Terceira maior cidade da Holanda, atrás apenas de Amsterdã e Roterdã, Haia é mais conhecida por ser sede do Tribunal Internacional de Justiça do que por ser uma cidade ligada aos esportes - o time de futebol local, o ADO Den Haag, por exemplo, no início da década de 1990 tinha uma das piores médias de público do Campeonato Holandês, e, depois do futebol, os dois esportes mais populares na cidade são o críquete e o rugby, que não costumam ter a mesma popularidade no restante da Holanda. Além disso, a Holanda não era exatamente um dos países mais bem sucedidos dos World Games - nas três edições anteriores somadas, havia ganhado 9 ouros, 7 pratas e 11 bronzes. Por tudo isso, pode parecer estranho que Haia tenha decidido sediar os World Games de 1993. A explicação é que a escolha da sede, mais uma vez, teve o dedo do West Nally Group.
Pelos termos do acordo original, firmado em 1981, o West Nally Group teria todos os direitos de exploração comercial sobre os World Games por dez anos, ou seja, até 1991. Era de interesse da empresa, porém, continuar ligada à IWGA, pois os World Games estavam rapidamente se tornando um evento famoso, bem-sucedido e, por consequência, rentável. Assim, quando começou a procurar a sede para os World Games de 1989, o West Nally Group também já estava pensando em seu futuro, e tentando uma extensão de seu contrato.
O ideal para a IWGA seria que a sede de cada edição seguinte dos World Games fosse escolhida antes do fim da anterior, assim como ocorre com as Olimpíadas, dentre outros motivos, porque assim haveria mais tempo para a cidade se preparar para o evento. Mas, como não houve candidatas a sede para os World Games de 1989, era pouco provável que as candidatas a sede dos World Games de 1993 aparecessem antes do final daqueles. Assim, pouco após Karlsruhe assinar o termo com o qual aceitava sediar os World Games de 1989, o West Nally Group já começou a buscar uma sede para 1993, e acabou chegando a um acordo com Haia, que, pouco antes, havia sido escolhida pela Federação Equestre Internacional para sediar, em 1994, outro evento cuja promoção seria feita pelo West Nally Group, os Jogos Equestres Mundiais.
Como o acordo com a IWGA acabaria antes dos World Games de 1993, após garantir a sede, o West Nally Group começou a negociar. Conseguiu uma extensão do acordo atual até o fim daquela edição - ou seja, até o fim dos World Games de 1993, todos os direitos comerciais do evento ainda pertenceriam ao West Nally Group - após a qual o contrato entre as duas entidades seria o padrão, com o West Nally Group fazendo a promoção e o marketing dos World Games, mas os direitos comerciais pertencendo à IWGA. Esse contrato, aliás, está em vigor até hoje.
Se tudo ficou bem entre o West Nally Group e a IWGA, infelizmente o mesmo não se pode dizer da relação entre o West Nally Group e Haia. Assim como em Karlsruhe, de acordo com o contrato firmado, a cidade deveria arcar com todos os custos da organização do evento. Só que, conforme a data da cerimônia de abertura se aproximava, a cidade começou a reclamar de várias exigências feitas pelo West Nally Group, argumentando que elas não constavam do acordo inicial feito quando a cidade se comprometeu a sediar o evento. No fim, esse desentendimento levou ao não cumprimento, por parte de Haia, de várias cláusulas do contrato, o que fez com que, logo depois dos World Games mais memoráveis, tivéssemos os mais facilmente esquecíveis.
A pior parte dos desentendimentos foi que a cidade não concordou em ter que fornecer hospedagem gratuita para os atletas durante o evento. Essa discussão se arrastaria até o início de 1993, e, sem chegar a uma solução, a IWGA, constrangida, teria de pedir às federações nacionais que arcassem com os custos de hospedagem de seus atletas, já que não dispunha de fundos suficientes para alugar hotéis ou dormitórios. Também não houve acordo quanto à impressão e distribuição de programas, pôsteres e outros tipos de material relacionado ao evento; a promoção foi praticamente inexistente, quase não foram vistos anúncios antes do início da competição, e os programas só seriam impressos e distribuídos no dia da cerimônia de abertura. Os locais de competição, poucos e parcamente decorados, davam a impressão de que a cidade estava tentando gastar o mínimo de dinheiro possível com a organização.
Falando em promoção, o logotipo dessa edição foi criado praticamente em cima da hora, e, falando a verdade, ficou muito feio: o intuito dos criadores era usar três elementos presentes no litoral da cidade de Haia - o sol, o mar e as dunas de areia - mas o resultado final ficou extremamente abstrato, lembrando uma pata de caranguejo. Os World Games de 1993 também não tiveram mascote, simplesmente porque ninguém se deu ao trabalho de criar um.
Mas houve, pelo menos, um ponto positivo: o principal patrocinador do evento foi a companhia de telecomunicações KPN, que contratou uma equipe de televisão para filmar as competições e realizar programas no estilo "melhor do dia" e "destaques da rodada"; embora pouquíssimas competições tenham sido transmitidas ao vivo - e, ainda assim, apenas para parte da Holanda, através do canal regional TV West - esses programas seriam vendidos para a ESPN norte-americana, que não somente os exibiria nos Estados Unidos como também os negociaria com outros canais de TV do mundo, com mais de 65 países tendo acesso às imagens dos World Games de 1993 - um recorde para o evento, que, até então, praticamente só podia ser acompanhado, no máximo, pelos países vizinhos do que o sediava.
No plano estritamente esportivo, os World Games de 1993, realizados entre 22 de julho e 1o de agosto, foram considerados bem-sucedidos, com competições de alto nível e boa presença de público - estima-se que 70 mil pessoas tenham comparecido às competições. Ao todo, 2.264 atletas de 72 países disputaram 154 provas de 24 esportes: boliche, boules, cabo de guerra, caratê, corfebol, esqui aquático, finswimming, fisiculturismo, ginástica acrobática, ginástica de trampolim, hóquei sobre patins, netbol, patinação artística, patinação em velocidade, pesca esportiva, powerlifting, punhobol, raquetebol, salvamento, sambô, taekwondo, tiro com arco, triatlo e vôlei de praia (clique aqui para ver todas as provas do programa).
O programa também contaria com quatro esportes convidados. A iniciativa de incluir três deles, dessa vez, não partiria nem da cidade, nem da IWGA, e sim de suas respectivas federações, que visavam aumentar sua exposição, e, consequentemente, sua popularidade. Dois deles eram simplesmente modalidades de outros esportes do programa: o esqui aquático descalço - no qual os atletas competem sem esquis, com os pés diretamente na água - e o cabo de guerra indoor. Até então, as competições de cabo de guerra do programa dos World Games eram realizadas outdoor (ao ar livre), e apenas com atletas masculinos, em duas modalidades, 640 kg e 720 kg (sendo que esses números se referem à soma total máxima do peso de todos os atletas de uma mesma equipe); essa competição que contou como esporte convidado foi realizada dentro de um ginásio, apenas no feminino, e com peso máximo de 540 kg. O terceiro esporte convidado foi o volteio, modalidade da equitação também conhecida como "ginástica sobre cavalos", incluída a pedido da FEI, que também desejava testar as instalações selecionadas para os Jogos Mundiais Equestres do ano seguinte. Além desses três, entraria como esporte convidado, mais uma vez, o aikidô.
A maior parte das competições esportivas aconteceria no Holtrushallen, construído em 1937 para ser um pavilhão de exposições, pouco depois convertido em uma pista de patinação no gelo em velocidade, e, depois da Segunda Guerra Mundial, convertido em uma pista de atletismo indoor. A cerimônia de abertura também ocorreria no Holtrushallen, e contaria com a presença da Rainha Beatrix e com discurso de Kevin Gosper, vice-presidente do COI. Outros locais de competição foram o Zuiderpark Stadion, antigo estádio do ADO Den Haag, e a praia de Scheveningen, popular destino turístico.
Após ficar ausente em 1989, a pesca esportiva voltaria ao programa, e, com ela, o norte-americano Steve Rajeff, que aumentaria sua coleção de medalhas em mais um ouro e um bronze. O francês Patrice Martin, do esqui aquático, também ganharia mais duas medalhas, um ouro na modalidade truques - que lhe renderia a honra de ser o único atleta a ganhar medalhas de ouro nas quatro primeiras edições dos World Games - e uma prata na modalidade saltos. O italiano Marcelo Saporiti, do salvamento, também aumentaria sua coleção de ouros, ganhando mais três, um deles em uma prova de revezamento. E a britânica Andrea Holmes seria tricampeã do trampolim sincronizado feminino, dessa vez em parceria com Susan Challis.
Competindo pela primeira vez após a reunificação, a Alemanha acabaria no primeiro lugar do quadro de medalhas, com 20 de ouro, 17 de prata e 15 de bronze. Já a Holanda anfitriã conseguiria 9 de ouro, 5 de prata e 16 de bronze, repetindo o número de ouros conquistados nas três edições anteriores somadas. A Holanda conseguiria o pódio inteiro no triatlo masculino, enquanto a Alemanha faria dois pódios completos no salvamento, nas provas de carregar manequim com nadadeiras masculina e feminina.
A Rússia também "estrearia" no evento, competindo pela primeira vez após a dissolução da União Soviética, e conseguindo 7 ouros, 8 pratas e 2 bronzes. Curiosamente, o finswimming, no qual a União Soviética conquistou tantas medalhas em 1989, não daria nem umazinha à Rússia em 1993; o esporte que mais daria medalhas à Rússia seria o sambô, arte marcial não por acaso de origem soviética, com cinco ouros e quatro pratas, seguido da ginástica acrobática, com dois ouros e duas pratas. Falando em ginástica acrobática, merece destaque a Bulgária, que, na estreia desse esporte no programa, conquistaria nove dos 11 ouros possíveis, terminando a competição com 10 ouros, 1 prata e 8 bronzes.
O Brasil enviaria uma pequena delegação, a primeira a ter atletas de mais de um esporte - lembrando que, nas duas edições anteriores, havia enviado apenas o time de punhobol. O punhobol não conseguiria uma nova medalha, terminando na quarta colocação, mas, em compensação, o Brasil conseguiria seu primeiro ouro nos World Games, no vôlei de praia feminino, com Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, que, em 1996, quando o vôlei de praia estreasse nas Olimpíadas, terminariam com a prata, perdendo para outra dupla brasileira, Jaqueline Silva e Sandra Pires. O vôlei de praia dos World Games também daria uma medalha de bronze ao Brasil, no masculino, com Roberto Moreira e Carlos Garrido.
Nos esportes coletivos, a Alemanha faturaria o ouro do punhobol, com a Suíça em segundo e a Áustria em terceiro. No netbol, finalmente a Austrália daria o troco, ganhando o ouro e deixando a Nova Zelândia com a prata - o bronze seria, mais uma vez, da Jamaica. Já o corfebol não teve surpresas: mais uma final entre Holanda e Bélgica, com mais um ouro para a Holanda, mais uma prata para a Bélgica e mais um bronze para a Alemanha. No hóquei sobre patins, Portugal ganharia mais um ouro, ficando a prata com a Argentina e o bronze com a Espanha.
Felizmente, os problemas de organização não abalariam a credibilidade dos World Games: no início dos anos 1990, eles já estavam estabelecidos como um evento respeitável. Tanto que a edição seguinte, a de 1997, seria a primeira a contar com candidatas a cidade-sede.
Dentro do prazo estabelecido pela IWGA, duas cidades se candidataram a sede dos World Games de 1997: Port Elizabeth, na África do Sul, e Lahti, na Finlândia. Após o processo de seleção, Port Elizabeth seria a escolhida, e seu prefeito, inclusive, receberia a bandeira dos World Games das mãos do prefeito de Haia na cerimônia de encerramento de 1993. Não seria dessa vez, entretanto, que a África receberia uma edição dos World Games.
O meio da década de 1990 foi bastante turbulento para a África do Sul: após décadas de governos eleitos pela minoria branca, que levaram a atos discriminatórios contra a maioria negra, sendo o mais famoso deles a política do apartheid, em 1994 o país finalmente teria uma eleição na qual os votos dos brancos e dos negros contavam igualmente, o que levaria à eleição do primeiro presidente negro de sua história, Nelson Mandela - que havia saído da prisão apenas quatro anos antes, após cumprir 27 anos de pena por "traição", ou, em um linguajar mais claro, lutar pelos direitos dos negros. A transição para o governo de Mandela, evidentemente, foi bastante turbulenta, o que levou a um clima de incerteza política e econômica. Sem saber o que o futuro lhes reservava, e sem querer comprometer o orçamento da cidade com um evento esportivo, a Câmara de Vereadores de Port Elizabeth votou por desistir de organizar os World Games, e o prefeito, com pesar, comunicou essa decisão à IWGA em agosto de 1994.
Logo após a desistência, a IWGA entraria em contato com Lahti, para saber se a cidade ainda estaria interessada em organizar o evento. Após algumas negociações, o prefeito de Lahti assinaria o contrato para a organização dos World Games de 1997 em janeiro de 1995, o que deixava a cidade com pouco mais de dois anos para preparar tudo. Apesar do prazo apertado, eles fariam um excelente trabalho.
Localizada no centro-sul da Finlândia, 100 km a noroeste da capital Helsinque, a pequena cidade de Lahti - cujo nome, em finlandês, quer dizer "baía" - de pouco mais de cem mil habitantes, pode ser praticamente desconhecida para o resto do mundo, mas é bastante famosa dentre os praticantes de esqui: além de realizar, anualmente, desde 1950, o Torneio de Esqui de Lahti, evento de esqui nórdico sancionado pela Federação Internacional de Esqui (FIS), a cidade é a recordista em sediar o Campeonato Mundial de Esqui Nórdico, o tendo feito em seis ocasiões (1926, 1938, 1958, 1978, 1989 e 2001). Sua rampa de saltos com esqui é uma das mais famosas e prestigiadas do mundo, e seus times de hóquei no gelo e basquete estão dentre os principais da Finlândia. A cidade também possui um time de futebol, o FC Lahti, que subiu da segunda para a primeira divisão finlandesa em 2011, e cujo estádio foi um dos usados no torneio de futebol das Olimpíadas de 1952, realizadas em Helsinque.
Não faltava à cidade, portanto, amor pelos esportes e experiência para realizar torneios esportivos; apenas pesava contra o fato de que essa experiência era quase toda com torneios de esqui, sendo os World Games o primeiro torneio multiesportivo com presença de esportes "de verão" a ser realizado na cidade. Para contornar esse problema, a cidade não somente criaria um comitê organizador, mas também uma empresa, chamada Lahti Happenings, que cuidaria de toda a parte financeira e de promoção do evento. Tanto o comitê organizador como essa empresa seriam formados, em sua maioria, por voluntários que já tinham experiência advinda de trabalhar no Torneio de Esqui de Lahti ou no Mundial de Esqui Nórdico. Com excelente organização, participação ativa da população e envolvimento direto da prefeitura de Lahti, a cidade conseguiria realizar um evento realmente memorável.
Uma das principais características dos World Games de 1997 foi que os locais de competição eram extremamente próximos uns dos outros, os que possibilitou aos atletas, assim como em 1981, assistirem às competições de seus colegas nos intervalos entre as suas. Os principais locais de competição utilizados foram o Suurhalli, um pavilhão de exposições adaptado para as competições das lutas, do levantamento de peso e da ginástica; o Kisapuisto, um belo parque municipal, usado nas competições de boules e pesca; e o Jäähalli, pista de patinação no gelo adaptada para receber as competições de patinação. A cerimônia de abertura foi realizada no Centro Esportivo de Lahti, onde também ocorreu o torneio de punhobol, e contou com a presença do presidente da Finlândia, Martti Ahtisaari. Os atletas ficariam hospedados nos dormitórios de várias escolas nos arredores da cidade, sem que as federações precisassem arcar com qualquer custo de hospedagem.
O televisionamento dos World Games de 1997 foi o melhor realizado até então: as filmagens oficiais seriam realizadas pelo canal finlandês YLE, que transmitiria várias das competições ao vivo para a Finlândia e Suécia, e ficaria responsável pela preparação dos programas ao estilo "destaques do dia"; a diferença, nessa edição, foi que a Lahti Happenings contratou uma empresa de distribuição, a Trans World International (TWI), para negociar os direitos de exibição das competições e dos programas com redes de TV de outras partes do mundo. Surpreendentemente, mais de 20 canais europeus e 15 de fora da Europa negociariam com a TWI, incluindo canais da Argentina, Austrália, Coreia do Sul e África do Sul. Também graças a essas negociações, pela primeira vez alguns eventos dos World Games seriam exibidos ao vivo para os Estados Unidos e Rússia. Os World Games de 1997 também seriam os primeiros a contar com um website, ainda rudimentar, mas através do qual os visitantes poderiam ler notícias sobre o evento, consultar os resultados das competições e acompanhar o quadro de medalhas.
A Lahti Happenings também contrataria os designers responsáveis pelo logotipo e pelos pôsteres do evento, assim como o artista plástico Osmo Penna, responsável por criar o mascote dessa edição. Penna optaria por uma raposa, animal que, segundo ele, era ágil o suficiente para competir em todos os esportes do programa. Para dar ao mascote uma "aparência mais finlandesa", ele fez a cabeça da raposa no formato de um chapéu tradicional da Lapônia, e, por alguma razão que eu não consegui descobrir, decidiu que sua cor deveria ser verde ao invés de vermelha. Um concurso foi realizado na cidade para escolher o nome da mascote (que é do sexo feminino), e o nome vencedor, sugerido por um professor, foi August, que é não somente o nome do mês durante o qual as competições seriam realizadas, mas também a de um tipo de palhaço tradicional finlandês, e, com seu chapéu, a raposinha lembrava um palhaço. August foi o primeiro mascote verdadeiro dos World Games, estando presente em camisetas, pins, mochilas e pochetes vendidas durante o evento, além de ser usada nos pictogramas, nos quais realmente praticava todos os esportes do programa. Doze desses pictogramas foram transformados em um conjunto especial de pins, bastante procurado por colecionadores, e que hoje vale uma fortuna em sites de leilão.
Os World Games de 1997 seriam realizados de 7 a 17 de agosto, e contariam com a presença de 2.379 atletas de 73 nações, que disputariam 165 provas de 23 esportes: boliche, boules, cabo de guerra, caratê, corfebol, dança esportiva, esportes aéreos, esqui aquático, finswimming, fisiculturismo, ginástica acrobática, ginástica aeróbica, ginástica de trampolim, jiu-jitsu, levantamento de peso, patinação artística, patinação em velocidade, pesca esportiva, powerlifting, punhobol, salvamento, squash e tiro com arco. Aikidô, boules (modalidade jeu provençal), cabo de guerra (modalidade indoor), floorbol, pentatlo militar e pesäpallo seriam os esportes convidados (clique aqui para ver todas as provas do programa).
Mais uma vez, a competição de cabo de guerra indoor, realizada apenas no feminino, seria incluída a pedido da Federação Internacional de Cabo de Guerra (TWIF), que até planejava incluí-la no programa principal, mas, diante do baixo número de equipes inscritas, acabou optando por mantê-la no programa dos convidados. A inclusão de torneios masculino e feminino de jeu provençal, categoria tiro progressivo, também foi de iniciativa da Confederação Mundial de Esportes de Boules (CMSB); até então, a única modalidade de boules presente nos World Games era o pétanque, e a CMSB planejava testar o tiro progressivo antes de pedir sua inclusão no programa principal para 2001. Já o floorbol, o pentatlo militar e o pesäpallo, esportes populares na Finlândia, seriam incluídos a pedido do comitê organizador.
Um dos esportes mais populares a estrear no programa dos World Games em 1997 foi a dança esportiva. Regulada pela Federação Mundial de Dança Esportiva (WDSF), que se filiou à IWGA apenas um ano antes, em 1996, a dança esportiva consiste em casais, um por vez, realizando coreografias ao som de ritmos pré-estabelecidos para cada competição; cada coreografia possui elementos obrigatórios e opcionais, que, de acordo com a forma como são executados, rendem pontos, sendo vencedor o casal que tiver mais pontos após todos terem se apresentado - o que torna a competição bastante parecida com uma de patinação artística, mas sem os patins. Embora conte com um grande número de praticantes e entusiastas, a dança esportiva ainda sofre preconceito, principalmente porque muitos não a veem como um esporte, e sim como uma simples atividade recreativa; ao incluir a dança esportiva nos World Games, a WDSF planejava não apenas diminuir esse preconceito, mas também pleitear um lugar nas Olimpíadas, para dirimir quaisquer dúvidas sobre se a dança seria ou não um esporte. Graças aos World Games, de fato hoje a WSDF está dentre as federações esportivas reconhecidas pelo COI e aptas a pleitear um lugar no programa olímpico, mas, até hoje, na única vez que tentou, para as Olimpíadas de 2000, teve suas pretensões rejeitadas.
Em 1997, seriam realizadas duas competições de dança esportiva, uma na categoria padrão (cujos ritmos válidos são valsa, tango, foxtrot e quickstep) e uma na categoria latina (na qual os ritmos válidos são samba, cha-cha-cha, rumba, paso doble e jive). Curiosamente, na competição latina, o ouro iria para a Dinamarca, a prata para a Eslovênia e o bronze para a Finlândia; na standard, o ouro seria do Reino Unido, seguido de Itália e Alemanha.
Também estrearia nos World Games de 1997 o paraquedismo, regulado pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI), com provas de salto em precisão (na qual o paraquedista tem de pousar o mais próximo possível do centro de um alvo) masculino e feminino, queda estilo livre (na qual o paraquedista realiza coreografias que valem pontos durante a queda) masculina e feminina, e queda em formação (na qual um grupo de quatro paraquedistas realiza diferentes formações que valem pontos durante a queda) mista. O local de pouso foi um hipódromo da cidade, chamado Jokkima. Existe uma certa discussão se o paraquedismo poderia ou não ser incluído nas Olimpíadas, já que a Carta Olímpica proíbe esportes motorizados; pelo argumento da FAI, embora o avião que leve os paraquedistas seja motorizado, os paraquedistas, durante a competição, não o são, mas, pelo argumento de quem é contra, o simples fato de o paraquedismo não poder ser realizado sem o elemento motorizado (avião) já impossibilita sua inclusão, como ocorre com o esqui aquático.
Os World Games de 1997 também seriam a primeira e única vez na qual o levantamento de peso faria parte dos World Games. Em Lahti seria disputado somente o levantamento de peso feminino, já que o masculino faz parte das Olimpíadas desde a primeira edição, em 1896. O intuito da Federação Internacional de Levantamento de Peso (IWF) era fazer alguns testes com o feminino nos World Games antes de pedir sua inclusão nas Olimpíadas, mas a competição de 1997 teve uma procura tão grande de público e um nível tão alto das participantes que ela decidiria incluí-lo já nas Olimpíadas de 2000, inviabilizando sua participação nos World Games seguintes.
O Brasil enviaria para Lahti sua maior delegação na história dos World Games (sendo que esse recorde seria batido sucessivamente em cada uma das edições seguintes, então nem vou perder meu tempo repetindo essa informação nos próximos posts da série), com atletas que competiriam em sete esportes diferentes. Voltaria com três medalhas, sendo uma delas de ouro, conquistada por Marcello de Figueiredo na categoria pesados do jiu-jitsu. As outras duas medalhas seriam de bronze, uma obtida no punhobol e a outra conquistada por José Carlos dos Santos na categoria leves do fisiculturismo. O Brasil também conseguiria em Lahti suas primeiras medalhas nos esportes convidados, uma prata e um bronze no pentatlo militar, com Carlos Alberto Silva e Ribamar Juvino Bandeira, respectivamente.
A Finlândia anfitriã, infelizmente, faria a pior participação na história dos países-sede, conseguindo apenas 9 pratas e 8 bronzes. Nem mesmo nos esportes convidados ela conseguiria ouros: no pesäpallo, no qual o lugar mais alto do pódio era dado como certo, a Finlândia terminaria apenas com o bronze, ficando a Suécia com o ouro e uma surpreendente Austrália com a prata; no floorbol, mais uma vez ouro para a Suécia, com prata para a Finlândia e bronze para Suíça; e no pentatlo militar o ouro ficaria com a China, e a prata e o bronze com o Brasil. As medalhas da Finlândia viriam do caratê, dança esportiva, esqui aquático, fisiculturismo, levantamento de peso, pesca e powerlifting.
Surpreendentemente, o topo do quadro de medalhas voltaria a pertencer aos Estados Unidos - na última vez em que isso ocorreu até hoje - que terminou a competição com 17 ouros, 18 pratas e 11 bronzes, incluindo uma nova medalha para Steve Rajeff, da pesca, que conquistou mais um ouro - sua oitava medalha no total, em quatro edições diferentes. Os Estados Unidos também se destacariam na patinação artística, com ouro e prata nas duplas mistas, prata e bronze na dança, ouro no individual masculino e prata no individual feminino; na patinação em velocidade, na qual conseguiria nada menos que cinco pódios completos, todos em provas femininas (sprint 500 m, contra o relógio 300 m, eliminatória 10.000 m, prova dos pontos 5.000 m e inline 3.000 m); e no paraquedismo, com ouro na queda em formação e na queda estilo livre masculino e prata na queda estilo livre feminino.
Igualmente surpreendente foi o segundo lugar da China no quadro de medalhas, melhor participação do país na história dos World Games, com 16 ouros, 14 pratas e 5 bronzes. A atleta chinesa de maior destaque foi Shaozhen Li, do finswimming, cinco ouros (50 m AP, 50 m SF, 100 m IM, revezamento 4 x 100 SF e revezamento 4 x 200 SF) e uma prata (100 m SF). A ginástica acrobática também renderia muitas medalhas à China, em um total de 3 ouros, 5 pratas e 3 bronzes, e o levantamento de peso renderia mais 3 ouros. Também merece destaque Alexandre Netchiatailo, da Rússia, que, no finswimming, conquistou 5 ouros (50 m SF, 100 m SF, 200 m SF, revezamento 4 x 100 SF e revezamento 4 x 200 SF) e um bronze (50 m AP).
Para terminar, o tradicional parágrafo sobre os esportes coletivos, que, em Lahti, só foram dois: no punhobol, o ouro ficaria mais uma vez com a Alemanha, ficando a prata com a Áustria e o bronze com o Brasil. E, no corfebol, mantendo a tradição, ouro para a Holanda e prata para a Bélgica, com o bronze ficando com Taiwan.
No fim, os World Games deixaram Lahti com a sensação de dever cumprido. E, junto com a bandeira, foi entregue, na cerimônia de encerramento, ao prefeito de Akita, a próxima sede, a responsabilidade de manter os World Games no caminho certo, que finalmente haviam encontrado.
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