Atualmente, a Guerra dos Videogames tem três lados. Até há alguns anos, porém, apenas dois competidores se degladiavam pela supremacia no mercado de consoles: Nintendo e Sega. Fabricantes de respeito, como a Philips, Panasonic, Casio e Amiga, tentaram uma fatia do bolo, mas acabaram desistindo após apenas um console e poucos jogos. NEC e SNK chegaram a conseguir uma base sólida de fãs, mas nada que ameaçasse as gigantes do setor, e também acabaram desistindo depois de pouco tempo. Até a Sony lançar seu Playstation, não tinha pra ninguém: Nintendo e Sega reinavam soberanas, e seus fãs trocavam insultos e acusações ao defender seu sistema preferido.
De minha parte, eu sempre lutei no exército da Nintendo. Tirando o Atari 2600 e um Playstation, quando fui seduzido pelo novo exército inimigo, todos os meus videogames foram Nintendo. Jogos como Ninja Gaiden, Castlevania, Contra e principalmente Megaman fizeram com que eu optasse pelo NES e mais tarde pelo SNES, em detrimento dos consoles da Sega, dos quais eu achava os jogos muito coloridinhos e infantizinhos - curiosamente, a mesma crítica que a Nintendo vem sofrendo do Gamecube pra cá.
Ainda assim, a Sega produziu pelo menos um videogame que merece meu respeito, e que é o tema do post de hoje. Não, não é o Dreamcast, seu canto do cisne antes de abandonar os consoles e se dedicar exclusivamente à produção de games. Também não é o Saturn, que até tinha loads mais velozes que o Playstation, mas uma seleção de jogos não tão boa quanto seu concorrente. Master System? Fala sério. O tema de hoje é o Mega Drive.
Como eu já deixei implícito, eu nunca tive um Mega Drive. E também achava seus jogos coloridinhos demais se comparados com os do SNES. Como todo fã de videogames, porém, devo reconhecer que alguns dos títulos exclusivos do console de 16 bits da Sega eram muito divertidos - devendo Streets of Rage ser o mais clássico dos exemplos. Graças a amigos e a uma locadora que cobrava um Real por quinze minutos de jogo (e onde eu também jogava Neo Geo), pude jogar muito Mega Drive, e, mesmo tendo falado mal até não poder mais do Master, do Saturn e do Dreamcast, jamais falei mal do Mega Drive. Eu lutava pela Nintendo, mas o Mega Drive era um oponente que eu respeitava.
Falando nisso, é curioso notar que foi justamente com o Mega Drive que começou a então chamada console war, a escaramuça entre Sega e Nintendo que dominou praticamente toda a década de 1990. O Mega Drive foi criado para competir com o NES, o videogame de 8 bits da Nintendo, já que o Master System, o 8-bits da Sega, apesar de se tornar bastante popular na Europa, falhou miseravelmente no Japão e Estados Unidos, onde vendeu praticamente nada. Por outro lado, os executivos da Sega notaram que seus jogos de arcade de 16 bits eram um grande sucesso nesses mercados, e decidiram tentar transportá-los para o ambiente doméstico, criando um videogame também de 16 bits. Durante o projeto, este videogame se chamava MK-1601, mas após ser concluído foi rebatizado como Sega Mega Drive, um nome que, segundo a Sega do Japão, "refletia sua superioridade gráfica e velocidade de processamento". Esse foi o nome com o qual o console foi lançado na Europa, Ásia e Brasil; nos Estados Unidos, porém, o nome já estava registrado, e a Sega teve de mudá-lo para Sega Genesis.
Para processador de seu novo videogame, a Sega escolheu o Motorola 68000, na verdade um processador de 32 bits montado em um barramento de 16 bits. O processador de vídeo, com 512 cores, resolução de 256 x 224 e até 80 sprites e 2 planos de fundo simultaneamente na tela, era uma versão melhorada do processador do Master System, que por sua vez era uma versão modificada do TMS9918 da Texas Instruments. O som ficava a cargo de um processador Zilog Z80, que controlava dois outros chips, um Yamaha YM2612 FM para as músicas e um Texas Instruments SN76489 para os efeitos sonoros. Curiosamente, o Mega Drive tinha uma saída para headphones no próprio console, com volume e tudo, o que possibilitava ao jogador usar este recurso mesmo que sua televisão não o tivesse. Essa saída, aliás, tinha som estéreo, enquanto a saída que ia para a TV só tinha som mono.
Quanto à memória, o Mega Drive tinha um total de 144 Kb de RAM, sendo 64 Kb reservados à RAM principal, usada pelo Motorola 68000, 64 Kb reservados para o vídeo, 8 Kb reservados para o áudio e 8 Kb reservados para o Zilog Z80; além de uma ROM de 2 Kb, usada para dar o boot no sistema e checar se o cartucho de jogo conectado ao console era original. Os controles tinham um formato anatômico, um direcional digital, um botão start, e três botões de jogo, chamados A, B e C. Além dos conectores frontais para dois controles, o Mega Drive apresentava uma entrada traseira para um modem, que acabou sendo lançado exclusivamente no Japão, com o nome de MegaNet, e uma entrada lateral semelhante à entrada do cartucho, que ficava na parte de cima, reservada para futuros periféricos. A saída de áudio e vídeo utilizava um conector DIN na ponta que encaixava no console, e na outra podia ser um cabo RCA duplo (vídeo e som mono) ou um conector RF parecido com o do Atari (e de outros videogames da época, quando muitas televisões ainda não tinham entradas RCA).
Pouca gente sabe, mas o Mega Drive tinha compatibilidade reversa, rodando todos os jogos do Master System - exceto F-16 Fighting Falcon - e aceitando controles de Master System para jogá-los. Como o encaixe do cartucho do Mega Drive era menor que os cartuchos usados pelo Master System, a Sega lançou junto com o console um adaptador vendido separadamente, chamado no Japão de Mega Adapter, e nos Estados Unidos de Power Base Converter. O Mega Adapter é simplesmente um adaptador que se encaixa na entrada de cartuchos do Mega Drive e permite que cartuchos de Master System sejam conectados nele, não possuindo qualquer componente do Master System; a compatibilidade reversa é possível porque o Mega Drive já vinha com o processador do Master System, o Zilog Z80, seu chip de som, o Texas Instruments SN76489, e uma versão aprimorada de seu processador de vídeo. Quando um cartucho de Master System era conectado ao Mega Adapter, o Motorola 68000 era colocado em modo de espera, e o Zilog Z80 assumia como processador principal, deixando sua função de processador de som, e usando os 8 Kb de memória reservados a ele. Além da entrada para cartuchos, o Mega Adapter ainda tinha um encaixe para cartões - formato no qual alguns jogos de Master System foram lançados no Japão - e uma entrada para os óculos 3D, único periférico do Master System que não podia ser encaixado diretamente no Mega Drive.
O Mega Drive foi lançado no Japão em 29 de outubro de 1988, um ano depois do PC Engine (conhecido nos Estados Unidos como TurboGrafx-16) da NEC, o primeiro console de 16 bits do mercado. No início, ninguém quis saber muito do console, preferindo ainda o Famicom (o nome japonês do NES), que já tinha cinco anos de idade. Mesmo com uma agressiva campanha de marketing, o console vendeu menos que o esperado, ficando toda a era dos 16 bits em terceiro lugar, atrás do Super Famicom e do PC Engine.
Para que o console não tivesse a mesma sorte nos Estados Unidos, a Sega adotou uma campanha ainda mais agressiva, atacando a Nintendo diretamente - um dos mais famosos anúncios do Genesis dessa época é o "Genesis does what Nintendon't", que compara jogos similares de Mega Drive e de NES. A maioria das campanhas publicitárias japonesas dizia que o Mega Drive levava a experiência dos arcades para dentro de casa, mas como a Nintendo já tinha os direitos de conversão da maioria dos sucessos dos arcades, a Sega norte-americana decidiu adotar uma estratégia diferente, apostando em jogos licenciados por celebridades, como Michael Jackson's Moonwalker, Joe Montana Football e Mario Lemieux Hockey. Ainda assim, as vendas ficaram abaixo do esperado, e muitos culpavam um grande atraso no lançamento do console, previsto para ser lançado pela Atari no início de 1989, mas lançado pela própria Sega em 14 de agosto de 1989 depois que ela e a Atari não conseguiram chegar a um acordo quanto aos royalties.
A sorte da Sega começou a mudar no meio de 1990, quando Tom Kalinske substituiu Michael Katz na presidência da Sega norte-americana. Contratado pelo presidente da Sega japonesa, Hayao Nakayama, Kalinske adotou uma estratégia ousada: cortar o preço do videogame quase pela metade, e colocar o mais recente lançamento da Sega, Sonic the Hedgehog, como o jogo que acompanhava o console. Embora os diretores da Sega japonesa tenham achado que aquele americano maluco queria falir sua companhia, Nakayama pagou para ver, e não se arrependeu: as vendas aumentaram em progressão geométrica, e pesquisas mostraram que muitos jogadores que estavam economizando para comprar um Super Nintendo quando este fosse lançado nos Estados Unidos decidiram usar seu dinheiro para comprar um Sega Genesis. As vendas do Genesis aumentaram tanto que a NEC decidiu descontinuar seu TurboGrafx-16 poucos meses depois de lançá-lo, devido ao pouco interesse do público no console. Sonic rapidamente se tornou o mascote da Sega devido à sua popularidade e às críticas positivas que recebia de revistas especializadas. E o Genesis ainda ficou na frente do Super Nintendo em vendas e popularidade durante quase um ano após o lançamento do rival, já que tinha mais jogos no mercado. No Brasil, o Mega Drive foi o mais vendido durante toda a era dos 16 bits, chegando a ser responsável por 75% das vendas de consoles no país.
No Japão, porém, o Mega Drive continuou vendendo pouco. Para tentar reverter esse quadro, a Sega lançaria, em 1991, o primeiro acessório de respeito para o Mega Drive, o Mega-CD (conhecido nos Estados Unidos como Sega-CD). Com desenvolvimento secreto - ninguém na Sega japonesa sabia o que ele seria até a data do lançamento de seu protótipo na Tokyo Game Show, e a Sega norte-americana também só soube que a japonesa estava trabalhando nele após este lançamento - o Sega-CD foi pensado para contra-atacar a NEC, que havia lançado um drive de CD para o PC Engine, e para dar uma vantagem sobre a Nintendo, já que o Super Famicom só rodava cartuchos. Apesar de ter hardware próprio, separado do Mega Drive, o Sega-CD não trazia gráficos melhores ou maior velocidade de processamento; a maior vantagem dos CDs sobre os cartuchos era quanto à memória disponível para os jogos: enquanto os cartuchos da época só comportavam até 16 megabits de dados, um CD comportava 640 megabytes, ou 5.120 megabits, 320 vezes mais.
Mas este favorecimento da quantidade sobre a qualidade se mostrou desastroso: praticamente todos os jogos do Sega-CD eram cheios de vídeos, com músicas com qualidade de CD, mas muito poucas novidades em termos de gráficos se comparados aos jogos já existentes na época. Os jogadores norte-americanos se mostraram decepcionados com os títulos, muitos considerados inclusive inferiores aos disponíveis para Super Nintendo. Além disso, o Sega-CD é enorme, bem parecido com um CD player da época; encaixado na entrada lateral reservada a "futuros periféricos", ele ficava embaixo do Mega Drive, mas aumentava sua altura em umas três vezes, o que prejudicava quem já tinha um espaço próprio para o videogame na estante da televisão. A conclusão inevitável foi que o Sega-CD vendeu pouco, e hoje apenas um de seus jogos, não por acaso Sonic CD, é realmente lembrado como um clássico.
Além do Sega-CD, a Sega lançou vários outros acessórios para o Mega Drive. O primeiro foi a Menacer, uma pistola laser, que acompanhava um cartucho com seis jogos de tiro, mas podia ser usada com alguns outros títulos lançados posteriormente. O Sega Mega Mouse era um mouse semelhante ao de um computador, que também só funcionava com títulos próprios. O Sega Team Player era um adaptador que, conectado a uma saída de um dos controles, permitia que dois controles fossem ligados nela, o que possibilitou o lançamento de jogos, a maioria de esportes, para quatro jogadores. Mas o mais curioso foi o Sega Activator, um dispositivo octogonal que projetava raios infravermelhos para cima, e transmitia os movimentos do jogador, que ficava de pé em seu centro, para a tela.
Em 1993, para que os jogadores pudessem jogar o recém-lançado Street Fighter II: Special Champion Edition, a Sega lançou um novo modelo de controle, com mais três botões, X, Y e Z, aumentando o total para seis. Para que não fossem necessárias modificações no console, os controles de seis botões na verdade se valiam de um truque: apertar X era a mesma coisa que apertar A e B simultaneamente, Y era B e C, e Z era A e C. Dessa forma, era até possível, embora bastante complicado, jogar um game projetado para o controle de seis botões com um controle normal de três botões.
1993 também foi o ano de lançamento do Mega Drive II, um novo modelo redesenhado, menor e mais barato do Mega Drive, e que já vinha com dois controles de seis botões. Também lançado nos Estados Unidos, mas com o mesmo nome de Sega Genesis de seu antecessor, o Mega Drive II não tinha a saída para headphones, mas tinha som estéreo na conexão com a TV através de cabos RCA. Junto com o Mega Drive II, a Sega lançou o Sega-CD II, também menor e mais barato, desenhado para se encaixar na lateral do Mega Drive II, deixando-o apenas um pouco maior que um Mega Drive original, o que resolvia o problema do espaço na estante. O Sega-CD II também podia ser encaixado em um Mega Drive tradicional, mas para isso precisava de um adaptador, já que a abertura lateral do Mega Drive original era um pouco mais alta que a do Mega Drive II. Falando em adaptadores, o novo formato do Mega Drive II o tornava totalmente incompatível com o Mega Adapter, o que acabava com a compatibilidade reversa do videogame, e deu origem a um boato de que o Mega Drive II não podia rodar jogos de Master System porque não tinha um Zilog Z80. Na Europa, porém, onde os jogos de Master System ainda eram bastante populares, a Sega lançou um adaptador chamado Master System Converter, que permitia que o Mega Drive II rodasse jogos de Master System, demonstrando que os boatos da ausência do Z80 eram infundados.
No ano seguinte, a Sega lançaria mais um acessório famoso do Mega Drive, o Sega 32X. O 32X, porém, não seria concebido originalmente como um acessório, mas como um console: vendo que o Mega Drive continuava perdendo a guerra contra o Super Famicom no Japão, a Sega decidiu concentrar seus esforços em um videogame mais potente, de 32 bits. Segundo o projeto inicial, este videogame iria rodar cartuchos, mas, após alguma pesquisa, chegou-se à conclusão de que CDs seriam uma forma de armazenamento mais inteligente, tanto em relação ao custo quanto à capacidade. O projeto do videogame de 32 bits que rodava cartuchos foi abandonado, e a Sega começou a trabalhar no projeto de um videogame de 32 bits que rodasse CDs, que acabaria dando origem ao Sega Saturn.
Entretanto, um dos diretores de pesquisa e desenvolvimento da Sega japonesa, Hideki Sato, achava um desperdício abandonar o projeto desta forma, e pensou em lançar um novo modelo do Mega Drive, com um processador de 32 bits, capaz de rodar todos os jogos do Mega Drive original e mais alguns novos exclusivos. Joe Miller, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Sega norte-americana, gostou da idéia, mas imaginou que, àquela altura do campeonato, poucos jogadores que não tivessem um videogame iriam se interessar em comprar um Mega Drive, e os que já tinham um não iriam querer comprar outro só por causa de alguns jogos novos. Assim, ele convenceu a Sato a transformar o 32X em um acessório, que transformaria o Mega Drive em um videogame de 32 bits.
O Sega 32X possuía dois processadores SH2 RISC de 32 bits, maior capacidade de processamento de vídeo, que resultava em até 32.768 cores, e 2 Mb de RAM. Ele não funcionava sozinho, porém: precisava ser encaixado na entrada de cartuchos do Mega Drive, e ligado na tomada de forma independente. Cartuchos de Mega Drive podiam ser ligados no 32X normalmente, o que possibilitava que o jogador usasse os cartuchos que já tinha sem ter de ficar conectando e desconectando o acessório, mas o Mega Adapter não podia ser encaixado sobre o 32X, o que fazia com que alguém que tivesse ambos os acessórios e quisesse jogar jogos de Master System tivesse de retirar um acessório e conectar o outro. O 32X ainda tinha mais um problema de projeto: ele não encaixava direito no Mega Drive II, precisando de uma espécie de suporte plástico, e mesmo assim ficando meio bambo.
Além dos jogos em cartucho, o Sega 32X permitia jogos em CD, identificados como "Sega CD 32X", que exigiam que tanto o 32X quanto o Sega-CD estivessem conectados ao Mega Drive ao mesmo tempo. Poucas softhouses se animaram a fazer jogos deste tipo, porém, por acreditar que poucas pessoas se interessariam em comprar os dois acessórios. Por causa disso, somente cinco jogos foram lançados em CD para o 32X, sendo que um deles, Farenheit, possuía duas versões, uma para Sega-CD, outra para Sega CD 32X.
O Sega 32X vendeu pouquíssimo, e é até hoje considerado como um dos maiores fiascos da história dos videogames. As maiores razões para isso foram o fato de que muitos dos jogos tiveram seu desenvolvimento apressado para serem lançados antes do Natal de 1994, o que fez com que sua qualidade não fosse a esperada pelos jogadores - a versão 32X de Doom, por exemplo, tem sete fases a menos que a versão Super Nintendo, e seu som é considerado pior que o do concorrente. O 32X também teve um péssimo timing: foi lançado nos Estados Unidos no mesmo dia em que o Saturn foi lançado no Japão. Por causa disso, muitos jogadores preferiram esperar o lançamento do Saturn a gastar seu dinheiro com um 32X.
Ainda em 1994, a Sega faria uma nova tentativa de popularizar o Sega-CD lançando o Sega Multi-Mega (Genesis CDX nos Estados Unidos), que combinava Mega Drive, Sega-CD e CD player em um aparelho ainda menor que um Mega Drive II, e que podia ser alimentado por pilhas para ser usado como walkman - mas ainda precisava da tomada para ser usado como videogame. O Multi-Mega rodava todos os jogos do Mega Drive e do Sega-CD, mas não era compatível com o Mega Adapter. Em teoria, ele era compatível com o 32X, mas o encaixe forçava a entrada de cartuchos, e o tamanho do 32X impossibilitava que a tampa do CD player fosse aberta. Por causa disso, a Sega norte-americana desaconselhava o uso de 32X com o Genesis CDX. De maneira semelhante ao Multi-Mega, a Sega chegou a planejar um console que funcionasse como um Mega Drive com 32X integrado, batizado de Sega Neptune. Atrasos no projeto, porém, fizeram com que o protótipo só ficasse pronto quando o Saturn já havia sido lançado nos Estados Unidos. Imaginando que ele não venderia bem, a Sega o cancelou, e jamais iniciou sua produção.
Em 1995, a Sega lançaria uma versão portátil do Mega Drive, chamada Sega Nomad. Com uma tela de LCD colorida de 3,25 polegadas, o Nomad era a evolução de outro "portátil" lançado um ano antes, o Mega Jet, na verdade um controle de seis botões com um encaixe para cartuchos, originalmente criado pela Sega para que os passageiros da Japan Airlines pudessem jogar Mega Drive durante seus vôos. O Mega Jet chegou a ser lançado para uso doméstico no Japão, mas precisava ser ligado à televisão, diferentemente do Nomad, que tinha sua própria tela e podia ser levado para qualquer lugar - embora precisasse de seis pilhas AA para meia hora de jogo. O Nomad rodava todos os jogos do Mega Drive, mas como não tinha a entrada de expansão, e a entrada dos cartuchos era em formato diferente, não era compatível nem com o Sega CD, nem com o 32X, nem com o Mega Adapter.
A produção do Mega Drive foi oficialmente interrompida no final de 1995. Com o Mega-CD e o 32X vendendo menos que o esperado, o Mega Drive não conseguindo superar o Super Famicom e o PC Engine, e o Saturn vendendo mais que o Playstation, a Sega japonesa decidiu concentrar seus esforços no Saturn e em seus sucessores. Para o Japão, foi um movimento acertado, para os Estados Unidos, um desastre: pouco antes do Natal, a Sega norte-americana se viu sem novos títulos para o Genesis, e com poucos do Saturn em inglês à disposição. A Nintendo, claro, aproveitou, e o Super Nintendo e seus jogos bateram todos os recordes de venda de final de ano na história dos videogames. O Genesis continuaria tendo suporte da Sega, mas sem novos jogos, até o final de 1997, quando ele e todos os seus acessórios foram descontinuados.
Mas nem por isso o console morreu: ainda em 1997, a Sega norte-americana licenciou o Genesis para a Majesco, que começou a comercializar cartuchos encalhados a preços baixos, e lançou um novo modelo, chamado Genesis 3, em 1998. Ainda menor que o Mega Drive II, sem a entrada de expansão, e com a entrada de cartuchos levemente modificada, o Genesis 3 não era compatível nem com o Sega-CD, nem com o 32X, nem com o Mega Adapter, mas rodava cartuchos de qualquer região (americanos, japoneses ou europeus).
Assim como outros videogames que marcaram época, até hoje o Mega Drive possui uma base de fãs leal, principalmente na Europa e Brasil, com alguns programadores até desenvolvendo novos jogos, a maioria para rodar em emuladores. Aqui no Brasil, recentemente, a Tec Toy lançou o Mega Drive 3, que não tem entrada para cartuchos, mas já vem com 86 jogos gravados em uma memória interna. Se longevidade pode ser usada como sinônimo de qualidade, talvez essa seja a maior prova de que o Mega Drive não era um videogame tão ruim quanto a Sega japonesa imaginasse ter criado.
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