domingo, 8 de maio de 2005

Escrito por em 8.5.05 com 0 comentários

Tropas Estelares

Como eu já devo ter falado em algum lugar por aqui, um dos meus estilos de filme preferidos é a ficção científica. Preferencialmente com naves espaciais, guerras de raios laser e povos alienígenas. Acho impressionante o que a criatividade humana consegue conceber como sendo nosso provável futuro - e nossos prováveis vizinhos. Embora tenha havido um boom deste tipo de filme na metade dos anos 80, durante um bom tempo parece que Hollywood perdeu o interesse neles, só lançando medalhões como Star Trek ou Star Wars (também conhecidos como Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas, respectivamente), ou bombas de fabricação caseira como Wing Commander. Um filme relativamente recente, porém, chamou minha atenção, entrando para minha galeria de favoritos, mesmo estando longe de ser uma obra prima: Tropas Estelares.

Lançado em 1997 com o nome de Starship Troopers, e dirigido por Paul Verhoeven (de Robocop), meu holandês maluco preferido, Tropas Estelares é um filme meio tosco, algumas vezes extremamente violento, mas muito divertido. Se passa em um futuro indeterminado, estranhamente militarizado, onde a democracia foi considerada um sistema de governo falido em todo o mundo. Para assumir as rédeas do poder, os militares criaram a Federação, uma organização militar que governa todo o planeta, através do Serviço Federal. Só são considerados cidadãos aqueles que trabalham para o Serviço Federal (em outras palavras, os que se alistam nas Forças Armadas), e somente os cidadãos têm direito a voto, licença para ter filhos, para seguir carreira política, dentre outras "regalias". Não fica bem claro se antes ou depois da criação da Federação, mas a humanidade teve um grande progresso tecnológico, que permitiu a colonização do espaço, chegando a outros planetas. E foi aí que os problemas começaram.



A vários anos-luz da Terra, existe um planeta de nome Klendathu. Neste planeta, a espécie dominante, ao invés de serem os mamíferos, são os insetos. Vivendo em colônias, eles evoluíram até um ponto em que são capazes de arremessar asteróides em direção a outros planetas. Estes asteróides podem ser utilizados para carregar seus ovos, permitindo que colonizem um novo mundo, ou simplesmente como arma letal, destruindo os planetas inimigos no choque. Não se sabe quem começou, mas o fato é que a Terra está em guerra com Klendathu. Nós enviamos nossas naves para destruí-los, eles enviam seus asteróides para nos exterminar.

Neste cenário se encontra o personagem principal do filme, o jovem Johnny Rico (Casper Van Dien). Filho de pais ricos e não-cidadãos, de uma tradicional família de Buenos Aires (pois é, por alguma razão, os personagens principais deste filme são argentinos), Rico possui dois amigos inseparáveis: sua namorada, Carmen Ibanez (Denise Richards, revelada neste filme) e o telepata Carl Jenkins (Neil Patrick Harris). Carmen sonha em ser piloto e, para isso, decide se inscrever no Serviço Federal. Rico, apesar de não ter a menor vocação para o negócio, decide também se inscrever para agradar sua amada. Durante a seleção, Carmen é designada para treinar como piloto da Frota, Carl é indicado para a Inteligência Militar, e Rico... bem, Rico vai para a Infantaria.

Logo, logo, o jovem que achava que tudo seria uma grande passatempo para agradar sua paixão descobre que a vida no exército não é tão aprazível assim. Submetido a um treinamento rigoroso, com direito a punições corporais por falhas, Rico decide desistir quando recebe uma mensagem de Carmen, dizendo que o treinamento de piloto também é rigoroso, e que ela, por não ter tempo para seu relacionamento, acha que será melhor terminá-lo. No exato momento em que Rico está voltando para casa, porém, os insetos de Klendathu lançam um meteoro que destrói toda Buenos Aires. A Guerra é declarada, e as tropas são enviadas par o front inimigo. Sem ter para onde voltar, Rico se realista, e embarca para lutar contra os insetos. Enquanto Rico luta contra os alienígenas ao lado de sua amiga de infância Dizzy Flores (Dina Meyer), assumidamente apaixonada por ele e supostamente alistada apenas para ficar ao seu lado, e de seu novo amigo e rival Ace Levy (Jake Busey), Carmen começa um pseudo-relacionamento com o também piloto Zander Barcalow (Patrick Muldoon), motivado por um engano que a fez pensar que Rico havia sido morto na primeira batalha em Klendathu.

Como eu já disse, Tropas Estelares está longe de ser uma obra-prima, mas possui alguns pontos interessantes. Um deles é comparar o que acontece na guerra contra Klendathu ao que ocorre nas guerras que travamos aqui na Terra. Em ambos os casos, os recrutas são enviados quase sem preparo, com os comandantes subestimando o inimigo, e sem saber o que encontrarão no terreno em que vão lutar. Uma "piada da Federação", M.I. does the dying, Fleet just does the flying (algo como "o trabalho de morrer pertence à Infantaria, o de voar à Frota") corresponde perfeitamente à crítica que muitos fazem aos comandantes trancados em suas salas com ar-condicionado enquanto enviam mais e mais soldados para morrer no front - comandantes estes que também existem no filme; um deles é tão medroso que é incapaz de sair do lugar mesmo com um inseto gigante morto vindo em sua direção para esmagá-lo. Uma das melhores coisas do filme é a Rede Federal, uma espécie de canal de TV da Federação, que exibe uma propaganda do tipo "os soldados são seus amigos". A sociedade é tão militarizada que criancinhas se deleitam em tocar nas armas dos bons soldados que patrulham as ruas, e se reúnem para pisar em baratas e "fazer a sua parte", enquanto uma mãe estasiada aplaude, durante a invasão de Klendathu. Tudo isso permeado pelo hilário bordão would you like to know more?, que exibe um link onde o telespectador pode clicar e acompanhar as últimas notícias.

Tosco, mas eu adoro.

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