segunda-feira, 20 de maio de 2013

Escrito por em 20.5.13 com 0 comentários

Barsoom (I)

Edgar Rice Burroughs nasceu em Chicago, Illinois, em 1o de setembro de 1875. Quarto dos filhos do comerciante e veterano da Guerra de Secessão George Tyler Burroughs e da dona de casa Mary Evaline Zieger Burroughs (o "Rice" é nome próprio e em homenagem à sua avó paterna, Mary Rice Burroughs), ele desejava ser militar, mas um problema de coração fez com que fosse considerado inapto para a carreira. Burroughs, então, trabalhou em vários subempregos, até que, um dia, enquanto trabalhava vendendo apontadores de lápis, decidiu se tornar escritor.

Burroughs já lia há algum tempo as famosas revistas pulp, mas achava suas histórias uma porcaria. Segundo ele, sua maior motivação para escrever veio da conclusão de que, mesmo sem jamais ter escrito nada na vida, provavelmente poderia escrever algo melhor. Assim, ele começou uma história de ficção científica chamada Under the Moons of Mars ("sob as luas de Marte") e a ofereceu para várias revistas. Thomas Metcalfe, editor da revista The All-Story, adorou a história e a comprou, a publicando em seis partes, nas edições de fevereiro a julho de 1912.

Under the Moons of Mars logo se tornaria um grande sucesso, e abriria as portas de várias publicações para Burroughs, que, nos anos seguintes, enviaria histórias não somente para The All-Story, mas também para The Argosy, Blue Book, Amazing Stories e Fantastic Adventures. Ainda em 1912, graças ao sucesso de Under the Moons of Mars, ele conseguiria um contrato com a editora A.C. McClurg para publicar seu primeiro livro, Tarzan dos Macacos (Tarzan of the Apes, no original). E aí, graças a uma sacada, ele se tornaria famoso para sempre.

Com Tarzan, Burroughs praticamente inventaria o sistema de licenciamento usado hoje: ao reparar que vários produtores de outras mídias, como filmes e tiras de quadrinhos para jornais, o procuravam querendo negociar os direitos do personagem, Burroughs decidiu não vendê-los, mas "emprestá-los" para que esses produtores usassem o personagem mediante uma taxa. Burroughs não foi o primeiro a fazer isso, mas foi o que fez com mais mídias diferentes ao mesmo tempo: em pouco mais de um ano, Tarzan já era estrela do cinema mudo, de uma tira em quadrinhos publicada diariamente em vários jornais dos Estados Unidos, de uma rádio-novela e até mesmo de um musical da Broadway. Seus amigos e editores diziam que ele estava maluco, que essas mídias todas competiriam entre si e rapidamente todo mundo perderia o interesse no personagem, mas o que ocorreu foi justamente o contrário: quanto mais Tarzan o público tinha, mais Tarzan o público queria.

Rapidamente, Tarzan se tornou um ícone da literatura mundial, e Burroughs um dos mais bem sucedidos escritores norte-americanos. O dinheiro que lucrou possibilitou que ele abrisse sua própria empresa, a Edgar Rice Burroughs, Inc. (também conhecida como ERB), que até hoje publica os livros de Tarzan nos Estados Unidos e cuida dos licenciamentos para que as histórias não somente do Homem-Macaco mas também de todos os outros personagens de Burroughs sejam publicadas em outros países e apareçam em outras mídias, como o desenho que a Disney lançou em 1999. O lucro obtido com Tarzan também possibilitou que Burroughs comprasse um rancho próximo a Los Angeles, que batizaria como Tarzana, em homenagem ao personagem. Uma pequena comunidade foi crescendo em torno do rancho, e, após a morte de Burroughs, os moradores pediram para que a comunidade se emancipasse, se tornando a cidade de Tarzana, Califórnia, onde Burroughs seria sepultado.

Burroughs se casaria duas vezes, a primeira em em 1900 com Emma Hulbert, com quem teve três filhos, Joan, Hulbert e John, todos já falecidos, e de quem se divorciaria em 1934, se casando com a atriz de cinema Florence Gilbert no ano seguinte, de quem também se divorciou, em 1942. Entre 1940 e 1942, Burroughs morou no Havaí, e em 1942 se tornou correspondente de guerra ao relatar para vários jornais do continente o ataque a Pearl Harbor - devido à sua idade avançada, Burroughs teve de obter uma autorização especial do exército para a tarefa, sendo até hoje o mais velho correspondente de guerra da história dos Estados Unidos. Em 1945, ele se mudaria para cidade de Encino, Califórnia, onde viveria até 19 de março de 1950, quando faleceu devido a um ataque cardíaco.

Tarzan foi o personagem mais famoso de Burroughs, mas não é o meu preferido. Além do Homem-Macaco, ele escreveria excelentes histórias de ficção científica, a maioria ambientada no centro da Terra (no Império de Pellucidar), em Vênus (chamado por seus habitantes de Amtor), numa ilha parada no tempo, habitada por dinossauros (Caspak), e em Marte, cujo nome na língua marciana é Barsoom, palavra que nomearia a série de livros ambientada lá. Barsoom, que estreou justamente em Under the Moons of Mars, é minha série preferida. A descobri enquanto escrevia os posts sobre as histórias de Lovecraft, li os dois primeiros livros e, coincidentemente, pouco depois lançariam um filme baseado no primeiro deles. Recentemente, eu terminei de ler também o terceiro livro, e na ocasião decidi que seria legal fazer um post sobre eles. Hoje, portanto, é dia de Barsoom no átomo!

Como eu já disse, Under the Moons of Mars foi originalmente publicado na revista The All-Story em seis partes mensais. A história seria creditada a Norman Bean, mas esse não era um pesudônimo criado por Burroughs: ao submetê-la, ele assinaria "Normal Bean", gíria da época que significava algo como "bom da cabeça", no sentido de não ser maluco; o diagramador da revista acreditaria que esse era o nome do autor, mas com um erro de digitação, e o "corrigiria" para Norman Bean. Após o sucesso de Tarzan dos Macacos, a editora A.C. McClurg se ofereceria para republicar a história, revista, ampliada e creditada a Burroughs, no formato livro, o que fez em 1917, sob o título Uma Princesa de Marte (A Princess of Mars, no original). Under the Moons of Mars já havia sido extremamente bem sucedida, graças à sua mescla de elementos de faroeste e de swashbuckling - estilo no qual aventureiros lutam com espadas enquanto realizam grandes proezas físicas, cujos melhores exemplos são os filmes de Robin Hood e de piratas do início do século XX - mas Uma Princesa de Marte foi um sucesso ainda maior, principalmente por atingir a um público mais diverso, não relacionado com a leitura de revistas pulp. Uma Princesa de Marte também seria considerado um dos primeiros exemplos do estilo "romance interplanetário", que povoaria a ficção científica na década de 1920, e é citado como influência por grandes nomes do estilo, como Ray Bradbury, Arthur C. Clarke e Robert A. Heinlein. Além disso, suas descrições científicas bastante detalhadas, especialmente das características de Marte - Burroughs usaria como referência as obras do astrônomo Percivall Lowell - fariam com que ele fosse o responsável por vários astrônomos e cientistas dos campos de viagem espacial e pesquisa de vida extraterrestre escolherem essas carreiras, inclusive Carl Sagan, que declarou em diversas entrevistas ter lido o livro quando criança.

Burroughs começaria a escrever a história enquanto trabalhava vendendo apontadores de lápis em uma empresa fundada por seu irmão, usando os lápis e blocos de demonstração. Sua principal inspiração vinha de seus muitos empregos anteriores, nos quais conheceu mineiros, soldados, caubóis e índios, todos com excelentes histórias para contar. Enquanto escrevia, Burroughs desenvolveria um método que adotaria até o fim da sua vida, escrevendo folhas de referência sobre a história, com detalhes como a data em que ele começou e finalizou cada trecho e as características principais dos personagens.

A princípio, a história era apenas um passatempo, e ele inclusive temia que, se os clientes descobrissem que ele escrevia ficção científica, a credibilidade da firma fosse abalada - afinal, apenas jovens desocupados faziam isso, e Burroughs já era um homem de 35 anos com esposa e dois filhos. Quando chegou a 43.000 palavras, entretanto, ele decidiu arriscar, e enviou a história para a revista The All-Story, uma de suas preferidas, acompanhada de uma carta que explicava estar a história incompleta, e que, se necessário, poderia ser acrescida de mais duas partes de igual tamanho. Thomas Metcalfe, o editor da revista, gostou da história, e escreveu de volta, oferecendo críticas e sugestões, e sugerindo que o tamanho ideal fosse de 70.000 palavras. Após muita troca de correspondência e muitas alterações, Metcalfe compraria a história e a dividiria em seis partes para publicação.

Quando a A.C. McClurg decidiu publicar Uma Princesa de Marte, incluiu novamente um capítulo removido por sugestão de Metcalfe, e pediu para que Burroughs revisasse a história para ver se as seis partes se encaixavam da forma como ele queria. Burroughs também escreveria uma introdução curiosa, que mais tarde adotaria em diversos de seus livros; nela, ele mesmo narrava alguns fatos como se ele conhecesse o protagonista da história, a qual, na verdade, seriam seus registros de uma aventura fantástica, deixados em confidência com Burroughs para que este os revelasse ao mundo quando julgasse apropriado. Isto se encaixava bem com a história de Uma Princesa de Marte, que era praticamente um diário de viagem, que descrevia um local, acontecimentos relacionados àquele local, e então passava para um próximo, com um enredo bastante tênue ligando essas descrições. A editora contrataria como ilustrador Frank E. Schoonover, que leria repetidas vezes as descrições dos personagens e artefatos feitas por Burroughs, espantando até mesmo o autor com a forma como suas ilustrações retratavam justamente o que ele havia imaginado.

O protagonista de Uma Princesa de Marte é John Carter, que, assim como o pai de Burroughs, é veterano da Guerra de Secessão - na introdução, aliás, Burroughs diz que ele é um velho amigo da família, e que teria deixado os relatos dos acontecimentos do livro com o escritor, com instruções para que só os publicasse quando tivessem se passado 21 anos. Após a Guerra, Carter decide procurar uma mina de ouro em companhia de um amigo, e ambos acabam atacados por índios apaches. Enquanto foge, Carter entra em uma caverna sagrada, e é misteriosamente teletransportado para uma terra estranha, em nada parecida com o nosso planeta - terra essa que, mais tarde, ele descobriria ser o planeta Marte.

Como a gravidade de Marte é menor que a da Terra, Carter lá é capaz de dar saltos longínquos e possui força sobre-humana, graças a seus músculos acostumados com uma gravidade maior. Com essas habilidades, ele acaba conquistando o respeito dos primeiros habitantes que encontra, uma tribo de marcianos verdes chamados Thark. Em Marte - ou Barsoom, como os marcianos chamam o planeta - existem várias raças de diferentes cores, sendo a dos verdes composta por humanoides de quatro metros de altura, quatro braços e grandes presas ao lado da cabeça, que vivem em um sistema tribal regido pela violência, com o mais forte se tornando líder e a guerra sendo o principal passatempo. Felizmente, Carter encontra dentre os verdes uma exceção, Tars Tarkas, guerreiro honrado de quem se torna grande amigo.

Após algum tempo vivendo dentre os verdes, Carter trava contato com uma outra raça de Barsoom, a dos marcianos vermelhos, que, exceto pela cor de sua pele e pelo fato de que nascem de ovos, são idênticos a humanos comuns. Os vermelhos vivem espalhados em diversas cidades-estado em guerra umas com as outras e com os verdes, e controlam o comércio e a agricultura do planeta, usando os canais marcianos para levar a água dos polos até as áridas regiões onde ficam suas cidades. Além dos verdes e dos vermelhos, no decorrer da história Carter descobre existirem também com os marcianos brancos, conhecidos como Thern Sagrados, que controlam a religião do planeta, centrada em uma deusa chamada Issus, que viveria no Vale de Dor, ao final do Rio Iss, pelo qual todo marciano idoso tem de passar em peregrinação rumo à outra vida.

Durante um ataque dos marcianos verdes aos vermelhos, os Thark capturam Dejah Thoris, princesa da cidade de Helium. Carter se apaixona por ela e decide ajudá-la a fugir para levá-la de volta à sua cidade, enfrentando diversos perigos no caminho, sendo os principais os marcianos verdes descontentes com a fuga de sua prisioneira e os guerreiros da cidade de Zodanga, principal inimiga de Helium. Não vou entrar em detalhes para não me acusarem de spoiler, mas é importante dizer que, no fim, Carter retorna contra sua vontade para a Terra, desolado por ter deixado sua amada Dejah Thoris e um mundo de aventuras para trás.

Durante muito tempo, diversos estúdios tentaram fazer adaptações cinematográficas de Uma Princesa de Marte, incluindo uma tentativa de um longa de animação, em 1931, dirigido pelo diretor dos Looney Tunes, Bob Clampett, e uma produção de Mario Kassar e Andrew G. Vajna, que seria dirigida por John McTiernan (de Predador e Duro de Matar) e estrelada por Tom Cruise na década de 1980, todas abandonadas. Em 2006, parecia que o filme finalmente sairia do papel pela Paramount, que chegou a contratar Jon Favreau (de Homem de Ferro) para a direção. Sucessivos atrasos fizeram com que Favreau se desligasse do projeto, e que a Paramount decidisse abrir mão dos direitos, devolvendo-os à família de Burroughs. Na ocasião, o diretor Andrew Stanton (de Procurando Nemo e Wall-E), grande fã de Burroughs, convenceria a Disney a comprar os direitos, e começaria a produção do filme em 2009; aproveitando a oportunidade, o estúdio Asylum, famoso por seus filmes engana-trouxa como Transmorphers e Alien vs. Hunter, produziria rapidamente uma adaptação lançada diretamente em DVD no mesmo ano, que trazia a ex-atriz pornô Traci Lords como Dejah Thoris. O filme da Disney só seria lançado em 9 de março de 2012, com o nome de John Carter.

John Carter está mais para um filme baseado no livro do que para uma adaptação, já que quase tudo na história é diferente. No filme, o líder dos Therns Sagrados, Matai Shang (Mark Strong, o Sinestro de Lanterna Verde), dá ao príncipe de Zodanga, Sab Than (Dominic West, o Retalho de O Justiceiro em Zona de Guerra), uma arma devastadora, capaz de transformá-lo no governante de todo Barsoom, a qual ele prontamente usa para declarar guerra às demais cidades-estado. Enquanto isso, na Terra, John Carter (Taylor Kitsch, o Gambit de X-Men Origens: Wolverine), um veterano da Guerra de Secessão que se tornou extremamente amargurado após a morte de sua esposa, procura por uma lendária mina de ouro quando é capturado pelo Exército, que acha que ele ainda tem tempo de serviço para cumprir. Carter não concirda e foge, topando com apaches no caminho. Fugindo de seus dois grupos de perseguidores, ele acaba encontrando um Thern, e, ao tocar um estranho artefato que este carrega, se vê teletransportado para Barsoom, onde logo descobre ser capaz de saltos longínquos e de proezas de força sobre-humana.

Pouco após chegar, Carter é capturado pelos marcianos verdes, liderados por Tars Tarkas (voz de Willem Dafoe, o Duende Verde de Homem-Aranha). Aos poucos, graças à sua força e maestria em combate, ele vai ganhando o respeito dessa raça, até ser considerado por eles um igual. Enquanto isso, na cidade de Helium, a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins, a Kayla Silverfox de X-Men Origens: Wolverine) - que, no filme, não é somente a donzela em perigo, sendo uma mulher forte, independente, guerreira e membro da Academia de Ciências de Helium - ao descobrir que, para cessar as hostilidades, Sab Than exige se casar com ela, decide fugir, mas sua nave é atacada pelos marcianos verdes, que a fazem prisioneira. Ao ouvir sua história, Carter decide ajudá-la a fugir e combater Sab Than. Os acontecimentos do filme são mostrados como sendo parte de um relato deixado por Carter a seu sobrinho, Edgar Rice Burroughs (Daryl Sabara, de Pequenos Espiões).

Com orçamento de 250 milhões de dólares, John Carter rendeu apenas 73 milhões nos Estados Unidos, sendo considerado um grande fracasso. A crítica também ficou dividida, com alguns elogiando o visual do filme, outros reclamando que ele era chato e sem enredo. Esse desempenho fez com que a Disney optasse por não levar adiante o plano de Stanton de filmar uma trilogia, cancelando todas as sequências previstas mesmo tendo os atores assinado contrato para três filmes.

Stanton não decidiria fazer uma trilogia por acaso; após o sucesso de Under the Moons of Mars, Thomas Metcalfe convenceria Burroughs a escrever uma continuação, e até daria algumas ideias sobre quais temas poderiam ser explorados. Burroughs gostou tanto da ideia que escreveria sua segunda história de Barsoom ao mesmo tempo em que finalizaria Tarzan dos Macacos, enviando-a a Metcalfe já em outubro de 1912. Após ter suas arestas polidas, a história seria publicada em cinco partes, entre janeiro e maio de 1913, na The All-Story, com o título Os Deuses de Marte (The Gods of Mars). Assim como Uma Princesa de Marte, Os Deuses de Marte seria publicado em formato livro pela A.C. McClurg, em setembro de 1918.

Ambientado dez anos após os eventos do livro anterior, em Os Deuses de Marte John Carter consegue retornar a Barsoom, mas, por azar, se materializa lá justamente no único lugar de onde não há escapatória, o Vale de Dor, o pós-vida dos marcianos, localizado no polo sul do planeta. Logo Carter descobre que o Vale de Dor não passa de um engodo criado pelos Therns, que escravizam ou assassinam os marcianos que chegam lá através da peregrinação pelo Rio Iss. Enquanto tenta escapar para revelar essa verdade ao mundo, Carter se envolve com uma quarta raça de Barsoom, os marcianos negros, que se consideram superiores às outras raças e frequentemente atacam os Therns para escravizá-los - em uma reviravolta, assim como os Therns criaram o engodo do Vale de Dor para escravizar os marcianos vermelhos e verdes, os negros também criaram um engodo que lhes permite escravizar os Therns.

Após algum tempo, Carter consegue escapar e retornar a Helium, mas se depara com dois problemas: primeiro, voltar do Vale de Dor é considerado blasfêmia e heresia, sendo a morte a punição para quem o faz; segundo, desesperada após dez anos sem nenhuma notícia sua, Dejah Thoris decidiu partir em peregrinação para o Vale de Dor. Carter, então, decide reunir um pequeno esquadrão de soldados leais e retornar ao Vale de Dor, para salvar Dejah Thoris e trazer provas definitivas de que tudo não passa de um estratagema dos Therns. Novos personagens introduzidos em Os Deuses de Marte incluem Phaidor, filha de Matai Shang, líder dos Therns; Carthoris, filho de Carter e Dejah Thoris, ainda dentro do ovo no final do primeiro livro, mas já adulto quando seu pai retorna a Barsoom; Xodar, marciano negro que muda de lado e se alia a Carter; e Thuvia de Ptarth, marciana vermelha que Carter salva da escravidão no Vale de Dor e se torna sua principal aliada durante a fuga - essa sim uma mulher forte, independente e guerreira como a Dejah Thoris do filme.

Diferentemente de Uma Princesa de Marte, que possui um final ambíguo (que poderia dar origem ou não a uma continuação), Os Deuses de Marte possui um final completamente aberto. Sua conclusão se daria em O Comandante de Marte (The Warlord of Mars), história publicada em quatro partes na The All-Story entre dezembro de 1913 e março de 1914, e completa pela A.C. McClurg em setembro de 1919.

Em O Comandante de Marte, Dejah Thoris e Thuvia são capturadas por Matai Shang e Thurid, marciano negro que quer vingança por Carter ter exposto a fraude do Vale de Dor, e levadas para local desconhecido. Seguindo sua pista, Carter visita partes de Barsoom nas quais ele nunca havia estado, muitas delas receptivas aos Therns e hostis contra ele por considerá-lo um herege. No fim, ele descobre que sua amada foi levada para o polo norte, onde somos apresentados à última das raças marcianas: os marcianos amarelos, que todos consideravam extintos, mas que vivem em isolamento e contam com grandes armas e máquinas para impedir que as outras raças de Barsoom os descubram. Com a ajuda de Thuvan Dinh, pai de Thuvia, ele deverá entrar na cidade dos amarelos e salvar as duas moças, derrotando os vilões de uma vez por todas.

O Comandante de Marte marcaria o fim da trilogia envolvendo John Carter, mas não o fim da série de histórias ambientadas em Barsoom, que ainda ganharia muitos outros livros. Mas esses serão abordados semana que vem, na conclusão desse post!

Barsoom

Parte 1

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