Um dos temas listados no meu Perfil, porém, sofria de outro tipo de problema: eu sempre tive vontade de escrever sobre ele, mas, incapaz de encontrar algumas informações que eu gostaria de colocar no post, sempre acabava deixando-o de lado. Como eu, conforme dito, me obriguei moralmente a escrever sobre quaisquer temas sorteados, antes do sorteio decidi que, se ele fosse sorteado, escreveria mesmo assim, deixando essas informações de fora. Esse tema é o jogo de tabuleiro Master, aquele onde os jogadores se movem no tabuleiro acertando perguntas.
Acontece que, embora o Master não tenha sido sorteado, eu acabei foi ficando com muita vontade de escrever sobre ele, principalmente porque, enquanto eu escrevia esses cinco posts, joguei uma partida na casa de um amigo. Master é um dos meus jogos preferidos de todos os tempos, e não ter falado dele até hoje aqui no átomo é praticamente uma ofensa. Então, por uma questão de justiça, hoje será dia de Master no átomo!
O Master original, que posteriormente seria conhecido como Primeira Edição, trazia quatro formas diferentes de jogar, embora todas elas tivessem um componente em comum: as cartelas com as perguntas e respostas ficavam em um monte sobre a mesa, sendo que cada jogador deveria tirar a de cima e perguntar para o jogador à sua esquerda, colocando a carta no final do monte e passando sua vez para ele na jogada seguinte, tivesse ele acertado ou não. Na primeira, a única que usava o tabuleiro, mais tradicional, e mais jogada por mim e por meus amigos, cada jogador deveria reponder corretamente a quatro perguntas sobre um mesmo assunto - sorteado ou escolhido de comum acordo - andando pelas quatro casas iniciais deste assunto a cada resposta certa, até entrar no círculo central, quando deveria responder corretamente a nove perguntas, uma de cada assunto, mais uma vez andando, em sentido horário, quando acertasse a resposta, sendo vencedor quando desse uma volta completa no círculo, respondendo corretamente a mais uma pergunta do assunto que iniciou respondendo. Uma regra opcional que nós nunca usamos permitia que os jogadores pulassem perguntas do círculo central, caso uma ficha estivesse sobre outra - tendo ido parar lá porque dois ou mais jogadores caíram na mesma casa - e o jogador que controlava a ficha "de baixo" acertasse a pergunta, levando as fichas de cima com ele para a casa seguinte. A pergunta final sobre o seu assunto, porém, sempre precisava ser respondida, então, se você, de carona, passasse direto pelo seu assunto, azar o seu, tinha de dar outra volta no círculo central. Outra regra opcional que não era muito popular entre nós permitia que cada jogador jogasse com dois ou mais assuntos, caso o número de jogadores fosse quatro ou menos. Curiosamente, uma regra que não estava no manual, mas nós sempre usávamos, era a da "Pergunta Master", uma pergunta final de assunto escolhido pelo jogador que estava perguntando, e que precisava ser respondida corretamente para ganhar o jogo. Evidentemente, nós sempre escolhíamos a pergunta mais difícil da cartela para essa ocasião.
A segunda forma de jogar não utilizava o tabuleiro, mas o bloco. Nele eram anotados os nomes dos jogadores, e qual seria a ordem dos assuntos perguntados. Começando pelo primeiro assunto, um jogador pegava uma cartela do topo do monte e perguntava ao jogador da sua esquerda, que, se acertasse, ganharia dois pontos, que eram marcados no bloco. Se ele errasse, fazia a mesma pergunta ao jogador de sua esquerda, que, se acertasse, ganharia 1 ponto, e, se errasse, perguntaria ao seguinte, até alguém acertar e ganhar 1 ponto, ou até a pergunta dar uma volta na mesa, quando a resposta seria revelada e a carta colocada no fim do monte. Aí o jogador seguinte ao que começou perguntando perguntaria ao da sua esquerda, e assim por diante, com o assunto sendo trocado sempre que a vez de perguntar valendo 2 pontos voltasse ao jogador que começou o jogo, e sendo declarado vencedor o jogador que tivesse mais pontos ao final das nove rodadas.
Na terceira forma de jogar, após anotar os nomes dos jogadores no bloco e definir quantos assuntos deveriam ser corretamente respondidos para se ganhar o jogo, as 55 cartas de assunto eram embaralhadas, e quatro delas eram distribuídas para cada jogador. A cada rodada, o jogador escolheria sobre qual assunto iria responder, estando limitado aos listados nas cartas de assunto, que podiam trazer um só, uma escolha entre dois (Geografia ou História, por exemplo), ou até mesmo a opção "Qualquer Categoria", que permitia uma escolha livre. Acertando ou errando a resposta, o jogador descartava uma de suas cartas de assunto que tinha aquele assunto sobre o qual respondeu e pegava outra. Caso acertasse a resposta, era marcado um X no assunto correspondente, sagrando-se vencedor o jogador que conseguisse acertar primeiro a quantidade de assuntos acordada no início do jogo.
A quarta forma de jogar era a mais complicada, e envolvia apenas as fichas coloridas e as cartelas de perguntas. Todas as fichas eram colocadas no centro da mesa, e o jogador que começava perguntando escolhia um assunto qualquer. Caso o jogador à sua esquerda acertasse a resposta, ganharia a ficha correspondente àquele assunto, sendo decretado campeão quem conseguisse quatro fichas primeiro. Parece fácil, mas havia alguns complicadores: em primeiro lugar, evidentemente, só era possível escolher os assuntos cujas fichas ainda estivessem sobre a mesa, ou seja, se eu acertei a pergunta de Geografia e ganhei a ficha, não poderia perguntar sobre Geografia para o jogador à minha esquerda. Em segundo lugar, se um jogador que já tivesse fichas respondesse a uma pergunta de forma errada, perdia todas as suas fichas, que eram devolvidas para o centro da mesa, ou seja, você tinha de acertar quatro perguntas seguidas para ganhar. Em terceiro lugar, se todas as fichas do centro da mesa tivessem sido distribuídas, e chegasse a vez de um jogador sem nenhuma ficha responder, este era eliminado do jogo - se ele tivesse fichas, o perguntador escolheria um dos temas de suas fichas, e ele continuaria no jogo se acertasse, tendo de devolver as fichas, porém, se errasse. Esta forma de jogar também usava a ficha preta, que ficava com o jogador que respondeu corretamente duas perguntas seguidas por último, e lhe dava o direito de escolher qualquer assunto quando chegasse sua vez de responder.
Durante a década de 1980, Master ganharia duas novas versões. A primeira foi o Master Júnior, uma versão indicada para jogadores menores de 14 anos, que tinha um curioso tabuleiro dividido em 51 casas hexagonais, onde até seis jogadores se locomoviam com peões ao invés de fichas, devendo responder a perguntas que não somente estavam divididas em seis categorias (Música, Esportes, Divertimentos, Curiosidades, Televisão e Escola), mas também em três níveis de dificuldade. O segundo foi o Master Esportes, com um tabuleiro ainda mais curioso, em forma de estádio, e perguntas de seis assuntos (Copa do Mundo, Olimpíadas, Futebol, Esportes Amadores, Esportes a Motor e Variedades) divididas entre respostas diretas, múltipla escolha e verdadeiro ou falso.
Junto com a Terceira Edição, foi lançada uma nova versão de Master Júnior, para até quatro jogadores - sendo que o manual dizia que podiam ser quatro equipes, e até mesmo que um jogador podia jogar sozinho. Nesta nova versão, as perguntas não eram divididas em assuntos, mas apenas em três níveis de dificuldade: Nível 1, Nível 2 e Master Desafio. O objetivo do jogo era percorrer todas as dez casas do tabuleiro, respondendo corretamente 6 perguntas de Nível 1, 3 perguntas de Nível 2, e uma pergunta Master Desafio. Cada jogador recebia, no início do jogo, quatro fichas, três verdes e uma azul, devendo descartar uma das verdes cada vez que errasse uma pergunta de Nível 1, e a azul quando errasse uma de Nível 1 ou 2, sendo eliminado do jogo quando errasse uma pergunta de qualquer nível sem ter mais fichas para descartar. Caso um jogador chegasse ao Master Desafio sem descartar nenhuma ficha pelo caminho, poderia descartar todas as quatro caso errasse a pergunta, o que lhe daria uma segunda chance. O vencedor era o jogador que conseguisse responder corretamente ao Master Desafio primeiro, ou o que chegasse mais longe caso ninguém conseguisse, com o número de perguntas corretamente respondidas em sequência servindo como desempate. O novo Master Júnior trazia ainda uma ampulheta, que marcava o tempo limite para que cada jogador respondesse à sua pergunta.
Em 2007, foi lançada a última versão de Master, que não foi vendida, mas podia ser obtida através de promoções do jornal Extra, do cartão Hipercard, e provavelmente de outras empresas. Apelidada de "Mini Master", esta versão, para até quatro jogadores, trazia apenas 495 perguntas e uma nova forma de jogar, onde cada jogador só usava uma cartela: a cada rodada, cada jogador devia responder a uma pergunta de um assunto diferente, movendo sua ficha pelas nove casas do tabuleiro caso acertasse. No final de nove rodadas, quando todos os jogadores já tinham respondido sobre os nove assuntos, seria declarado vencedor o que tivesse chegado mais longe.
Acontece que a Hasbro, que fabrica o Trivial Pursuit original, decidiu ela mesma fabricar seus jogos aqui no Brasil, revogando a licença da Grow. Para não ficar sem um jogo de Trivia em seu catálogo, ela poderia ter lançado uma quarta edição de Master. Mas, ao invés disso, optou por lançar um jogo novo, chamado Quest.
Eu nunca joguei Quest, até porque, que eu saiba, foi lançado esse ano, então ainda não deu tempo de algum amigo comprar e me convidar para uma partida, mas já andei bisbilhotando as regras, que, apesar de envolverem perguntas e respostas, têm pouco a ver com o Master. Na versão principal, chamada Quest Edição Família, o tabuleiro é redondo, dividido em 32 casas, e o objetivo é ser o primeiro a sair da casa marcada como início e chegar à casa marcada como fim. As perguntas são divididas em seis categorias (Mundo, Artes & Entretenimento, Sociedade, Ciência & Tecnologia, Esportes & Lazer e Variedades), e o jogador deve sempre responder à pergunta da categoria listada na casa onde seu peão caiu, sendo que algumas casas oferecem escolha entre duas categorias diferentes, a casa de início permite que o jogador escolha a categoria livremente, e na casa de fim a escolha da categoria é feita de comum acordo pelos outros jogadores. Ao invés de usar um dado para a locomoção, Quest usa fichas: no início do jogo, cada jogador recebe cinco fichas, com os números de 1 a 5. Antes de responder à pergunta, ele deverá descartar uma delas. Se acertar a resposta, andará com o peão um número de casas igual ao valor da ficha que descartou; se errar, ficará parado, e perderá a ficha. Quando todos os jogadores tiverem gastado as cinco fichas, elas serão redistribuídas. Quest Edição Família também tem perguntas próprias para adultos e para crianças, permitindo que pessoas de diferentes faixas etárias joguem juntas. Além da Edição Família também foi lançado Quest Júnior, que tem as mesmíssimas regras da segunda edição do Master Júnior, sem tirar nem pôr.
É claro que a parte mais divertida dos jogos de Trivia são as perguntas e respostas, mas eu tenho alguma conexão afetiva com o Master, e lamento que ele tenha sido descontinuado. Pessoalmente, não sei por que, já que o Quest Júnior é idêntico ao Master Júnior, o Quest não poderia ser também igual ao Master, só trocando o nome. Aliás, também nem sei por que trocaram o nome. Mas, vendo as coisas pelo lado positivo, pelo menos agora temos dois jogos de Trivia no mercado.
Parabéns, Guil, pela ótima postagem sobre o Master. Também gosto muito de jogos de tabuleiro, trívia em especial, e essa semana encontrei ao acaso num bazar o Master - Segunda Edição, do começo dos anos 90, e o War-II, acredito que de 1981 ou 1982. Já inaugurei ambos (rs). Abraço
ResponderExcluirEu tinha esse jogo mas em 2016 perdi numa mudança... a caixa q o jogo estava desapareceu 😭 eu adorava , passava horas jogando ❤
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