domingo, 11 de dezembro de 2005

Escrito por em 11.12.05 com 0 comentários

Rinoceronte

Todo mundo tem um bicho preferido. Alguns gostam de cachorros, outros de gatos, minha namorada adora onças, e tenho uma prima que ama chimpanzés. Quanto a mim, meu animal preferido é o rinoceronte. Desde criança, sempre achei aquele bicho meio desengonçado, com aparência de blindado, cabeçudo, com orelhinhas minúsculas e um enorme chifre no nariz uma das coisas mais fofas do mundo. Gosto não se discute.

Rinoceronte negro


Para minha infelicidade (e de milhares de ambientalistas no mundo inteiro), o pobre rinoceronte está em extinção. Tudo porque algumas culturas acreditam que seu chifre, quando moído, possui propriedades afrodisíacas. Como se isso já não fosse o bastante, em alguns países árabes (mais notadamente Iêmen e Omã), adagas feitas com chifre de rinoceronte são valiosíssimas. Como o rinoceronte não vai entregar seu chifre assim para qualquer um, a única forma de tirá-lo é matando o bicho antes. E aí centenas de rinocerontes morrem todos os anos para que alguns homens possam aumentar sua potência sexual ou exibir uma bela arma branca para os amigos. O que, além de uma pena, é uma tremenda ignorância.

O nome rinoceronte vem de duas palavras gregas: rhino, que significa nariz, e keros, que significa chifre. Evidentemente, ele ganhou este nome por causa da característica que diferencia o rinoceronte de todos os outros mamíferos: um chifre no nariz. Ao contrário do que muita gente pensa, o chifre do rinoceronte não é um osso: ele é feito de pêlos muito pequenos e muito compactos, tão compactos que formam uma estrutura duríssima. Outras características comuns a todos os rinocerontes são a pele muito espessa (cerca de 7cm), as orelhas pequeninas e as patas com três dedos cada. Rinocerontes cheiram e ouvem perfeitamente, mas não enxergam muito bem. É mentira, porém, dizer que são burros, irritadiços e atacam sem motivo. Na verdade, é um animal muito dócil, e só investirá contra prováveis agressores caso se sinta ameaçado, como qualquer animal selvagem. Apesar de grandalhão, o rinoceronte é muito veloz (alcança 50Km/h), e uma investida sua pode até virar um carro. Um rinoceronte vive cerca de 45 anos, e atinge a maturidade entre 5 e 8 anos de idade. As fêmeas têm um filhote por vez, normalmente a cada três anos, após um período de 16 meses de gestação. O rinoceronte é o segundo maior mamífero terrestre, perdendo apenas para o elefante, e logo à frente do hipopótamo, do qual não é parente, como muitos acreditam.

Hoje em dia ainda existem cinco espécies de rinocerontes, duas nativas da África e três da Ásia. O menos ameaçado de extinção é o rinoceronte branco (ceratotherium simum). Natural da África, ele não é branco, como seu nome afirma, mas sim acinzentado. A origem do nome foi um simples engano: das duas espécies de rinocerontes africanos, o branco é o que tem a boca mais larga, portanto, ele era chamado pelos africanos de weid ("largo" em afrikaans), palavra que foi confundida pelos ingleses com white ("branco", em inglês).

Rinoceronte branco


Um rinoceronte branco possui dois chifres, um maior, na ponta do nariz, e um menorzinho, logo acima. Sua boca é larga e achatada, pois ele a usa para comer grama. Mesmo com esta dieta, um rinoceronte branco pesa entre 1.800 e 2.700Kg. Um animal adulto pode chegar a 1,80m de altura, e até 5m de comprimento, da ponta do nariz até a cauda. Como sua cabeça é muito grande e pesada, o rinoceronte branco apresenta uma "corcundinha", para ajudar na sustentação do pescoço. Estima-se que existam por volta de 11.300 rinocerontes brancos em estado selvagem, espalhados pelo nordeste e sul da África.

A outra espécie africana é o rinoceronte negro (diceros bicornis), que, adivinhem, também não é preto. Na verdade, ele só um pouquinho mais escuro que o branco, e ganhou este nome porque, já que o outro era o branco, esse que era mais escuro tinha que ser o negro. Ele também tem dois chifres, embora o maior seja mais fino que o do rinoceronte branco. Sua cabeça é menor, não tem a corcundinha, mas a testa é mais pronunciada, e sua boca possui um "bico" (na verdade, um prolongamento do lábio superior), utilizado para quebrar os galhos da vegetação rasteira da qual se alimenta. O rinoceronte negro é menorzinho, tendo 1,60m de altura e 3,5m de comprimento e pesando entre 800 e 1.350Kg. Estima-se existirem ainda 3.610 rinocerontes negros no leste da África. A situação se agrava porque esta espécie é muito mais difícil de se reproduzir em cativeiro.

A situação dos rinocerontes africanos pode ser triste, mas a dos asiáticos é ainda pior. A espécie de rinoceronte mais ameaçada de extinção é a do rinoceronte de Java (rhinoceros sondaicus), somente encontrado em dois locais específicos, um na Indonésia e outro no Vietnã. Segundo a última contagem, feita em 2002, apenas 60 rinocerontes de Java ainda estavam vivos. Eles continuam sendo caçados, não há programa oficial de proteção, e a reprodução em cativeiro é quase inexistente, fatos que, infelizmente, podem contribuir para a eventual extinção total da espécie. Um rinoceronte de Java se distingue de seus parentes africanos por ter um único chifre, bem curto, e somente presente nos machos. Sua pele, de cor cinza ou marrom, é mais larga que o corpo, o que faz com que se dobre, dando a aparência de placas. Um rinoceronte de Java pode chegar a 1,70m de altura por 4m de comprimento, e pesar 2.300Kg. Sua dieta consiste de folhas de árvore que ele alcança com seu pescoço um pouco mais longo que o dos demais rinocerontes.

O segundo rinoceronte mais ameaçado do mundo é o rinoceronte de Sumatra (dicerorhinus sumatrensis), com 300 animais espalhados pelo sudeste asiático. Este rinoceronte é bem diferente dos outros, sendo o único peludo, apresentando longos pêlos castanho-avermelhados. O rinoceronte de Sumatra também é o único da Ásia com dois chifres, e é o menor de todos os rinocerontes, tendo 1,40m de altura por 3m de comprimento, e pesando entre 600 e 950Kg. A proteção aos rinocerontes de Sumatra selvagens também é deficiente, mas felizmente sua reprodução em cativeiro está começando a dar certo nos Estados Unidos.

O rinoceronte asiático de situação mais tranqüila é o rinoceronte indiano (rhinoceros unicornis), encontrado na Índia e no Nepal. Ainda assim, apenas 2.400 animais ainda sobrevivem em estado selvagem, embora esforços sejam feitos pelo governo da Índia para aumentar este número. O rinoceronte indiano é o maior dos rinocerontes, podendo atingir 2m de altura por 4m de comprimento, e pesar até 3 toneladas. Sua pele também é mais larga e forma dobras que dão uma aparência de blindagem. Possui um único chifre, meio arredondado no topo, e costuma comer grama e vegetação rasteira.

Rinoceronte indiano


Em todo o planeta, diversas instituições batalham para salvar o rinoceronte, seja combatendo a caça, criando reservas ambientais onde eles podem viver em paz, ou financiando pesquisas que facilitem a reprodução em cativeiro. Também é importante cuidar dos órfãos e feridos eventualmente encontrados, para que um dia eles possam ser devolvidos à vida selvagem. Afinal, o local de qualquer animal selvagem é ao ar livre, vivendo sua vida sem que ninguém tenha nada a ver com isso. Eu espero sinceramente que um dia os pobres rinocerontes deixem de ser caçados, ou correremos o risco de só encontrá-los em zoológicos e fotografias. E isso é muito triste.

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