domingo, 12 de dezembro de 2021

Escrito por em 12.12.21 com 0 comentários

The Office

The Office é uma das séries mais engraçadas que eu já vi em toda a minha vida. Curiosamente, ela também é do tipo ame ou odeie: a quantidade de conhecidos meus que a adora é quase igual à dos que não acham graça nenhuma nela. Eu comecei assistindo a uns episódios soltos, depois tentei assistir a tudo na ordem, mas ficaram faltando as duas últimas temporadas; como eu não gosto de falar aqui sobre séries incompletas, e como tinha um pouco a mais de tempo livre por causa da pandemia, decidi assistir a tudo de novo pra poder escrever esse post, que está vindo ao ar agora que já acabei. Assim, hoje é dia de The Office no átomo.


The Office
(que significa "o escritório") acompanha o dia a dia dos funcionários de uma filial de uma empresa de venda de papel, chamada Dunder Mifflin, localizada na cidade de Scranton, Pensilvânia, Estados Unidos. A série é gravada no estilo mockumentary, como se fosse um documentário; as cenas são gravadas como se os funcionários da Dunder Mifflin estivessem realizando suas atividades normais do dia a dia sendo acompanhados por câmeras e usando aqueles microfones presos ao corpo como os de reality shows, e, de forma intercalada com as cenas, os personagens fazem comentários diretamente para a câmera, como se estivessem sendo entrevistados. Tudo é fictício, entretanto: apesar de a cidade de Scranton realmente existir (é a sexta maior da Pensilvânia), a Dunder Mifflin, assim como todos os seus funcionários, é inventada. O mote da série é que as gravações se tornarão um programa de TV, que realmente vai ao ar (no universo da série) durante a última temporada.

A série tem cinco personagens considerados principais, começando por Michael Scott (Steve Carell), o gerente regional da filial de Scranton, um homem bem intencionado mas completamente sem noção, que acredita que o melhor para os negócios é tratar os empregados como se fossem sua família e usar bastante humor nas relações de trabalho; Michael não é incompetente, mas é tão atrapalhado que frequentemente ofende ou irrita seus subordinados e seus superiores, às vezes até mesmo gerando prejuízo para a empresa. O empregado mais eficiente é Dwight K. Schrute (Rainn Wilson), vendedor de família alemã que também é dono de uma fazenda onde planta beterrabas. Dwight vê Michael como um ídolo, e seu maior sonho é se tornar gerente regional; possui uma disciplina quase militar, princípios extremamente rígidos, e procura estar preparado para toda e qualquer eventualidade, normalmente com precauções absurdas que só fazem sentido para ele mesmo. A rigidez de Dwight contrasta com o estilo despojado de seu "rival" Jim Halpert (John Krasinski), também vendedor, que passa seus dias pensando em trotes para irritar o colega; Jim é competente e sempre se esforça para fazer o melhor trabalho possível, embora às vezes sinta que está desperdiçando sua vida vendendo papel. Jim é apaixonado pela recepcionista da filial, Pam Beesly (Jenna Fischer), moça meiga, sensível e um pouco tímida, com talento para artes e que costuma ser explorada por Michael, que a manda fazer todo tipo de tarefa absurda. Completa o quinteto Ryan Howard (BJ Novak, que também é um dos produtores, diretores e roteiristas da série), inicialmente contratado como trabalhador temporário (embora na versão traduzida o chamem de "estagiário") para preencher uma vaga de auxiliar de serviços gerais; Ryan vive tendo ideias mirabolantes para ganhar muito dinheiro com pouco esforço, e é visto por Michael como uma espécie de pupilo, frequentemente recebendo conselhos que não pediu e sendo convidado para eventos pelos quais não se interessa.

O restante do escritório, na primeira temporada, serve para pouco mais que compor as cenas e povoar o cenário (tanto que quatro deles têm o mesmo nome de seus atores), mas, ao longo da série vai ganhando mais destaque, e até mesmo suas próprias histórias. Além de Dwight e Jim, os outros vendedores são Phyllis Lapin (Phyllis Smith), quieta e amistosa, mas que pode ser muito vingativa se provocada, frequentemente destratada por Michael, que a insulta dizendo que ela é velha, mesmo eles tendo sido colegas de sala no Ensino Médio; e Stanley Hudson (Leslie David Baker), homem de meia-idade que está sempre de mau humor, detesta seu trabalho, e não vê a hora de se aposentar - uma piada recorrente é que Stanley frequentemente está dormindo ou fazendo palavras cruzadas ao invés de trabalhar. O setor de contabilidade conta com Angela Martin (Angela Kinsey), que cuida de um monte de gatos, gosta de tudo na forma mais organizada possível, e não faz questão nenhuma de fazer amizade com seus colegas, preferindo uma relação estritamente profissional; Oscar Martinez (Oscar Nuñez), extremamente inteligente, culto e competente, mas frequentemente foco das ações de Michael por ser latino e gay; e Kevin Malone (Brian Baumgartner), que é muito afetuoso com seus colegas, mas não é muito inteligente, frequentemente cometendo erros, precisando da ajuda dos outros dois, achando graça em tudo e se envolvendo em situações embaraçosas por entender as coisas errado.

Outros cargos são o da auxiliar de controle de suprimentos Meredith Palmer (Kate Flannery), mãe solteira, promíscua, alcoólatra, e que sempre está jogando Paciência quando a câmera mostra a tela de seu computador; o especialista em controle de qualidade Creed Bratton (Creed Bratton, guitarrista da banda The Grass Roots), idoso excêntrico envolvido em diversas atividades ilegais, que confessa sequer saber o que faz o controle de qualidade; a representante de atendimento ao consumidor Kelly Kapoor (Mindy Kaling, que, assim como Novak, também é produtora, diretora e roteirista da série), indiana viciada em moda, fofocas e notícias de celebridades, extremamente possessiva e capaz de tudo pra conseguir vantagens pessoais ou profissionais; e o chefe de estoque Darryl Philbin (Craig Robinson), que não trabalha no escritório, e sim no depósito da Dunder Mifflin, no mesmo prédio, homem sério e trabalhador que não tem paciência para as maluquices de Michael, e estuda para conseguir um cargo de mais prestígio. Não podemos esquecer também de Toby Flanderson (Paul Lieberstein, outro dos roteiristas da série), dos Recursos Humanos, que tem o dever de cuidar para que o escritório funcione de acordo com as regras da empresa, o que frequentemente desagrada Michael, que sempre o trata mal; infelizmente para Michael, Toby não é empregado do escritório, e sim da Matriz, e, por isso, não pode ser demitido por ele. Divorciado, Toby é depressivo, tem dificuldade para se relacionar com os colegas, e gosta de imaginar que é mais importante do que realmente é; ele também é apaixonado por Pam, mas não tem coragem de fazer nada a respeito.

No início da série, existem dois outros personagens de grande destaque, Roy Anderson (David Denman), que trabalha no depósito, é um tanto egoísta e autocentrado, e é noivo de Pam, sendo o principal obstáculo aos planos de Jim; e Jan Levinson (Melora Hardin), que trabalha na Matriz supervisionando as filiais, mulher controladora, totalmente dedicada ao trabalho, mas viciada em sexo, que acaba tendo um relacionamento com Michael. A partir da terceira temporada, outros personagens importantes se unem ao elenco, começando pelo vendedor Andy Bernard (Ed Helms), que estudou na prestigiada faculdade de Cornell, onde fez parte de um grupo musical, divide sua vida entre a empresa, a música e o teatro, é um tanto inconveniente, meio incompetente, e tem problemas de temperamento, apesar de ser uma boa pessoa; quando Toby precisa ser afastado por um tempo, para seu lugar a Matriz envia Holy Flax (Amy Ryan), que tem o mesmo tipo de humor bizarro que Michael, e acaba se tornando namorada dele; quando Pam decide brevemente trocar de empresa, retornando depois como vendedora, é contratada uma nova recepcionista, Erin Hannon (Ellie Kemper), órfã que foi criada em lares adotivos, não sabe muito da vida ou do mundo, mas está sempre de bom humor e disposta a ajudar a todos; quando a Dunder Mifflin é temporariamente vendida para o grupo Sabre, o "diretor de regiões emergentes" Gabe Lewis (Zach Woods), que é viciado em cultura japonesa, filmes de terror, e possui uma inaptidão crônica para lidar com pessoas, é designado para a filial de Scranton; e, mais para o final da série, a Matriz envia para Scranton Nellie Bertram (Catherine Tate, de Doctor Who), inglesa que não tem aptidão para nenhum trabalho específico, mas se porta como se fosse capaz de fazer de tudo. 

Dentre os personagens recorrentes, o mais frequente e mais bizarro é Todd Packer (David Koechner), vendedor que é ligado ao escritório mas trabalha na rua, visitando os clientes da empresa; Todd é absurdamente inconveniente, adora fazer piadas sexuais, faz bullying com todos os colegas, e é o melhor amigo de Michael, que não vê nenhum de seus defeitos e o considera o melhor vendedor da filial. Também merecem ser citados David Wallace (Andy Buckley), o CEO da Dunder Mifflin, que acha Michael intolerável, mas o mantém no cargo por causa do bom desempenho da filial em vendas; Bob Vance (Robert R. Shafer), dono da Refrigeração Vance, localizada no mesmo prédio da Dunder Mifflin, e namorado de Phyllis; Hank Tate (Hugh Dane), o segurança da portaria do prédio; Karen Flilipelli (Rashida Jones), vendedora esperta e ambiciosa que tem um breve romance com Jim; Hunter (Nicholas D'Agosto), o jovem assistente de Jan, com quem fica subentendido que ela tem um caso; os técnicos de informática da Dunder Mifflin, Sadiq (Omi Vaidya), e da Sabre, Nick (Nelson Franklin), responsáveis por resolver os problemas dos computadores do escritório; a mãe de Pam, Helene (Linda Purl); o primo de Dwight, Mose (Michael Schur, também produtor e roteirista da série), que mora com ele na fazenda e se comporta de forma estranha e antissocial; o  Senador Robert Lipton (Jack Coleman), que tem um romance com Angela; a filha de Darryl, Jada (Taylar Hollomon); Hide Hasagawa (Hidetoshi Imura), que trabalha no depósito, era cirurgião cardíaco no Japão, e adora contar a conturbada história de como se tornou trabalhador braçal nos Estados Unidos (sempre com um sotaque quase incompreensível); Val Johnson (Ameena Kaplan), que também trabalha no depósito, por quem Darryl se apaixona; Nate Nickerson (Mark Protsch), amigo de Dwight contratado para trabalhar no depósito, ingênuo a ponto de acreditar em tudo o que os outros dizem, frequentemente sendo ludibriado, e que tem um monte de hábitos estranhos; e dois rapazes contratados para o atendimento ao consumidor na última temporada, Clark Green (Clark Duke) e Pete Miller (Jake Lacy). No início da série, havia ainda um auxiliar de relações de consumo chamado Devon White (Devon Abner), único funcionário do escritório a ser demitido por Michael em toda a série.

Conforme a série fazia mais e mais sucesso, atores famosos eram convidados para participações especiais; os principais foram Charles Milner (Idris Elba), homem rígido que substitui Jan disposto a transformar a filial de Scranton num exemplo de bom funcionamento; Jo Bennett (Kathy Bates), CEO da Sabre, mulher durona que fez sua fortuna do nada e controla sua empresa com mão de ferro; Deangelo Vickers (Will Ferrell), cogitado para substituir Michael como gerente, mas que é incompetente, desastrado e não entende nada de vendas; Brian (Chris Diamantopoulos), que trabalha na equipe de filmagem; e Robert California (James Spader), homem riquíssimo, enigmático, de pavio super curto e que acha que tudo no mundo dos negócios tem relação com sexo, que pretende se tornar o dono da Dunder Mifflin. Antes da fama, Amy Adams também participaria da série como Katy Moore, uma vendedora de bolsas que tem um romance com Jim nas duas primeiras temporadas; também antes da fama, Evan Peters faz uma participação como Luke Cooper, sobrinho de Michael que ele tenta contratar para o escritório, mas que é rebelde e não sabe fazer nada. Maura Tierney, Sendhil Ramamurthy, Will Arnett, Ray Romano, Warren Buffet, Ricky Gervais e Jim Carrey também fariam pequenas participações especiais.

The Office estrearia na NBC em 24 de março de 2005, com uma temporada de apenas seis episódios, criada para fechar um buraco na programação de quinta à noite que surgiu após várias mudanças na grade. Apesar de o episódio piloto não ter sido bem recebido pela crítica, teve uma grande audiência; os demais episódios, porém, fizeram o caminho inverso, com a audiência decaindo a cada semana, mas as críticas sendo cada vez mais favoráveis. A NBC havia encomendado uma segunda temporada junto com a primeira, dessa vez no estilo "normal", com 22 episódios exibidos de setembro a maio, mas as gravações da segunda temporada - que estrearia ainda em 2005, cinco meses após o último episódio da primeira - só começariam após o encerramento da primeira, para que ajustes fossem feitos - sendo o mais notável o penteado de Michael. Por causa disso, é consenso, até mesmo dentre os fãs, que a primeira temporada é "inferior" ao restante da série, e que The Office só "começa de verdade" na segunda temporada - ou no último episódio da primeira, já que o primeiro da segunda é parcialmente uma continuação.

Ao todo, The Office teve nove temporadas, totalizando 201 episódios, o último exibido em 16 de maio de 2013. A maioria deles teve por volta de 22 minutos (sem contar os comerciais, com os quais ia para meia hora), mas, a partir do último episódio da segunda temporada, de vez em quando seriam produzidos também episódios conhecidos como super-sized, que tinham por volta de 28 minutos (40 com os comerciais); alguns episódios, normalmente o primeiro ou o último de uma temporada, seriam "duplos", com 42 minutos (uma hora com os comerciais), e o último episódio de todos teria 52 minutos (75 com os comerciais). A audiência se manteria alta durante toda a série, com os maiores picos ocorrendo na quinta temporada (que teve a maior média de audiência da série e seus dois episódios de maior audiência). Durante a sétima temporada, Carell optaria por não renovar contrato, e Michael deixaria a série no antepenúltimo episódio, o que faria com que a audiência das duas últimas temporadas fosse bem menor que a das anteriores; mesmo assim, as críticas continuaram favoráveis, com a última temporada sendo considerada uma das mais engraçadas - é inegável, porém, que a saída de Carell e o declínio na audiência foram determinantes para que a NBC decidisse cancelar a série na nona temporada, que inclusive teve média de audiência mais baixa que a primeira.

Além das temporadas exibidas na TV, a partir de 2006 também seriam produzidos webisódios, episódios especiais de poucos minutos que podiam ser assistidos no website da NBC. Ao todo, 37 webisódios seriam produzidos, divididos em nove "temporadas", lançados entre 13 de julho de 2006 e 4 de maio de 2011. Os webisódios eram focados nos personagens secundários, sem contar com Michael, Jim, Pam ou Dwight; inicialmente, Ryan também não estava presente, somente aparecendo a partir da quinta temporada. Embora os webisódios já não estejam disponíveis online, foram incluídos como bônus nos DVDs da terceira à oitava temporada da série.

The Office seria indicada a nada menos que 42 Emmys, ganhando seis: Melhor Série de Comédia (para a segunda temporada), Melhor Roteiro para uma Série de Comédia (pelo episódio Caça às Bruxas, de 2006, escrito por Greg Daniels), Melhor Direção para uma Série de Comédia (para Jeffrey Blitz pelo episódio Aliviando o Estresse, de 2009), Melhor Edição para uma Série de Comédia de Câmera Única (duas vezes, em 2007 e 2013) e Melhor Programa Online de Comédia (para a primeira temporada dos webisódios, de 2006). Fischer seria indicada em 2007 para o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante em uma Série de Comédia, Wilson seria indicado três vezes (2007, 2008 e 2009) ao de Melhor Ator Coadjuvante em uma Série de Comédia, e Carell seria indicado nada menos que seis vezes (entre 2006 e 2011, ou seja, durante todo o tempo em que ele esteve na série) ao de Melhor Ator em uma Série de Comédia, não ganhando nenhum, o que seria considerado uma das maiores injustiças da história do Emmy.

Carell venceria, porém, o Globo de Ouro de Melhor Ator em uma Série de TV Musical ou de Comédia em 2006, único Globo de Ouro conquistado pela série em nove indicações - cinco delas para o próprio Carell, entre 2007 e 2011, os outros quatro sendo de Melhor Série de TV Musical ou de Comédia, em 2006, 2007, 2009 e 2010. O elenco da série como um todo também ganharia o Screen Actors Guild Awards, conferido pela guilda de atores de TV dos Estados Unidos, duas vezes, em 2007 e 2008, e a série ganharia o Writers Guild of America Awards, conferido pela guilda de roteiristas, em 2007.

Acho que todo mundo já sabe, mas The Office não é uma série original norte-americana, e sim a versão norte-americana de uma série britânica, também chamada The Office, exibida pela BBC. Um dos motivos pelos quais o piloto da série norte-americana foi tão criticado, inclusive, é que ele é uma refilmagem do primeiro episódio da série britânica, apenas mudando os nomes da empresa e dos personagens, com alguns diálogos sendo idênticos palavra por palavra; o restante da primeira temporada também teria muita influência da série britânica, e acabaria destoando das demais porque uma das decisões da equipe criativa antes de começar as filmagens da segunda temporada seria a de tentar dar à série norte-americana uma cara própria.

Na versão britânica de The Office, a empresa se chama Wernham Hogg, também vende papel, e a filial mostrada na série fica na pequena cidade de Slough, a 32 km de Londres. O gerente da filial é David Brent (Ricky Gervais), que, ao contrário de Michael, é convencido e arrogante, vê a si mesmo como um gênio incompreendido dos negócios, e se considera engraçado, amistoso e respeitado, embora os outros empregados o considerem imaturo, mal-educado e sem consideração. O principal vendedor (que seria o equivalente a Jim) é o bem-humorado, simpático e altruísta Tim Canterbury (Martin Freeman, de Sherlock e O Hobbit), que, apesar de se mostrar sempre agradável, detesta seu trabalho e se ressente por ainda morar com os pais. O equivalente a Dwight seria Gareth Keenan (Mackenzie Crook), em quem Tim vive pregando peças, homem frio, obcecado por organização e que preza o trabalho acima de tudo, que se orgulha de seu passado militar. A recepcionista, por quem Tim é apaixonado, é Dawn Tinsley (Lucy Davis), que é a personagem, em comportamento e personalidade, mais semelhante à sua contraparte norte-americana, Pam. Outros personagens de destaque são Jennifer Taylor-Clarke (Stirling Gallacher), a representante da Matriz, com quem Brent não tem um bom relacionamento; Neil Godwin (Patrick Baladi), gerente da filial de Swindon, de quem Brent tem inveja; Lee (Joel Beckett), o noivo de Dawn, de quem ela é namorada desde a escola, que trabalha no depósito, vive mal-humorado e tem com ela um relacionamento abusivo, sempre a desencorajando a procurar um emprego melhor; e Chris Finch (Ralph Ineson), vendedor que trabalha na rua visitando os clientes, homem maldoso, que gosta de fazer bullying com os colegas e odiado por todos exceto Brent. Os demais funcionários do escritório aparecem pouco, e raramente têm algum destaque nas histórias.

A série britânica teria apenas duas temporadas de seis episódios de meia hora de duração cada, exibidos entre 9 de julho de 2001 e 4 de novembro de 2002, mais dois especiais de Natal, de 45 e 50 minutos, exibidos em 26 e 27 de dezembro de 2003, e um episódio especial de "dez anos depois", também de meia hora, exibido em 15 de março de 2013, para um total de 15. Apesar de curta, também seria um grande sucesso, ganhando o Globo de Ouro de Melhor Série de TV Musical ou de Comédia em 2003, quando se tornaria a primeira série de TV britânica a ser indicada para esse prêmio em 25 anos e a primeira a ganhá-lo em toda a história do Globo de Ouro; no mesmo ano, Gervais ganharia o Globo de Ouro de Melhor Ator em uma Série de TV Musical ou de Comédia, o que garantiria um aproveitamento de 100% - duas indicações, dois troféus. A decisão de encerrar a série após apenas duas temporadas seria de seus criadores, Gervais e Stephen Merchant, que temiam que a fórmula ficasse desgastada caso a série tivesse longa duração.

A ideia de fazer uma versão norte-americana da série seria de Greg Daniels, que atuaria como showrunner (o produtor principal) até o final da quarta temporada, quando sairia para cuidar de Parks and Recreation, retornando para a nona temporada, e sendo substituído entre a quinta e a oitava por Paul Lieberstein e Jennifer Celotta. Daniels justificaria sua opção por fazer do piloto uma refilmagem e a primeira temporada bastante parecida com a série original com o argumento de que achou arriscado começar do zero já que seria uma adaptação, mas, entre a primeira e a segunda temporadas, levaria a equipe de produção e roteiristas para visitar vários escritórios na região de Los Angeles, para que eles pudessem deixar a série mais condizente com o mercado de trabalho norte-americano. As duas principais críticas que os roteiristas tentariam contornar, entretanto, não tinham a ver com o ambiente ou estilo de trabalho, e sim que a série era muito pessimista para uma comédia e que Michael era muito odioso para um protagonista; depois de estarem mais à vontade com o elenco, os roteiristas também passariam a escrever episódios pensando nos atores e a utilizar mais os coadjuvantes, também para diferenciar a série norte-americana da britânica. Todos os episódios tinham roteiros completos, mas todos os atores tinham autorização para improvisar sempre que achassem necessário, com Carell e Wilson tendo o maior número de "cacos" (falas ditas pelos personagens que originalmente não estão no roteiro); muitos episódios acabariam editados para poder caber nos 22 minutos da programação, mas, durante as reprises, as cenas deletadas -incluídas nos lançamentos em DVD - de alguns episódios foram reinseridas, tornando-os mais longos.

O processo de escolha do elenco seria inusitado: ao invés de os candidatos interpretarem cenas de um roteiro, eles se sentavam em frente aos produtores e tinham de responder a perguntas como se fossem os personagens aos quais estavam se candidatando. A NBC originalmente queria Paul Giamatti para o papel de Michael, mas o ator não aceitou, e eles chegaram a considerar Martin Short, Hank Azaria e Bob Odenkirk (que em um dos episódios faz uma participação como um gerente de uma empresa rival que é praticamente uma cópia de Michael) antes de convidar Carell, que, na época, estava em outra série da NBC, Come to Papa, mas seria liberado após seu cancelamento. Wilson também faria o teste para o papel de Michael, assim como Ben Falcone, Alan Tudyk, Jim Zulevic e Paul F. Tompkins, mas os produtores acharam que ele combinaria mais com Dwight, papel para o qual foram testados Seth Rogen, Matt Besser, Patton Oswalt e Judah Friedlander. Krasinski era amigo de escola de Novak, e brigou pelo papel de Jim com Adam Scott e John Cho, enquanto Fischer disputou Pam com Angela Kinsey (que acabaria ficando com o papel de Angela) e Kathryn Hahn; os produtores combinaram os seis em vários casais, para ver qual teria mais química, e Krasinski e Fischer foram os vencedores - Fischer inclusive iria ao teste "vestida de Pam", criando o visual e o cabelo que ela imaginava que a personagem teria, e que agradou tanto aos produtores que eles os mantiveram. Novak seria o único do elenco principal a não fazer teste, com Daniels o convidando para produzir a série e interpretar Ryan após vê-lo em uma apresentação de stand up comedy.

Flannery inicialmente faria o teste para o papel de Jan, mas acabaria ficando com Meredith, e Baumgartner faria o teste para Stanley, mas os produtores queriam um ator mais velho, e o ofereceram o papel de Kevin. Já Smith não se candidatou a nenhum papel, sendo parte da equipe de escolha de elenco e conduzindo a entrevista com os candidatos; Ken Kwapis, o diretor do piloto, gostou tanto do jeito como ela interagia com os atores que decidiu criar para ela o papel de Phyllis. Lieberstein seria escalado de forma parecida: ele lia os roteiros antes dos testes com os candidatos, e Novak gostaria tanto da forma totalmente desgostosa com a vida com a qual ele lia que o escalaria para o papel de Toby, com a condição de que ele atuasse dessa forma. Mas a escalação mais curiosa foi a de Kaling, que só entrou para o elenco porque uma cena do segundo episódio exigia que Michael levasse um tapa de "um personagem que fizesse parte de uma minoria", e ela é descendente de indianos; Kaling se sairia tão bem no episódio que ganharia uma personagem - e sempre brincaria em entrevistas que foi o tapa que a colocou na série.

A abertura da série tem um tema instrumental, e mostra imagens reais de Scranton, filmadas por Krasinski, que visitou a cidade e conversou com moradores locais que trabalhavam em escritórios após saber que ficaria com o papel de Jim. Para que a série tivesse a aparência de um documentário, os produtores contratariam o diretor de fotografia Randall Einhorn, responsável pelo reality show Survivor. Schur seria o produtor encarregado de avaliar se todas as cenas seriam possíveis caso a série fosse um documentário real, levando em conta, por exemplo, a posição das câmeras e dos microfones; conforme a série avançava e fazia sucesso, porém, essas regras seriam relaxadas, e, a partir da sexta temporada, várias cenas passam uma sensação "menos verdadeira", com a equipe de filmagem claramente não tendo por que seguir os personagens em determinados momentos e as câmeras sendo posicionadas em locais que uma equipe de documentário não escolheria, o que gerou algumas críticas dos fãs mais antigos. Por causa do estilo de documentário, a série não tem trilha sonora fora da abertura e do encerramento, com todas as músicas que aparecem nos episódios sendo diegéticas - ou seja, cantadas, tocadas ou ouvidas pelos próprios personagens. Também por causa do estilo, The Office seria uma das poucas séries de comédia dos anos 2000 a não ter claque.

A versão norte-americana não seria a única derivada da britânica, sendo lançadas, também, uma série francesa (Le Bureau, uma temporada de 6 episódios em 2006), uma canadense em francês (La Job, também uma temporada em 2006, mas de 8 episódios), uma chilena (La Ofis, uma temporada de 12 episódios em 2008), uma israelense (HaMisrad, 30 episódios em duas temporadas, de 2010 a 2013), uma sueca (Kontoret, 18 episódios em duas temporadas, em 2012 e 2013), uma tcheca (Kancl, uma temporada de 6 episódios em 2014), uma finlandesa (Konttori, 26 episódios em três temporadas, de 2017 a 2019), uma indiana (The Office, 28 episódios em duas temporadas, em 2018 e 2019) e uma polonesa (The Office, que estreou em outubro desse ano); uma série russa chegou a ser anunciada em 2008, mas jamais foi produzida. Todas elas seguem a mesma estrutura das séries britânica e norte-americana, tendo o estilo mockumentary e acompanhando o dia a dia de uma filial de uma empresa que vende papel (exceto nas séries israelense e sueca, onde a empresa vende material de escritório) localizada em uma cidade pequena (exceto a chilena, na capital Santiago; a tcheca, em Brno, segunda maior cidade do país; e a indiana, na gigantesca Faridabad) e que tem como principais personagens o gerente regional, o principal vendedor, o rival desse vendedor e a recepcionista.

Outra série que frequentemente é citada como uma versão de The Office é a alemã Stromberg, que teve 46 episódios divididos em cinco temporadas exibidas em 2004, 2005, 2007, 2009 e 2011; o primeiro episódio foi exibido em 11 de outubro de 2004 (cinco meses antes do primeiro episódio da série norte-americana), o último foi ao ar em 31 de janeiro de 2012, e a série ganharia dez prêmios nacionais e europeus. Stromberg, porém, não é uma versão "oficial" de The Office, tendo sido apenas inspirada por ela; apesar de o personagem principal ainda ser o gerente (da Capitol-Versicherung AG, que vende seguros e fica em uma pequena cidade alemã cujo nome não é dito em nenhum episódio), o estilo não é mockumentary, e a maioria dos personagens sequer trabalha para a empresa.

Enquanto a série norte-americana estava no ar, Daniels pensou em fazer dois spin offs. Um deles acabou virando uma série totalmente separada, produzida por Daniels e com Jones no elenco, Parks and Recreation, mas o segundo não foi aprovado pela NBC e jamais saiu do papel: quando começou a ficar claro que a NBC não renovaria The Office para a décima temporada, Daniels criou uma série na qual Dwight gerenciava uma fazenda junto com um irmão, uma irmã e uma sobrinha, e estava noivo da filha do vizinho. Um dos episódios da nona temporada, A Fazenda, foi gravado para ser o piloto dessa série; originalmente, ele seria o quinto episódio, e Dwight não apareceria mais em The Office a partir do sexto. Quando a NBC não comprou a série de Dwight, o episódio foi modificado, ganhou novas cenas, e passou a ser o 17o de um total de 25 - e Dwight seguiu em The Office até o final. Em julho de 2020, Baker também tentou, através de um financiamento coletivo, filmar o piloto de um spin off chamado Uncle Stan, no qual Stanley, aposentado, vai morar com um sobrinho recém-viúvo e com dois filhos em Los Angeles; ele não conseguiria alcançar o valor estipulado, porém, e a ideia seria abandonada.

Em 2019, começaram a circular rumores na internet sobre um reboot de The Office, que estrearia no serviço de streaming da NBC, o Peacock. Segundo os boatos, o pedido do reboot teria partido da presidente de conteúdo digital da NBC; ao ser perguntado, Daniels responderia que não estava sabendo de nada, e que achava muito improvável que um reboot fosse feito. Mesmo com uma negativa do presidente de conteúdo original da NBC, Bill Godrick, de vez em quando surgem novos boatos, uma prova de que, quase dez anos após seu final, a série continua muito popular.

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