storyboard daquele filme, Nathan Greno, e um dos roteirista de Bolt, Dan Fogelman, assumindo sozinho o roteiro de Rapunzel. Como ninguém sabia como A Princesa e o Sapo se sairia nas bilheterias, Lasseter orientaria a equipe a fazer Rapunzel em computação gráfica, e não em animação tradicional.

Mesmo afastado da direção, Keane ainda exerceria grande influência sobre o projeto. Sendo um filme de Rapunzel, ele se tornaria obcecado pela forma como os cabelos da princesa seriam retratados na computação gráfica - que, segundo ele, até então ainda não havia conseguido criar cabelos de forma convincente. Keane também desejava que, mesmo o desenho sendo produzido em computação gráfica, sua aparência fosse o mais parecido possível com os grandes clássicos de animação tradicional do estúdio - afinal, Rapunzel seria a primeira Princesa Disney a estrear em computação gráfica, e sua aparência não poderia destoar demais da de suas antecessoras. Para conseguir o que queria, Keane chegou a realizar um seminário, chamado "O Melhor de Dois Mundos", onde discutiu com cerca de 50 animadores, especializados em computação gráfica ou em animação tradicional, qual seria a melhor forma de mesclar ambos os estilos usando apenas um deles. Em sua opinião, até então, devido a limitações tecnológicas, era o computador que ditava o estilo do artista, limitando o que ele poderia fazer e de que forma; a mais recente tecnologia, porém, tornaria possível que o artista tivesse sua visão intacta, usando o computador como se fosse um lápis, dando vida ao que quisesse da forma como quisesse.

Muitas das coisas que Keane desejava que os computadores fizessem, entretanto, ainda não eram possíveis com os softwares dos quais a Disney dispunha na época; para chegar ao ponto que ele queria, do "desenho à mão tridimensional", com "o artista controlando a tecnologia", a Disney teve de desenvolver vários programas e até mesmo equipamentos de animação do zero, muitos deles por conta própria, já que não havia empresas que trabalhassem com nada parecido no mercado. Grande parte do que Keane desejava seria criação do animador Kyle Strawitz, que chegaria a desenhar inúmeras vezes a casa da Branca de Neve em computação gráfica, sempre melhorando o programa, até que ela ficasse o mais parecido possível com sua versão em animação tradicional.

Como era de se esperar, o elemento mais trabalhoso do desenho seria justamente o cabelo de Rapunzel. O engenheiro de software Kelly Ward passaria quase seis anos ininterruptos trabalhando em um programa criado especificamente para que os cabelos se parecessem com cabelos na versão final do desenho - e, a menos de um ano do lançamento, a equipe de animação ainda não tinha certeza se o cabelo de Rapunzel se comportava da maneira como Keane desejava. Somente após combinar o programa de Ward com outro, originalmente criado para os pelos dos animais de Bolt é que a equipe de animação chegaria a um resultado satisfatório.

A equipe de animação também desenvolveria um novo sistema de câmeras virtuais, capaz de focalizar separadamente os planos de fundo, os objetos e cada personagem de uma determinada série, combinando-os depois da forma como os diretores bem entendessem. Esse novo sistema faria com que algumas cenas tivessem visualizações impossíveis na vida real, mas que acabaram funcionando muito bem para o clima do filme. Curiosamente, enquanto nos cabelos de Rapunzel o realismo era a palavra de ordem, em todo o restante do filme prevaleceria uma opção estética, que deixava o realismo de lado.

Faltando menos de um ano para o lançamento do filme, a Disney tomaria uma decisão muito mais arriscada que privilegiar o estético em detrimento do realístico: mudaria o título, de Rapunzel para Enrolados. Nenhuma razão oficial foi apresentada, mas se comentava nos bastidores que a presidência não havia ficado satisfeita com o desempenho de A Princesa e o Sapo nas bilheterias, e teria atribuído o pouco sucesso ao título, que, mencionando uma princesa, teria afastado os meninos dos cinemas. Temendo que o mesmo acontecesse com Rapunzel, a Disney optaria por um título mais neutro - e, por consequência, mais próximo dos de seus oponentes, como a Dreamworks. A mudança foi extremamente mal recebida pela crítica, que viu nela a imposição do marketing sobre a tradição, a mudança de um título tradicional dos contos de fadas por interesses mercadológicos - um dos críticos da revista Variety chegou a declarar que chamar Rapunzel de Enrolados era a mesma coisa que mudar o nome de A Pequena Sereia para Encalhados. Os diretores se irritaram com essas críticas, e se apressaram a negar os motivos, declarando que a mudança de título se devia a Rapunzel não ser a única protagonista do desenho, tendo seu par, o ladrão Flynn Rider, a mesma importância que ela.

De fato, é Flynn (Zachary Levi, de Alvin e os Esquilos) o narrador do filme, que conta a história da Princesa Rapunzel (a atriz e cantora Mandy Moore), que nasceu com um dom especial: graças a uma flor mágica que sua mãe, a Rainha, consumiu enquanto estava grávida para se curar de uma doença, os cabelos de Rapunzel possuem o mesmo dom da flor, de manter uma pessoa em contato com eles eternamente jovem, desde que cante uma canção igualmente mágica. O problema é que uma mulher, conhecida apenas como Gothel (a atriz da Broadway Donna Murphy), fazia uso da flor frequentemente, e não está disposta a abrir mão da juventude eterna. Ela pensa em cortar os cabelos de Rapunzel e levar consigo, mas, quando corta uma mecha, esta se torna escura e sem vida, perdendo seus poderes mágicos. Sem outra opção, Gothel leva a própria Rapunzel, trancando-a em uma torre, criando-a como filha e jamais deixando-a sair, para que ela não descubra que é, na verdade, a princesa. E jamais cortando seus cabelos, para que eles jamais percam sua mágica.

Dezoito anos se passam, e Rapunzel se torna uma moça linda e de cabelos imensos - sério, imagine passar 18 anos sem cortar o cabelo. Quando o dia do aniversário da princesa se aproxima, Flynn rouba uma tiara do castelo, e, na fuga, perseguido pelo capitão da guarda, acaba chegando à torre de Rapunzel. Após algum desentendimento, ela acaba escondendo a tiara, e diz que só a devolverá caso Flynn a leve para ver de perto as lanternas que o Rei e a Rainha soltam aos céus todo ano no aniversário da Princesa desaparecida, e que ela sempre vê ao longe de sua torre. Relutante, Flynn aceita, e os dois, junto com o camaleão de estimação de Rapunzel, Pascal (Frank Welker), começam uma jornada rumo ao castelo.

Mas o caminho do trio não será fácil: além do deslumbramento de Rapunzel por estar saindo da torre pela primeira vez e da imensa vontade de Flynn de pegar logo a Tiara e se livrar dessa maluca, os dois ainda terão de lidar com a perseguição do cavalo do capitão da guarda, Maximus (também Frank Welker), disposto a capturar o ladrão com ou sem seu dono o montando; com os cúmplices de Flynn no roubo, os Irmãos Stabbington (ambos dublados por Ron Perlman, também conhecido como Hellboy), que querem a tiara para si; e, é claro, com Gothel, que, ao retornar à torre e ver que Rapunzel saiu, fará de tudo para impedir que a Princesa descubra a verdade e ela perca a juventude eterna.

Graças às suas inovações tecnológicas e extenso período em desenvolvimento, Enrolados custaria à Disney a bagatela de 260 milhões de dólares, se tornando o filme de animação mais caro de todos os tempos e segundo filme mais caro da história, perdendo apenas para Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo, também da Disney, que custou 300 milhões. Felizmente, parece que a mudança de nome surtiu o efeito esperado, e Enrolados rendeu mais de 200 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos, sendo quase 12 milhões no primeiro dia - feito ainda mais notável se levarmos em conta que esse primeiro dia foi uma quarta-feira - e 48,8 milhões no primeiro fim de semana, ficando em segundo lugar no ano, atrás apenas de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. No mundo inteiro, o filme renderia quase 600 milhões de dólares, se tornando o segundo Clássico Disney de maior sucesso, atrás apenas de O Rei Leão.

Tendo estreado dia 4 de novembro de 2010 em 2D e 3D, o filme também foi um grande sucesso de crítica, que elogiou o clima de humor, a parceria entre o casal de heróis e a capacidade de agradar crianças e adultos - embora alguns tenham reclamado que Rapunzel não seja uma Princesa tão marcante quanto Ariel ou Bela, ou que o desenho não tenha a mesma beleza dos Clássicos de outrora. Enrolados seria indicado a dois Globos de Ouro, de Melhor Filme de Animação e Melhor Canção (I See the Light), que perderia para Toy Story 3 e Burlesque, respectivamente. I See the Light também seria indicado ao Oscar de Melhor Canção, perdendo para We Belong Together, de Toy Story 3, e ao Grammy de Melhor Canção Composta para uma Mídia Visual, o qual ganharia. Finalmente, a trilha sonora do desenho concorreria ao Grammy de Melhor Trilha Sonora para uma Mídia Visual, perdendo para a série da HBO Boardwalk Empire.

Enrolados também deu origem a um curta, Enrolados Para Sempre (Tangled Ever After), exibido nos cinemas antes do relançamento em 3D de A Bela e a Fera e incluído no Blu-ray de Cinderela. Nele, Rapunzel e Flynn estão no altar se casando, mas Maximus e Pascal perdem as alianças, e se envolvem em várias confusões para reavê-las a tempo.

Winnie the Pooh
2011

Após o sucesso de A Princesa e o Sapo, a Disney decidiria reinvestir em seu departamento de animação tradicional, planejando lançar alternadamente Clássicos nesse formato e em computação gráfica. Diante dessa decisão, Stephen J. Anderson (diretor de A Família do Futuro) e Burny Mattinson (animador-chefe de Puff e o Tigre Saltador) decidiram apresentar a John Lasseter um projeto que haviam idealizado alguns anos antes: um reboot do Ursinho Puff - ou Pooh, como você preferir chamá-lo.

Como vocês viram lá pela metade dessa série, ao longo dos anos Puff/Pooh foi um dos personagens mais utilizados pela Disney, figurando em dezenas de produções para o cinema, vídeo e televisão. Anderson e Mattinson, entretanto, achavam que o personagem havia se distanciado demais de sua origem - os livros de A.A. Milne - e planejavam fazer um Clássico no mesmo estilo dos demais baseados em livros infantis, ao invés de um package film, uma reunião de episódios preexistentes, como havia sido As Aventuras do Ursinho Puff, de 1977. Esse Clássico ignoraria tudo o que ocorreu no passado, recomeçando a história de Puff/Pooh e seus amigos.

Lasseter deu a luz verde para o projeto, e Anderson selecionou Don Hall, que havia trabalhado com ele em A Família do Futuro, Irmão Urso e A Nova Onda do Imperador para co-dirigir o filme. Anderson e Hall se reuniriam com uma grande equipe para desenvolver o roteiro do filme, com Mattinson ficando encarregado do storyboard. De início, a ideia da equipe era criar um roteiro baseado em cinco das histórias escritas por Milne, mas, durante a produção, os roteiristas concordaram que seria melhor se apenas três fossem abordadas - In Which Eeyore Loses a Tail and Pooh Finds One e In Which Piglet Meets a Heffalump, do livro Winnie the Pooh, e In Which Rabbit Has a Busy Day and We Learn What Christopher Robin Does in the Mornings, do livro The House at Pooh Corner - todas as três inéditas em se tratando de Disney, ou seja, que jamais foram adaptadas para outros desenhos do Ursinho.

Em seu novo filme, Pooh (Jim Cummings) acorda um dia e descobre que está sem mel. Ao sair para procurar mais, descobre, também, que Eeyore (o burrinho, voz de Bud Luckey) perdeu seu rabo. O menino Christopher Robin (Jack Boutler), então, decide realizar um concurso, do qual participam Pooh, Leitão (Travis Oates), Tigrão (Jim Cummings), o coelho Abel (Tom Kenny), Corujão (Craig Ferguson), Kanga (Kristen Anderson-Lopez) e Guru (Wyatt Hall), para escolher quem consegue achar o melhor substituto para o rabo de Eeyore, com o prêmio sendo um pote de mel.

No dia seguinte, Pooh vai à casa de Christopher Robin, e lá encontra um bilhete. Pooh não sabe ler, e o leva ao Corujão, que o lê errado - o bilhete diz que Christopher saiu e volta já, mas o Corujão lê que ele foi sequestrado por uma criatura chamada Voltojá. Pooh e o resto da bicharada, então, se põem a procurar pelo menino enquanto planejam uma forma de derrotar o terrível Voltojá (Huell Howser), que o mantém prisioneiro, se metendo em grandes confusões no processo.

O filme é narrado por John Cleese (do Monty Python), e, apesar de ser quase que totalmente produzido em animação tradicional, possui algumas sequências em computação gráfica, mostrando um livro dentro do qual as aventuras de Pooh e seus amigos se realizam. A Disney procurou manter o desenvolvimento do desenho o mais simples possível, até para que ele ficasse bem parecido com os desenhos originais de Pooh, de forma que nenhuma grande inovação foi introduzida, sendo usados os mesmos softwares utilizados em A Princesa e o Sapo.

Com essa economia toda, Winnie the Pooh - a Disney optaria por manter o nome original do filme em diversos mercados, dentre eles o Brasil, por razões de merchandising associado, como bichos de pelúcia, que não precisariam ter o nome de suas embalagens traduzidos - acabaria custando apenas 30 milhões de dólares, uam espécie de recorde ao contrário para um estúdio que vinha gastando mais de 100 milhões por produção. Mesmo assim, não se pagaria apenas com o rendimento doméstico, que foi de pouco mais de 26 milhões, e teria um pequeno lucro com os rendimentos internacionais, que, somados aos ganhos nos Estados Unidos, resultariam em pouco mais de 33 milhões. A Disney atribuiria esse desempenho ao fato de o filme ter estreado no mesmo final de semana de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 - embora alguns tenham achado que parte da baixa procura se deveu a muitas pessoas não identificarem um desenho de Pooh como um Clássico.

A crítica, por outro lado, elogiaria bastante o filme, principalmente seu roteiro, aparência e dublagem, considerando-o uma grata volta a um passado mais ingênuo e um alívio nessa época de 3D onipresente. Praticamente a única reclamação foi quanto à duração do desenho, apenas 70 minutos, bem abaixo da média das animações contemporâneas.

Ainda é cedo para dizer se Winnie the Pooh dará origem a novos desenhos e produções. Por um lado, isso contrariaria o intuito do reboot, mas, por outro, parece pouco provável que a Disney abrirá mão assim de uma de suas principais fontes de renda.

Detona Ralph
Wreck-It Ralph
2012

No final da década de 1980, após o fim da produção de Uma Cilada para Roger Rabbit, alguns animadores da Disney pensaram em iniciar um projeto parecido, mas usando personagens de games, chamado High Score. Após chegar à conclusão de que a tecnologia da época não permitiria a integração dos personagens dos games com os atores de carne e osso de forma satisfatória, o projeto seria engavetado.

Uma década depois, no final dos anos 1990, o projeto seria ressucitado, dessa vez como um filme de animação, chamado Joe Jump. Esse projeto chegou a entrar em pré-produção, inicialmente como um filme de animação tradicional, e, depois do lançamento de Dinossauro, como um filme de computação gráfica. No meio dos anos 2000, ele mudou de nome para Reboot Ralph, e depois foi abandonado, devido principalmente aos altos custos que teria se fosse feito da forma como idealizado.

Depois que John Lasseter passou a trabalhar para a Disney, ele decidiu bancar esses custos, e o projeto finalmente saiu do papel. Lasseter, entretanto, pediria um novo roteiro, por considerar a história original - um herói dos games que sai de sua máquina e passa a interagir com pessoas no mundo real - um tanto batida. Os roteiristas Rich Moore, Phil Johnston e Jim Reardon, então, sugeriram duas pequenas mudanças: primeiro, ao invés de interagir com o mundo real, o personagem interagiria com outros games, como se todos pudessem ser interligados, o que possibilitaria a participação de vários personagens, ao estilo Roger Rabbit, idealizada originalmente. Segundo, ao invés de um herói dos games, o protagonista seria um vilão - mas um vilão arrependido, que deseja se tornar herói. Lasseter adorou a ideia, e deu luz verde para o filme, colocando Moore como seu diretor. O roteiro final ficaria a cargo de Johnston, em parceria com Jennifer Lee.

Rebatizado para Detona Ralph, o filme conta a história do Ralph do título (John C. Reilly, de Chicago), vilão do game Fix-It Felix, Jr., no qual escala um prédio destruindo suas janelas para que o herói, Felix Jr. (Jack McBrayer), as conserte e salve os moradores. Cansado de ser um vilão, Ralph passa a frequentar um grupo de apoio, do qual também fazem parte Bowser, M. Bison, o fantasma Clyde, de Pac Man, e o Dr. Eggman, de Sonic the Hedgehog, dentre outros. Um dia, ao retornar para seu próprio jogo, Ralph encontra o elenco comemorando o trigésimo aniversário do lançamento de Fix-It Felix, Jr., festa para a qual ele não foi convidado. Ressentido, ele decide partir para outros jogos, buscando ganhar uma medalha e provar que também pode ser um herói.

Em sua jornada, Ralph visitará jogos de vários estilos diferentes, como o jogo de tiro em primeira pessoa Hero's Duty, onde tenta ajudar a Sargento Calhoun (Jane Lynch, de Glee) a derrotar os temíveis Cy-Bugs, e o jogo de corrida de karts ambientado em um mundo de doces Sugar Rush, onde conhece a maluquete Vanellope von Schweetz (a comediante Sarah Silverman), que deseja participar da corrida mas é impedida pelo Rei (Alan Tudyk, de Firefly), que alega que ela não pertence ao jogo. Mas a aventura de Ralph produzirá um efeito colateral inesperado: sem Ralph no jogo, Fix-It Felix, Jr. passa a não funcionar corretamente, e o dono do local onde está a máquina, o Sr. Litwak (Ed O'Neil, de Um Amor de Família e Modern Family), ameaça desligá-la para sempre caso não consiga consertá-la, o que faz com que Felix parta em uma busca desesperada por Ralph.

Além dos vilões do grupo de apoio, o filme conta com a participação de diversos personagens de games famosos, como Street Fighter II, Altered Beast, Q*Bert, Pac Man, Qix, Sonic the Hedgehog, Donkey Kong Country e Paperboy. Os roteiristas foram orientados a incluir quaisquer personagens que quisessem na história, sem se preocupar com questões de licenciamento; após o roteiro pronto, os executivos da Disney partiram para garantir os direitos de imagem dos personagens escolhidos, substituindo os que não poderiam ser utilizados por outros ou por "clones" - a Warner, atual detentora dos direitos de Mortal Kombat, por exemplo, não licenciou os personagens, mas, mesmo assim, aparecem no filme um ciborgue bem parecido com Kano e um ninja bem parecido com Sub-Zero. Como o único personagem da série Mario que aparece no filme é Bowser, surgiu um boato de que a Nintendo teria pedido um valor exorbitante para liberar Mario e Luigi, com o qual a Disney não teria concordado - boato que seria confirmado, em tom de piada, pelo próprio Reilly durante uma entrevista. Lasseter, entretanto, negou oficialmente essa versão, dizendo que os encanadores não aparecem no filme simplesmente porque não havia papéis apropriados para eles, e pagar seus direitos por apenas uma pequena aparição ao fundo não compensaria. No total, o filme conta com 188 personagens de games em participações especiais - incluindo os "clones" - mas poderiam ser 189: na última edição, uma cena com o Dr. Wily, de Megaman, seria cortada da versão final.

Como já é de praxe em Clássicos Disney, Detona Ralph foi responsável pelo desenvolvimento de uma nova tecnologia, que a Disney batizou de "reflexo bidirecional", e que permite que a incidência da luz sobre a superfície dos objetos seja mais realística, como se houvesse uma fonte de luz real no cenário. Novas técnicas de criar fumaça e poeira foram desenvolvidas para as cenas em Hero's Duty, e profissionais como confeiteiros e fotógrafos especializados em fotos de comida foram consultados para dar mais realismo aos cenários de Sugar Rush. A equipe de produção, aliás, chegou a visitar uma fábrica de doces para tirar ideias para aos elementos do cenário.

Como parte da campanha de marketing do filme, a Disney preparou, em parceria com a Activision, uma versão em flash do jogo Fix-It Felix, Jr., imitando um jogo de arcade dos anos 1980, que pode ser jogado no site oficial do filme. O game foi tão bem recebido que a Disney Interactive lançou também versões de Hero's Duty e Sugar Rush, que também podem ser jogadas diretamente no browser, bastando instalar um complemento próprio. Também como parte da integração dos games do filme aos do mundo real, Ralph faz uma participação especial como um dos pilotos no jogo de corrida Sonic & All-Stars Racing Transformed, lançado pela Sega para Windows, Nintendo 3DS, Wii U, PlayStation 3, PlayStation Vita e Xbox 360.

Detona Ralph estava previsto para ser lançado em março de 2013, mas, como estava com a produção adiantada, a Disney antecipou o lançamento para 2 de novembro de 2012 (aqui no Brasil, será lançado na próxima sexta-feira). Com orçamento de 165 milhões de dólares, rendeu 13,5 milhões em seu primeiro dia e 49 milhões em seu primeiro fim de semana, superando até mesmo Enrolados. Até agora, o filme já rendeu mais de 175 milhões só nos Estados Unidos, se pagando apenas com a arrecadação doméstica, raridade nos dias de hoje. O filme também foi bem recebido pela crítica, que elogiou sua ação, suas cores vibrantes e a capacidade de agradar meninos e meninas, crianças e adultos.

O diretor Rich Moore já pensa em uma sequência, que usaria ainda mais personagens do mundo dos games, e teria como elemento central, ao invés dos arcades, os games online. Ainda não se sabe se essa sequência seria lançada diretamente em DVD ou se também entraria para a galeria dos Clássicos Disney.

Série Clássicos Disney

•Enrolados
•Winnie the Pooh
•Detona Ralph

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