domingo, 14 de novembro de 2004

Escrito por em 14.11.04 com 3 comentários

Godzilla (I)

Desde pequeno, eu sempre fui fissurado por coisas japonesas. Devo ter sido japonês na outra encarnação, sei lá. Antes mesmo da moda do Jaspion começar, eu já me amarrava em assistir Spectreman, Ultraman e outros menos cotados. Mas eu também gostava muito de um outro personagem, que anda meio sumido - ou, pior ainda, estragado pelos EUA. Para fazer justiça, o post de hoje é dedicado ao lagarto de 60 metros de altura mais famoso do mundo, Godzilla!



Godzilla foi criado em 1954 (isso mesmo! Esse ano ele faz 50 aninhos!) pelo estúdio Toho. O intuito era produzir um filme-catástrofe de terror, nos moldes de King Kong. Nada melhor para fazer um filme catástrofe no Japão da década de 50 do que utilizar a energia nuclear, o grande terror da década anterior, graças à Segunda Guerra Mundial. Assim, Godzilla é um lagarto normal, até que testes com bombas nucleares no Oceano Pacífico fazem com que ele sofra uma mutação, se transformando em um monstro dinossáurico de 60 metros de altura, praticamente indestrutível, e capaz de soltar pela boca uma baforada radioativa com alto poder de destruição. Seu nome original, Gojira, é uma fusão do nome de dois animais que nada têm a ver com o lagarto: Gorila e baleia (Kujira, em japonês). Godzilla saiu da água destruindo tudo em seu caminho, até ser ele mesmo destruído pelo Destruidor de Oxigênio, uma arma criada acidentalmente, mas perfeita para destruí-lo.

O filme foi um gigantesco sucesso (desculpem o trocadilho) e foi até mesmo lançado nos EUA, dois anos depois, com o nome de Godzilla, King of the Monsters. Tanto sucesso pedia uma continuação. Mas como fazê-lo, se o pobre Godzilla estava morto? A resposta era simples: Os testes nucleares de 1954 não criaram um Godzilla, mas dois!

Desta forma, em 1955, chegou aos cinemas do Japão Godzilla Contra-Ataca, onde este segundo Godzilla é libertado de uma animação suspensa, e começa a destruir Tóquio. Para piorar as coisas, um segundo monstro, Anguillas, um Anquilossauro gigante, também sai da animação suspensa. Ambos os monstros lutam enquanto a pobre Tóquio sucumbe. Este filme foi lançado nos EUA em 1959, com o nome Gigantis. Curiosamente, na versão americana, Godzilla se chama Gigantis. Parece que eles não quiseram pagar os direitos do nome.

No final detse filme, Godzilla é aprisionado em um iceberg. Mas ele é libertado para seu terceiro filme, Godzilla vs King Kong, de 1962, onde o famoso macaco gigante ruma para destruir Tóquio, e encontra o lagartão para impedi-lo. Com este filme, se iniciou a Era de Ouro de Godzilla, onde este não era um monstro desalmado, mas sim um valoroso defensor do Japão, sempre pronto a destruir qualquer monstro besta que ameaçasse invadir seu território. A cidade ficava toda despedaçada no processo, mas era um preço pequeno a se pagar diante da invasão do monstro. E uma ótima chance de tirar algumas fotos de Godzilla em ação!

Após lutar contra King Kong e ser nomeado Defensor de Tóquio Honorário, Godzilla enfrentou vários monstros em seus filmes seguintes. O mais famoso, e meu preferido, é justamente o imediatamente posterior, Godzilla vs Mothra, de 1964, onde o lagartão enfrenta uma mariposa igualmente colossal. Este filme é tão trash, mas tão trash, que acabou virando cult. De vez em quando passa no SBT.

Depois de Mothra, Godzilla ainda atuou em Godzilla vs Ghidrah (1964), onde ele precisou unir forças com Mothra e Rodan (um lagarto voador que também tinha seu próprio filme onde destruía Tóquio, de 1956) para destruir Ghidrah, um lagarto voador alienígena de três cabeças; Godzilla contra o Monstro Zero (1965), onde alienígenas do Planeta X tentam capturar Godzilla e Rodan para permitir que Ghidrah destrua a Terra, mas Godzilla foge e frustra seus planos; e Godzilla contra o Monstro do Mar (1966), onde Ebirah, um monstro que surge do mar, tenta destruir Tóquio e é impedido por Godzilla.

Depois destes, infelizmente, a série começou a enlouquecer. O próximo filme foi O Filho de Godzilla (1967). Neste, ficamos sabendo que o primeiro Godzilla, aquele que morreu em 1954, era fêmea, havia cruzado com o segundo Godzilla (que é o que estava em ação defendendo Tóquio) e colocado um ovo, que finalmente chocou. Deste ovo saiu Minilla, o filho de Godzilla. Minilla é atacado por insetos mutantes, e papai Godzilla precisa defendê-lo.

Como se isso não fosse o bastante, a série continuou com O Despertar dos Monstros (1968). No ano 1999, cientistas criam 11 monstros em uma ilha isolada. Os monstros escapam e atacam 11 cidades simultaneamente. Cabe a Godzilla se desdobrar para impedi-los. No ano seguinte, teríamos A Vingança de Godzilla, onde um menino que levava uma vida de crimes aprende sobre coragem e bondade através de sonhos com Godzilla e Minilla. Era a gota d'água, não era não?

Aparentemente, os executivos da Toho decidiram se tocar e retomar o caminho de "Godzilla vs algum monstro grande". Em 1971, foi lançado Godzilla vs Hedorah, onde nosso herói enfrentava Hedorah, um monstro alienígena que se alimentava da poluição de Tóquio para ficar mais forte. Os seguintes foram pelo mesmo caminho: em Godzilla vs Gigan (1972), Godzilla une forças com seu ex-inimigo Anguillas para enfrentar Ghidrah e seu novo aliado, Gigan; em Godzilla vs Megalon (1973), Gigan retorna com um novo aliado, Megalon, o deus protetor da cidade de Seatopia, que planeja conquistar o mundo, e devem ser impedidos por Godzilla e seu novo aliado, o robô JetJaguar; em Godzilla vs MechaGodzilla (1974), um clássico, e meu segundo favorito, uma raça alienígena constrói um Godzilla mecânico, que é enfrentado por Godzilla e Seesar, o deus protetor de Okinawa. MechaGodzilla é destruído, mas em O Terror de MechaGodzilla (1975) ele retorna, reconstruído pelos habitantes do Terceiro Planeta do Buraco Negro, e enviado com um aliado, Titanossauro, para destruir Godzilla. Como Godzilla triunfa novamente, os executivos da Toho decidiram dar a ele um descanso. E aí a série acabou.

Até 1984, quando a Toho decidiu produzir novos filmes. Desta vez, porém, eles queriam o Godzilla original, a máquina de destruição, não o Ultraman verde e radioativo. Este novo filme, conhecido internacionalmente como Godzilla 1985 (o ano de seu lançamento nos EUA), é uma continuação direta do primeiro, lá de 1954, e ignora completamente todos os demais. Este, aparentemente, é o mesmo Godzilla, que não morreu ao ser atingido pelo Destruidor de Oxigênio, e, após regenerar por um tempo, retorna com força total para se vingar de Tóquio. Ele é enganado pelos humanos, porém, e cai dentro de um vulcão, onde é aprisionado (pois, afinal de contas, é indestrutível).

Este terceira versão de Godzilla (sendo a primeira a original, e a segunda o herói) também fez muito sucesso, e gerou uma continuação meio tardia, Godzilla vs Biollante (1989). Godzilla consegue se livrar de sua prisão no vulcão, e decide se vingar por ter sido enganado. Em meio à sua vingança, porém, ele se depara com Biollante, uma rosa carnívora gigantesca, criada através da combinação de células de rosa e DNA de Godzilla, feita por um cientista que buscava uma fórmula para ressucitar sua filha. Godzilla destrói Biollante, arrasa Tóquio um pouquinho, e volta para o oceano.

Esta nova fórmula, de um Godzilla mau mas disposto a destruir monstros que ameacem o Japão aparentemente agradou (o que nos leva de volta à segunda versão. Esses japoneses são meio malucos mesmo), o que levou a Toho à decisão de refilmar vários de seus filmes antigos, mas com novos enredos: No novo Godzilla vs Ghidrah (1991), viajantes do tempo trazem Ghidrah do passado, e o colocam para lutar com Godzilla de propósito; em Godzilla vs Mothra (1992), Mothra e um novo monstro, Battra, estão lutando há séculos, e sua luta chega ao Japão bem durante um ataque de Godzilla; em Godzilla vs MechaGodzilla (1993), Mecha Godzilla é criado pela ONU (?) e não por alienígenas, para destruir Godzilla e Rodan (em sua primeira aparição nesta nova série) de uma vez por todas. Dois filmes inéditos se seguiram: Godzilla vs Space Godzilla, onde células de Godzilla são sugadas por um buraco negro e geram um novo monstro, que ataca Godzilla e o novo robô da ONU, Mogera; e Godzilla vs Destroyer, o último da série (mesmo) onde Godzilla enfrenta um monstro que nasceu do próprio Destruidor de Oxigênio. No final deste filme, Godzilla entra em massa crítica (afinal, ele é radioativo) e morre, de uma vez por todas.

A Toho estava decidida a acabar com a série, mas aí vieram os EUA e fizeram aquele fiasco, de 1998, sobre o qual não irei comentar (nem falarei sobre o desenho da Hanna-Barbera, sinto muito). Talvez ofendida, a Toho decidiu fazer um novo filme, fora de cronologia, Godzilla 2000, lançado em 1999 (talvez Godzilla 1999 não fosse um bom título...). Neste filme, que aparentemente se passa antes de Godzilla vs Destroyer, um estranho meteoro é encontrado, bem durante mais um dos usuais ataques de Godzilla. O meteoro se revela um alianígena, que começa a destruir Tóquio. Como Godzilla não gosta de concorrência, ele decide acabar com a festa do monstro, antes de retornar para o fundo do oceano.

Talvez no futuro tenhamos mais filmes de Godzilla, quem sabe. Após ser malvado, bonzinho, e malvado mas com um dever social, o futuro está em aberto para o Rei dos Monstros. Seja como for, a Engenharia Civil de Tóquio estará sempre disposta a reconstruir a cidade após uma visita de Godzilla. Pois, afinal, como disse Shinoda em sua última fala de Godzilla 2000, "Godzilla está dentro de cada um de nós".

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3 comentários:

  1. O lendário Godzilla. Pena que seus filmes são tão difíceis de achar, especialmente os antigos, que são os melhores, embora Godzilla contra Biolantte seja muito bom.

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  2. você so errou uma coisa Godzilla é um dinossauro não um lagarto.
    e no filme Godzilla vs kin ghidorah de 1991 ele não morreu ele se levantou e deu um rugido e os creditos começaram

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  3. excelente matéria sobre esse fantástico personagem da cultura pop, godzilla o rei dos monstros?

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