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Para minha infelicidade (e de milhares de ambientalistas no mundo inteiro), o pobre rinoceronte está em extinção. Tudo porque algumas culturas acreditam que seu chifre, quando moído, possui propriedades afrodisíacas. Como se isso já não fosse o bastante, em alguns países árabes (mais notadamente Iêmen e Omã), adagas feitas com chifre de rinoceronte são valiosíssimas. Como o rinoceronte não vai entregar seu chifre assim para qualquer um, a única forma de tirá-lo é matando o bicho antes. E aí centenas de rinocerontes morrem todos os anos para que alguns homens possam aumentar sua potência sexual ou exibir uma bela arma branca para os amigos. O que, além de uma pena, é uma tremenda ignorância.
O nome rinoceronte vem de duas palavras gregas: rhino, que significa nariz, e keros, que significa chifre. Evidentemente, ele ganhou este nome por causa da característica que diferencia o rinoceronte de todos os outros mamíferos: um chifre no nariz. Ao contrário do que muita gente pensa, o chifre do rinoceronte não é um osso: ele é feito de pêlos muito pequenos e muito compactos, tão compactos que formam uma estrutura duríssima. Outras características comuns a todos os rinocerontes são a pele muito espessa (cerca de 7cm), as orelhas pequeninas e as patas com três dedos cada. Rinocerontes cheiram e ouvem perfeitamente, mas não enxergam muito bem. É mentira, porém, dizer que são burros, irritadiços e atacam sem motivo. Na verdade, é um animal muito dócil, e só investirá contra prováveis agressores caso se sinta ameaçado, como qualquer animal selvagem. Apesar de grandalhão, o rinoceronte é muito veloz (alcança 50Km/h), e uma investida sua pode até virar um carro. Um rinoceronte vive cerca de 45 anos, e atinge a maturidade entre 5 e 8 anos de idade. As fêmeas têm um filhote por vez, normalmente a cada três anos, após um período de 16 meses de gestação. O rinoceronte é o segundo maior mamífero terrestre, perdendo apenas para o elefante, e logo à frente do hipopótamo, do qual não é parente, como muitos acreditam.
Hoje em dia ainda existem cinco espécies de rinocerontes, duas nativas da África e três da Ásia. O menos ameaçado de extinção é o rinoceronte branco (ceratotherium simum). Natural da África, ele não é branco, como seu nome afirma, mas sim acinzentado. A origem do nome foi um simples engano: das duas espécies de rinocerontes africanos, o branco é o que tem a boca mais larga, portanto, ele era chamado pelos africanos de weid ("largo" em afrikaans), palavra que foi confundida pelos ingleses com white ("branco", em inglês).
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Um rinoceronte branco possui dois chifres, um maior, na ponta do nariz, e um menorzinho, logo acima. Sua boca é larga e achatada, pois ele a usa para comer grama. Mesmo com esta dieta, um rinoceronte branco pesa entre 1.800 e 2.700Kg. Um animal adulto pode chegar a 1,80m de altura, e até 5m de comprimento, da ponta do nariz até a cauda. Como sua cabeça é muito grande e pesada, o rinoceronte branco apresenta uma "corcundinha", para ajudar na sustentação do pescoço. Estima-se que existam por volta de 11.300 rinocerontes brancos em estado selvagem, espalhados pelo nordeste e sul da África.
A outra espécie africana é o rinoceronte negro (diceros bicornis), que, adivinhem, também não é preto. Na verdade, ele só um pouquinho mais escuro que o branco, e ganhou este nome porque, já que o outro era o branco, esse que era mais escuro tinha que ser o negro. Ele também tem dois chifres, embora o maior seja mais fino que o do rinoceronte branco. Sua cabeça é menor, não tem a corcundinha, mas a testa é mais pronunciada, e sua boca possui um "bico" (na verdade, um prolongamento do lábio superior), utilizado para quebrar os galhos da vegetação rasteira da qual se alimenta. O rinoceronte negro é menorzinho, tendo 1,60m de altura e 3,5m de comprimento e pesando entre 800 e 1.350Kg. Estima-se existirem ainda 3.610 rinocerontes negros no leste da África. A situação se agrava porque esta espécie é muito mais difícil de se reproduzir em cativeiro.
A situação dos rinocerontes africanos pode ser triste, mas a dos asiáticos é ainda pior. A espécie de rinoceronte mais ameaçada de extinção é a do rinoceronte de Java (rhinoceros sondaicus), somente encontrado em dois locais específicos, um na Indonésia e outro no Vietnã. Segundo a última contagem, feita em 2002, apenas 60 rinocerontes de Java ainda estavam vivos. Eles continuam sendo caçados, não há programa oficial de proteção, e a reprodução em cativeiro é quase inexistente, fatos que, infelizmente, podem contribuir para a eventual extinção total da espécie. Um rinoceronte de Java se distingue de seus parentes africanos por ter um único chifre, bem curto, e somente presente nos machos. Sua pele, de cor cinza ou marrom, é mais larga que o corpo, o que faz com que se dobre, dando a aparência de placas. Um rinoceronte de Java pode chegar a 1,70m de altura por 4m de comprimento, e pesar 2.300Kg. Sua dieta consiste de folhas de árvore que ele alcança com seu pescoço um pouco mais longo que o dos demais rinocerontes.
O segundo rinoceronte mais ameaçado do mundo é o rinoceronte de Sumatra (dicerorhinus sumatrensis), com 300 animais espalhados pelo sudeste asiático. Este rinoceronte é bem diferente dos outros, sendo o único peludo, apresentando longos pêlos castanho-avermelhados. O rinoceronte de Sumatra também é o único da Ásia com dois chifres, e é o menor de todos os rinocerontes, tendo 1,40m de altura por 3m de comprimento, e pesando entre 600 e 950Kg. A proteção aos rinocerontes de Sumatra selvagens também é deficiente, mas felizmente sua reprodução em cativeiro está começando a dar certo nos Estados Unidos.
O rinoceronte asiático de situação mais tranqüila é o rinoceronte indiano (rhinoceros unicornis), encontrado na Índia e no Nepal. Ainda assim, apenas 2.400 animais ainda sobrevivem em estado selvagem, embora esforços sejam feitos pelo governo da Índia para aumentar este número. O rinoceronte indiano é o maior dos rinocerontes, podendo atingir 2m de altura por 4m de comprimento, e pesar até 3 toneladas. Sua pele também é mais larga e forma dobras que dão uma aparência de blindagem. Possui um único chifre, meio arredondado no topo, e costuma comer grama e vegetação rasteira.
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Em todo o planeta, diversas instituições batalham para salvar o rinoceronte, seja combatendo a caça, criando reservas ambientais onde eles podem viver em paz, ou financiando pesquisas que facilitem a reprodução em cativeiro. Também é importante cuidar dos órfãos e feridos eventualmente encontrados, para que um dia eles possam ser devolvidos à vida selvagem. Afinal, o local de qualquer animal selvagem é ao ar livre, vivendo sua vida sem que ninguém tenha nada a ver com isso. Eu espero sinceramente que um dia os pobres rinocerontes deixem de ser caçados, ou correremos o risco de só encontrá-los em zoológicos e fotografias. E isso é muito triste.
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