sábado, 10 de novembro de 2007

Escrito por em 10.11.07 com 0 comentários

Baralho (X)

Hoje veremos os padrões regionais do baralho alemão. Como são só nove, decidi falar sobre todos eles de uma vez. Todos são ilustrados com um Rei de Folhas, mas clicando nele você verá as demais cartas do padrão.

Padrão da Bavária


O padrão da Bavária é um descendente direto do Altbayerisches, o padrão que deu origem a todos os atuais padrões do sul da Alemanha, e influenciou praticamente todos os demais. E isso não tem nada de estranho, já que ambos tiveram origem na mesma região, a Bavária. Talvez por esta razão, o padrão da Bavária é considerado um dos mais tradicionais - apesar de não ser o mais famoso - e foi o último a migrar para a versão de figuras impressas em ambos os sentidos da carta, tendo sido comercializado na versão em sentido único até a década de 1950.

Devido a este parentesco, o padrão da Bavária é o que mantém a maior quantidade de elementos em comum com os primeiros baralhos alemães, como as ilustrações dos Daus: o de Sinos é ilustrado com uma cena de uma caçada, onde um cachorro ataca um javali; o de Castanhas traz a figura de Baco bebendo vinho; o de Corações traz um Cupido; e o de Folhas uma taça com uma lança de onde brotam flores e as folhas do naipe. Outros elementos tradicionais são o Ober e o Unter de Folhas, que estão tocando tambor e flauta, respectivamente; o 10 em romanos (X) na parte superior e inferior central das cartas de valor 10; e os quatro Reis sentados em tronos e segurando cetros.

Um fato curioso sobre o Padrão da Bavária é que, mesmo sendo tão tradicional, ele existe em duas versões, uma criada pela ASS, outra pela F. X. Schmid. Estas versões eram conhecidas pelos jogadores e colecionadores pelo nome das cidades-sede de cada um dos fabricantes: Stralsund para o da ASS, Munique para o da Schmid. Ambas as versões eram bem semelhantes, mas com alguns detalhes diferentes: na versão Stralsund os quatro Reis são barbados, o Ober de Castanhas carrega um escudo triangular com a figura de um Sol, o Unter de Castanhas tem a cabeça virada para a direita, e os corações centrais das cartas 9 e 10 de Corações são amarelos e azuis; na versão Munique, dois Reis são barbeados e dois só usam bigode, o Ober de Castanhas carrega um escudo oval com uma cruz, o Unter de Castanhas está olhando para baixo, e todos os corações são vermelhos. A versão Stralsund era mais famosa, considerada por alguns como a "original", e foi a que acabou sendo copiada pelos demais fabricantes; a versão Munique, por outro lado, passou anos sendo fabricada apenas pela Schmid.

Ainda mais curioso foi o fato de que, depois que a Carta Mundi comprou a Schmid e a incorporou à ASS, era de se esperar que a versão de Munique fosse descontinuada, mas aconteceu justamente o contrário: a Carta Mundi decidiu descontinuar sua versão Stralsund, e comercializar a Munique sob o nome de Tarock Schafkopf, ou seja, um baralho próprio para jogar os dois jogos mais populares da Bavária, o Tarock (que pouco tem a ver com o Tarô) e o Schafkopf (que curiosamente significa "cabeça de ovelha").

Independente da versão, um baralho no padrão da Bavária possui 36 cartas (6, 7, 8, 9, 10, Unter, Ober, Rei e Daus de cada naipe) de 56 x 100 mm cada. Cada carta possui uma fina borda e um índice em cada um de seus quatro cantos, composto de uma letra ou número e uma miniatura do naipe. A versão de Munique atualmente só é fabricada na Alemanha (pela ASS, que pertence à belga Carta Mundi), mas a versão de Stralsund se espalhou pela Europa, e hoje é fabricada na Alemanha, Áustria, Polônia e Espanha.

Padrão da Francônia


Também descendente do Altbayerisches, no passado o padrão da Francônia até desfrutou de uma relativa popularidade, mas hoje em dia ele só é fabricado pela Nürnberger e pela ASS, que o vende como uma versão especial do baralho de Tarock Schafkopf.

Apesar de também ter evoluído do Altbayerisches, algumas das cartas do padrão da Francônia apresentam diferenças em relação aos demais baralhos do sul da Alemanha, como os quatro Daus, que nada têm a ver com os bávaros: o de Castnhas tem um leão, o de Folhas uma águia, o de Corações apenas uma decoração com folhas em torno de um círculo onde é impresso o nome do fabricante, e o de Sinos muitas vezes não tem decoração alguma além dos símbolos do naipe. É claro que em outras cartas as ilustrações tradicionais foram mantidas, como os Reis sentados em tronos e empunhando cetros, o Ober de folhas tocando tambor e o Unter tocando flauta, e o X nas cartas de valor 10.

Assim como o padrão da Bavária, o da Francônia possui 36 cartas de 56 x 100 mm, com uma fina borda e índices nos quatro cantos. As figuras são impressas em ambos os sentidos da carta, divididas por uma linha preta quase imperceptível, tanto que no Ober de Folhas ambas as figuras parecem estar tocando o mesmo tambor.

Padrão da Saxônia


A Saxônia fica no norte da Alemanha, então este padrão nada tem a ver com o Altbayerisches. Ele descende de algum outro padrão bem antigo, cujo nome e origem se perdeu no tempo. Como se isso não bastasse, o próprio padrão da Saxônia sofreu muitas mudanças através dos tempos, o que acabou fazendo com que ele ficasse com três versões.

A primeira, original, era impressa em um único sentido da carta, e trazia ilustrações simples e muitos detalhes curiosos, como animais reais e mitológicos decorando as cartas numéricas, e salsichas decorando as cartas de sinos; esta versão desapareceu no início do século XX, mas acabou sendo ressucitada através de uma edição especial lançada pela Spielkartenfabrik Altenburg em 1993. Esta versão também era conhecida como Schwerterkarten ("cartas de espadas") por causa do brasão do Arquiduque de Mechsen, que tinha duas espadas cruzadas, e estava presente nos Daus de Folhas e Castanhas.

A segunda versão do padrão surgiu em 1931, e foi criada pela Spielkartenfabrik Altenburg para substituir a versão original. Esta era impressa nos dois sentidos da carta, com ilustrações mais bonitas e mais bem trabalhadas, e hoje em dia é conhecida como versão Altenburg, o nome da cidade onde foi criada.

A terceira versão surgiu pouco depois da segunda, e foi criada pela ASS, que baseou seus desenhos nos da versão Altenburg. Esta é a versão que ilustra este post, e que ficou conhecida como versão Chemnitz, nome de uma da cidade no leste da Alemanha onde este padrão se tornou o mais popular. A versão Chemnitz é praticamente idêntica à Altenburg, mas tem figuras um pouco menores e um ou outro detalhe diferente nos Daus.

Seja qual for a versão, o padrão da Saxônia tem 32 cartas (7, 8, 9, 10, Unter, Ober, Rei e Daus de cada naipe) de 58 x 87 mm. Nas duas versões mais recentes as cartas possuem bordas finas e índices nos quatro cantos, e as figuras são divididas por uma linha imperceptível. As cartas numéricas possuem uma pequena decoração no centro da carta; os Daus de Folhas e Corações são decorados com brasões, sendo que no centro do de Folhas se lê "proibidas imitações"; o Daus de Sinos traz uma cena onde um casal namora em frente a uma coluna com uma coruja no topo, enquanto um terceiro personagem espiona detrás desta coluna; e o Daus de Castanhas traz um animal (na versão de Altenburg um urso, na de Chemnitz um leão). As versões de Altenburg e de Chemnitz também foram de certa forma influenciadas pelo Altbayerisches, já que seus Reis estão sentados e empunhando cetros, e os 10 possuem o X sobre os naipes.

Infelizmente, o padrão da Saxônia está fadado à extinção: nenhuma de suas três versões faz parte atualmente do catálogo de nenhuma fabricante da Alemanha. Alguns baralhos fabricados pela ASS e pela Spielkartenfabrik Altenburg antes de ambas serem compradas pela Carta Mundi ainda podem ser encontrados no mercado, mas provavelmente o padrão sumirá do mapa quando todos eles forem vendidos.

Padrão de Württemberg


Originário da região da Suábia, o padrão de Württemberg é um dos mais recentes, tendo surgido por volta de 1870; por esta razão, ele nunca teve uma versão com as figuras impressas em um único sentido da carta, já tendo nascido com figuras impressas nos dois sentidos. Apesar da Suábia ficar no sul da Alemanha, ele não foi inspirado no Altbayerisches, mas nos baralhos de Tarô, muito populares por lá no final do século XIX, o que pode ser confirmado pelos Obers, que se encontram montados a cavalo, como se fossem os cavaleiros do Tarô.

Originalmente, o baralho de Württemberg tinha 36 cartas, mas atualmente ele só é encontrado em uma versão de 48 cartas, na verdade dois baralhos de 24 cartas (7, 10, Unter, Ober, Rei e Daus de cada naipe) vendidas juntas e com o mesmo verso. Esta configuração é apropriada para dois jogos muito populares no sul da Alemanha, o Gaigel e o Binokel; por esta razão, a ASS comercializa o padrão de Württemberg com o nome de Gaigel Binokel. O padrão é atualmente fabricado na Alemanha, Áustria e Espanha.

As cartas do padrão de Württemberg têm 56 x 100 mm, possuem uma fina borda e índices nos quatro cantos; com exceção dos Daus, todas as cartas são divididas no meio por uma fina linha preta. Os Daus trazem figuras relacionadas ao vinho, como cachos de uva, folhas de parreira, garrafas e taças; os Reis têm figuras grandes, ocupando praticamente toda a carta; os Obers, como já se disse, estão montados a cavalo, e trazem a palavra "Ober" impressa próximo a suas cabeças, para facilitar a identificação; e os Unters usam chapéus e roupas típicas do final do século XIX, se assemelhando mais a viajantes que aos guerreiros de outros padrões alemães.

Padrão da Prússia


Mais um padrão do norte da Alemanha, o da Prússia é um dos mais interessantes, principalmente por guardar pouquíssimos elementos em comum com os demais padrões. É um padrão relativamente recente, tendo surgido por volta de 1840 com figuras impressas em um único sentido da carta; as primeiras versões com figuras impressas em ambos os sentidos começaram a surgir já em 1865, mas não eram muito populares, pois omitiam as belas cenas de cidades prussas presentes nas cartas numéricas. Após a Primeira Guerra Mundial, começaram a surgir "versões híbridas", onde os Daus, Reis, Obers e Unters eram impressos em ambos os sentidos, mas as cartas numéricas não, mantendo as tais cenas das cidades. Esta foi a versão que sobreviveu, e as cidades se tornaram a marca registrada do padrão.

Ainda assim, não existe um "conjunto oficial" de cidades para o baralho (tipo "o 8 de Sinos traz a figura de Nuremberg"). Como a Prússia era independente na época da criação do baralho, as cartas traziam cenas das cidades da Prússia; após sua incorporação pela Alemanha, algumas cartas tiveram suas cidades "trocadas" por cidades alemãs. Como após a Segunda Guerra a Alemanha perdeu parte de seu território para a Polônia, cidades que passaram a ser polonesas foram retiradas do baralho e substituídas por outras. E, é claro, cada fabricante queria incluir sua cidade no baralho, se esta já não estivesse lá. Por esta razão, praticamente cada tiragem do baralho prusso é diferente das demais, embora as figuras para os Daus, Reis, Obers e Unters tenham sempre sido mantidas.

Os Reis, Obers e Unters, por falar nisso, também estão intimamente ligados à Prússia: os quatro Reis, que originalmente estavam de pé, e não sentados em tronos, representam os quatro Reis da coalizão que impediu que Napoleão dominasse a Prússia; os Obers representam membros da burguesia, e os Unters são os trabalhadores das classes mais baixas. Este também é o único padrão alemão com três figuras femininas, e elas estão nos Daus: as deusas Diana no de Folhas, Minerva no de Corações e Ceres no de Sinos; o Daus de Castanhas traz o deus Baco, no único ponto que este padrão tem em comum com o Altbayerisches além do X nas cartas 10. As cartas possuem bordas, mas não índices; as numéricas ainda têm números em seus quatro cantos, sendo os dois inferiores dentro de círculos, e, além da figura da cidade, trazem uma legenda, com seu nome e algum título, quando apropriado. Algumas versões mais recentes trazem pontos turísticos da Alemanha no lugar de algumas cidades.

O padrão da Prússia tem 32 cartas de 56 x 100 mm, e, infelizmente, é mais um fadado à extinção: ele já não faz parte do catálogo de nenhuma fabricante alemã desde a década de 1980, a não ser sob a forma de duas edições especiais lançadas pela ASS, uma em 1998 e outra em 2005. Ele só ainda não foi considerado totalmente extinto graças a uma edição fabricada pela polonesa KZWP; esta edição, porém, traz figuras bem mais simples, índices em polonês equivalentes aos do baralho francês (K de Król para os Reis, D de Dama para os Obers, e W de Walet para os Unters) e cidades polonesas nas cartas numéricas. Muitos colecionadores nem consideram esta como uma versão do padrão prusso, preferindo chamá-lo de "padrão polonês". Mesmo assim, pode ser que no futuro ela seja a única versão sobrevivente deste padrão tão bonito.

Padrão Quatro Estações ou Guilherme Tell


Este padrão não é originário da Alemanha, mas da Áustria, onde foi inventado pela Piatnik no século XIX, como uma edição enfeitada que trazia personagens e cenas da famosa história de Guilherme Tell; por esta razão, o baralho se tornou conhecido em diversos países da Europa como "padrão Guilherme Tell", ou apenas "padrão Tell". Seu outro nome, "padrão Quatro Estações", vem do fato de que seus Daus têm ilustrações que representam as quatro Estações do Ano: Verão para o de Sinos, Primavera para o de Corações, Outono para o de Folhas, e Inverno para o de Castanhas.

O padrão Quatro Estações poderia ter continuado como uma simples variação enfeitada, se não tivesse chegado até a Hungria, onde, sabe-se lá o porquê, alcançou uma popularidade absurda, ao ponto de se transformar no padrão nacional da Hungria, substituindo o baralho francês em todos os jogos tradicionais húngaros; de fato, em toda a Europa Oriental este padrão é conhecido como "baralho húngaro", e é fortemente associado à Hungria. Em sua Áustria natal, ele ainda goza de certa popularidade, e é conhecido como Doppeldeutsche ("alemão duplo", em referência às figuras impressas nos dois sentidos da carta). Na Alemanha, curiosamente, ele não é muito conhecido, exceto por colecionadores, e não costuma ser usado para jogar.

A principal característica do padrão, evidentemente, é que suas cartas estão relacionadas à história de Guilherme Tell. Cada Ober e cada Unter representa um dos personagens da história (o próprio Guilherme Tell, caso você esteja imaginando, é o Ober de Castanhas), trazendo, inclusive, o nome do personagem impresso ao longo da borda vertical da carta. Algumas cartas numéricas também trazem, entre os naipes, cenas da história e paisagens típicas da Áustria. Os Reis são "genéricos", ou seja, não representam personagens, mas estão os quatro montados a cavalo, o que também pode ser considerado um traço típico do padrão. Os Daus, como já foi dito, trazem cenas referentes às Estações do ano, e o nome da estação correspondente está escrito na parte central superior e inferior de cada carta. As cartas possuem uma fina borda, e são divididas no meio por uma fina linha preta; não possuem índices, mas todas as cartas numéricas são marcadas por algarismos romanos.

Ao chegar na Hungria, o baralho sofreu certas adaptações, o que fez com que ele, assim como outros padrões alemães, tenha duas versões oficiais, a húngara e a austríaca. Ambas são idênticas, exceto por alguns detalhes: para começar, os nomes dos personagens e Estações do Ano, evidentemente, estão escritos em alemão na versão austríaca, e em húngaro na húngara; o Unter de Corações usa uma touquinha e uma roupa simples na versão austríaca, enquanto na húngara ele está bem melhor vestido; Guilherme Tell está em poses diferentes, segurando sua besta com a mão esquerda na versão húngara e com a mão direita na austríaca; e os quatro Daus da versão austríaca trazem cenas bem diferentes das da versão húngara. Além disso, a versão húngara tem apenas 32 cartas (o suficiente para jogar os jogos tradicionais húngaros), enquanto a austríaca tem 36 (mais apropriada para jogos da Áustria). O 6 de Sinos da versão austríaca é conhecido como "Weli", e em alguns jogos que só usam 32 cartas ele serve como curinga.

O padrão Tell é atualmente fabricado na Áustria, Hungria, República Tcheca e Eslováquia. Curiosamente, suas cartas não têm um tamanho padrão, mas costumam ser comercializadas como "Classe B" (menores, com de 60 x 100 mm a 62 x 110 mm) ou "Classe A" (maiores, com de 72 x 111 mm a 77 x 119 mm). A Piatnik também possui uma versão especial em formato redondo.

Padrão de Salzburgo


Este é mais um padrão originário da Áustria, conhecido por lá como Einfachdeutsch ("alemão único"), para diferenciá-lo do padrão anterior. Assim como o Quatro Estações, este padrão ganhou muita popularidade ao migrar para outro país, no caso a Itália, onde foi adaptado para os jogos locais e ganhou o nome de Salisburghesi. Também como o Quatro Estações, esta migração fez com que o padrão de Salzburgo se tornasse um padrão de duas versões, a austríaca, original do século XIX, e a italiana, que começou a ser fabricada na década de 1980. A única diferença entre ambas, porém, está no número de cartas: a austríaca tem 36, enquanto a italiana tem 40 (5, 6, 7, 8, 9, 10, Unter, Ober, Rei e Daus de cada naipe), o número apropriado para se jogar os jogos italianos.

O padrão de Salzburgo é mais um dos descendentes do Altbayerisch, mas desta vez de forma indireta, já que não foi adaptado do próprio Altbayerisch, mas do padrão da Bavária. Por esta razão, apesar das figuras do padrão de Salzburgo serem bem mais simples que as da Bavária, muitas semelhanças entre os dois padrões podem ser apontadas, principalmente nas cartas dos Daus, Reis, Obers e Unters. Como o padrão de Salzburgo jamais se transformou em um padrão de figuras impressas em ambos os sentidos da carta, muitas das ilustrações originais do padrão da Bavária sobrevivem em suas cartas numéricas, embora algumas outras tenham mudado ao longo do tempo, em especial o 6 de Sinos, que se transformou no popular Weli dos jogos austríacos.

As cartas do padrão de Salzburgo têm 57 x 101 mm, e possuem figuras de traços simples, mas muito coloridas; nenhuma carta possui índices, mas os 10 têm o tradicional X no topo. Curiosamente, as quatro cartas extras da versão italiana (os quatro 5) possuem a mesma figura, uma serpente multicolorida mordendo o próprio rabo e formando uma espécie de moldura, com o nome do fabricante impresso no meio - e esta mesma serpente também está presente no 7 de Corações, em ambas as versões. Atualmente, o padrão de Salzburgo é fabricado pelas principais fabricantes italianas, e pela austríaca Piatnik.

Padrão de Praga


Este padrão surgiu na Tchecoslováquia, no final do século XIX. Atualmente, ele é considerado mais um dos descendentes do Altbayerisches, mas na verdade ele foi adaptado de um outro padrão já extinto, o de Regensburg, que, por sua vez, havia sido adaptado do Altbayerisches. O resultado é que, embora muitas das ilustrações do padrão de Praga lembrem cartas dos demais padrões descendentes do Altbayerisches (os da Bavária, Francônia e Salzburgo), muitas outras apresentam detalhes únicos, como as coroas enormes e arredondadas dos Reis, e as figuras no geral remetem a padrões mais antigos, como o de sentido único da Saxônia.

O baralho de Praga, conhecido em tcheco como Jednohlavé ("uma cabeça") ou Mariášové karty ("cartas para Mariáš", o jogo mais popular da região), possui 32 cartas de 63 x 100 mm cada, impressas nas cores amarela, vermelha, verde e marrom. Algumas cartas possuem cenas inusitadas (minha preferida é o 8 de Sinos), os quatro Daus trazem brasões de diversas cidades tchecas, o Daus de Castanhas tem a figura de um estranho urso estilizado, e os Daus de Castanhas e Corações trazem a frase "à vitória". Atualmente o baralho é fabricado na Áustria, República Tcheca, Eslováquia e Croácia.

Padrão Neu Altenburg


Este é o mais recente de todos os padrões regionais de todas as espécies de baralho: foi criado no ano de 1964 pela Spielkartenfabrik Altenburg, que planejava transformá-lo no padrão nacional da Alemanha Oriental. Para chegar a este objetivo, assim que o lançou a fabricante retirou de seu catálogo quase todos os demais padrões regionais, meio que obrigando a população a comprá-lo se quisesse jogar. Embora este não tenha sido um método muito elogiável, acabou dando talvez mais certo do que eles esperavam: a Alemanha Oriental se foi, mas hoje o padrão é o mais popular da Alemanha, sendo inclusive conhecido por muitos jogadores e colecionadores como "padrão alemão". Seu nome "oficial", Neu Altenburg (ou Neues Altenburger, termo gramaticalmente mais correto), é uma referência à cidade onde foi criado, e ao fato dele ser recente ("neu" significa "novo").

Quando foi criado, o padrão de Neu Altenburg era patenteado pela Spielkartenfabrik Altenburg, e só ela podia produzi-lo; com o fim da Alemanha Oriental, esta restrição foi suspensa, e diversas outras fabricantes o adicionaram a seus catálogos. Hoje ele divide com o padrão de Berlim (do baralho francês) o posto de carro-chefe do catálogo da ASS, que o comercializa em duas versões, apropriadas para os dois jogos mais populares, da Alemanha, o Skat e o Doppelkopf, a primeira com 32 cartas e a segunda com dois baralhos de 24 cartas cada e verso igual, totalizando 48 cartas. As cartas têm 59 x 91 mm; suas figuras são impressas em ambos os sentidos (como é um padrão muito recente, jamais existiu na versão de sentido único) e divididas por uma fina linha preta; e todas as cartas possuem índices, com exceção dos Daus, que trazem figuras ligadas à nobreza, como espadas e mantos. A versão comercializada atualmente é conhecida como "tipo II", pois a original foi considerada muito feia e não vendeu bem, então decidiram dar uma melhorada nas ilustrações.

Curiosamente, após "dominar" o padrão alemão a Spielkartenfabrik Altenburg parece ter tentado também expulsar o baralho francês da Alemanha Oriental, pois em 1969 lançou o "tipo III" do baralho, que trazia não Reis, Obers e Unters, mas Reis, Damas e Valetes (que tinham as figuras dos Unters), inclusive com os índices apropriados em alemão (K, D e B). A fabricante esperava que o tipo III fosse utilizado para jogar jogos que usassem o baralho francês, mas acabou que ele não pegou (talvez por causa dos naipes diferentes), e foi retirado do catálogo ainda na década de 1970; alguns exemplares, porém, ainda podem ser encontrados no mercado, e são bastante prezados por colecionadores.

A seguir, o baralho suíço!

Série Baralhos

Padrões Regionais Alemães

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