Sobre Filmes e Significados - O Que Importa Para Você?
Comédia romântica é um tipo de filme frequentemente tido como de segundo escalão, "água com açúcar", "filme de mulherzinha", e que por muito tempo eu tive vergonha de admitir que gosto muito. Hoje eu vou falar de duas das minhas comédias preferidas, para mostrar que esse tipo de filme, tão renegado, pode trazer histórias que mexem com a nossa vida, e podem trazer sentimentos intensos e até aprendizados sobre nós mesmos, basta um olhar diferente.
Não é pelo romance, não vou focar nisso, esqueçam essa parte porque é óbvia, mas porque, dos filmes que gostei, sempre consegui ter revelações ao me identificar com as personagens. E, pessoalmente, não entendo de técnica de cinema, então para mim o que vale é a mensagem e como me sinto ao ver os créditos finais passarem pela tela.
Begin Again
2013
Conta a história da britânica Greta (Keira Knightley), cantora e compositora talentosa, mas que não acredita muito no seu talento e meio que se anula à sombra do namorado, também cantor. Em uma viagem a New York acompanhando o namorado, que está começando a fazer sucesso, ela descobre que foi traída, o abandona e se pega sozinha em uma cidade estranha onde só tem um amigo. Então ela conhece Dan (Mark Ruffalo), um produtor musical decadente, que enxerga seu talento e a convida para gravar um disco. O filme é muito bom, o tipo de musical que eu gosto, com a sacada ótima de gravar as músicas na rua ao ar livre, além de eu adorar a Keira Knightley e o Mark Ruffalo. Mas o marcante para mim foi me identificar com a Greta e com o processo de descoberta de si mesma que o rompimento provocou, pois eu estava ali passando pelo mesmo processo. De sozinha e literalmente
Sim, esse momento foi uma epifania para mim, e a partir desse filme eu também comecei a "dar a volta por cima", e hoje nem sei como pude gostar tanto de um... bem deixa pra lá!
Leap Year
2010
Esse filme já seria por si só especial, por ser filmado na Irlanda, país que eu amo, e ver alguns dos cenários por onde passei me traz uma saudade deliciosa, mas não é só isso. Nele, a gente vê a história de Anna (Amy Adams), uma mulher que vive uma vida planejada nos mínimos detalhes, não gosta de surpresas, mudanças ou imprevistos. Ela tem o namorado perfeito, rico e bem sucedido, mas que parece estar "enrolando" e não faz um pedido de casamento que ela tanto esperava. Após a decepção, sabendo de uma antiga tradição de seus antepassados irlandeses, ela parte pra Dublin para encontrar o namorado, que está em viagem de trabalho, e pedi-lo em casamento no dia 29/02 – o leap day, que só ocorre em anos bissextos - já que, segundo a tradição, ele não poderia negar um pedido feito nesse dia. Acontece que nada sai como ela havia planejado, e por conta do mau tempo (Irlanda, né?) ela vai parar no interior da ilha, no meio do nada, onde conhece Declan (Matthew Goode), um irlandês grosseirão o qual contrata para levá-la a Dublin. Claro que previsivelmente eles se apaixonam, mas não foi isso que me conquistou na história. A mensagem que ficou para mim é que eu era como a Anna, planejei a minha vida nos mínimos detalhes, não gostava de mudanças e tinha medo de sair do "script". Ao final, ela descobre que conseguir tudo o que queria, não o que precisava, não a fez feliz. Comigo também nada saiu como planejado, e apesar de infelizmente não ter sido por causa de um bonitão irlandês (ai meu Deus, Matthew!), assim como ela, eu descobri que não planejar pode ser bom, e quando as coisas dão errado, às vezes, ou diria quase sempre, te levam ao lugar certo.
Você pode não ir aonde pretendia, mas provavelmente vai chegar aonde deveria estar, hoje eu sei lidar muito bem com mudanças, aliás adoro e sou muito feliz, só falta o irlandês.
Enfim, eu poderia continuar aqui falando de filmes assim por páginas e páginas, mas creio que o melhor é assistir, então vejam, tirem suas conclusões, e quem sabe voltem para o título desse texto: e aí, o que importa para você?
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