segunda-feira, 31 de julho de 2017

Escrito por em 31.7.17 com 0 comentários

Os Nomes dos Dias da Semana

Hoje vamos à última adaptação de um post do Almanaque BLOGuil para o átomo, a do que falava sobre os nomes dos dias da semana - e que, curiosamente, foi justamente o primeiro do Almanaque BLOGuil. Depois de hoje, o único post do Almanaque BLOGuil que não terá virado post para o átomo será justamente o último, que falava sobre Territórios e Dependências, mas esse não somente era o que eu achava mais chato, mas também tem a desvantagem de que suas informações mudam a toda hora, então eu vou me abster de adaptá-lo. Entretanto, ter adaptado todos os posts do Almanaque BLOGuil (menos o dos Territórios e Dependências) não significa que a categoria Almanaque acabou por aqui: quem sabe, no futuro, ao me deparar com outros temas interessantes no mesmo estilo, eu não decida ampliá-la?

O post original do Almanaque BLOGuil sobre os nomes dos dias da semana surgiu em decorrência de um post feito no BLOGuil por mim, no qual eu comentava que o nome da cor vermelha em português destoa de seu nome em outros idiomas (red em inglês, rouge em francês, rojo em espanhol, rosso em italiano, rot em alemão e rood em holandês). Uma das Entusiastas do BLOGuil, chamada Angelrose, comentou que também achava interessante os nomes dos dias da semana em alguns idiomas, mas não em português, serem "em homenagem aos planetas". Intrigado com esse fato, resolvi pesquisar sobre o assunto, como de costume, e transformar as informações que encontrei em um post assinado pelo Ombudsman. Hoje, os leitores do átomo também terão a oportunidade de descobrir por que alguns idiomas usam nomes chiques para os dias da semana, enquanto nós ficamos com um monte de feiras.

No início, cada civilização usava formas diferentes de contar o tempo; ciclos solares e lunares eram usados para determinar a duração de dias, meses e anos e facilitar o gerenciamento de eventos como caça, pesca e colheita. Ninguém sabe com certeza qual povo teria inventado a semana de sete dias; uma das teorias mais aceitas é a de que teriam sido os hebreus, pois, na Bíblia, está escrito que Deus criou o mundo em seis dias, descansando no sétimo. Esta teoria, porém, é contestada por pesquisadores que alegam que povos como os babilônios e os persas já usavam semanas de sete dias antes dos hebreus, em contraposição, por exemplo, aos egípcios, que usavam uma semana de dez dias.

De qualquer forma, na semana dos hebreus, nenhum dos dias tinha um nome próprio; eles eram conhecidos, simplesmente, como "primeiro dia", "segundo dia", "terceiro dia", e assim por diante - exceto o último dia da semana, que não era o "sétimo dia", e sim o "dia do descanso", justamente em alusão à já citada passagem bíblica. Essa nomenclatura com dias numerados era usada também por outros povos da região, como os persas, com a exceção de que, para eles, o sétimo dia realmente se chamava "Sétimo Dia". Até hoje, no idioma hebraico, os dias da semana possuem os nomes originais numerados; em árabe é usada uma nomenclatura semelhante, com o sétimo dia sendo o "dia do descanso", mas apenas os cinco primeiros dias sendo numerados em ordem, do primeiro ao quinto, sendo o sexto o "dia da reunião", em alusão à Jumu'ah, a oração coletiva que ocorre todas as sextas-feiras nas mesquitas.

 

Hebraico

Árabe

Persa

Dom

Yom Rishon

Al-Ahad

Mehr Ruz

Seg

Yom Sheyni

Al-Ithnayn

Maah Ruz

Ter

Yom Shlishi

Ath-Thulatha

Bahraam Ruz

Qua

Yom Revi'i

Al-Arbi'a

Tir Ruz

Qui

Yom Khamishi

Al-Khamis

Hormazd Ruz

Sex

Yom Shishi

Al-Jum'ah

Naahid Ruz

Sab

Yom Shabbat

As-Sabt

Keyvaan Ruz


Na Babilônia, entretanto, alguém deve ter achado que essa coisa de dias da semana numerados era muito chata. Os babilônios, ao contrário dos hebreus, não acreditavam em um Deus único, e sim em um panteão de vários deuses; além disso, eles eram um povo cientificamente avançado para a época, e já haviam observado que, no céu, nem todos os pontinhos brilhantes eram estrelas, com alguns sendo planetas. Para os babilônios, entretanto, os planetas não eram corpos celestes semelhantes à Terra, e sim os deuses de seu panteão, que moravam na abóbada celeste e de lá decidiam o rumo das vidas dos humanos; na época, eles já haviam identificado "sete" planetas, pois consideravam que a Lua e o Sol eram planetas, e, a olho nu, é possível visualizar no céu Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - para visualizar Urano e Netuno é preciso um telescópio, por isso o primeiro só seria descoberto em 1781 e o segundo em 1846 (Plutão, que originalmente era um planeta mas depois foi rebaixado, só seria descoberto bem mais recentemente, em 1930). Aproveitando a coincidência entre sete planetas no céu e sete dias da semana, eles decidiriam dar o nome de um dos deuses que imaginavam ser os planetas para cada um dos dias da semana.

Os antigos gregos eram um pouco mais espertos que os babilônios, e sabiam que os planetas não eram deuses - afinal, os deuses moravam no Monte Olimpo, e não na abóbada celeste. Os gregos, contudo, já usavam também a semana de sete dias - não se sabe se por influência de outro povo ou por ideia própria - e, graças ao comércio com os babilônios, ficariam sabendo que eles haviam decidido usar os nomes dos deuses para os dias da semana. Não importa se eles gostaram da ideia ou se simplesmente passaram a usá-la para facilitar o comércio, mas o evidente é que os gregos não iriam usar os nomes dos deuses babilônios - pois os deuses babilônios eram claramente inventados, sendo os gregos os verdadeiros. Assim, os gregos começariam a usar os nomes de seus próprios deuses para os dias da semana, fazendo, para esse fim, uma substituição simples: sendo Nergal o deus da guerra babilônio, ele seria substituído por Ares, o deus da guerra grego; a deusa do amor babilônia Ishtar seria substituída por Afrodite, a deusa do amor grega, e assim por diante. Os gregos também adicionariam a cada nome a palavra hemera, que significa "dia", para que os nomes não fossem idênticos aos dos deuses, e sim uma espécie de homenagem; o domingo, portanto, era o "dia de Hélios", o sábado era o "dia de Cronos" etc.

Um dia, a Grécia Antiga foi invadida pelo Império Romano, e a cultura grega acabaria influenciando vários aspectos do dia a dia romano, dentre eles, os dias da semana. Originalmente, os romanos usavam uma semana de oito dias, conhecida como nundinum; sob influência da cultura grega, eles começariam a usar também uma semana de sete dias, nomeados de acordo com os deuses - evidentemente, de acordo com os deuses romanos, não os gregos. Mais uma vez, foi uma questão de simples substituição, trocando-se Zeus por Júpiter, Hermes por Mercúrio e por aí vai.

 

Babilônia

Grécia Antiga

Roma

Dom

Shamash

Hemera Helios

Dies Solis

Seg

Sin

Hemera Selenes

Dies Lunae

Ter

Nergal

Hemera Areos

Dies Martes

Qua

Nabu

Hemera Hermes

Dies Mercurii

Qui

Marduk

Hemera Zeus

Dies Jovis

Sex

Ishtar

Hemera Aphrodites

Dies Veneris

Sab

Ninurta

Hemera Khronus

Dies Saturni


É importante comentar duas coisas sobre essa nomenclatura: em primeiro lugar, aparentemente os dias da semana estão fora da ordem, ou seja, não correspondem à ordem dos planetas no céu; isso ocorre porque os babilônios, por algum motivo, resolveram dar os nomes começando a sequência pela segunda-feira e sempre "pulando um", o que fez com que a ordem ficasse segunda-quarta-sexta-domingo-terça-quinta-sábado; a essa ordem, eles atribuíram os nomes dos planetas na ordem de distância em relação à Terra, do mais próximo para o mais distante, ou seja, Lua-Mercúrio-Vênus-Sol-Marte-Júpiter-Saturno (eu sei que Vênus fica mais perto da Terra do que Mercúrio, mas, aparentemente, os babilônios achavam que era o contrário). Em segundo lugar, os gregos não acreditavam que os planetas eram os deuses, mas na Grécia Antiga já existia a astrologia, que buscava determinar a influência dos corpos celestes sobre a vida das pessoas; não se sabe se por influência dos babilônios, a astrologia logo começaria a usar os nomes dos deuses gregos para se referir aos planetas, com esses nomes sendo "convertidos" para os dos deuses romanos durante a época do Império Romano. Talvez por falta de nomes melhores, essa convenção seria mantida pelos astrônomos modernos, e é por isso que, até hoje, nos referimos aos planetas por nomes de deuses romanos - vale citar que, curiosamente, Urano, batizado pelo astrônomo alemão Johann Elert Bode, não seguiria essa convenção, já que Urano é um deus grego, cujo equivalente romano é Caelus; os nomes romanos voltariam a ser usados, porém, para Netuno (cujo equivalente grego era Poseidon) e Plutão (cujo equivalente era Hades).

Enfim, seria no Império Romano que os dias da semana ganhariam nomes "em homenagem aos planetas", embora não fosse essa a intenção original. Começando pelo domingo, na ordem, eles seriam conhecidos como Dia do Sol, Dia da Lua, Dia de Marte, Dia de Mercúrio, Dia de Júpiter, Dia de Vênus e Dia de Saturno.

Ao longo do tempo, no dia a dia, dois desses nomes seriam alterados. Assim como em outras civilizações, em Roma havia, uma vez por semana, um "dia do descanso", no qual as pessoas não trabalhavam e ficavam com suas famílias. Após a adoção da semana de sete dias, por influência dos hebreus, ficaria determinado que esse dia seria o sétimo, o Dia de Saturno. Essa coincidência levaria ao surgimento de uma nova palavra, sabatum, uma corruptela do hebraico shabbat. que significava "descanso" (e de onde vem o termo "sabático", usado hoje quando alguém quer ficar um período sem fazer alguma coisa, tipo quando um atleta "tira um ano sabático", ou seja, fica um ano sem competir). Como o sétimo dia, em hebraico, era o yom shabbat, logo os romanos começaram a chamar o sétimo dia de Dies Sabatum, o "dia do descanso", ao invés de Dies Saturni.

Após a ascensão do cristianismo, ocorreu algo parecido. Segundo os cristãos, Jesus Cristo morreu no sexto dia de uma semana, e ressuscitou no primeiro dia da semana seguinte; o primeiro dia da semana para os cristãos, portanto, era um dia de reflexão e oração, o que os levava a trabalhar no sétimo dia e folgar no primeiro. Logo, o primeiro dia, ao invés de Dies Solis, começaria a ser chamado de Dies Dominicus, o "Dia de Louvar ao Senhor". Esses dois nomes (Dies Sabatum e Dies Dominicus) não eram "oficiais", sendo usados apenas no dia a dia; nos idiomas que tiveram sua origem no latim, entretanto, eles é que foram mantidos, o que nem chega a ser surpreendente, já que a população que usava esses termos é que foi a responsável pelo surgimento das novas línguas. Assim, nos idiomas latinos, cinco dos dias da semana têm nomes que são corruptelas dos nomes dos deuses romanos, mas o primeiro e o sétimo usam corruptelas, respectivamente, de Dominicus e Sabatum.

 

Italiano

Espanhol

Francês

Romeno

Dom

Domenica

Domingo

Dimanche

Duminica

Seg

Lunedi

Lunes

Lundi

Luni

Ter

Martedi

Martes

Mardi

Marti

Qua

Mercoledi

Miércoles

Mercredi

Miercuri

Qui

Giovedi

Jueves

Jeudi

Joi

Sex

Venerdi

Viernes

Vendredi

Vineri

Sab

Sabato

Sábado

Samedi

Simbata


O Império Romano chegou a conquistar quase toda a Europa, de modo que não somente a semana de sete dias, mas também os nomes dos dias em homenagem aos deuses se espalhou por vários outros idiomas. Os povos nórdicos, entretanto, tinham seus próprios deuses, e, assim como os gregos fizeram em relação aos deuses babilônios, decidiram usar os correspondentes nórdicos dos deuses romanos para nomear seus dias. Como a correspondência não era perfeita, porém, aconteceram algumas divergências: Marte, o deus romano da guerra, foi substituído por Tyr, e Vênus, a deusa romana do amor, por Freiya sem problemas, mas Júpiter, para os romanos, era tanto o "chefe" dos deuses quanto o deus do trovão, enquanto para os nórdicos o pai dos deuses era Odin, mas o deus do trovão era Thor; como Thor era um deus muito popular e não poderia ficar de fora, eles acabaram optando por substituir Hermod, que correspondia a Mercúrio e não era muito venerado, por Odin, fazendo com que o quarto dia fosse em homenagem a Odin e o quinto em homenagem a Thor. Os dias em homenagem ao Sol e à Lua, que não eram personificados no panteão nórdico, foram mantidos.

Esses nomes surgiram na região hoje conhecida como Escandinávia, que corresponde à Dinamarca, Noruega e Suécia, de forma que, nesses três países, os nomes dos dias da semana até hoje são os mesmos, apenas com algumas diferenças de acentuação (o domingo é søndag em norueguês, mas söndag em sueco, por exemplo); vale citar, nesse caso, uma curiosidade envolvendo o sábado: assim como ocorreu em Roma, na Escandinávia o sétimo dia da semana ganhou um apelido que depois acabou virando seu nome oficial; nesse caso, porém, o apelido foi lørdag (lördag em Sueco), que significa "Dia de Tomar Banho".

Os nomes surgidos na Escandinávia acabariam adotados também nos idiomas anglo-germânicos, com algumas adaptações: em inglês e em holandês, por exemplo, não surgiu o "Dia de Tomar Banho", de forma que o sábado continuou sendo o "Dia de Saturno", que não tinha um equivalente no panteão nórdico; também nesses idiomas, Odin era conhecido como Woden, por isso a quarta-feira é Wednesday em inglês e woensdag em holandês. Já em alemão e holandês, a terça-feira não seria o "Dia de Tyr", e sim o "Dia da Ding", uma espécie de assembleia formada por representantes do povo, comum nos governos germânicos, da qual Tyr era o patrono. Em alemão, aliás, os nomes dos dias da semana ainda têm duas outras peculiaridades: o sábado é Samstag, que também seria o "dia do descanso", por influência dos judeus, e a quarta-feira é Mittwoch, que significa, literalmente, "meio da semana".

 

Escandinávia

Inglês

Alemão

Holandês

Dom

Sondag

Sunday

Sonntag

Zondag

Seg

Mandag

Monday

Montag

Maandag

Ter

Tirsdag

Tuesday

Dienstag

Dinsdag

Qua

Onsdag

Wednesday

Mittwoch

Woensdag

Qui

Torsdag

Thursday

Donnerstag

Donderdag

Sex

Fredag

Friday

Freitag

Vrijdag

Sab

Lordag

Saturday

Samstag

Zaterdag


Um dia, a semana de sete dias chegaria à Índia; como lá a astrologia era bastante popular, a primeira coisa na qual eles pensaram ao ver os nomes dos dias da semana não foi nos deuses, e sim nos planetas, de forma que a adaptação não ocorreria com a correspondência entre os deuses romanos e os deuses hindus, e sim entre os nomes dos planetas e os nomes dos vara, entidades que, segundo a astrologia indiana, regem a vida dos seres humanos, cada uma delas associada a um planeta. Assim, o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno seriam substituídos, respectivamente, por Ravi, Soma, Budha, Shukra, Mangala, Guru e Shani. Todos os idiomas da Índia e mais alguns do sul e sudeste asiático (como o tailandês e o nepalês) usam nomes dos dias da semana baseados nos vara; os nomes exatos, porém, variam entre um idioma e outro.

Já no extremo oriente as coisas sairiam um pouco diferentes. No Japão, por exemplo, os dias da semana não são nomeados em homenagem a deuses ou planetas, e sim em homenagem aos cinco elementos da mitologia japonesa. Os dois primeiros dias ainda são do Sol e da Lua, mas os cinco seguintes são o dia, respectivamente, do Fogo, Água, Madeira, Ouro e Terra. Essa mesma nomenclatura é usada nas Coreias, embora evidentemente, com os nomes dos dias em coreano, e não em japonês. Essa nomenclatura foi copiada de uma usada na antiguidade na China, que associava cada um dos planetas a um elemento, fazendo a correspondência entre esses elementos e os nomes usados em Roma, embora não se saiba como os chineses tiveram contato com a nomenclatura romana; de qualquer forma, em 1911 a nomenclatura tradicional chinesa foi substituída por uma numerada, na qual o Domingo é o "Semana Sol", mas, a partir da segunda, temos o "Semana Um", "Semana Dois", e assim por diante até o "Semana Seis", que é o sábado.

 

Hindi

Japonês

Chinês

Dom

Ravivar

Nichi Yobi

Xing Qi Ri

Seg

Somavar

Getsu Yobi

Xing Qi Yi

Ter

Mangalvar

Ka Yobi

Xing Qi Er

Qua

Budhvar

Sui Yobi

Xing Qi San

Qui

Guruvar

Moku Yobi

Xing Qi Si

Sex

Shukravar

Kim Yobi

Xing Qi Wu

Sab

Shanivar

Do Yobi

Xing Qi Liu


A nomenclatura usada hoje na Grécia também já não é a mesma da antiguidade; hoje, os gregos usam dias da semana numerados, com três exceções: o primeiro dia, por influência do cristianismo, é o "Dia do Senhor", o sétimo, por influência dos hebreus, é o "Dia do Descanso", e o sexto é o "Dia da Preparação". Poucos idiomas, como o estoniano, o letão e o lituano, usam nomenclaturas nas quais todos os dias são numerados; em lituano, a contagem começa pela segunda-feira, e temos o "Primeiro Dia", "Segundo Dia", e assim por diante até o "Sétimo Dia". Muitos idiomas, como turco, armênio, geórgico, swahili, somali, amárico, vietnamita, indonésio, malaio, farsi, mongol e todos os do Leste Europeu usam uma nomenclatura mista, com alguns dias tendo nomes numerados e outros tendo nomes próprios. Em russo, por exemplo, o domingo é o "Dia da Ressurreição" e a segunda-feira é o "Dia Após o Fim de Semana"; aí temos o "Segundo Dia", o "Meio", o "Quarto Dia", o "Quinto Dia" e o "Dia do Descanso".

 

Grego

Lituano

Russo

Dom

Kyriaki

Sekmadienis

Voskresen'ye

Seg

Deftera

Pirmadienis

Ponedel'nik

Ter

Triti

Antradienis

Vtornik

Qua

Tetarti

Treciadienis

Sreda

Qui

Pempti

Ketvirtadienis

Chetverg

Sex

Paraskevi

Penktadienis

Pyatnitsa

Sab

Savato

Sestadienis

Subbota


Em português também é usada uma nomenclatura mista, com alguns dias sendo numerados e outros tendo nomes próprios. Essa nomenclatura é usada desde a fundação de Portugal, no ano 868; há registros, porém, de que, na mesma região, até cerca de 300 anos antes, era usada uma nomenclatura parecida com a do espanhol. Ninguém sabe o porquê de o português ser a única língua latina a usar a nomenclatura mista, com a teoria mais aceita sendo a de que isso teria sido causado por São Martinho de Duma, entre o ano 550 e 580, período no qual ele foi o arcebispo da cidade de Bracara Augusta, no Reino da Galícia, hoje cidade de Braga, Portugal.

Como os nomes dos dias da semana eram em homenagem aos deuses romanos, eram considerados por alguns membros da Igreja Católica como adoração a deuses pagãos. Dentre essas pessoas estavam São Martinho e o Papa Silvestre I, que, no século IV, determinou que a Igreja, em sua liturgia, utilizasse uma nomenclatura semelhante à do hebraico, com dias numerados excetuando-se o sábado e o domingo, mas usando nomes em latim. Assim, o domingo seria o primeiro dia, mas com o nome de "Dia de Louvar o Senhor", e o sábado o sétimo, mas com o nome de "Dia do Descanso", estando, dentre eles, o "Segundo Dia", "Terceiro Dia", "Quarto Dia", "Quinto Dia" e "Sexto Dia", todos os sete com seus nomes em latim, mas, para representar a palavra "dia", ao invés de dies, a Igreja escolheria a palavra feria, que literalmente significava "dia de festa" (de onde também surgiu a palavra "feriado"), mas que, na época, estava associada ao trabalho, pois eram nas feiras que os comerciantes expunham seus produtos para venda - até hoje, aliás, o comércio utiliza a palavra féria para se referir ao dinheiro ganho em um dia de trabalho. Ao contrário do que se possa pensar, porém, a Igreja não proferiu uma ordem para que todos os povos cristãos utilizassem estes nomes; o Papa Silvestre I apenas determinou que, na liturgia, ou seja, nos atos da Igreja relativos à própria Igreja - como missas, registros de batizados etc. - fossem utilizados os nomes numerados ao invés dos pagãos.

Por volta do ano de 572, São Martinho escreveria um livro chamado De Correctione Rusticorum ("a correção dos rústicos"), no qual lista várias práticas pagãs ainda encontradas dentre a população rural da Galícia, e sugere as melhores formas de abordagem por parte da Igreja para que sejam abandonadas em prol das práticas cristãs. Dentre estas práticas está a de se chamar os dias da semana por nomes de deuses pagãos, o que seria condenável porque, segundo ele, "não se pode nomear por demônios os dias que Deus fez". Imagina-se que, graças à sua influência no Reino da Galícia, São Martinho tenha conseguido implementar o costume na região, que depois se espalhou para o sul, e acabou oficializado quando da fundação de Portugal - corrobora para essa teoria o fato de que, no idioma galego, ainda falado na Galícia, que hoje faz parte da Espanha, os dias da semana também têm nomenclatura mista, com os numerados terminando em "feira".

 

Português Arcaico

Latim
Eclesiástico

Galego

Dom

Domingo

Dominica

Domingo

Seg

Lues

Feria Secunda

Segunda Feira

Ter

Martes

Feria Tertia

Terza Feira

Qua

Mércores

Feria Quarta

Corta Feira

Qui

Joves

Feria Quinta

Quinta Feira

Sex

Vernes

Feria Sexta

Sexta Feira

Sab

Sábado

Sabbatum

Sábado

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