Houve um mês, entretanto - junho, se não me engano - no qual minha vontade era fazer um post sobre os jogos esportivos de Mario. Acabou que eu desisti porque cheguei à conclusão de que eram muitos, e o post ficaria muito grande - e, se o dividisse, aí é que eu não conseguiria falar de todos os spin-offs que eu queria mesmo. Na época, achei que a melhor tática seria não falar dos jogos esportivos como parte daquela série, e, esse ano, no mês de fevereiro, fazer algum post tipo "surpresa, a série do Mario continua", só para poder falar deles.
Esse ano, porém, eu resolvi fazer uma coisa diferente. Ao invés de repetir a estratégia do ano passado, com cinco novos posts nos meses pares - até porque aí eu precisaria de cinco novos posts - decidi fazer uma série "normal", com três novos posts alternados com outros assuntos. Essa série começará hoje com Mario Tennis, continuará depois de alguns posts com Mario Golf, e concluirá após mais alguns com os demais jogos esportivos de Mario. E aí eu acredito que não voltarei tão cedo a incluir um post na Categoria Mario. Mas, como tudo por aqui, nunca se sabe.
Hoje, portanto, é dia de Mario Tennis, série que se popularizou com um jogo de mesmo nome lançado para o Nintendo 64 no ano 2000. O envolvimento de Mario com o tênis, entretanto, não começou com esse jogo, mas com um chamado apenas Tennis, lançado para o NES no já longínquo ano de 1984. Nele, assim como em Punch-Out!!, Mario era não um competidor, mas o árbitro.
Tennis é de uma época na qual o NES era um pouco mais do que uma versão com gráficos mais bonitos do Atari, na qual os jogos eram simples e pouco elaborados, uma época que seria deixada para trás justamente após o lançamento de Super Mario Bros. Até para a época, porém, Tennis era simples e pouco elaborado demais: dois jogadores genéricos disputavam uma partida de tênis um contra o outro, sendo um controlado pelo jogador e o outro pelo computador, sendo possível escolher entre cinco níveis de dificuldade a cada partida. A única coisa que você conseguia fazer com seu jogador era correr atrás da bola com o direcional, rebatê-la com o botão A, ou tentar um lobby com o botão B. Em defesa do jogo, verdade seja dita, a bola se comportava de maneira bastante realista, e, com um certo esforço, era até possível fazer jogadas de efeito. A contagem dos pontos seguia a do tênis "da vida real" (15-30-40-game, quem ganha 6 games primeiro ganha o set, tie break em caso de empate), sendo disputado em melhor de três sets - ou seja, o lado que ganhasse dois seria o vencedor. Infelizmente, o jogo não possuía um "modo campeonato" nem nada disso, o que significava que, terminada a partida, terminava o jogo. Outra característica bastante criticada era que não era possível um jogador enfrentar outro, apenas o computador - o jogo até tinha um modo para dois jogadores, mas aí ele se transformava em um jogo de duplas, com os dois jogadores enfrentando juntos dois jogadores controlados pelo computador. Tennis foi um jogo de relativo sucesso, e, em 1989, ganhou uma versão para Game Boy, idêntica exceto pelo fato de não contar com o modo de dois jogadores e por ter gráficos em preto e branco.
Tennis permaneceria como o único jogo de tênis lançado pela Nintendo até 1995, ano do lançamento do infame Virtual Boy, o videogame em formato de óculos com gráficos em vermelho e preto que prometia jogos em 3D. Acreditando que um jogo de tênis seria uma coisa muito legal de se jogar em 3D, e decidindo se aproveitar da já imensa popularidade de Mario, o setor de pesquisa e desenvolvimento da Nintendo criaria Mario's Tennis, primeiro jogo no qual o encanador atuaria como jogador.
Assim como Tennis, Mario's Tennis é um jogo bem simples. Em seu início, o jogador pode escolher entre o jogo de simples (jogador x computador) ou duplas (jogador e computador x computador e computador), exibição (uma partida em melhor de três sets) ou campeonato (três partidas em melhor de três sets cada), e entre três níveis de dificuldade. Curiosamente, o jogo chegou a ser alardeado como tendo um modo para dois jogadores, mas o cabo que ligaria dois Virtual Boys para possibilitar isso jamais foi lançado, e eu não consegui descobrir se esse modo chegou a ser realmente programado no cartucho. Os controles também eram simples, com o direcional movendo o personagem do jogador, o botão A batendo na bola fraco, e o B batendo forte.
Diferentemente de Tennis, no qual a quadra era vista em perspectiva, em Mario's Tennis ela era vista por detrás do personagem do jogador, para aproveitar os efeitos 3D. Mas a mais inovadora característica do jogo era que ele permitia que o jogador escolhesse entre oito personagens originários dos jogos de Mario (Mario, Luigi, a Princesa, Yoshi, Toad, uma tartaruga e Donkey Kong Jr.), cada um com características próprias, como velocidade de movimento na quadra e força ao bater na bola.
Como o Virtual Boy foi um fracasso retumbante, pouca gente sequer ficou sabendo que um jogo chamado Mario's Tennis existiu. Mario e seus amigos, contudo, não desistiriam de jogar tênis, e voltariam com força total no Nintendo 64, não pelas mãos da Nintendo, mas da produtora Camelot, que já havia produzido Mario Golf, lançado um ano antes. Com o sucesso de Mario Golf, a Nintendo encomendou um segundo jogo esportivo, e a Camelot produziu Mario Tennis.
A maior inovação de Mario Tennis estava no uso do controle: através de diferentes combinações de botões, o jogador conseguia aplicar diferentes efeitos na bola, o que, aliado à física realista herdada de Tennis, dava ao jogador várias opções de estratégia para cada partida. Mario Tennis trazia opções para se jogar em simples e duplas, em exibição ou torneio; além da Piranha Challenge, modo de simples no qual várias plantas-piranha ficavam cuspindo bolas que você deveria rebater; o Ring Shot, de simples ou duplas, no qual, além de rebater a bola validamente, você precisa fazer com que ela passe através de um anel; e o Bowser Stage, uma quadra especial para jogo de duplas na qual é possível ganhar itens que afetam o oponente por alguns instantes, como a banana, que faz com que escorreguem, ou o casco de tartaruga, que os nocauteia.
Falando nisso, Mario Tennis trazia dez tipos de quadra, cada uma com diferentes níveis de velocidade e de altura do quique da bola, sendo quatro disponíveis desde o início (genéricas de concreto, saibro, grama e sintético) e seis secretas (Mario Brothers Court, Baby Mario & Yoshi Court, Wario & Waluigi Court, Donkey Kong Court, Mario & Luigi Castle Court e Yoshi & Birdo Court), que vão sendo liberadas ao longo do jogo. Seis torneios podem ser selecionados no modo torneio (Mushroom Cup, Flower Cup, Star Cup, Rainbow Cup, Moonlight Cup e Planet Cup), cada um disputado em um tipo de quadra e um nível diferente de dificuldade. Em relação aos personagens, Mario Tennis traz nada menos que 16, sendo 14 disponíveis desde o início (Mario, Luigi, Wario, Waluigi, a Princesa, Toad, Baby Mario, Daisy, Yoshi, Birdo, Bowser, Donkey Kong, uma tartaruga voadora e Boo) e dois secretos (Donkey Kong Jr. e Shy Guy), cada um com características e estilos de jogo diferentes.
Mario Tennis permitia até quatro jogadores, o que possibilitava que um jogador finalmente enfrentasse outro, tanto em uma partida de simples quanto em uma de duplas (na qual cada jogador controlava um personagem de uma dupla, e o computador os outros dois), ou cooperasse em uma partida de duplas contra dois personagens controlados pelo computador; que três personagens jogassem no modo de duplas (com o jogador restante sendo controlado pelo computador); ou que quatro jogadores se enfrentassem dois a dois em um jogo de duplas. Se mais de um jogador estiver jogando, é possível escolher os modos quick play e tie break, mais velozes que uma partida de exibição completa - o quick play dura apenas cinco pontos com as regras de um set normal, enquanto o tie break dura sete pontos com as regras de um tie break. Ambos esses modos podem ser jogados em simples ou em duplas.
Ainda em 2000, a Camelot lançou uma versão de Mario Tennis para o Game Boy Color. A principal característica dessa versão é o modo Mario Tour, um modo de torneio especial, no qual o jogador começa como um iniciante na Royal Tennis Academy, e deve ir participando de vários jogos e enfrentando vários oponentes, ganhando itens e experiência e se tornando um jogador cada vez melhor. O Mario Tour é bem comprido, e pode ser disputado separadamente nos modos simples e duplas, o que contribui para a longevidade do jogo.
Curiosamente, se quiser jogar no Mario Tour, o jogador não poderá escolher entre personagens de Mario, devendo escolher entre um menino e uma menina, chamados Alex e Nina, sendo que, no jogo de duplas, cada um tem um parceiro, chamados Harry e Kate (infelizmente, não há um modo de duplas mistas). No modo de exibição, para um ou dois jogadores (o que é possível usando o cabo link), cada jogador pode escolher entre outros três personagens novos, Allie, Joy ou Brian, ou entre Luigi e Baby Mario. Conforme o jogador avança no Mario Tour, pode liberar os chefes (que atendem pelos nomes de Pam, Bob, Beth, Fay, Curt, Mark, Sean, Sammi, Elden, Spike, Emily, B. Coz e A. Coz), Mario e a Princesa, embora nenhum desses possa ser usado no próprio Mario Tour. Como de costume, cada personagem possui suas próprias características e estilo de jogo.
Em relação às quadras, o jogo já começa com as quatro genéricas, e outras cinco especiais (Star, Castle, Tropics, Jungle e Warehouse) podem ser liberadas, cada uma com características diferentes de velocidade e altura do quique da bola. Uma novidade da versão GBC é a possibilidade de, ao longo do Mario Tour, ganhar novas raquetes e sapatos, que podem ser equipados para afetar o estilo de jogo de cada personagem. O jogo também traz nove minigames, sendo que a maioria deles envolve rebater a bola para acertar alguma coisa.
Mas a característica mais curiosa de Mario Tennis para o GBC é a possibilidade de se usar o Transfer Pak para conectar o jogo à sua versão N64. Através dessa conexão, Yoshi, Donkey Kong, Wario, Waluigi e Bowser podem ser liberados para serem usados como personagens jogadores na versão GBC, os minigames podem ser usados para liberar mais seis quadras secretas na versão N64 (Super Mario Court, Peach Court, Yoshi Court, Wario Court, Waluigi Court e Bowser Court), e Alex Harry, Nina e Kate podem ser "transferidos" para a versão N64. Uma vez transferidos, esses personagens podem ser usados pelos jogadores normalmente, ganham experiência como se estivessem no Mario Tour, e depois podem ser transferidos de volta para o GBC mais fortes.
O jogo seguinte da série só seria lançado em 2004, para o GameCube, como o nome de Mario Power Tennis. A mudança no nome se deveu ao fato de que o jogo deixaria de ser um jogo basicamente de tênis para se tornar um jogo de tênis ao estilo Mario, com as quadras possuindo elementos que influenciavam as partidas, inclusive no modo de torneio. Oito torneios podiam ser escolhidos pelo jogador (Mushroom Cup, Flower Cup, Star Cup, Fire Cup, Thunder Cup, Rainbow Cup, Moonlight Cup e Planet Cup), nos modos de simples ou de duplas, cada um com quadras de características próprias e diferentes níveis de dificuldade. Se o jogador não quisesse disputar um torneio completo, ainda estavam disponíveis as partidas de exibição, das quais podiam participar até quatro jogadores simultaneamente. Finalmente, além dos modos de exibição e torneio, Mario Power Tennis trazia oito minigames, com objetivos variados como tentar colorir uma pintura rebatendo bolas nela ou manter a bola no ar pelo maior número de rebatidas possível.
Mario Power Tennis traz 14 personagens disponíveis desde o início (Mario, Luigi, a Princesa, Daisy, Wario, Waluigi, Yoshi, uma tartaruga, Donkey Kong, Diddy Kong, Boo, Shy Guy, Bowser e Bowser Jr.) e quatro secretos (uma tartaruga voadora, um Shy Guy voador, Wiggler e Petey Piranha). Agora, além de cada personagem ter características e estilos de jogo diferentes, tinha também dois Power Shots, espécies de golpes especiais, que modificavam a forma como a bola era rebatida, na maioria das vezes atordoando o oponente se ele fosse atingido por ela. Apesar de sua imensa ajuda para se vencer o jogo, cada Power Shot era acompanhado por uma animação um tanto longa e que não podia ser pulada, o que rendeu algumas críticas ao jogo.
Em matéria de quadras, Mario Power Tennis trazia dez diferentes, sendo três genéricas (Peach Dome Hard Court, Peach Dome Clay Court e Peach Dome Grass Court) e sete conhecidas como Gimmick Courts, sendo cinco disponíveis desde o início (Donkey Kong Jungle Court, Delfino Plaza Court, Wario Factory Court, Gooper Blooper Court e Luigi's Mansion Court) e duas secretas (Super Mario Bros. Court e Bowser's Castle Court). Cada Gimmick Court trazia elementos que influenciavam a jogabilidade, como fantasmas que diminuíam a velocidade do jogador que entrasse em contato com eles e inimigos andando para lá e para cá para atrapalhar suas jogadas. Alguns desses elementos, especialmente os fantasmas, também acabariam sendo muito criticados, por atrapalharem tanto o jogo que se torna praticamente uma questão de sorte conseguir ganhar uma partida.
Em 2005, seria lançado Mario Tennis: Power Tour para o Game Boy Advance, jogo que era uma espécie de continuação de Mario Tennis do Game Boy Color. Assim como no jogo do GBC, em Mario Tennis: Power Tour você poderia escolher entre um menino ou uma menina, chamados Max e Tina, que então poderiam participar de vários torneios de simples e duplas na Royal Tennis Academy, ganhando experiência, aprendendo novas jogadas e se tornando cada vez mais fortes, até concluir o jogo. Infelizmente, diferentemente do jogo do GBC, não havia como conectar Mario Tennis: Power Tour ao GameCube para usá-lo em conjunto com Mario Power Tennis, o que significava que a única forma de evoluir seu personagem seria jogá-lo no próprio GBA.
Assim como Mario Power Tennis, Mario Tennis: Power Tour trazia Power Shots; a diferença era que, agora, cada personagem podia ter mais de dois; eles existiam em duas formas, os ofensivos (que, assim como os do GameCube, atordoavam o oponente se os atingissem) e os defensivos (que podiam ser usados para pegar bolas fora de alcance ou para anular os ofensivos usados pelo oponente); e precisavam ser "aprendidos" através de minigames - no total, 32 Power Shots diferentes poderiam ser aprendidos, 16 ofensivos e 16 defensivos. Outros minigames também serviam como treinamento para diferentes tipos de jogadas, como lobbys e voleios.
Assim como no Mario Tennis do GBC, no modo Story de Mario Tennis: Power Tour você só pode jogar com Max ou Tina; conforme progride com eles no jogo, entretanto, você pode desbloquear outros membros da Royal Tennis Academy (que atendem pelos nomes de Sophia, Meg, Mason, Chad, Sasha, Silvia, Chris, Kyle, Shawn, Linda, Gary, Jet, Kyoko, Micki, Emi, Roy, Flit, Skipper, Whisker, Paula, Elroy e Tori), os chefes do jogo (Barb, Sass, Chas, Mel, Dweezil, Mynx, Willy e Sheri) e alguns personagens de Mario (Mario, Luigi, a Princesa, Waluigi, Donkey Kong e Bowser), que podem ser usados para jogos de exibição.
O último jogo de tênis de Mario, lançado em 2009, não é um jogo novo, mas uma versão de Mario Power Tennis para o Wii, parte da série New Play Control!, que relança jogos do GameCube para o Wii com a única diferença de que o Wiimote pode ser usado para controlar os personagens "diretamente". Assim, o Mario Power Tennis do Wii é absolutamente idêntico ao do GameCube, com a única diferença de que, para rebater a bola, você não usa o direcional e um botão, mas sim o Wiimote, como se fosse uma raquete, conforme acontece no Wii Sports. Alguns botões do Wiimote, evidentemente, ainda são usados, para dar efeito às jogadas e usar os Power Shots.
Não há planos para que Mario retorne às quadras e à sua carreira de jogador de tênis tão cedo, principalmente porque a Camelot encerrou seu contrato com a Nintendo, e agora se dedica a lançar jogos para PC. Embora nada impeça que a própria Nintendo assuma a série, seu foco no Wii e no lançamento de jogos esportivos ao estilo Wii Sports parece afastar essa possibilidade por enquanto.
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