Ray Douglas Bradbury nasceu em Waukegan, Illinois, Estados Unidos, em 22 de agosto de 1920, filho de um funcionário da companhia telefônica com uma imigrante sueca. Em 1926, seu pai seria demitido, e a família teria que se mudar para Tucson, Arizona, onde ele tinha a promessa de um novo emprego, que jamais se concretizaria; ele ficaria desempregado até 1934, quando a família se mudaria para Los Angeles, onde ele conseguiria um emprego fabricando cabos telefônicos, o que permitiria à família alugar um pequeno apartamento em uma região pobre de Hollywood. O passatempo preferido do jovem Brtadbury na nova cidade era ir andando de patins até os estúdios de cinema, onde conheceria e ficaria de papo com o gênio dos efeitos especiais Ray Harryhausen e com o ator George Burns, que chegaria a comprar uma piada escrita por ele, que usaria em seu programa de rádio, Burns and Allen.
Por influência de uma tia, que lia contos para ele quando era criança, ainda quando morava em Waukegan, Bradbury sempre teve o sonho de se tornar escritor; ele passava a maior parte de seu tempo livre em bibliotecas, tendo como autores preferidos H.G. Wells, Júlio Verne e Edgar Allan Poe. Ele começaria a escrever suas próprias histórias aos 12 anos, de início tentando se enveredar pelo terror e imitar o estilo de Poe, passando aos poucos à ficção científica. Após ler O Comandante de Marte, de Edgar Rice Burroughs, ele ficaria tão empolgado que escreveria uma continuação para o livro. Durante a adolescência, ele também escreveria histórias estreladas por outro personagem de Burroughs, o Tarzan, e tinha o hábito de ouvir o programa de rádio Chandu the Magician, escrevendo em um caderno o roteiro de cada episódio de memória antes de dormir.
Na adolescência, Bradbury conheceria o escritor de ficção científica Bob Olsen, que morava em Beverly Hills, com quem trocaria ideias para novas histórias. Aos 16 anos, ele veria em uma livraria um anúncio da Los Angeles Science Fiction Society, e, empolgado por ter a oportunidade de conhecer outras pessoas que compartilhassem de seu interesse, se inscreveria e começaria a participar de reuniões semanais. Ao concluir a escola, ele conheceria outro autor de ficção científica com quem conversaria durante longos períodos de tempo, Robert A. Heinlein, e começaria a se interessar também por histórias de Arthur C. Clarke, Theodore Sturgeon e A.E. van Vogt. Quando Bradbury completou 18 anos, a Segunda Guerra Mundial estava começando, e o alistamento militar nos Estados Unidos era, na prática, obrigatório; ele seria dispensado, entretanto, após ser reprovado no teste oftalmológico.
Através da Los Angeles Science Fiction Society, Bradbury conheceria Forrest J. Ackerman, considerado um dos maiores experts em ficção científica na época, que publicava um fanzine chamado Imagination!, e decidiria comprar algumas de suas histórias para publicação. Em julho de 1939, Ackerman decidiria investir em Bradbury, e daria a ele dinheiro para que publicasse seu próprio fanzine, o Futuria Fantasia, e para que ele viajasse até Nova Iorque, do outro lado do país, para participar da primeira World Science Fiction Convention. Bradbury publicaria quatro edições do fanzine, mas a publicação seria mais cara do que ele poderia manter, o que faria com que ele desistisse da empreitada e aceitasse um convite do crítico Rob Wagner para escrever uma coluna sobre cinema para sua revista, a Script. Com esse trabalho, ele conheceria Laraine Day, que o convenceria a se juntar a sua equipe de teatro, onde ele trabalharia como ator e roteirista.
Bradbury ficaria com a companhia de Day durante dois anos, e lá conheceria Harry Hasse, também escritor de ficção científica, com quem co-escreveria, em 1941, Pendulum, sua primeira publicação profissional, comprada pela revista Super Science Stories por 15 dólares, para publicação em novembro daquele ano. O sucesso da história dentre os leitores faria com que a revista também comprasse o primeiro conto profissional solo de Bradbury, The Lake, e com que outras revistas, como a Amazing Stories, se interessassem por seu trabalho. Aos 24 anos, Bradbury já vendia tantas histórias que podia ser considerado um escritor profissional em tempo integral, e, aos 27, conseguiu publicar seu primeiro livro de contos, Dark Carnival, pela editora Arkham House, de August Derleth, amigo de Lovecraft, de quem pegaria o nome. O livro seria bem recebido pela crítica, que veria no autor potencial para se tornar um dos maiores do gênero.
Ainda em 1947, Bradbury ofereceria o conto Homecoming à famosa revista Weird Tales, que o rejeitaria; ele, então, decidiria oferecê-lo à revista feminina Mademoiselle, onde ele ficaria esquecido em uma grande pilha de contos enviados por diferentes autores até ser lido por um jovem editor assistente chamado Truman Capote. Capote gostaria tanto da história que convenceria a editora Betsy Blackwell a publicá-lo, mesmo não sendo do estilo que a revista normalmente apresentava a suas leitoras. E Capote estava certo: Homecoming faria um gigantesco sucesso, ganharia o O. Henry Award de Melhor Conto naquele ano, e a revista receberia cartas até mesmo de homens o elogiando. Bradbury moraria com os pais até receber o prêmio, aos 27 anos, quando decidiria se casar com Marguerite McClure, sua primeira e única namorada; os dois permaneceriam casados até a morte dela, em 2003, e teriam quatro filhas. Harryhausen seria seu padrinho de casamento.
Bradbury era amigo pessoal de Charles Addams, e Homecoming era estrelado pela Família Elliott, que, de certa forma, lembra a Família Addams; Addams ilustraria a publicação de Homecoming na Mademoiselle, e, conforme Bradbury escrevia mais histórias dos Elliotts, os dois traçariam planos de publicar um livro que contasse a história completa da família, com texto de Bradbury e arte de Addams. Esse projeto jamais se concretizaria, segundo Bradbury, simplesmente porque cada um seguiria um caminho diferente na vida, mas, em 2001, Bradbury reuniria todas as histórias dos Elliotts que já havia escrito e lançaria a coletânea From the Dust Returned, com as ilustrações que Addams havia feito para Homecoming.
Em 1949, Bradbury estava passando por uma entressafra, oferecendo seus contos para várias revistas sem que nenhuma quisesse comprá-las. Ele então decidiria pegar um ônibus para Nova Iorque e se hospedar na Associação Cristã de Moços, pagando 50 cents por dia como aluguel. Um dia, ele conseguiria marcar um jantar com o editor-chefe da editora Doubleday, que, por coincidência, se chamava Walter Bradbury. Nesse jantar, ele reclamaria que todo mundo a quem ele oferecia seus contos perguntava se ele não tinha um romance para oferecer, ao que ele respondia que não. O editor, então, perguntou se ele não podia pegar vários contos, amarrar todos como se fossem uma única história, e colocar o nome de, sei lá, Crônicas Marcianas. Bradbury adoraria a ideia, e perguntaria se a Doubleday estaria disposta a publicar o livro se ele fizesse isso.
Assim surgiria As Crônicas Marcianas, primeiro romance de Bradbury, publicado em 1950 pela Doubleday, composto por 13 contos ambientados em marte já publicados, ligeiramente editados, e outros 13 totalmente inéditos, além de trechos especialmente escritos para ligar uns aos outros. O livro cobre 27 anos de exploração humana do planeta Marte, dividido em três partes, cada uma das duas primeira terminando com um evento cataclísmico. Originalmente, o espaço de tempo coberto ia de 1999 a 2026, mas, em 1997, as datas seriam mudadas para de 2030 a 2057. O livro seria um sucesso de público e crítica, e hoje é considerado um dos melhores da ficção científica da década de 1950.
Em fevereiro de 1951, Bradbury conseguiria publicar o conto The Fireman, de 25 mil palavras, na revista Galaxy Science Fiction. O editor da Ballantine Books, Stanley Kaufmann, gostaria tanto da história que perguntaria se Bradbury tinha interesse em expandi-lo para poder publicá-lo em formato de livro. Como não tinha uma máquina de escrever em casa, Bradbury escrevia em um local que as alugava por 10 centavos a hora, e seria nesse mesmo local que ele escreveria um dos maiores clássicos da ficção científica de todos os tempos: Fahrenheit 451. Inspirado pela queima de livros que ocorreu na Alemanha Nazista e pela repressão ideológica na União Soviética, em meio ao fantasma do comunismo e no auge do McCarthismo, Bradbury tiraria o título do livro de uma palestra que assistiu anos antes, durante a qual um capitão dos bombeiros diria que a temperatura na qual o papel entra em combustão é a de 451 graus Fahrenheit (aproximadamente 233 graus Celsius).
Fahrenheit 451 seria publicado pela Ballantine Books em outubro de 1953, e Hugh Hefner gostaria tanto da história que pagaria a Bradbury para que ele fosse publicado na revista Playboy em três partes, em março, abril e maio de 1954. A história é ambientada em um futuro distante, no qual todos os livros foram banidos, e os bombeiros, ao invés de apagar incêndios, têm como principal atribuição queimar livros que sejam descobertos pela polícia com subversivos que tentam preservá-los (o que advém de um trocadilho, já que fireman, "bombeiro" em inglês, tem o significado literal de "homem do fogo"). O protagonista é um bombeiro, Guy Montag, que passa a questionar seu papel na sociedade após um evento inesperado, e decide se rebelar e passar a preservar os livros ao invés de queimá-los.
O livro seria um sucesso de crítica, e é hoje considerado um dos maiores da ficção científica de todos os tempos, mas na época foi um sucesso moderado de vendas, sendo censurado em várias escolas dos Estados Unidos por ser considerado subversivo, e proibido na África do Sul porque o governo achou que era uma crítica ao apartheid. Fahrenheit 451 ganharia o American Academy of Arts and Letters na categoria literatura, e sua versão em audiolivro, lida pelo próprio Bradbury, lançada em 1976, seria indicada ao Grammy na categoria Melhor Performance em Obra Falada. Dez anos antes, em 1966, ele seria adaptado para um filme, dirigido por François Truffault, estrelando Oskar Werner como Montag e Julie Christie como Clarisse, personagem inspirada pela vizinha de Montag no livro, mas com participação muito maior no filme. O filme tem muitas diferenças em relação ao livro, seria um fracasso de público, e foi considerado "morno" (sem trocadilho) e "confuso" pela crítica; com o tempo, porém, ele se tornaria cult, e hoje é mais conhecido que o livro.
Apesar de ser considerado um dos maiores autores de ficção científica de todos os tempos, Bradbury sempre rejeitou esse rótulo, e costumava dizer que Fahrenheit 451 foi a única história de ficção científica que escreveu na vida. Segundo ele, a ficção científica era a "arte do possível", ou seja, uma história só poderia ser considerada ficção científica caso o que estivesse descrito nela fosse possível de acontecer na vida real. Seguindo essa descrição, suas outras histórias não seriam ficção científica, e sim fantasia, que era a "representação do irreal", algo que não tinha chance de acontecer na vida real. Ele também considerava a ciência um "elemento incidental" de suas histórias, e dizia não ter nenhum interesse no desenvolvimento da ciência, apenas querendo usá-la como forma de comentário social. Uma de suas frases mais famosas seria "as pessoas pedem para que eu preveja o futuro, quando tudo o que eu quero é evitar que ele aconteça".
Bradbury seria um forte apoiador das bibliotecas, pois, segundo ele, havia sido criado por elas e se formado nelas, já que nunca frequentou uma universidade; ao longo da vida, ele arrecadaria dinheiro para evitar o fechamento de várias bibliotecas na Califórnia. Além de pelas bibliotecas, ele teria amor pelo teatro, sendo diretor da Pandemonium Theatre Company de Los Angeles durante muitos anos, e contribuindo financeiramente com vários teatros que se encontravam em dificuldades. Ele também seria conhecido por ser um entusiasta do avanço tecnológico, incentivando as pessoas a usarem computadores e outras invenções que considerava importantes; apesar disso, ele era contra a disponibilização de suas obras em formato digital, considerando que era importante para as pessoas as lerem no papel.
Bradbury também criaria uma versão ficcionalizada de Waukegan, chamada Green Town, na qual a maioria de suas histórias seria ambientada, com muitas delas sendo consideradas autobiográficas, exceto pelos elementos fantásticos. O primeiro conto ambientado em Green Town seria Dandelion Wine, publicado em junho de 1953 na revista Gourmet, e que mais tarde daria origem a um livro também chamado Dandelion Wine, publicado em 1957 pela Doubleday. Dandelion, em inglês, é a planta dente-de-leão, que realmente é usada para fazer uma bebida alcoólica a base de frutas cítricas; em português, o livro seria lançado com o título Licor de Dente-de-Leão. Esse título vem do fato de que o avô do protagonista, o menino Douglas, é produtor desse licor, e ele serve como metáfora para as alegrias que Douglas vive ao passar o verão com os avós. Assim como As Crônicas Marcianas, Licor de Dente-de-Leão era a reunião de 27 histórias ambientadas em Green Town, mas, dessa vez, mais da metade delas era inédita.
O livro seguinte de Bradbury, Algo Sinistro Vem Por Aí, seria publicado em 1962, pela Simon & Schuster. Combinando elementos de fantasia e horror, o livro é inspirado em um evento real da infância de Bradbury, quando ele assistiu em uma feira um homem chamado Sr. Elétrico ser eletrocutado e sobreviver, em seguida encostando um bastão energizado no ombro de Bradbury e dizendo "viva para sempre". O protagonista da história acompanha o menino Will, e o vilão é o Sr. Dark, diretor de uma feira itinerante que tem o poder de realizar os desejos mais obscuros das pessoas, o que faz com os moradores de Green Town quando a feira passa por lá. Assim como Fahrenheit 451, o livro conta uma história contínua, não sendo uma reunião de contos. Algo Sinistro Vem Por Aí seria citado como influência por Stephen King e Neil Gaiman.
Dez anos depois, em 1972, seria a vez de A Árvore de Halloween, lançado pela editora Alfred A. Knopf, no qual um grupo de amigos sai pela rua pedindo doces no Dia das Bruxas, até descobrir que um deles foi sequestrado por uma entidade misteriosa, o que fará com que eles tenham de passar por uma jornada pelo tempo, passando pelo Antigo Egito, pela Grécia Antiga, pelo Império Romano, pela época dos druidas celtas, pela França medieval e pela celebração do Dia dos Mortos no México. Bradbury começaria a escrever a história como roteiro para um desenho animado da Hanna-Barbera criado pelo animador Chuck Jones, transformando-a em um livro após o projeto ser cancelado. Em 1993, a Hanna-Barbera decidiria fazer um longa animado para a televisão inspirado no livro, com Bradbury escrevendo o roteiro e atuando como narrador; exibido pela ABC, o desenho renderia a Bradbury um Emmy de Melhor Roteiro para um Programa Animado, sendo indicado também ao de Melhor Programa Animado (perdendo para Os Anjinhos, da Nickelodeon).
Em 1985, Bradbury lançaria, mais uma vez pela Knopf, A Morte é um Negócio Solitário, que muitos consideram autobiográfico. Ambientado em 1949 na cidade de Venice, Califórnia, na qual o autor morou entre 1942 e 1950, e que na época era considerada decadente, o livro é narrado em primeira pessoa por um narrador sem nome, que é um escritor de vida modesta e temperamento sensível, que tem uma namorada que foi morar na Cidade do México para estudar lá. Quando uma série de crimes misteriosos começa a acontecer na cidade, o escritor se alia ao detetive Elmo Crumley para tentar desvendá-los.
O livro seguinte de Bradbury, Cemitério de Lunáticos, publicado em 1990 também pela Knopf, seria uma sequência de A Morte é um Negócio Solitário, ambientada em 1954, na qual o narrador decide tentar uma carreira de roteirista em Hollywood. Mais uma vez, o livro é autobiográfico, baseado nas experiências que Bradbury teve tanto na época em que visitava os estúdios com frequência quanto na de sua carreira como roteirista de cinema, televisão e teatro. O estúdio no qual o narrador trabalha compartilha uma parede com o muro de um cemitério, o que pouca gente sabe, mas ocorre na vida real entre os Paramount Studios e o Hollywood Forever Cemetery; a maior parte da ação do livro ocorre nesses dois ambientes. Um dos personagens do livro é o animador de stop motion Roy Holdstrom, claramente inspirado em Ray Harrihausen, e outro, o diretor Fritz Wong, é um amálgama do diretor alemão Fritz Lang com o diretor de fotografia chinês James Wong Howe. Existe também um personagem, o adolescente caça-autógrafos Clarence, que muitos acreditam ser também autobiográfico, com o narrador representando o Bradbury adulto e Clarence o Bradbury adolescente.
A trilogia se fecharia com Vamos Todos Matar Constance, publicado em 2002 pela William Morrow e ambientado em 1960, no qual o narrador recebe da atriz Constance Rattigan, que já foi famosa mas agora está sendo preterida por sua idade, duas listas de pessoas marcadas para morrer. Ele decide chamar Crumley e visitar as pessoas das listas, mas logo eles percebem que elas morrem em circunstâncias misteriosas pouco após receber a visita da dupla. A principal suspeita é Constance, mas seu nome é o último da segunda lista, o que faz o narrador desconfiar que o assassino é alguém querendo incriminá-la antes de matá-la. O livro possui uma curiosa referência a Fahrenheit 451, com um dos personagens cogitando usar livros para começar um incêndio.
Dez anos antes, em 1992, seria lançado pela Knopf Green Shadows, White Whale, um relato ficcionalizado de um período de mais ou menos um ano, entre 1953 e 1954, no qual Bradbury morou na Irlanda, para escrever o roteiro do filme Moby Dick, de 1956, dirigido por John Huston. Bradbury diria ter ficado com vontade de escrever o livro após ler uma crônica que a atriz Katharine Hepburn escreveu sobre as filmagens de The African Queen, protagonizado por ela e também dirigido por Huston, lançado em 1951. O título do livro ("sombras cinza, baleia branca") é um trocadilho com White Hunter, Black Heart ("caçador branco, coração negro"), de Peter Viertel, que é um relato ficcionalizado das filmagens de The African Queen, e que se tornaria um filme com Clint Eastwood em 1990 (lançado aqui no Brasil com o título de Coração de Caçador). Mais uma vez, Green Shadows, White Whale é uma reunião de vários contos, alguns previamente publicados, sobre o período em que Bradbury morou na Irlanda, outros inéditos, interligados por uma história, também inédita, na qual um narrador mais uma vez sem nome viaja a Dublin para co-produzir um filme dirigido por um homem identificado apenas como John. O livro dividiria a crítica mesmo, com alguns o considerando a obra-prima de Bradbury, outros achando que é o romance mais fraco do autor.
O último romance que Bradbury escreveria seria Farewell Summer, lançado pela Morrow em 2006, uma continuação de Licor de Dente-de-Leão; durante um verão excepcionalmente quente, os mais jovens e os mais velhos de Green Town entram em conflito, enquanto Douglas, entrando na adolescência, descobre sua sexualidade. O livro começaria como um conto, também chamado Farewell Summer, que Bradbury começaria a escrever na década de 1950, mas somente terminaria no início dos anos 2000. Ele se empolgaria e escreveria um texto tão longo que a Morrow sugeriria que ele publicasse apenas as primeiras 90 mil palavras, deixando o restante para um livro futuro - que ainda não foi publicado.
Entre um romance e outro, Bradbury escreveria literalmente centenas de contos, publicados em várias revistas e reunidos em 36 coletâneas, lançadas entre 1947 e 2010. As mais famosas seriam The October Country, publicada em 1955, I Sing the Body Electric!, de 1969, Summer Morning, Summer Night, de 2008, com contos que atuavam como uma continuação de Licor de Dente-de-Leão, e O Homem Ilustrado, de 1951, que traria uma das mais famosas histórias de Bradbury, O Mundo Feito Pelas Crianças, adaptado para uma peça de teatro em 1988, e que, em 1969, seria adaptado para um filme dirigido por Jack Smight (chamado, no Brasil, Uma Sombra Passou Por Aqui), com Rod Steiger no papel de um homem que tem o corpo quase que totalmente tatuado, que se encontra por acaso na estrada com um viajante; cada tatuagem, ao ser olhada fixamente pelo viajante, revela uma história que corresponde a um dos contos do livro.
Ao longo da vida, Bradbury escreveria 10 romances, 9 peças de teatro e mais de 600 contos, que seriam traduzidos para 36 idiomas. Ele sofreria um derrame em 1999, que o deixaria parcialmente dependente de uma cadeira de rodas, mas ainda seria presença frequente em convenções e eventos de ficção científica até 2009, quando decidiria se aposentar; não aguentaria ficar parado, porém, e continuaria escrevendo, incluindo uma crônica para a revista New Yorker sobre sua inspiração para escrever, que seria publicada uma semana após sua morte. Ele faleceria em 5 de junho de 2012, aos 91 anos, em sua casa em Los Angeles. Sua extensa biblioteca pessoal seria integralmente doada para a Biblioteca Pública de Waukegan.
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