domingo, 19 de agosto de 2018

Escrito por em 19.8.18 com 0 comentários

Daryl Hall & John Oates

Meu gosto para filmes claramente veio de minha mãe, fã de ficção científica. Já meu gosto para músicas eu não faço ideia. Tanto meu pai quanto minha mãe só gostam de cantores românticos como Fábio Jr., José Augusto, Joanna e Simone, sendo talvez a única exceção o fato de que meu pai gosta do Queen. Por causa disso, quando eu era criança, o rádio do carro do meu pai era sempre sintonizado na 98 FM, que tocava o tipo de música que eles gostavam o dia inteiro, e eu também, quando comecei a ouvir rádio sozinho, acabei ouvindo só 98 durante um bom tempo, até descobrir que existiam outras estações. Somente depois que a Mtv chegou ao Brasil foi que eu comecei a formar um gosto musical próprio, só elegendo meus cantores e bandas preferidos já na adolescência. Talvez por isso eu tenha um gosto musical considerado bastante eclético por meus amigos.

Um fato curioso de ter ouvido 98 praticamente durante toda minha infância é que, em termos de músicas internacionais, eu só fui conhecer bandas como The Who, Led Zeppelin e Pink Floyd depois de velho, mas, já desde criança, sabia quem eram Atlantic Star, Rockwell e Klymaxx, porque as músicas deles (uma de cada) tocavam direto na 98. Havia, também, um batalhão de outras músicas das quais eu gostava, mas simplesmente não sabia quem cantava, porque o locutor da vez simplesmente não falava o nome. Ao longo dos anos, acabei descobrindo quem cantava a maioria delas - um processo que aparentemente nunca termina, já que esse ano mesmo eu descobri mais uma - inclusive descobrindo que uma boa parte das músicas que eu ouvia em minha infância mas não sabia quem cantava eram cantadas pelo mesmo cara - ou melhor, pelos mesmos caras: Daryl Hall e John Oates.

Essa semana, enquanto eu andava na rua conversando com minha irmã, passou um carro tocando uma música deles, e nos lembramos da nossa infância e desse fato. Diante disso, achei que seria legal fazer um post sobre essa dupla que tantas boas memórias trouxe à nossa infância. Hoje é dia de Daryl Hall & John Oates no átomo!

Um aparte: quando eu comecei a descobrir que eram eles que cantavam as músicas, encontrei várias delas atribuídas a "Hall & Oates", e, durante muito tempo, até me referi a eles assim. Ao pesquisar para escrever esse post, porém, acabei descobrindo que eles detestam ser chamados assim, e que alegam que o nome da dupla sempre foi "Daryl Hall & John Oates", o que pode ser confirmado pelas capas de todos os álbuns que eles já lançaram. Em respeito à dupla, portanto, vou procurar me referir a eles sempre pelo nome completo, inclusive no título desse post; para economia de espaço, entretanto, algumas vezes vou usar "Hall e Oates" para me referir aos dois ao mesmo tempo. Por exemplo:

Hall e Oates se conheceram no clube Adelphi Ballroom, na Filadélfia, Estados Unidos, em 1967. Na época, cada um dos dois estava à frente de seu próprio grupo musical: Hall, nascido Daryl Franklin Hohl em Pottstown, Pensilvânia, em 11 de outubro de 1946, era vocalista da banda The Temptones, enquanto Oates, nascido John William Oates em Nova Iorque, em 7 de abril de 1948, era guitarrista da banda The Masters. Ambas as bandas estavam no Adelphi Ballroom para uma competição de bandas novas, quando, de repente, começou um tiroteio em uma briga de gangues dentro do clube. Na fuga, Hohl e Oates se esconderam no mesmo elevador de serviço, que, com a energia cortada, não foi a lugar algum. Enquanto esperavam a luz voltar e o perigo passar, os dois conversaram, e acabaram descobrindo que não somente estavam interessados em fazer o mesmo tipo de música, mas também que ambos estudavam na mesma universidade, a Temple University, na Filadélfia.


Depois disso, eles passariam muito mais tempo juntos, e decidiriam até mesmo alugar um apartamento e se tornarem colegas de quarto. Mais dois anos se passariam, porém, antes que eles decidissem sair de suas respectivas bandas e se tornarem uma dupla. Nessa época, eles haviam se mudado para outro apartamento, no qual o zelador, ao colocar seus nomes na caixa de correio, cometeu um erro e escreveu "Daryl Hall & John Oates" ao invés de "Daryl Hohl" (cuja pronúncia é exatamente a mesma). Gostando da sonoridade, ambos decidiriam usar seus próprios nomes para o nome da dupla, nessa ordem e mantendo a grafia "errada", por achar que o público teria mais facilidade com ela. Pouco depois, contudo, Oates partiria para morar dois anos na Europa, e somente quando ele voltasse a dupla começaria a investir seriamente em sua carreira.

Quando Oates retornou, a dupla apresentou seu trabalho a várias gravadoras, conseguindo um contrato com a Atlantic Records, que renderia três álbuns: Whole Oats, lançado em 1972, Abandoned Luncheonette, de 1973, e War Babies, de 1974. Infelizmente, no início, a dupla teria alguns problemas para definir seu estilo musical, gravitando entre o folk, o soul, o rock e o pop - o primeiro álbum, por exemplo, seria considerado pela crítica especializada como soul, o segundo como folk rock, e o terceiro como rock progressivo. Essa indecisão prejudicaria as vendas dos álbuns, que falhariam em subir nas paradas de sucessos e em obter certificação. O mais bem sucedido foi Abandoned Luncheonette, cuja música de trabalho, She's Gone, por alguma razão inexplicável, foi bastante tocada nas rádios da região de Minneapolis, sendo inclusive regravada pelo grupo de R&B Tavares, o que fez com que o álbum alcançasse a posição 33 na parada de R&B da Billboard.

Insatisfeitos com a Atlantic, Hall e Oates decidiriam, ao invés de renovar com a gravadora, aceitar uma proposta da rival RCA. Seu primeiro álbum pela nova gravadora, lançado em 1975, se chamaria simplesmente Daryl Hall & John Oates, mas ficaria conhecido como "The Silver Album", devido à cor prateada da capa - que trazia Hall e Oates maquiados como mulheres, obra de Pierre LaRoche, responsável pelo visual de Ziggy Stardust, de David Bowie. Oates tinha bigode, mas Hall, de cara limpa e cabelos compridos, ficou bastante parecido com uma mulher, ao ponto de surgir um boato segundo o qual muitos que não conheciam a dupla imaginaram que se tratava de um dueto entre um homem e uma mulher; em entrevistas, Hall diria ter ficado muito satisfeito com sua aparência na capa do álbum, e que ela retratava "a mulher com a qual ele sempre quis sair".

Daryl Hall & John Oates, o álbum, traria o primeiro grande sucesso da dupla, Sara Smile, que alcançaria o quarto lugar na parada da Billboard, escrita por Hall em homenagem à sua então namorada e futura colaboradora nas letras de suas canções, a aeromoça Sara Allen. O sucesso de Sara Smile motivaria a Atlantic a relançar a versão de Hall e Oates de She's Gone em single, que se tornaria sua segunda música a entrar para o Top 10, alcançando o sétimo lugar.

Em 1976, Hall e Oates lançariam mais um álbum, chamado Bigger Than Both of Us. Sua primeira música de trabalho, Do What You Want, Be What You Are, não chamaria muita atenção, chegando apenas à posição 40, mas a seguinte, Rich Girl, seria um grande sucesso, e se tornaria a primeira música da dupla a alcançar o primeiro lugar da Billboard. Rich Girl, entretanto, seria uma exceção: apesar de estarem lançando um álbum por ano e de estarem fazendo vários shows, a dupla ainda tinha muita dificuldade em fazer com que uma de suas músicas tivesse ampla exposição nas rádios, e, na época, esse era o principal fator determinante para uma música fazer sucesso; nesse ponto de sua carreira, a dupla já havia definido seu estilo musical como pop rock, mas, em meados dos anos 1970, as rádios eram dominadas pela música disco, pouco sobrando espaço para outros estilos.

Por causa disso, no final dos anos 1970 a dupla lançaria mais uma trinca de álbuns que passaria praticamente em branco: Beauty on a Back Street, de 1977, Along the Red Ledge, de 1978, e X-Static, de 1979. Decidindo experimentar um pouco, os dois primeiros álbuns eram voltados para o rock, enquanto o terceiro, talvez em uma tentativa de penetrar no mercado, flertava com a disco. Nenhum dos três fez muito sucesso, com apenas duas músicas entrando no Top 20: It's a Laugh, de Along the Red Ledge, alcançaria a posição 20, e Wait for Me, de X-Static, a 18. Vale citar como curiosidade que a faixa The Last Time, de Along the Red Ledge, que não foi selecionada para ser música de trabalho, contava com a participação do ex-Beatle George Harrison na guitarra.

Enquanto esses três álbuns estavam sendo lançados, outros dois da dupla chegariam às prateleiras: em 1977, a Atlantic lançaria a coletânea No Goodbyes, com os maiores sucessos dos três álbuns deles lançados pela gravadora. E, em 1978, a RCA também lançaria o primeiro álbum ao vivo da dupla, Livetime, gravado durante um show realizado no Hersheypark Arena, em Hershey, Pensilvânia.

Ao longo de toda a carreira da dupla, Hall faria a primeira voz, e Oates seria guitarrista e responsável pela segunda voz, com o restante dos músicos necessários sendo contratados. Imaginando que talvez Hall se desse melhor em carreira solo, em 1977 a RCA lhe ofereceria a oportunidade de gravar um disco sozinho. Ele aceitaria, mas realizaria um trabalho altamente experimental, que a RCA rejeitaria, alegando que o disco não seria comercial. Com o insucesso de três discos da dupla em sequência, a RCA voltaria atrás, e lançaria o disco de Hall em 1980. Com o nome de Sacred Songs, o álbum até faria um relativo sucesso, chegando à posição 58 da parada da Billboard, mas suas músicas de trabalho, Why Was It So Easy e NYCNY, falhariam em ganhar lugar nas rádios e nas paradas de sucessos.

Hall e Oates atribuiriam o insucesso de seus àlbuns à interferência dos produtores, que faziam os arranjos das músicas pensando no estilo dos músicos contratados, sem levar em consideração o estilo que a dupla queria impor como seu. Com esse pensamento em mente, eles decidiriam produzir eles mesmos seu álbum seguinte, Voices, que seria gravado em Nova Iorque, onde a dupla estava morando, e não em Los Angeles, onde ficava o principal estúdio da RCA e onde todos os seus álbuns lançados pela gravadora haviam sido gravados. Além disso, eles pediram para que os mesmos músicos que os acompanhavam nos shows participassem da gravação, ao invés de músicos contratados especialmente para o álbum como a RCA costumava fazer. Outro ponto importante foi que Hall recrutaria sua namorada Sara e a irmã dela, Janna, para ajudar ele e Oates a escrever as canções. Voices, lançado em 1980, portanto, seria um álbum muito mais autoral que os anteriores, refletindo mais os desejos da dupla que as ambições da gravadora.

Parece que eles estavam certos em seu pensamento, pois Voices se tornaria seu álbum mais bem sucedido até então, se tornando seu primeiro a conseguir certificação, rendendo um Disco de Platina, alcançando a posição 17 na parada da Billboard, e ficando na parada por nada menos que 100 (sim, cem) semanas. O álbum teria quatro músicas de trabalho: How Does It Feel to Be Back; o cover dos Righteous Brothers You've Lost That Lovin' Feelin', que quase entraria para o Top 10, alcançando a posição 12; e dois clássicos da minha infância, Kiss on My List, que alcançaria o primeiro lugar da parada da Billboard e lá ficaria durante três semanas, e You Make My Dreams, que alcançaria a posição 5. Outra faixa de destaque de Voices era Everytime You Go Away, que não foi usada como música de trabalho, mas fez grande sucesso ao ser regravada por Paul Young em 1985, com o cover alcançando o primeiro lugar da parada da Billboard. Everytime You Go Away é até hoje uma das preferidas dos fãs, e é sempre executada nos shows da dupla.

No auge da popularidade de Voices, a dupla lançaria seu álbum seguinte, Private Eyes, de 1981, que traria uma mescla de pop, rock, R&B e soul, e hoje é considerado um dos maiores álbuns dos anos 1980. Private Eyes renderia mais um Disco de Platina, e alcançaria a posição 5 na parada da Billboard. Duas de suas músicas de trabalho - a faixa-título, Private Eyes, e I Can't Go for That (No Can Do) - alcançariam o primeiro lugar da parada da Billboard, com a terceira, Did It in a Minute, também entrando para o Top 10, na posição 9. Outra música de trabalho, de menos sucesso, seria Your Imagination. Private Eyes, a música, renderia à dupla sua primeira indicação ao Grammy, na categoria Melhor Performance Pop por uma Dupla ou Grupo com Vocais, que acabariam perdendo para o grupo de jazz The Manhattan Transfer com a canção The Boy from New York City.

Private Eyes seria seguido por H2O, de 1982, o mais bem sucedido álbum da dupla, que alcançou o terceiro lugar na parada da Billboard e rendeu um Disco de Platina Duplo. Maneater, sua primeira música de trabalho, ficaria no primeiro lugar da parada durante quatro semanas, e é hoje uma das músicas mais conhecidas da dupla. A segunda música de trabalho, One on One, alcançaria a posição 7, e, como sua letra usava uma partida de basquete como metáfora para um romance, seria utilizada pela NBA, a liga de basquete profissional norte-americana, para um de seus mais famosos comerciais. A terceira música de trabalho, Family Man, cover de Mike Oldfield, também entraria para o Top 10, alcançando a posição 6. Maneater renderia mais uma indicação ao Grammy de Melhor Performance Pop por uma Dupla ou Grupo com Vocais, dessa vez perdida para Joe Cocker e Jennifer Warnes com Up Where We Belong.

1983 seria o primeiro ano sem um álbum de inéditas da dupla desde o lançamento de Whole Oats; naquele ano, seria lançada Rock 'n Soul Part 1, a primeira coletânea de grandes sucessos da dupla, que contava com duas faixas inéditas: Adult Education, que alcançou a posição 8 e cujo clipe se tornou um dos mais executados na Mtv; e Say It Isn't So, que ficaria em segundo lugar na parada da Billboard durante quatro semanas, somente não ocupando a primeira posição porque essa pertencia a Say Say Say, de Michael Jackson e Paul McCartney, lançada em meio à thrillermania, e que morou no topo da parada durante seis semanas. Na época, Hall e Oates já estavam dentre os artistas mais populares da Mtv, o que os levou à decisão de gravar um vídeo natalino bem humorado da canção Jingle Bells Rock, com duas versões, uma com Hall, outra com Oates nos vocais. A popularidade da dupla era tanta que a Recording Industry Association of America (RIAA), a associação das gravadoras dos Estados Unidos, nomearia Daryl Hall & John Oates como a dupla mais bem sucedida da história do rock.

O álbum seguinte da dupla, Big Bam Boom, de 1984, teria um som mais eletrônico e urbano que os anteriores, fazendo uso dos equipamentos mais modernos disponíveis, como o sintetizador Synclavier II, a última palavra em música eletrônica da época. Sua primeira música de trabalho, Out of Touch, seria mais uma a alcançar o topo da parada da Billboard, mas as seguintes iriam decrescendo em popularidade: Method of Modern Love chegaria à posição 5, Some Things Are Better Left Unsaid à 18, e Possession Obsession, na qual Oates faz a primeira voz, à 30. Big Bam Boom ganharia um Disco de Platina Duplo e alcançaria a posição 5 na Billboard, mas é considerado o último de uma série de grandes sucessos que começou com Voices.

Em 1985, a dupla faria um show no Apollo Theatre, em Nova Iorque, acompanhados por David Ruffin e Eddie Kendricks, membros da banda Temptations e ídolos de Hall e Oates. Esse show acabaria dando origem a mais um álbum ao vivo, Live at the Apollo, lançado no mesmo ano. Ainda em 1985, Hall e Oates participariam do projeto USA for Africa, incluindo suas vozes na canção We Are the World, e participariam, no dia 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos, de um show em Nova Jérsei cuja renda seria usada na restauração da Estátua da Liberdade. No ano seguinte, 1986, Hall lançaria mais um álbum solo, Three Hearts in the Happy Ending Machine, que alcançaria a posição 29 na Billboard, com sua principal música de trabalho, Dreamtime, alcançando a posição 5. Enquanto Hall gravava mais um disco solo, Oates atuava como produtor e co-autor das canções Electric Blue, do Icehouse, e Love is Fire, de The Parachute Club, na qual também atuou como backing vocal.

Em 1987, o contrato da dupla com a RCA acabaria, e eles decidiriam assinar com a Arista. Seu primeiro álbum pela nova gravadora, Ooh Yeah!, de 1988, seria o último a ganhar Disco de Platina, e sua principal música de trabalho, Everything Your Heart Desires, a última a entrar para o Top 10 da Billboard, alcançando o terceiro lugar; outras músicas de trabalho seriam Missed Opportunity e Downtown Life. O álbum seguinte, Change of Season, de 1990, ganharia Disco de Ouro, e teria como músicas de trabalho So Close, Don't Hold Back Your Love, Everywhere I Look e Starting All Over Again. So Close, produzida por Jon Bon Jovi, alcançaria a posição 11 na Billboard, e é considerada o último grande sucesso da dupla.

Após o lançamento de Change of Season, a dupla decidiria entrar em um hiato, durante o qual Hall lançaria dois álbuns solo, Soul Alone, de 1993, lançado pela EMI, e Can't Stop Dreaming, de 1996, lançado pela BMG. Ambos têm um som mais próximo do jazz, bem diferente dos trabalhos anteriores de Hall. Por problemas contratuais, Can't Stop Dreaming acabaria sendo lançado inicialmente apenas no Japão, somente vindo a ser lançado nos Estados Unidos e no restante do planeta em 2003, mas com uma faixa (Something About You) a menos. Em 1996, a Atlantic ainda lançaria mais uma coletânea, The Atlantic Collection, com as 21 principais músicas dos três primeiros álbuns da dupla.

O primeiro álbum da dupla após o hiato seria Marygold Sky, lançado em 1997 pela Push Records. O álbum e sua principal música de trabalho, Promise Ain't Enough, passariam praticamente despercebidos. Eles ficariam mais quatro anos sem nenhum lançamento, até que, em 2001, seriam lançados dois álbuns pela RCA, mas nenhum deles de inéditas: Greatest Hits Live era um álbum ao vivo, gravado durante um show da turnê de Private Eyes, em 1982, enquanto The Very Best of Daryl Hall & John Oates era uma coletânea dos maiores sucessos da dupla presentes nos álbuns lançados pela RCA. No ano seguinte, em 2002, mais uma coletânea da RCA, VH1 Behind the Music: The Daryl Hall and John Oates Collection, desta vez contendo as músicas apresentadas em um episódio dedicado à dupla da série Behind the Music, do canal a cabo VH1.

2002 também seria o ano do lançamento do primeiro álbum solo de Oates, Phunk Shui, pelo selo independente PS Records. Esse álbum seria relançado três vezes, sendo outra em 2002 e duas em 2003, a cada vez com novas faixas sendo adicionadas. Ainda em 2002, Hall e Sara terminariam seu relacionamento, mas os dois continuariam amigos, e ela continuaria atuando como compositora de canções para a dupla - Janna, infelizmente, falecera de leucemia em 1993.

Em 2003 seria lançado mais um álbum de inéditas da dupla, Do It for Love, pelo selo U-Watch, criado pelos próprios Hall e Oates. Do It for Love seria bem melhor sucedido que seu antecessor, chegando ao segundo lugar da parada de álbuns independentes da Billboard, e com suas músicas de trabalho, Forever For You, Man on a Mission, Getaway Car e a faixa-título Do It for Love fazendo sucesso nas rádios, mas ainda sem nem chegar perto de desempenho dos áureos tempos. Em 2004, Hall e Oates fechariam um contrato com a Sony BMG para o lançamento de uma coletânea dupla de seus maiores sucessos, chamada Ultimate Daryl Hall + John Oates (relançada em 2005 com o nome The Essential Daryl Hall & John Oates); de um álbum ao vivo duplo de Hall solo, chamado Live in Philadelphia, gravado durante a turnê de Can't Stop Dreaming; e de um de Oates, chamado John Oates: Live at the Historic Wheeler Opera House, gravado durante a turnê de Phunk Shui. Ambos os álbuns de Oates, o ao vivo e o de estúdio, seriam relançados em um único pacote chamado John Oates Solo – The Album, The Concert.

Em 2004, seria lançado Our Kind of Soul, um álbum de covers no qual a dupla interpretava grandes sucessos como I'll Be Around, dos Spinners; Love T.K.O., de David Oliver; e I Can Dream About You, de Dan Hartman. Lançado pela U-Watch, Our Kind of Soul chegaria ao quarto lugar da parada de álbuns independentes da Billboard, e I'll Be Around entraria para o Top 100, a primeira música da dupla a conseguir tal feito desde Starting All Over Again. Dois anos depois, em 2006, seria lançado, também pela U-Watch, o último álbum de estúdio da dupla, Home for Christmas, apenas com canções natalinas.

Nos anos seguintes, a dupla continuaria fazendo shows a aparecendo em programas de TV, como The Daily Show e Dancing with the Stars, além de gravar uma participação no filme Você de Novo, na qual cantam Kiss On My List durante uma festa de casamento. Os únicos novos lançamentos da dupla, entretanto, seriam coletâneas: Playlist: The Very Best of Daryl Hall & John Oates, lançado pela RCA, e The Singles, lançado pela Sony BMG, ambos em 2008; e Do What You Want, Be What You Are: The Music of Daryl Hall and John Oates, caixa com 4 CDs lançada em 2009. Do What You Want é considerada a coletânea definitiva das canções da dupla, pois contém não somente músicas de todos os seus álbuns, mas também das bandas das quais Hall e Oates fizeram parte antes de se unir.

Em 2008, Hall e Oates fariam um show no Troubadour, em Los Angeles, no qual cantariam várias músicas do início de sua carreira, incluindo algumas que jamais haviam sido tocadas em shows antes. Esse show seria gravado e lançado pela U-Watch como um álbum ao vivo, chamado Live at the Troubadour, ainda em 2008. A versão de Sara Smile presente em Live at the Troubadour renderia à dupla uma surpreendente terceira indicação ao Grammy de Melhor Performance Pop por uma Dupla ou Grupo com Vocais, que, infelizmente, eles perderiam novamente, dessa vez para The Black Eyed Peas com I Gotta Feeling.

A partir de 2010, a dupla começaria a reduzir sua quantidade de shows, rumo a uma merecida aposentadoria. Hall decidiria investir em uma carreira na TV, começando pela websérie Live From Daryl's House, seguida pelo programa Daryl's Restoration Over-Hall, veiculado pelo canal a cabo DIY Network, no qual ele trabalhava em várias reformas domésticas. Em 2011, Hall lançaria um novo álbum solo, Laughing Down Crying, pela Verve Records.

Em 2013, a dupla seria indicada ao Rock and Roll Hall of Fame, e, em 2014, faria seu primeiro show em quatro anos, em Dublin, Irlanda, que seria gravado e lançado pela U-Watch como o álbum ao vivo Live in Dublin. Em 2016, eles receberiam uma estrela na Calçada da Fama, e, em 2017, decidiriam sair em uma nova turnê pelos Estados Unidos, na qual cantariam seus maiores sucessos. Desde o fim dessa turnê, eles estão oficialmente aposentados, mas nunca se sabe se decidirão retornar - afinal, é muito difícil largar definitivamente aquilo do que se gosta.

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