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Além da história, WH1 inovou em três outros aspectos: o jogo tinha gráficos mais cartunescos (diferentes dos gráficos "sérios" de todos os jogos do estilo até então); seus lutadores tinham a capacidade de "devolver magia", ou seja, se um oponente tivesse a audácia de disparar um projétil em sua direção, defendendo no tempo certo você mandava o tal projétil de volta na direção dele, causando o mesmo dano, se acertasse, que ele causaria em você (como nota, essa habilidade causaria um terrível estrago em um jogo como King of Fighters); e, por último mas não menos importante, ao iniciar o jogo você poderia escolher entre lutar de forma normal ou em Deathmatches. No modo Deathmatch, cada luta tinha apenas um round, e ambos os lutadores compartilhavam uma única barra de energia, onde um lado aumentava enquanto o outro diminuía, ou seja, quanto mais porrada você aplicava no oponente, mais energia você ganhava. Mas o modo Deathmatch não tinha esse nome só por isso: cada cenário tinha armadilhas, desde bombas e espinhos até cercas eletrificadas e serras, onde você podia jogar seu oponente para causar mais dano. Jogar no modo Deathmatch era muito mais difícil, mas muito mais divertido.
Pois bem, então os lutadores de World Heroes eram personagens históricos, certo? Bem, mais ou menos. Por alguma razão (talvez por evitar problemas com direitos de imagem), os lutadores de World Heroes eram inspirados em personagens históricos, mas eram fictícios per se. Os oito lutadores à disposição do público eram Hanzou, um ninja japonês inspirado em Hattori Hanzo, líder do lendário clã Iga; Fuuma, também ninja, inspirado em Kotaro Fuuma, líder do clã Fuuma, arquirrival do clã Iga; J. Carn, soldado mongol inspirado em Gengis Kahn; Dragon, lutador chinês inspirado em Bruce Lee; Muscle Power, campeão de luta livre norte-americano, inspirado no lutador real Hulk Hogan; Brocken, ciborgue alemão com um visual meio SS; Rasputin, o famoso feiticeiro russo, aqui em uma versão mais miguxinha; e Janne, espadachim francesa inspirada em Joana d'Arc.
O vilão atende pelo nome de Geegus, e, se eu tivesse que arriscar em quem ele foi inspirado, diria que foi no T-1000 de O Exterminador do Futuro 2. Como já foi dito, ele tem a habilidade de se tranformar em qualquer um dos outros oito, mas é um chefe bem menos difícil que Shang Tsung.
Mas eu só joguei WH1 na versão SNES, e depois que já conhecia WH2. Lançado em 1993, primeiro para arcades e Neo Geo, depois para Super Nintendo, World Heroes 2 não era bem uma seqüência, sendo melhor definido como um upgrade do primeiro, já que a história é absolutamente a mesma. Agora haviam dois chefes, porém, e seis lutadores novos se uniram aos já existentes. Os gráficos foram melhorados, foram acrescentadas novas Deathmatches, e as músicas são as melhores que eu já ouvi em um jogo de porrada. Foi jogando WH2 e gastando muito dinheiro até zerá-lo que eu me tornei fã da série. Os quatro lutadores novos de WH2 eram Shura, um kickboxer tailandês, inspirado no lutador real Naikanom Tom; Ryoko, uma judoca japonesa, inspirada na judoca real Ryoko Tani; Captain Kidd, um pirata inspirado no pirata real William Kidd; Erik, o viking, em versão mais rechonchuda; J. Max, jogador de futebol americano inspirado no famoso quarterback Joe Montana; e Mudman, um feiticeiro da Papua Nove Guiné, não inspirado em ninguém famoso, mas talvez o personagem mais cômico do jogo. A Geegus, que foi rebaixado a subchefe, se uniu Dio, o novo último chefe, um alienígena de aparência metálica e cabeluda. Dio não tinha a habilidade de se transformar nos outros, mas tinha golpes bem poderosos, o que o transformava em um último chefe bem difícil.
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O último jogo da série foi lançado em 1995, World Heroes Perfect, para arcades, Neo Geo e Sega Saturn. O jogo é idêntico a WH2jet, exceto pelo seguinte: são seis botões (três socos e três chutes) ao invés dos quatro usados até então, novos golpes para todos os lutadores, possibilidade de combos (seqüências rápidas de golpes) e uma barra Hero Gauge, que permite fazer especiais enormes e poderosos quando cheia. Não existem Deathmatches, torneio nem Vs.WH, mas os cenários continuam com ordem fixa, desta vez com as lutas se desenrolando através da História. Não há personagens novos, mas existe um personagem secreto, Gokuu, inspirado no mitológico personagem chinês Son Goku; e dois chefes, uma versão mais forte de Dio, chamada Neo Dio, e Zeus.
Não sei o que aconteceu com a ADK, mas lá se vão mais de dez anos sem nem se falar em World Heroes. Alguns personagens estão cotados para aparecer em Neo Geo Battle Colosseum, um enorme crossover entre vários personagens de vários jogos de Neo Geo. Na minha opinião, o jogo nunca conseguiu se popularizar por decisões equivocadas: WH2 era um ótimo jogo, mas tudo o que fizeram depois só fez piorar. Hoje em dia, de qualquer forma, parece que a onda desse tipo de jogo passou, e um World Heroes 3 não faria muito alarde.
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