quinta-feira, 1 de abril de 2010

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Mario RPG

Em fevereiro, eu fiz um post sobre Mario Kart, o primeiro sobre um spin-off da série regular de Mario, algo que eu não planejava fazer quando escrevi os dois primeiros posts, mas que acabei achando bem legal. Diante disso, e como assunto parece ser cada vez mais bem-vindo, tive uma ideia fantástica: de agora até o fim do ano, em cada mês par, farei um post sobre algum outro spin-off do bigodudo mais famoso da Nintendo. Como só temos cinco meses pares até o fim do ano, e Mario parece ter mais spin-offs do que buracos na Lua, provavelmente não vai dar para falar de todos, mas acho que pelo menos vai dar para falar dos melhores.

Diante disso, para começar essa nova série, farei um post sobre os jogos de Mario no estilo RPG. O que inclui não só o Super Mario RPG original, mas também as séries Paper Mario e Mario & Luigi. O que demonstra que eu devo ter um parafuso a menos, porque, após acabar de estabelecer que o intuito é falar sobre um spin-off por post, eu revelo que vou falar de três.

Enfim, a ideia de tirar Mario dos jogos de plataforma e passar para os de RPG só poderia ter surgido em uma época: o meio da década de 1990, quando os RPGs da Square, como Final Fantasy VI e Chrono Trigger, bombavam no Super Nintendo. Querendo tirar uma casquinha, a Nintendo procurou a Square e negociou até chegar a um acordo, segundo o qual o próprio criador do Mario, Shigeru Miyamoto - que também entendia de RPG, vide a série Zelda - lideraria uma equipe de programadores da Square, que desenvolveria o jogo, que então seria distribuído pela Nintendo. Ao invés de um RPG "puro", Miyamoto optou por um híbrido, que mesclasse elementos de sucessos dos RPGs da Square, como o sistema de batalhas e de grupos de personagens, a características dos jogos de plataforma de Mario. Miyamoto também optou por fazer um jogo em 3D, onde Mario era conduzido em perspectiva isométrica, o que proporcionava uma maior gama de movimentos e mais detalhes nos cenários.

Super Mario RPGSuper Mario RPG: Legend of the Seven Stars foi lançado no Japão em março de 1996, e nos EUA dois meses depois. Seu cartucho trazia o chip SA-1, desenvolvido pela própria Nintendo, que contava com um processador extra e mais RAM, que proporcionavam mais elementos na tela ao mesmo tempo, novas possibilidades de gráficos e ainda continha uma proteção contra pirataria. O jogo foi bastante bem recebido, e suas características bastante elogiadas.

O antagonista do jogo, por incrível que pareça, não é Bowser, mas Smithy, um robô ferreiro, líder da Smithy Gang. Mario está a caminho do castelo de Bowser para salvar mais uma vez a Princesa, quando Smithy ataca, destruindo parte do castelo e da Star Road. Mario e seus amigos então têm de reunir sete pedaços que se soltaram da Star Road, e impedir Smithy antes que ele consiga construir um exército que dominará todo o Reino dos Cogumelos.

O jogador começa controlando apenas Mario, mas, ao longo do jogo, outros quatro personagens se unem a ele em sua aventura: Bowser, a Princesa, o girino Mellow e Geno, um boneco de madeira possuído por um fragmento da Star Road. Como em todo bom jogo de RPG, cada um desses personagens tem poderes e características diferentes, úteis em diversos tipos de situação. Como o jogador só pode usar três deles por batalha - sendo Mario obrigatório - podendo mudar antes de cada batalha, cabe descobrir qual será mais útil quando. Uma característica interessante de Super Mario RPG é a de que os inimigos são visíveis em meio aos cenários, então o jogador pode tentar desviar das batalhas se quiser, sem ser surpreendido por encontros aleatórios. O sistema de batalhas do jogo, no qual o ataque de cada personagem é selecionado através de uma sequência de botões, foi considerado bastante inovador, e mais tarde adaptado pela própria Square em seu Final Fantasy VIII.

Mesmo com todo o seu sucesso, Super Mario RPG enfrentou um problema sério na hora de se pensar em uma continuação: o fim do contrato da Square com a Nintendo. Um Super Mario RPG 2 estava previsto para o Nintendo 64, mas uma sequência direta era legalmente impossível sem que os direitos da Square fossem pagos. Sem querer se envolver em possíveis pendengas judiciais, a Nintendo decidiu recomeçar, lançando ela mesma uma nova série de RPG do Mario. Assim surgiu Paper Mario.

Desenvolvida pela Intelligent Systems, uma subsidiária da Nintendo, sob supervisão de Miyamoto, Paper Mario ganhou esse nome devido a seus gráficos, nos quais os personagens pareciam recortados de folhas de papel - curiosamente, porém, no Japão o jogo recebeu o nome de Mario Story, bem mais genérico. Lançado em agosto de 2000 no Japão, e apenas seis meses depois nos EUA, o jogo tem personagens feitos com sprites atuando em cenários renderizados em 3D, e é dividido em oito capítulos, como se fosse um livro. Entre um capítulo e outro, o jogador pode participar de missões extras, nas quais controla Luigi ou a Princesa.

Mais uma vez, o jogo é um híbrido de plataforma e RPG, no qual o jogador passa por fases, conversa com personagens, e enfrenta inimigos em um sistema de batalha por turnos. Durante sua aventura, Mario receberá a ajuda de oito personagens, cada um inspirado em um inimigo da série principal (Goomba, Koopa Troopa, Bob-Omb, Koopa Pararoopa, Boo, Sparky, Cheep-Cheep e Lakitu), e cada um com habilidades diferentes, úteis em determinados tipos de situação. Cada personagem também tem acesso a um número de ataques especiais durante as batalhas, que consomem Flower Points quando usados. Durante as batalhas, os personagens também podem ganhar Star Points, que fazem com que eles subam de nível, ampliando suas habilidades. Itens secretos escondidos durante as fases também podem aumentar as habilidades dos personagens ou conferi-los novas. Uma característica curiosa de Paper Mario é que os personagens não têm energia, ficando temporariamente paralisados quando atingidos em batalha.

O enredo é bastante simples: Mario foi convidado para uma festa no castelo da Princesa, durante a qual Bowser apareceu e sequestrou a Princesa com castelo e tudo. O problema é que, com a ajuda de Kammy Koopa, o vilão roubou o Star Rod, um cetro que o torna invencível. Para detê-lo, Mario tem de encontrar os sete Star Spirits, que foram aprisionados pela magia de Kammy Koopa em cartas de baralho. Enquanto isso, Luigi parte em uma missão paralela para recuperar um rubi de seu pai, roubado por Bowser, e a Princesa, captiva em seu próprio castelo, se alia a uma estrela chamada Twink, e se esgueira pelos corredores em busca de informações que possam ajudar Mario em sua missão.

Paper Mario foi bastante bem recebido pela crítica, mas alguns reclamaram que o jogo era fácil demais, requerendo apenas conhecimento básico para ser concluído. A Nintendo argumentou que o objetivo era exatamente esse, fazer um jogo adequado a iniciantes e jogadores casuais. As boas vendas do título confirmaram a decisão acertada, e garantiram uma continuação: Paper Mario: The Thousand-Year Door (curiosamente, Paper Mario RPG no Japão), lançado para o GameCube em 2004.

Super Paper MarioAntes disso, porém, Mario ganharia sua terceira série de RPG. Em 2003, um grupo de programadores da Square, que trabalhou em Super Mario RPG, sairia da softhouse e iria para a Alpha Dream. A Nintendo então os contatou sob a possibilidade de trabalhar em um novo RPG de Mario. Após algumas negociações, ficou acertado que esse jogo sairia para o Game Boy Advance, com o nome de Mario & Luigi: Superstar Saga (Mario & Luigi RPG no aparentemente bem menos criativo em se tratando de títulos Japão).

Superstar Saga é um jogo um tanto cômico, no qual Mario e Luigi têm de viajar até o reino de Beanbean, vizinho do Reino dos Cogumelos, para regatar a voz da Princesa Peach, que foi roubada e substituída por explosivos pela bruxa Cackletta e seu ajudante Fawful, disfarçados de embaixadores de Beanbean. O objetivo de Cackletta é controlar a Beanstar, que lhe dará poder para conquistar o mundo, o que só pode ser feito por uma pessoa de voz pura. Mais uma vez híbrido de plataforma e RPG, Superstar Saga oferece algumas novidades durante as batalhas, a melhor delas os "Bros. Points", que permitem que Mario e Luigi combinem suas habilidades para um "Bros. Move". A interação entre os irmãos, aliás, é uma das marcas registradas do jogo, já que Mario e Luigi precisam agir em conjunto na resolução de puzzles e para derrotar inimigos. Mario e Luigi são os únicos personagens controlados pelo jogador durante o jogo, mas em alguns momentos eles recebem a ajuda de Bowser, da Rainha Bean e do Príncipe Beansley, governantes de Beanbean.

Pois bem, depois de Superstar Saga, Mario voltou à bidimensionalidade com o já citado Paper Mario: The Thousand-Year Door. Mais uma vez, Mario tem de lidar com uma ameaça que não é Bowser, no caso, os X-Nauts, alienígenas liderados por Sir Grodus, que sequestraram a pobre Princesa para um ritual no qual planejam ressucitar um demônio responsável por um cataclisma nos tempos antigos. Para impedi-los, Mario deve recolher sete Star Crystals e impedir o ritual, contando com a ajuda de sete personagens inspirados em inimigos e coadjuvantes dos jogos da série principal (inclusive um Yoshi). Assim como no Paper Mario anterior, paralelamente a esta história o jogador pode controlar outros personagens em missões extras, no caso Luigi, que conta sua aventura no reino de Luff, onde havia uma bússola que podia prever o futuro; Bowser, que planeja reunir os sets Star Crystals antes de Mario; e a Princesa, que perambula pela fortaleza dos X-Nauts em busca de pistas para Mario.

A característica mais curiosa de The Thousand-Year Door é que ele assume de vez a aparência de papel de Mario, que pode se transformar em aviãozinho para alcançar lugares altos, se enrolar como pergaminho, ou passar por frestas graças à sua espessura de papel. alguns objetos também podem ser soprados para longe, como se fossem realmente feitos de papel. Durante as batalhas, a novidade é que os personagens têm energia; se um dos personagens que acompanha Mario chegar a 0 HP, ele fica inativo até o fim da batalha, mas se Mario chegar a 0 HP, o jogo acaba. Outra novidade é que as batalhas agora têm uma plateia, que ajuda Mario se ele estiver indo bem, e joga objetos que o atrapalham e diminuem sua energia se ele estiver indo mal.

Em 2005, a Alpha Dream produziria mais um jogo da série Mario & Luigi, desta vez para o Nintendo DS: Mario & Luigi: Partners in Time (Mario & Luigi RPG 2x2 no Japão), não era exatamente uma continuação de Superstar Saga, mas mantinha o mesmo estilo humorístico. Desta vez, o jogador controlava quatro personagens, Mario, Luigi, Baby Mario e Baby Luigi, que viajam pelo tempo através da história do Reino dos Cogumelos, tentando mais uma vez salvar a Princesa, abduzida por alienígenas chamados Shroobs enquanto testava uma máquina do tempo. Mais uma vez, a interação entre os quatro personagens era essencial para a conclusão do jogo, algo que se tornou marca registrada da série.

Partners in Time também fazia um uso curioso das duas telas do DS: na maior parte do tempo, a ação se passava na tela inferior, a touchscreen, enquanto a superior mostrava mapas e outras informações - o contrário do que ocorre com a maioria dos jogos do DS. Em alguns momentos do jogo, porém, como os personagens "adultos" e os "bebês" possuem habilidades diferentes, úteis em situações diferentes, o quarteto se dividia em duas duplas - Mario & Luigi e Baby Mario & Baby Luigi - e cada uma das duplas agia em uma das telas, realizando missões simultaneamente.

As batalhas são bastante parecidas com as de Superstar Saga, mas com os "Bros. Moves" sendo substituídos pelos "Bros. Items", itens adquiridos ao longo do jogo que permitem que os quatro personagens ajam de forma conjunta. Curiosamente, durante as batalhas, os bebês só podem receber dano se o adulto correspondente tiver chegado a 0 HP. É possível, porém, um bebê chegar a 0 HP e o adulto continuar lutando - se for ressucitado, talvez - mas isso faz com que vários ataques e itens que dependem dos bebês deixem de estar disponíveis.

Em 2007, seria a vez da Intelligent Systems lançar Super Paper Mario, o terceiro título da série, originalmente planejado para o GameCube, mas que acabaria lançado para o Wii. Nele, a Princesa é raptada mais uma vez, e Mario ruma para o castelo de Bowser para salvá-la. Chegando lá, porém, ele descobre que o responsável não é Bowser, mas o Conde Bleck, vilão que possui poderes hipnóticos. Além da princesa, ele sequestra Bowser e Luigi, e cria um vácuo que destruirá todo o universo. Mario então é procurado pela fadinha Tippi (que mais parece uma borboleta criada pelo chip Super-FX) e pelo mago Merlon, que lhe revelam que a única forma de deter o vácuo e impedir o Conde é encontrando oito Pure Hearts, artefatos criados com amor genuíno. Mario então parte em uma jornada para encontrar os Pure Hearts e frustrar os planos do vilão.

Mario & Luigi: Partners in TimeDiferentemente dos outros dois jogos da série, Super Paper Mario é um jogo majoritariamente de plataforma, com apenas alguns elementos de RPG. Mario deve passar por 32 fases, divididas em oito mundos, para encontrar os oito Pure Hearts. Para ajudá-lo, Tippi o acompanha, conferindo-o habilidades como diminuir de tamanho e arremessar objetos. Mas a habilidade mais marcante de Mario neste jogo é a que lhe permite alternar as fases entre 2D e 3D. Originalmente, o jogo é em 2D, como, por exemplo, Super Mario Bros. 3; a qualquer momento, porém, Mario pode transformar a fase em que está em 3D, ganhando acesso a novos itens, podendo desviar de obstáculos intransponíveis em 2D, ou até encontrando novas formas de derrotar um inimigo. O problema é que permanecer no modo 3D durante muito tempo diminui a HP de Mario, e pode até matá-lo, por isso o jogador deve usar esse modo com cautela. Assim como nos demais Paper Mario, em algumas fases o jogador pode controlar Luigi, Bowser ou a Princesa, realizando missões extras em novas fases de plataforma, mas sem a habilidade de mudar para 3D.

Outra característica curiosa de Super Paper Mario é que a pontuação do jogo também funciona como nível de experiência, com Mario ganhando novas habilidades, ataques mais poderosos e maior resistência contra ataques de inimigos conforme sua pontuação no jogo aumenta. Mario é controlado com o Wiimote na posição horizontal, como se fosse um jogo de NES, mas, em alguns momentos do jogo, o Wiimote deve ser usado para apontar objetos na tela, ou sacudido para que Mario execute alguns movimentos. Sacudir o Wiimote logo após Mario derrotar um inimigo faz com que ele execute um movimento especial que rende pontuação extra - e movimentos consecutivos resultam em pontuação ainda maior.

O mais recente RPG de Mario foi lançado em 2009, mais uma vez para o Nintendo DS - que se tornou o primeiro videogame da Nintendo a ter dois RPGs do encanador bigodudo. Em Mario & Luigi: Bowser's Inside Story (Mario & Luigi RPG 3!!! no Japão), o jogador podia, pela primeira vez, controlar, além de Mario e Luigi, Bowser. Por causa disso, os "Bros. Points" foram substituídos por Special Points, usados para ativar Special Moves. Para conseguir um Special Move, Mario e Luigi devem recolher dez Attack Pieces, espalhadas pelo jogo, enquanto Bowser deve recolher itens especiais chamados Brittles. Bowser's Inside Story também faz bom uso das capacidades do DS, com na maior parte do tempo Mario e Luigi sendo controlados na tela de baixo e Bowser na de cima, todos os ataques de Bowser sendo ativados por comandos na touchscreen, e um minigame no qual o DS é segurado na posição vertical, como se fosse um livro, e o jogador deve soprar no microfone para fazer Bowser cuspir fogo.

A história do jogo começa quando uma doença misteriosa começa a acometer os habitantes do Reino dos Cogumelos. Durante uma reunião da qual participam Mario, Luigi, a Princesa e algumas autoridades, dentre elas Starlow, um representante das estrelas, para decidir como combater a doença, Bowser ataca o castelo, planejando raptar a Princesa, e é derrotado por Mario. Fugindo para a floresta, ele encontra um ser misterioso, que depois se revela como Fawful, que lhe dá um cogumelo que, segundo ele, fará com que Bowser finalmente derrote Mario. O cogumelo, porém, é um Vacuum Mushroom, que faz com que Bowser entre em um estado de frenesi e inale todos os representantes na reunião, incluindo Mario, Luigi, a Princesa e Starlow, que são miniaturizados e vão parar em diferentes áreas do corpo de Bowser. Enquanto isso, Fawful toma o trono, se tornando o novo governante do Reino dos Cogumelos. Cabe, então, a Mario e Luigi, dentro do corpo de Bowser, ajudar o vilão a derrotar Fawful, e encontrar uma forma de sair de lá, restituindo o trono à Princesa.

O jogador controla Mario e Luigi, dentro do corpo de Bowser, em minigames e fases em estilo plataforma, e o próprio Bowser, no Reino dos Cogumelos, em um jogo estilo RPG; mesmo para Mario e Luigi, porém, todas as batalhas são no estilo de um jogo de RPG. Uma característica curiosa do jogo é que Bowser pode inalar inimigos para que eles sejam enfrentados dentro de seu corpo pelos encanadores, ao invés de enfrentá-los ele mesmo. Mario, Luigi e Bowser também podem subir de nível, ganhando novas habilidades, ataques e podendo equipar novos itens, através de um novo sistema de ranqueamento, baseado em como estão se saindo no jogo.

Devido às suas inovações, Bowser's Inside Story foi extremamente bem sucedido dentre os críticos, recebendo notas máximas ou próximas da máxima em todas as avaliações, e até agora também é um sucesso de vendas. Isso, evidentemente, pode significar que ele não será o último RPG de Mario. Mas, se agora o estilo ficará focado na série Mario & Luigi, se teremos mais um Paper Mario, ou se a Nintendo decidirá investir em uma série nova, ainda é cedo para dizer.

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