Olha só que legal: Antes eu não sabia o que escrever em um blog, agora eu não sei o que escrever em dois! Eu não sou o máximo?
Vamos falar então de um dos motivos que me levaram a criar este singelo blog: a falta de entretenimento de qualidade.
Esta semana, se não me engano quarta-feira, enquanto trocava ininterruptamente de canais buscando algo que merecesse ser assitido na tv a cabo (150 canais e nada pra assistir. Quem entende um negócio desses?), me deparei com o filme "O Professor Aloprado". Não o do Eddie Murphy, mas o original, com Jerry Lewis. Como ainda estava começando, decidi assistir. Não sou muito fã de filmes antigos, nem "aficcionado por grandes clássicos". Pra ser sincero, se for para assistir no cinema, gosto muito mais de filmes que tenham coisas que explodem, gente correndo pra todo lado e muitos defeitos especiais, tipo Jurassic Park ou o Homem-Aranha. Afinal, aquela tela daquele tamanho e aquele sistema de som ensurdecedor têm que ter alguma serventia. Mas, em casa, eu gosto muito de assistir comédias, principalmente para espairecer. Não sou uim espectador muito exigente, de modo que já assiti incríveis pérolas do cinema mundial, como "Mortal Kombat: A Aniquilação", "O Observador" com Keanu Reeves, e outros dos quais me arrependi. Mas não aprendo, e continuo assistindo tudo o que me dá na telha. Por isso eu assisti "O Professor Aloprado" - desta vez o do Eddie Murphy, não o original, com Jerry Lewis - assim como sua continuação, "O Professor Aloprado 2: A Família Klump". Eu já sabia que o primeiro se tratava de uma refilmagem, mas nunca havia assistido o original. Pois bem, tive minha chance esta semana, e decidi não disperdiçá-la.
Eu poderia agora escrever algo do tipo "qual não foi minha surpresa ao descobrir que o original é muito melhor", mas não é o caso. O original é, indubitavelmente, muito melhor, mas isto não me surpreendeu. O filme pode até ser "menos engraçado" a maior parte do tempo - todos os bons momentos dependem da atuação perfeita de Jerry Lewis - mas também é menos... como direi... constrangedor.
No filme de Eddie Murphy, o professor é complexado, Buddy Love é um tarado anarquista, tenta tomar o controle o do pobre professor, e, no final, em uma festa, ocorre uma transformação grotesca, quando todos descobrem que Buddy e o professor são a mesma pessoa. No original, o professor é apenas um nerd que, cansado de ser incomodado pelos valentões, cria a fórmula. Buddy Love é apenas um almofadinha egocêntrico. A transformação durante a festa é muito mais sutil, e ainda envolve uma pequena lição de moral. O final é inesperado. E, o melhor de tudo, não tem piadas de sexo.
Por algum motivo que eu desconheço, alguém determinou que as coisas só podem ser engraçadas se tiverem piadas de sexo. Basta assistir programas do tipo "Zorra Total" para comprovar. "O Professor Aloprado 2", do Eddie Murphy, também é um bom exemplo: Tem tantas piadas de sexo que, em alguns momentos, eu me senti constrangido de estar assistindo aquilo. E o pior é que deve ter sido um sucesso de bilheteria, assim como "O Quinto dos Infernos" foi sucesso de audiência na Globo.
Mas ainda não é o bastante. Minha mãe costuma brincar dizendo que, no futuro, veremos sexo e carnificinas ao vivo na tv, tipo "The Running Man" do Schwarzenegger. Se depender da sociedade norte-americana, acho que esse futuro não está muito longe. Por algum outro motivo que eu igualmente desconheço, os americanos só acham graça em arroto, pum e vômito. Antenada com esta tendência, a Mtv criou um programa chamado "I Bet You Will", que por aqui pode ser assistido na Mtv Latina, por aqueles que não têm mais o que fazer. O programa consiste no seguinte: Eles te oferecem um dinheirão (começa com 20 dólares, mas pode chegar a mais de 100) para você fazer uma coisa absurda, burra, sem sentido e automutilante. Fica um monte de gente em volta "incentivando" o pobre candidato, e os apresentadores ainda melhoram a qualidade do programa. Eu só havia visto comerciais deste horror, e neles um sujeito teve que beber um pote de tinta guache, outro teve que calçar um par de tênis cheios de vermes, entre outras coisas agradáveis. Enfim, diversão para toda a família. Um desses dias, ao mudar de canal, estava passando o tal programa, e eu resolvi ver um quadro. Nele, uma loira siliconizada, que eu acredito ser uma dos apresentadores, em meio a um monte de gente, pediu por um "típico macho de Indiana". Um sujeito que aparentava ser sósia do Vin Diesel se apresentou. A prova consistia no seguinte: primeiro, o "típico macho" ia ter que vestir uma sunguinha vermelha fio-dental. Aí, ele teria que deitar de bruços sobre uns blocos de gelo daqueles que as pessoas quebram com golpes de caratê. Como se isso já não bastasse, ele ainda teria que beber um frasco de 300ml de molho de pimenta. Para sofrer este flagelo, Vin receberia a vultuosa quantia de... 20 dólares. A multidão conclamou: "pede mais!", e ele pediu. 30 dólares. Nada feito. Fechou por 45 dólares. Jogaram um pano em cima dele para que tirasse sua roupa e vestisse a sunguinha, e lá foi nosso herói, deitar no gelo e beber a pimenta. No início, ele estava bebendo de canudinho (e, pela cara que fazia, devia estar totooooso), mas depois resolveu virar pelo gargalo. A multidão foi ao delírio. Não satisfeita, a apresentadora peituda ofereceu mais 20 dólares para que ele bebesse mais um frasco, dessa vez de 600ml. Ele disse que era muito pouco. Um entrevistado da platéia disse que não faria por menos de $250. O "macho de Indiana" aceitou por $100. Como da primeira vez, começou no canudinho, depois bebeu no gargalo... mas não bebeu tudo. Começou a fazer uma cara estranha. A apresentadora delirou: "atenção, o molho vai voltar!". Enquanto o coitado vomitava, a multidão ia ao delírio. Depois que ele vomitou pela sengunda vez, eu mudei de canal. Não sei se ele ganhou o prêmio. Deve ter sido desclassificado.
Há alguns dias eu conversava com dois amigos sobre o problema da falta de entretenimento de qualidade, que as crianças de hoje não têm infância, que todos os brinquedos são do Gugu, essas coisas. Hoje em dia encontramos pouquíssimo entretenimento de qualidade, seja na televisão, cinema, teatro, internet, ou em forma de jogos ou revistas. A pior parte é que parece que as pessoas não se importam. No caso do "I Bet You Will", se a reação da platéia, ao invés de aplaudir delirantemente, fosse juntar a apresentadora na porrada em protesto contra a proposta absurda que ela fez ao pobre rapaz, o programa teria que ser repensado - ou não, talvez a audiência até subisse. De qualquer forma, a sociedade se acomodou, e aceita passivamente tudo o que lhe é despejado, desde os reality shows até a egüinha pocotó. Ouvi dizer que, em breve, no programa do Luciano Huck, teremos um reality show onde as pessoas terão que ficar acordadas durante uma semana, e depois participar de exaustivas provas, sendo que quem dormir será eliminado do programa. Minha irmã disse: "quando morrer um eles param". Será que param mesmo? Ou será que em breve teremos um singelo programa na tv brasileira chamado "Aposto que Você Faz"?
Lamentável.
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