domingo, 16 de outubro de 2022

Escrito por em 16.10.22 com 0 comentários

Paralimpíadas

Já faz muito tempo, mas muito mesmo, coisa de dez anos, que eu penso em fazer uma série sobre as Paralimpíadas, no mesmo estilo das que eu fiz sobre as Olimpíadas ou sobre os World Games. Sempre acabo desistindo porque, enquanto as histórias das Olimpíadas, mesmo lá das primeiras edições, são muito bem documentadas, as Paralimpíadas não gozam da mesma sorte - principalmente das primeiras edições, entre 1960 e 1984, praticamente as únicas informações fáceis de serem encontradas são os nomes dos medalhistas, e uma série de posts simplesmente sobre quem ganhou o quê não me parece que teria tanta graça. Esse ano, depois que eu comecei a fazer os posts sobre torneios multiesportivos, achei que poderia tentar fazer um igual sobre as Paralimpíadas, e essa tentativa resultou nesse post aqui. Assim, hoje, depois de anos de tentativas, finalmente é dia de Paralimpíadas no átomo!


A história das Paralimpíadas não começa com o Comitê Paralímpico Internacional, que, acreditem ou não, é bem recente, e sim com o Dr. Ludwig Guttmann, um judeu alemão que fugiu para a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial e foi pioneiro no uso do esporte como ferramenta para reabilitação de soldados que voltavam da guerra com deficiências físicas. A especialidade do Dr. Guttmann era o trabalho com cadeirantes, e, em 1948, ele decidiria criar um torneio esportivo para que esses novos atletas pudessem competir uns contra os outros. Esse torneio seria realizado na cidade de Stoke Mandeville, na Inglaterra, e começaria no exato mesmo dia que as Olimpíadas de 1948, que estavam ocorrendo em Londres. O Dr. Guttmann quis chamar seu evento de Paraplegic Games ("jogos paraplégicos"), mas ele acabou tendo o nome oficial de International Wheelchair Games (os Jogos Internacionais em Cadeiras de Rodas), e ganharia o apelido de Jogos de Stoke Mandeville, que acabaria pegando e sendo usado como oficial até 1995.

Os Jogos de Stoke Mandeville, aliás, ainda existem, e, desde 2009, são organizados a cada dois anos, sempre nos anos ímpares, por uma entidade chamada IWAS (da sigla em inglês para Esportes Internacionais para Cadeiras de Rodas e Amputados), com o nome oficial de IWAS World Games - até 1995, eles eram organizados pela Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, ou ISMGF. Diferentemente do que ocorre com as Paralimpíadas, porém, que tentam incluir atletas com as mais variadas deficiências, os IWAS World Games são exclusivos para os cadeirantes. Por ter sido a primeira cidade na qual o torneio foi disputado, e sua única sede até 1995 (a partir de 1997 cada edição passou a ser disputada em uma cidade diferente, com o Rio de Janeiro tendo sediado os então chamados World Wheelchair and Amputee Games em 2005), a cidade de Stoke Mandeville tem para o Movimento Paralímpico a mesma importância que a Grécia tem para o Movimento Olímpico.

A primeira edição das Paralimpíadas seria realizada em 1960, na cidade de Roma, Itália. Na época, os Jogos de Stoke Mandeville eram realizados anualmente, e tinham grande dificuldade para atrair atletas de fora da Europa (sendo Israel o único país não-europeu que enviava atletas regularmente). Para a edição de 1960, então, a ISMGF faria um acordo com o comitê organizador local das Olimpíadas de 1960, para que os Jogos de Stoke Mandeville pudessem utilizar as mesmas instalações esportivas das Olimpíadas. Vejam bem, foi um acordo com o comitê organizador local, não com o COI, e o nome Paralimpíada sequer seria usado; o nome oficial do evento ainda seria Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville, e todas as regras, em relação a quais esportes constariam do programa e quais atletas poderiam participar, seriam as da ISMGF. A intenção era simplesmente usar o evento como vitrine para que mais atletas de fora da Europa se interessassem em competir em Stoke Mandeville em 1961, o que, inclusive, não deu certo.

A para todos os efeitos primeira edição das Paralimpíadas começou exatamente uma semana após o fim das Olimpíadas, em 18 de setembro, e se encerrou no dia 25, exatamente uma semana depois. Como oficialmente era uma edição dos Jogos de Stoke Mandeville, todos os esportes de 1960 eram voltados para cadeirantes. O programa contaria com 57 provas de 8 esportes: atletismo, basquete em cadeira de rodas, dartchery, esgrima em cadeira de rodas, natação, sinuca, tênis de mesa e tiro com arco - para quem não leu meu post sobre dardos, o dartchery era idêntico ao tiro com arco, exceto pelo alvo que os atletas tinham de atingir, que era o mesmo usado no jogo de dardos; vale citar também que todas as provas do atletismo eram de arremesso, sem nenhuma de salto (obviamente, já que todos os atletas eram cadeirantes) nem de corrida. Cerca de 400 atletas participaram, vindo de 18 países, 13 deles europeus; os outros cinco foram Argentina, Austrália, Estados Unidos, Israel e Rodésia. A Itália anfitriã ficaria com o topo do quadro de medalhas, seguida do Reino Unido, Alemanha Ocidental, Áustria e Estados Unidos. Ao todo, 17 dos 18 países ganharam medalhas, sendo que 15 ganharam pelo menos uma de ouro - o coitado que ficou sem nada foi a Suécia, que enviou apenas 3 atletas.

Para a ISMGF, um dos motivos pelos quais a estratégia para atrair mais atletas de fora da Europa não daria certo seria que a edição de 1960 também seria realizada na Europa - fora da Inglaterra, mas ainda assim na Europa. Como a edição seguinte das Olimpíadas, em 1964, seria realizada fora da Europa - no caso, em Tóquio, no Japão - ela decidiria tentar novamente, fazendo outra vez um acordo com o comitê organizador local para usar as mesmas instalações das Olimpíadas. Dessa vez daria mais certo, com mais atletas de fora da Europa competindo nos Jogos de Stoke Mandeville de 1965. Embora, mais uma vez, o nome oficial do evento fosse Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville, a edição de 1964 seria a primeira na qual seria usada a expressão Jogos Paralímpicos, em cartazes e pôsteres espalhados pela cidade e no logotipo oficial do evento, que dizia apenas "Paralympic Tokyo 1964"; quem inventou essa expressão, assim como o porquê de ela ter sido usada, infelizmente se perdeu com o tempo.

A segunda edição das Paralimpíadas começaria dia 8 de novembro, 15 dias depois da Cerimônia de Encerramento das Olimpíadas, e terminaria em 12 de novembro, apenas quatro dias depois, porque os organizadores não conseguiriam reservar os locais de competição por mais tempo. Mais uma vez, todos os esportes eram exclusivos para cadeirantes; o número de provas mais que dobraria, para 144, e o número de esportes passaria para 9 com a adição do levantamento de peso - e, pela primeira vez, o atletismo teria uma prova de corrida, os 60 m em cadeira de rodas. Apesar do aumento no número de provas, o número de atletas diminuiria, para 375, mas o número de países representados aumentaria para 21, e todos os três novos (Fiji, África do Sul e Japão) seriam de fora da Europa. O topo do quadro de medalhas ficaria com os Estados Unidos, bem à frente do segundo colocado, mais uma vez o Reino Unido, com Itália, Austrália e Rodésia fechando o Top 5; o Japão anfitrião terminaria na 13a colocação. Ao todo, 17 países ganhariam pelo menos uma medalha - incluindo a Suécia, que ganharia um bronze - sendo que 14 deles ganhariam pelo menos um ouro.

A edição seguinte das Olimpíadas, em 1968, seria realizada no México, que, diferentemente da Itália e do Japão, não aceitou fazer acordo com a ISMGF. Quando ficou sabendo, o Comitê Olímpico de Israel, que, como foi dito, era o país de fora da Europa que mais apoiava o evento, entrou em contato com a ISMGF e ofereceu Tel Aviv como sede. Assim, a terceira edição das Paralimpíadas (que, oficialmente, ainda era a 17a edição dos Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville, com o nome Jogos Paralímpicos não sendo visto em lugar nenhum) seria realizada na capital israelense entre 4 e 13 de novembro - começando nove dias após as Olimpíadas, que aconteceram do outro lado do mundo. Mais uma vez, todas as 181 provas foram exclusivas para cadeirantes; o número de esportes aumentou para 10, com a inclusão dos lawn bowls. 750 atletas competiriam, representando 28 nações. Os Estados Unidos mais uma vez seriam os que ganhariam mais medalhas, e o Reino Unido mais uma vez seria o segundo colocado, mas dessa vez mais próximo; Israel viria na terceira posição, e Austrália e França fechariam o Top 5.

Em 1972, as Olimpíadas seriam disputadas em Munique, na Alemanha Ocidental. O governo alemão aceitaria fazer um acordo com a ISMGF, mas com duas novidades: primeiro, a Paralimpíada não seria realizada em Munique, e sim em Heidelberg, a 343 km de distância; segundo, pela primeira vez a Paralimpíada seria realizada antes da Olimpíada, com os Jogos Olímpicos começando 15 dias depois dos Jogos Paralímpicos - que, mais uma vez, não viram esse nome escrito em lugar nenhum, sendo oficialmente chamados de 21a edição dos Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville, mas, no material em alemão do evento, sendo chamados de Weltspiele der Gelähmten, os Jogos Mundiais dos Paralisados. Seja como for, a quarta edição das Paralimpíadas seria realizada entre 2 e 11 de agosto, e contaria com 187 provas de 10 esportes, os mesmos da edição anterior. Essa seria a primeira edição em que nem todos os esportes seriam exclusivos de cadeirantes, contando também com a presença de deficientes visuais, mas sem que suas provas valessem medalhas; isso faria com que essa também fosse a primeira edição a incluir um esporte de demonstração, o golbol, esporte coletivo para cegos muito popular na Alemanha da época, que teve um torneio masculino incluído a pedido do comitê organizador local - a outra prova para deficientes visuais seria uma corrida de 100 m, parte do programa do atletismo. A Alemanha Ocidental se prepararia bem para o evento, e conquistaria o topo do quadro de medalhas, seguida dos Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul e Holanda. Ao todo, competiriam em Heidelberg 1004 atletas de 41 países, incluindo, pela primeira vez, o Brasil, que enviaria 7 homens e uma mulher, sem obter resultados expressivos.

Para a edição seguinte, em 1976, aconteceria algo semelhante a 1972: as Olimpíadas de 1976 seriam disputadas em Montreal, no Canadá, que aceitou fazer um acordo com a ISMGF, mas nos mesmos moldes do que a Alemanha tinha feito; assim, as Paralimpíadas de 1976 seriam disputadas ainda no Canadá, mas na cidade de Toronto. Essa seria a primeira edição na qual não seria usado o nome Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville para o evento (nem entraria na contagem, com a de 1975 sendo a 24a edição e a de 1977 sendo a 25a), embora também não fosse usado o nome Jogos Paralímpicos, e sim "Olimpíada para os Deficientes Físicos" - no material oficial, incluindo as transmissões pela TV, o evento também seria chamado de "Torontolimpíada". Aliás, essa também seria a primeira edição das Paralimpíadas a ter provas transmitidas ao vivo pela televisão, embora apenas para a província de Ontário, onde está localizada Toronto.

As Paralimpíadas de 1976 seriam marcadas por uma controvérsia: desde 1962, a África do Sul, devido à política do apartheid, estava banida de todas as competições esportivas, exceto dos Jogos de Stoke Mandeville, dos quais continuava participando normalmente. Pouco antes do início das Olimpíadas de 1976, o Congo exigiu que o COI impedisse a Nova Zelândia de participar, pois seu time de rugby havia viajado até a África do Sul para jogar um amistoso; o COI não aceitou o argumento e manteve a Nova Zelândia nos Jogos, o que resultou em um boicote de 28 nações, sendo 26 africanas, mais o Iraque e Gana. Esse boicote levaria a várias reações em relação às Paralimpíadas, que iam do medo de um boicote semelhante ao questionamento por parte da imprensa canadense sobre por que a África do Sul não era proibida de disputar também as Paralimpíadas. O Dr. Guttmann, na época presidente da ISMGF, se reuniria com presidentes de diversos comitês olímpicos nacionais, e até mesmo com o governo canadense, a fim de chegar a uma solução satisfatória para a questão. O governo canadense não se opôs à participação dos atletas sul-africanos, mas, assim como ocorreu com as Olimpíadas, um grupo de 25 nações africanas considerou sua participação inaceitável, e boicotou as Paralimpíadas.

Os Jogos Paralímpicos de 1976 seriam realizados entre 4 e 12 de agosto, começando apenas três dias após a cerimônia de encerramento das Olimpíadas. Contariam com a participação de 1657 atletas de 41 países, que competiriam em 447 provas de 14 esportes - os quatro novos foram o golbol, o tiro esportivo, o vôlei de pé e o vôlei sentado. Pela primeira vez na história das Paralimpíadas, atletas amputados e deficientes visuais tiveram suas próprias provas, que também valeram medalhas, pondo fim à exclusividade dos cadeirantes para o evento. O topo do quadro de medalhas voltaria a ser dos Estados Unidos, seguidos da Holanda, Israel, Alemanha Ocidental e Reino Unido; o Canadá anfitrião ficaria em sexto. O Brasil enviaria 23 atletas e terminaria na 32a posição, conquistando sua primeira medalha, uma prata nas duplas WH dos lawn bowls, com Robson Almeida e Luis Carlos Costa.

Em 1980, as Olimpíadas ocorreriam em Moscou. A União Soviética jamais havia participado de nenhuma edição dos Jogos de Stoke Mandeville, mas, mesmo assim, a ISMGF enviaria uma carta perguntando se eles estariam dispostos a sediar uma edição do evento. A carta que a ISMGF recebeu em resposta é tida até hoje como uma grande anedota, pois o Ministério do Esporte soviético simplesmente respondeu que não existiam pessoas com deficiência na União Soviética, e, por isso, era impossível que fossem praticados esportes voltados para atletas com deficiências, inviabilizando a realização de qualquer torneio desse tipo naquele país. Diante dessa resposta pitoresca, a ISMGF procurou a Holanda, segundo lugar no quadro de medalhas em 1976, e perguntou se eles estariam dispostos a sediar a edição de 1980. Os holandeses aceitaram, e a sexta edição das Paralimpíadas, que, no material oficial, era chamadas, em inglês, de "Olimpiadas para Deficientes", e, em holandês, de Paralympische Zomerspelen ("Jogos de Verão Paralímpicos"), ocorreriam na cidade de Arnhem, entre 21 e 30 de junho, na segunda vez em que uma Paralimpíada foi realizada antes da Olimpíada do mesmo ano, já que os Jogos Olímpicos de Moscou só começariam em 19 de julho.

A Holanda aceitaria sediar a Paralimpíada, mas não aceitaria a participação da África do Sul; já em 1976, a delegação holandesa havia declarado que a participação sul-africana era "indesejável", e, após a confirmação de Arnhem como sede, o Parlamento Holandês passou uma moção de repúdio a receber os atletas sul-africanos. Os patrocinadores holandeses do evento também se mostraram contrários, e, temendo que a perda de patrocínio comprometesse a realização de futuras edições das Paralimpíadas, a ISMGF não teve outra opção a não ser proibir a África do Sul de participar dos Jogos de Stoke Mandeville e, subsequentemente, das Paralimpíadas. Os sul-africanos retornariam aos Jogos Paralímpicos apenas em 1992, após o fim do apartheid.

As Paralimpíadas de 1980 seriam a primeira edição na qual os paralisados cerebrais puderam participar. Ao todo, participariam 1973 atletas de 42 países, em 489 provas de 14 esportes - a sinuca sairia do programa, mas entraria a luta livre. Essa seria a primeira edição das Paralimpíadas com um mascote, ou melhor, dois, um casal de esquilos chamados Noggi e Joggi. Os Estados Unidos ficariam mais uma vez no topo do quadro de medalhas; a Polônia teria o mesmo número de ouros que os norte-americanos, mas menos pratas, e ficaria com a segunda colocação. Alemanha Ocidental, Canadá e Reino Unido fechariam o Top 5, com a Holanda anfitriã vindo em sexto. O Brasil enviaria apenas dois atletas a Arnhem, e não ganharia nenhuma medalha.

Desde meados da década de 1970, dentro da ISMGF, já havia um grande número de insatisfeitos com a realização das Paralimpíadas, que defendiam que os Jogos de Stoke Mandeville deveriam ser realizados sempre em Stoke Mandeville, e, mais importante, que deveriam ser reservados apenas a atletas cadeirantes, sem os deficientes visuais, amputados e paralisados cerebrais; seria para tentar agradar a esse grupo, inclusive, que as edições de 1976 e 1980 não se chamariam Jogos de Stoke Mandeville e não entrariam para a contagem. Em 1984, as Olimpíadas aconteceriam em Los Angeles, e a ISMGF entraria em contato com o comitê organizador dos Estados Unidos, que concordariam em receber as Paralimpíadas, mas, imitando Alemanha e Canadá, na cidade de Nova Iorque. Por alguma razão, isso foi um estopim para o grupo de insatisfeitos, que fez um grande estardalhaço exigindo que a edição de 1984 fosse realizada em Stoke Mandeville. A solução, portanto, foi fazer dois eventos: um em Stoke Mandeville, apenas para cadeirantes, e um em Nova Iorque, para amputados, deficientes visuais, paralisados cerebrais e les autres ("os outros", em francês), nessa última ficando os que não se enquadravam em nenhuma das outras quatro classes.

Oficialmente, o evento de Nova Iorque ganharia o nome de International Games for the Disabled, os "Jogos Internacionais para Deficientes", enquanto os de Stoke Mandeville seriam a 31a edição dos Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville; entretanto, antes mesmo do fim de 1984, por motivos que eu vou explicar em breve, ambas as edições passariam a ser oficialmente a sétima edição dos Jogos Paralímpicos, com a edição de 1985 dos Jogos Internacionais Anuais de Stoke Mandeville passando a ser a 31a - por causa disso, a sede dos Jogos Paralímpicos de 1984 costuma ser descrita como Nova Iorque–Stoke Mandeville ou Stoke Mandeville/Nova Iorque. O evento na cidade de Nova Iorque seria realizado entre 17 e 20 de junho (antes das Olimpíadas, que começariam em 28 de julho) e contaria com 1800 atletas representando 45 nações, que competiriam em 301 provas de 15 esportes. O de Stoke Mandeville seria realizado entre 22 de julho e 1 de agosto (o que faz com que essa seja a única edição das Paralimpíadas realizada concomitantemente com as Olimpíadas, embora apenas por cinco dias, já que as Olimpíadas só se encerrariam em 12 de agosto), e contaria com 1100 atletas, todos cadeirantes, de 41 nações, competindo em 603 provas de 10 esportes. Atualmente, dados como o programa, o número de atletas participantes, e até mesmo o quadro de medalhas, em todas as fontes, inclusive o site do IPC, consideram ambos os eventos como um só, então eu não tenho condições de dizer quais foram as diferenças entre um e outro, por exemplo, em relação a quais esportes estavam em cada programa, ou a quais nações participaram de cada um - não tenho como saber se o Brasil enviou atletas a ambos, mas imagino que sim.

O que eu posso dizer é que, em relação ao programa, sairia o dartchery, voltaria a sinuca, e entrariam a bocha, o ciclismo, a equitação, o futebol de sete e o powerlifting. Essa seria a primeira edição na qual a maratona faria parte do programa, mas apenas para cadeirantes, e apenas no masculino. Os Jogos de Nova Iorque teriam um mascote, o leão Dan D. Lion (um trocadilho com dandelion, o nome em inglês da flor dente-de-leão). No quadro de medalhas, os Estados Unidos viriam em primeiro e o Reino Unido ficaria em segundo, com Canadá, Suécia e Alemanha Ocidental fechando o Top 5. O Brasil teria um desempenho fantástico: enviando 30 atletas, sendo 25 deles do atletismo, conseguiria nada menos que 28 medalhas, sendo 7 de ouro, 17 de prata e 4 de bronze, ficando na 24a posição. Os maiores medalhistas do Brasil foram Luís Cláudio Pereira e Amintas Piedade, cada um ganhador de um ouro no arremesso de peso 1C, um no arremesso de dardo 1C, e uma prata no arremesso de disco 1C, além de uma prata no slalom 1C para Amintas e uma no pentatlo 1C para Luís. Ainda no atletismo, Maria Ferraz ganharia um ouro no arremesso de peso 1A e cinco pratas, nos 100 m 1A, 200 m 1A, 400 m 1A, 800 m 1A e slalom 1B; Márcia Malsar seria ouro nos 200 m C6, prata nos 1000 m cross country C6 e bronze nos 60 m C6; Anelise Hermany seria prata nos 100 m B2 e no salto em distância B2 e bronze nos 800 m B2; e João Graciano seria bronze nos 100 m 6. O único outro esporte que daria medalhas ao Brasil seria a natação, na qual Maria Jussara Matos seria ouro nos 200 m Medley 6 e prata nos 100 m Livre 6 e nos 100 m Peito 6; e Marcelo Amorim seria prata nos 100 m Costas 5, 100 m Peito 5 e 200 m Medley 5 e bronze nos 100 m Livre 5.

Agora vamos voltar um pouquinho até 1982, quando foi fundado o Comitê para Coordenação Internacional das Organizações Esportivas Mundiais para Deficientes (ICC), que contava com representantes de quatro federações esportivas para atletas com deficiências: a Federação Internacional de Esportes para Deficientes (ISOD), a Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA), a Associação Internacional para Esportes e Recreação de Paralisados Cerebrais (CP-ISRA) e o Comitê Internacional de Esportes para Surdos (CISS). O intuito era diminuir o papel da ISMGF, que era essencialmente uma federação de esportes para cadeirantes, na organização das Paralimpíadas, que, desde 1976, já não eram uma competição exclusiva para cadeirantes. Após a confusão de 1984, o ICC recorreu ao COI, que decidiu intervir. Atuando como mediador entre o ICC e a ISMGF, o COI determinou que todas as edições realizadas em ano de Olimpíada passariam a ser retroativamente chamadas de Paralimpíadas, com a de 1960 passando oficialmente a se chamar I Jogos Paralímpicos, a de 1964 II Jogos Paralímpicos, e assim sucessivamente, até a de 1984, que seriam os VII Jogos Paralímpicos - e, como já foi dito, "uma coisa só", um único evento com duas sedes, Nova Iorque e Stoke Mandeville.

Mas o mais importante seria que o ICC passaria a ser parte da "família olímpica", se comprometendo a seguir todos os ideais da Carta Olímpica nas Paralimpíadas, e, em troca, recebendo total apoio do COI, por exemplo, na comunicação com os comitês olímpicos nacionais. Nesses termos, o COI se comprometeria a ajudar o ICC na organização dos VIII Jogos Paralímpicos, inclusive atuando junto ao comitê organizador da cidade escolhida para 1988, Seul, na Coreia do Sul, para que as mesmas instalações fossem usadas para Olimpíadas e Paralimpíadas, tal como havia ocorrido em 1960 e 1964. Assim, as Paralimpíadas de 1988, primeiras com o nome oficial de Jogos Paralímpicos, seriam realizadas na capital sul-coreana entre 15 e 24 de outubro, começando 13 dias após o fim das Olimpíadas; dali por diante, cada edição das Paralimpíadas começaria entre 12 e 20 dias depois da Olimpíada realizada no mesmo ano, sempre na mesma cidade-sede e usando as mesmas instalações.

Com o apoio do COI, o número de atletas participantes seria recorde, 3057 de 60 nações, sem contar duas que se envolveram em confusão: o Irã, em sua primeira participação paralímpica, foi desclassificado após se recusar a enfrentar Israel na primeira rodada do basquete em cadeira de rodas, e todos os atletas iranianos, de todos os esportes, decidiram arrumar suas coisas e voltar para seu país; e a Líbia não aceitou o convite do COI para participar, mas, mesmo assim, apareceu com sete atletas no dia da cerimônia de abertura - o ICC decidiria que eles poderiam participar como "observadores", sem direito a medalhas caso terminassem nas três primeiras posições de suas provas, o que não aconteceu. Vale citar também que em 1988 ocorreu a primeira participação paralímpica da União Soviética - que, aparentemente, tinha sim deficientes - que acabaria sendo também a última, já que o país se dissolveria três anos depois. Essa também seria a primeira edição das Paralimpíadas na qual os atletas de baixa estatura, aqueles com nanismo e outras condições assemelhadas, puderam competir.

Os mascotes das Paralimpíadas de 1988 seriam dois ursinhos, com as pernas amarradas e um deles segurando um bastão do tipo usado nas provas de revezamento do atletismo; a rigor, os ursinhos não tinham nome, mas acabaram sendo conhecidos como Gomdoori ou Komduri, palavras que, na verdade, não são nomes próprios, e sim duas formas diferentes de transliterar a palavra coreana usada para "urso de pelúcia". Os responsáveis pela parte gráfica das Olimpíadas e Paralimpíadas de 1988 ficariam tão empolgados que decidiriam inventar também um símbolo para o ICC, que consistia em cinco "gotas", no mesmo formato da metade de baixo do taeguk, o símbolo que está no centro da bandeira sul-coreana; essas gotas usavam as mesmas cores e estavam nas mesmas posições que os anéis olímpicos, e seriam usadas como símbolo do movimento paralímpico até 1994, quando o IPC decidiria usar apenas três gotas, nas cores azul, vermelha e verde, dispostas em formato de triângulo. Esse novo símbolo seria usado até 2003.

O programa das Paralimpíadas de 1988 contaria com 732 provas de 18 esportes - sairiam equitação e luta livre, entraria o judô; o tênis em cadeira de rodas também faria parte do programa, mas como esporte de demonstração. O topo do quadro de medalhas ficaria, adivinhem, com os Estados Unidos, seguido da Alemanha Ocidental, Reino Unido, Canadá, França, Suécia, e a Coreia do Sul anfitriã vindo em sétimo. O Brasil enviaria 59 atletas e conseguiria 28 medalhas, terminando na 26a posição com 4 ouros, 9 pratas e 15 bronzes. No atletismo, Luís Cláudio Pereira seria ouro no arremesso do peso 1C, do dardo 1C e do disco 1C e prata no pentatlo 1C; Ádria Santos seria prata nos 100 m B2 e nos 400 m B2; Anelise Hermany prata nos 800 m B2 e bronze nos 400 m B2; Márcia Malsar prata nos 100 m C6; César Antônio Gualberto prata nos 400 m B1; Elmo Ribeiro prata nos 400 m B2; Cláudio Nunes prata no lançamento de dardo C6; Marcelino Paes bronze nos 100 m B2; Iranilson Oliveira bronze nos 100 m 5-6; Sebastião Antônio Neto bronze no arremesso de peso C6; e Carlos Roberto Sestrem seria bronze na maratona B2. Na natação, Graciana Moreira seria ouro nos 100 m Livre 6 e bronze nos 100 m Peito 6 e nos 100 m Borboleta 6; Maria Jussara Matos prata nos 100 m Borboleta 6 e bronze nos 100 m Livre 6; Leandro Ramos bronze nos 100 m Borboleta L6; e Fábio Ricci bronze nos 100 m Livre 1C, 25 m Costas 1C e 25 m Peito 1C. E o Brasil ganharia suas primeiras medalhas no judô, bronzes com Jaime de Oliveira na categoria até 60 kg, Júlio Silva na até 65 kg, e Leonel Cunha Filho na acima de 95 kg.

1989 não foi ano de Paralimpíada, mas foi mais um ano importante para o movimento paralímpico, pois seria o ano de fundação do IPC, o Comitê Paralímpico Internacional. Por mais que a mudança da ISMGF para o ICC tenha sido um avanço, o movimento paralímpico não queria ficar atrelado ao COI, e, logo após as Paralimpíadas de 1988, começaria a se organizar, com a ajuda do próprio COI, para que as Paralimpíadas pudessem ser realizadas por uma entidade independente e totalmente comprometida com o esporte paralímpico. Após a fundação do IPC, o COI auxiliaria na criação dos comitês paralímpicos nacionais, que substituiriam os comitês olímpicos nacionais como representantes de cada nação participante das Paralimpíadas; cada nação fundou seu comitê paralímpico a seu próprio tempo, mas, nas Paralimpíadas de 1996, todas as nações já seriam representadas por seus respectivos comitês paralímpicos. Falando nisso, como as Paralimpíadas de 1992 já estavam muito próximas, ficou acertado que elas ainda seriam organizadas pelo ICC, com a primeira edição organizada pelo IPC sendo as Paralimpíadas de Inverno de 1994.

Além de organizar as Paralimpíadas, as Paralimpíadas de Inverno e os Jogos Paralímpicos da Juventude, e de congregar várias entidades relacionadas ao movimento paralímpico (incluindo a IWAS, a IBSA e a CP-ISRA; a CISS brigaria com o IPC ainda em 1989 e cortaria todos os laços com eles em 1995, sendo essa uma das razões pelas quais surdos não competem nas Paralimpíadas), o IPC ainda atua como federação internacional, regulando e organizando torneios, do atletismo, da natação, do powerlifting, do tiro esportivo, da dança esportiva e dos esportes de inverno paralímpicos (exceto o curling). Seu primeiro presidente foi o canadense Robert Steadward, entre 1989 e 2001, seguido pelo britânico Sir Philip Lee Craven, que foi atleta paralímpico do basquete em cadeira de rodas, entre 2001 e 2017; desde 2017, o presidente do COI é o brasileiro Andrew Parsons. Sob a presidência de Craven, em 2003, o IPC criaria um novo símbolo, com três curvas que representam o movimento, conhecidas como agitos, nas cores verde, azul e vermelha; esse símbolo seria ligeiramente modificado em 2019, mas é o símbolo oficial do movimento paralímpico até hoje.

Pois bem, voltando às Paralimpíadas, chegamos à edição de 1992, última organizada pelo ICC, que, como aconteceria com todas a partir de 1988, seria realizada na mesma sede das Olimpíadas daquele ano, Barcelona, na Espanha. É importante dizer que, ao contrário do que muitos pensam, a mesma cidade ser sede das Olimpíadas e Paralimpíadas, inicialmente, não era garantido, com o IPC e o COI tendo que negociar individualmente os contratos com as sedes de 1996, 2000 e 2004; somente em 2001 as duas entidades firmariam um acordo que ficaria conhecido como one bid, one city, segundo o qual, a partir da edição de 2008, toda cidade que se candidata a sede das Olimpíadas também está se candidatando automaticamente a sede das Paralimpíadas, e deverá organizar ambas as competições se for escolhida.

As Paralimpíadas de 1992, entretanto, assim como as de 1984, acabariam sendo dois eventos ao invés de um, em duas sedes diferentes. O motivo foi que a Associação Internacional de Esportes para Deficientes Intelectuais (INAS) já vinha pleiteando há algum tempo a inclusão de provas para atletas com deficiências intelectuais nas Paralimpíadas, e, ao se filiar ao IPC em 1989, achou que em 1992 finalmente elas estreariam, inclusive preparando o programa e os eventos classificatórios. Só que as Paralimpídas de 1992 foram organizadas pelo ICC, do qual a INAS não era membro, e que não aceitou a inclusão das provas para deficientes intelectuais. A INAS, então, organizaria um evento próprio, o qual chamaria de Jogos Paralímpicos para Pessoas com Deficiências Intelectuais, realizados em Madrid e começando imediatamente após o fim das Paralimpíadas. Para o IPC, que incluiria provas para deficientes intelectuais nas Paralimpíadas em 1996, ambos os eventos são as Paralimpíadas de 1992, com a sede sendo oficialmente Barcelona-Madrid, e o programa, quadro de medalhas etc. sendo unificados.

Os Jogos de Barcelona seriam realizados entre 3 e 14 de setembro, e contariam com 3020 atletas de 82 nações, que disputariam 487 provas de 18 esportes, com os lawn bowls sendo substituídos pelo tênis em cadeira de rodas, que entrou para o programa oficial; seu mascote seria Petra, uma menininha sem braços desenhada no estilo cubista, criada por Javier Mariscal, mesmo criador do Cobi, o mascote das Olimpíadas. Já os Jogos de Madrid seriam realizados entre 15 e 22 de setembro, começando no dia seguinte ao encerramento das Paralimpíadas, e contariam com a presença de 1600 atletas de 75 nações competindo em 68 provas de 5 esportes (atletismo, natação, tênis de mesa, basquete e futebol indoor). 54 nações, incluindo o Brasil, enviariam delegações para ambos os eventos; 28 participariam apenas de Barcelona, e 21 apenas de Madrid. A África do Sul finalmente seria autorizada a voltar a competir nas Paralimpíadas, a Alemanha competiria pela primeira vez após a reunificação, e sete ex-repúblicas soviéticas competiriam juntas sob o nome de Equipe Unificada. Essa também foi a primeira Paralimpíada a contar com a participação dos Participantes Paralímpicos Independentes, no caso 16 atletas da Iugoslávia, que foi suspensa de todas as competições internacionais devido a infrações aos direitos humanos cometidos durante a dissolução do país.

No quadro de medalhas, os Estados Unidos mais uma vez ficariam em primeiro, seguidos da Alemanha, do Reino Unido, da anfitriã Espanha, que terminou em quarto, e da Austrália. O Brasil enviaria 41 atletas e conquistaria 4 ouros, 3 pratas e 5 bronzes, terminando em 31o lugar. Todas as medalhas de ouro do Brasil viriam do atletismo: Luís Cláudio Pereira no arremesso de peso THW4, Suely Guimarães no arremesso de disco THW7, Ádria Santos nos 100 m B2, e Joel da Silva nos 400 m ID. Joel também seria prata nos 100 m ID, Haroldo Ribeiro seria prata no arremesso de peso ID, Ester Ramos Pereira prata no salto em distância ID, Sebastião Antônio Neto bronze no arremesso de bastão C6, e a equipe feminina seria bronze no revezamento 4 x 100 m ID. Além do atletismo, somente a natação daria medalhas, 3 bronzes, ao Brasil, com Genezi Andrade nos 50 m Costas S3, Eduardo Wanderley nos 50 m Borboleta S3-4, e Ivanildo Vasconcelos nos 200 m Medley SM6.

Entre as Paralimpíadas de 1992 e 1996, ocorreria uma mudança importantíssima na maneira como os atletas eram classificados. Até então, ocorria a chamada classificação médica, com o único fator considerado ao determinar em quais provas cada atleta poderia competir sendo sua condição médica. Assim, havia uma prova própria para atletas cadeirantes com lesão na coluna vertebral, e outra para atletas cadeirantes que tivessem ambas as pernas amputadas acima dos joelhos, pois suas condições médicas eram diferentes. A partir dos anos 1980, embora ninguém tenha como precisar quando, já que foi uma mudança gradual, passaria a ser usada em vários esportes a classificação funcional, segundo a qual os atletas são classificados por seu desempenho, independentemente de sua condição. Assim, um cadeirante com lesão da coluna vertebral, um cadeirante biamputado e um cadeirante paralisado cerebral podem todos competir na mesma prova, desde que seu desempenho nela seja semelhante. Em outras palavras, não importa a razão pela qual o atleta possui uma deficiência, e sim o impacto que essa deficiência tem em sua prática esportiva. A única exceção a esse sistema, até hoje, são os deficientes visuais, que possuem classes próprias, e não podem competir junto a outros tipos de atletas. A classificação deve ser feita por profissionais da saúde, e cada federação esportiva tem suas próprias classes e critérios, já que cada esporte possui suas particularidades. As Paralimpíadas de 1992 seriam as últimas a usar a classificação médica, com a classificação funcional sendo usada a partir de 1996.

As Paralimpíadas de 1996, realizadas em Atlanta, Estados Unidos, seriam as primeiras Paralimpíadas de Verão organizadas pelo IPC. Seriam, também, a primeira com um contrato de TV, com a NBC, o que fez com que essa fosse a primeira edição a ser transmitida ao vivo para os Estados Unidos; muitos outros países, especialmente os europeus, também puderam assistir as competições, ao vivo ou de forma gravada, inclusive o Brasil - e o país onde o evento teve a maior audiência foi a Alemanha. O mascote dos Jogos foi uma fênix, Blaze, desenhada para se assemelhar ao fogo paralímpico; além de ter sido escolhida por sua óbvia simbolgia do renascimento, a fênix é o símbolo da cidade de Atlanta desde o final da Guerra de Secessão.

Os Jogos de Atlanta, oficialmente a décima edição das Paralimpíadas, seriam realizados entre 16 e 25 de agosto; deles participariam 3259 atletas de 104 nações, que competiriam em 508 provas de 19 esportes - a equitação e os lawn bowls voltariam, e o levantamento de peso sairia; raquetebol, rugby em cadeira de rodas e vela também estariam no programa, mas como esportes de demonstração. Os Estados Unidos ficariam com o topo do quadro de medalhas, por enquanto pela última vez, seguidos da Austrália, da Alemanha, do Reino Unido e da Espanha. O Brasil, que enviaria 60 atletas, terminaria em 37o, com 2 ouros, 6 pratas e 13 bronzes. Os maiores medalhistas brasileiros dessa edição seriam Ádria Santos, com 3 pratas, nos 100 m T10, 200 m T10 e 400 m T10 do atletismo; Douglas Amador, também do atletismo, com uma prata nos 200 m T37, e dois bronzes, nos 100 m T37 e no salto em distância F34-37; e Genezi Andrade, da natação, prata nos 150 m Medley SM3 e bronze nos 100 m Livre S3 e 200 m Livre S3. A prata que falta viria com Josias Lima, do atletismo, no arremesso de peso F52. Os demais bronzes viriam do atletismo, dois com Maria José Alves, nos 100 m T11 e 200 m T11, um com Anderson Santos no arremesso de disco F36, e um com Suely Guimarães, no arremesso de disco F55-57; e da natação, dois com Adriano Pereira, nos 50 m e 100 m Livre S2, um com Adriano Lima, nos 50 m Livre S6, um com Ivanildo Vasconcelos, nos 100 m Peito SB4, e um com Gledson Soares, nos 200 m Medley SM7. E os ouros viriam com José Arnulfo Medeiros, nos 50 m Borboleta S7 da natação, e Antônio Tenório, na categoria até 86 kg do judô.

Em 2000, as Paralimpíadas seriam disputadas pela primeira vez no hemisfério sul - mas por pouco isso não se concretizaria. A cidade de Sydney, escolhida para sediar as Olimpíadas daquele ano, não demonstrou o menor interesse em sediar também as Paralimpíadas, e só aceitou se reunir com o IPC após muita insistência da secretária do Comitê Paralímpico Australiano, Adrienne Smith. Graças a Smith, não somente a cidade aceitaria sediar o evento, mas essa seria a primeira Paralimpíada na qual o comitê organizador garantiria igualdade de tratamento entre os atletas olímpicos e paralímpicos, inclusive com os atletas paralímpicos podendo ficar hospedados na Vila Olímpica, o que se tornaria o padrão para as Paralimpíadas subsequentes. Apesar dessa grande vitória de Smith, o governo parecia querer continuar ignorando solenemente as Paralimpíadas, o que levou a uma série de decisões controversas, como a retirada dos anéis olímpicos da Harbour Bridge ter sido marcada para o mesmo dia do início do revezamento da tocha paralímpica, e uma cerimônia em homenagem aos voluntários das Olimpíadas ter sido marcada para o mesmo dia e hora em que a tocha paralímpica chegaria à cidade, o que fez com que ambos os eventos fossem esvaziados. Mas a ação que pior repercutiu na mídia ocorreu logo após os organizadores das Paralimpíadas anunciarem que, na cerimônia de abertura paralímpica, a cantora australiana Kylie Minogue se apresentaria junto à banda indígena Yothu Yindi, o que foi amplamente anunciado pela imprensa local, e rendeu muitos elogios às Paralimpíadas: talvez com inveja, talvez querendo obscurecer o fato, no mesmo dia o comitê organizador das Olimpíadas anunciaria que também tinha convidado Minogue e a Yothu Yindi para se apresentarem na cerimônia de abertura Olímpica, o que foi rapidamente desmentido pela cantora, que inclusive estaria em turnê pela Europa no dia da cerimônia.

Os Jogos de 2000 seriam realizados entre 18 e 29 de outubro, e contariam com a presença de 3881 atletas de 121 nações, incluindo dois de Timor Leste que competiram como Participantes Paralímpicos Independentes. O mascote seria Lizzie, um lagarto-de-colarinho, animal típico do deserto australiano. O programa contaria com 551 provas de 21 esportes - os lawn bowls sairiam, o rugby em cadeira de rodas e a vela passariam a ser parte do programa oficial, e o basquete para deficientes intelectuais seria adicionado. Aliás, Sydney seria palco de um grande escândalo, que faria com que os atletas com deficiência intelectual ficassem de fora das duas edições seguintes: pouco tempo após o encerramento dos Jogos, Fernando Vicente Martin, chefe da delegação paralímpica da Espanha, confessaria ter falsificado laudos de vários atletas, para que eles pudessem competir como deficientes intelectuais mesmo sem ter deficiência alguma, incluindo os de 10 dos 12 jogadores do time de basquete, que ganharia a medalha de ouro. Martin seria banido do esporte, todos os espanhóis medalhistas em provas para deficientes intelectuais perderiam suas medalhas, e o IPC decidiria remover as provas para deficientes intelectuais do programa até que fossem criadas formas mais seguras e precisas de se avaliar a deficiência intelectual, com essas provas só voltando ao programa - exceto o basquete - nas Paralimpíadas de 2012. Além desse escândalo, 2000 seria o ano no qual o maior número de atletas paralímpicos seriam desclassificados por doping, com dez homens e uma mulher tendo seus resultados anulados.

No quadro de medalhas, a Austrália anfitriã terminaria em primeiro, seguida do Reino Unido, e então Canadá, Alemanha, e os Estados Unidos somente em quinto. O Brasil enviaria 63 atletas e terminaria na 24a posição, com 6 ouros, 10 pratas e 6 bronzes. No atletismo, Ádria Santos conseguiria dois ouros, nos 100 m T12 e 200 m T11, e uma prata nos 400 m T11 do atletismo; Roseane Santos seria ouro no arremesso do disco F58 e no arremesso do peso F58; André Andrade seria prata nos 100 m T13 e nos 200 m T13; Antônio Souza prata nos 400 m T46; e Anderson Santos bronze no arremesso de disco F37. Na natação, Fabiana Sugimori seria ouro nos 50 m Livre S11; Clodoaldo Silva seria prata nos 100 m Livre S4 e bronze nos 50 m Livre S4; Luís Silva prata nos 50 m Borboleta S6; Mauro Brasil prata nos 50 m Livre S9; Adriano Gomes prata nos 100 m Livre S6; Danilo Glasser bronze nos 50 m Livre S10; Genezi Andrade bronze nos 150 m Medley SM3; os revezamentos 4 x 50 m Livre 20 pts e 4 x 50 m Medley 20 pts seriam prata; e o revezamento 4 x 100 m Livre 34 pts seria bronze. Antônio Tenório conquistaria seu segundo ouro no judô, na categoria até 90 kg, e o futebol de sete seria bronze, primeira medalha do Brasil em um esporte coletivo.

As Paralimpíadas de 2004 seriam realizadas em Atenas, entre 17 e 28 de setembro, e teriam como mascote o cavalo marinho Proteas. Participariam 3806 atletas de 135 nações, competindo em 519 provas de 20 esportes - sairiam o basquete para deficientes intelectuais e o vôlei de pé, mas estrearia o futebol de cinco. Essa edição marcaria a despedida da maior atleta paralímpica de todos os tempos, a norte-americana Trischa Zorn, da natação para deficientes visuais, que, entre 1980 e 2004, ganharia nada menos que 55 medalhas paralímpicas, sendo 41 de ouro. No quadro de medalhas, a China ficaria em primeiro, seguida do Reino Unido, e então Canadá, Estados Unidos e Austrália; a Grécia seria o pior anfitrião da história, vindo apenas em 34o. O Brasil levaria 96 atletas e terminaria na 14a posição com 14 ouros, 12 pratas e 7 bronzes. Na natação, Clodoaldo Silva conseguiria nada menos que seis ouros, nos 50 m, 100 m e 200 m Livre S4, 50 m Borboleta S4, 150 m Medley SM4 e revezamento 4 x 50 m Medley 20 pts, além de uma prata no revezamento 4 x 50 m Livre 20 pts; Fabiana Sugimori repetiria seu ouro nos 50 m Livre S11; Ivanildo Vasconcelos seria prata nos 100 m Peito SB4; Edenia Garcia prata nos 50 m Costas S4; e Francisco Avelin seria bronze nos 100 m Peito SB4. No atletismo, Ádria Santos seria ouro nos 100 m T11 e prata nos 200 m T11 e 400 m T12; André Andrade seria ouro nos 200 m T13 e prata nos 100 m T13; Antônio Souza ouro nos 200 m T46 e nos 400 m T46; Suely Guimarães ouro no arremesso de disco F56-58; Odair Santos ganharia duas pratas, nos 1500 m T13 e 5000 m T12, e um bronze, nos 800 m T12; Gilson Anjos seria prata nos 800 m T13; Maria José Alves ganharia dois bronzes, nos 100 m T12 e 200 m T12; Ozivam Bonfim seria bronze nos 5000 m T46; e Terezinha Guilhermino bronze nos 400 m T12. No judô, Antônio Tenório, agora na categoria até 100 kg, ganharia seu terceiro ouro seguido; Eduardo Amaral, na até 73 kg, e Karla Cardoso, na até 48 kg, seriam prata; e Daniele Silva, na até 57 kg, seria bronze. O futebol de cinco brasileiro daria início a uma caminhada vitoriosa com seu primeiro ouro nessa edição, enquanto o futebol de sete ficaria com a prata.

Pequim seria a primeira cidade escolhida pelo processo do one bid, one city, para sediar tanto as Olimpíadas quanto as Paralimpíadas de 2008, que aconteceriam entre 6 e 17 de setembro, contando com a participação de 3951 atletas de 146 países, que competiram em 472 provas de 20 esportes - os mesmos da edição anterior, na primeira vez em que isso aconteceu. O mascote seria uma vaquinha, Fu Niu Lele, cujo nome pode ser traduzido para "vaquinha feliz e sortuda". A China dominaria o quadro de medalhas, terminando com mais que o dobro de ouros do segundo colocado, o Reino Unido. Estados Unidos, Ucrânia e Austrália fecharam o Top 5, e o Brasil, que enviou 188 atletas, terminou pela primeira vez no Top 10, em nono, com 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes. Os maiores destaques vieram da natação: Daniel Dias ganharia quatro ouros, nos 100 m e 200 m Livre S5, 50 m Costas S5 e 200 m Medley SM5, quatro pratas, nos 50 m Livre S5, 50 m Borboleta S5, 100 m Peito SB4 e revezamento 4 x 50 m Medley 20 pts, e um bronze, no revezamento 4 x 50 m Livre 20 pts; André Brasil também ganharia quatro ouros, nos 50 m, 100 m e 400 m Livre S10 e nos 100 m Borboleta S10, e uma prata, nos 200 m Medley SM10; Phelipe Rodrigues ganharia duas pratas, nos 50 m e 100 m Livre S10; e as mulheres ganhariam três bronzes nos 50 m Livre, com Fabiana Sugimori na S11, Verônica Almeida na S7, e Edênia Garcia na S4. No atletismo, Ádria Santos aumentaria sua coleção com um bronze nos 100 m T11; Lucas Prado seria ouro nos 100 m T11, 200 m T11 e 400 m T11; Terezinha Guilhermino ganharia uma medalha de cada cor, ouro nos 200 m T11, prata nos 100 m T11 e bronze nos 400 m T12; a equipe masculina seria prata no revezamento 4 x 100 m T42-46; Tito Sena prata na maratona T46; Shirlene Coelho prata no lançamento de dardo F35-38; Odair Santos ganharia três bronzes, nos 800 m T12, 5000 m T13 e 10000m T12; Yohansson Nascimento bronze nos 100 m T46; e Jerusa Santos bronze nos 200 m T11. No judô, Antônio Tenório, categoria até 100 kg, ganharia seu quarto ouro seguido, Karla Cardoso, até 48 kg, e Deanne Silva, acima de 70 kg, seriam prata, e Michele Ferreira, até 52 kg, e Daniele Silva, até 57 kg, bronze. A seleção de futebol de cinco ganharia seu segundo ouro seguido, e o Brasil ganharia suas primeiras medalhas no tênis de mesa, prata com Welder Knaf e Luiz Agacir Silva nas duplas C3; na equitação, dois bronzes com Marcos Alves, no Individual Ib e no Estilo Livre Ib; no remo, com Elton Santana e Josiane Lima nos double sculls misto TA; e na bocha: Dirceu Pinto e Eliseu Santos foram ouro nas duplas BC4, com Dirceu sendo ouro e Elizeu bronze no individual BC4.

Em 2012, as Paralimpíadas seriam realizadas em Londres; devido à ligação do Reino Unido com as origens do esporte paralímpico, o povo, o governo e a imprensa se mostraram empolgadíssimos com o evento, com os organizadores inclusive lançando a campanha Paralympics are coming home (algo como "as Paralimpíadas estão voltando para casa"). Essa seria a primeira edição das Paralimpíadas com uma campanha de marketing tão grande quanto a das Olimpíadas, o que se refletiria em recorde de venda de ingressos, recorde de audiência nas provas transmitidas ao vivo pelo Channel 4, recorde de interesse da imprensa internacional na cobertura do evento, e ao fato de que muitos atletas paralímpicos, como o sul-africano Oscar Pistorius e o brasileiro Daniel Dias, seriam alçados a um nível de popularidade comparável ao dos atletas olímpicos. Na cerimônia de encerramento, o presidente do IPC, o britânico Sir Philip Craven, declararia que essa foi a melhor edição das Paralimpíadas em todos os tempos.

As Paralimpíadas de 2012 seriam realizadas entre 29 de agosto e 9 de setembro, e contariam com a presença de 4302 atletas de 164 países, competindo em 503 provas de 20 esportes, mais uma vez os mesmos da edição anterior. Com critérios mais rigorosos de avaliação, os deficientes intelectuais puderam voltar a competir, e, a partir dessa edição, os guias dos deficientes visuais, no atletismo e ciclismo, os assistentes na bocha, e o goleiro do futebol de cinco (único atleta do time que enxerga) passariam a eles também receber medalhas junto aos atletas que acompanhavam. O mascote seria uma gota de aço, semelhante ao mascote das Olimpíadas, batizado como Mandeville em homenagem à cidade de Stoke Mandeville.

No quadro de medalhas, a China ficaria mais uma vez no topo, seguida da Rússia e do Reino Unido anfitrião. Pela primeira vez, os Estados Unidos ficariam fora do top 5, em sexto, atrás de Ucrânia e Austrália; o Brasil, que enviaria 189 atletas, viria logo atrás dos norte-americanos, em sétimo, com 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes. Os maiores medalhistas do Brasil mais uma vez viriam da natação: Daniel Dias ganharia nada menos que seis ouros, nos 50 m, 100 m, e 200 m Livre S5, 50 m Borboleta S5, 50 m Costas S5 e 100 m Peito SB4, enquanto André Brasil ganharia três ouros, nos 50 m e 100 m Livre S10 e 100 m Borboleta S10, e duas pratas, nos 100 m Costas S10 e 200 m Medley SM10. Edênia Garcia seria prata nos 50 m Costas S4, Phelipe Rodrigues prata nos 100 m Livre S10, e Joana Maria Silva bronze nos 50 m Borboleta S5. No atletismo, Terezinha Guilhermino seria ouro nos 100 m T11 e 200 m T11; Yohansson Nascimento ouro nos 200 m T46 e prata nos 400 m T46; Felipe Gomes ouro nos 200 m T11 e bronze nos 100 m T11; Alan Fonteles ouro nos 200 m T44; Tito Sena ouro na maratona T46; Shirlene Coelho ouro no lançamento do dardo F37-38; Jerusa Gerber prata nos 100 m T11 e 200 m T11; Lucas Prado prata nos 100 m T11 e 400 m T11; Odair Santos prata nos 1500 m T11; Daniel Silva prata nos 200 m T11; Jhulia Santos bronze nos 100 m T11; Claudiney Batista prata no lançamento de dardo F57-58; e Jonathan de Souza Santos bronze no arremesso de disco F40. No judô, Antônio Tenório ganharia sua quinta medalha paralímpica seguida, um bronze na categoria até 100 kg, Lúcia Teixeira seria prata na até 57 kg, e Michele Ferreira na até 52 kg e Daniele Milan na até 63 kg seriam bronze. Na bocha, Dirceu Pinto e Eliseu dos Santos repetiriam as medalhas de quatro anos antes: ouro nas duplas BC4, ouro para Dirceu e bronze para Eliseu no individual BC4, e Maciel Souza Santos seria ouro no individual BC2. Jovane Guissone ganharia a primeira medalha brasileira na esgrima em cadeira de rodas, ouro na espada classe B. O futebol de cinco ganharia seu segundo ouro seguido, e o golbol masculino seria prata.

Em 2016, as Paralimpíadas chegariam ao Rio de Janeiro, evolvidas em mais uma controvérsia: alegando precisar cortar custos, devido a falta de interesse dos patrocinadores e baixa venda de ingressos, o comitê organizador teve de suspender parte do auxílio que os comitês paralímpicos nacionais mais pobres recebem do país-sede para enviar seus atletas, e mudar algumas provas de local, para poder desativar locais de competição usados nas Olimpíadas; isso gerou um temor de que as Paralimpíadas pudessem ser canceladas total ou parcialmente, que tiveram de ser desmentidos várias vezes por Sir Craven e pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes. No fim, conforme os Jogos se avizinhavam, o interesse da população pelo evento se acendeu e a venda de ingressos aumentou, fazendo, inclusive, com que as Paralimpíadas de 2016 fossem a segunda a vender mais ingressos, atrás apenas das de 2012.

As Paralimpíadas de 2016 aconteceriam entre 7 e 18 de setembro. O mascote seria Tom, que representava todas as plantas da flora brasileira. Participariam 4342 atletas, representando 159 delegações; a Rússia, devido a um escândalo de manipulação de testes anti-doping pelo seu governo durante as Olimpíadas de Inverno de 2014, seria proibida de participar - diferentemente do que ocorreu nas Olimpíadas do mesmo ano, nem mesmo os atletas que provassem não ter envolvimento com doping não receberiam autorização - e, pela primeira vez na história das Paralimpíadas, ocorreria a participação de um time de refugiados, composto por dois atletas, um da Síria e um do Irã, que competiram sob o nome de Atletas Paralímpicos Independentes. Infelizmente, essa seria a primeira edição de uma Paralimpíada na qual um atleta perderia a vida, o ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad, que se chocou contra uma rocha e teve traumatismo craniano, falecendo a caminho do hospital; ele seria homenageado na cerimônia de premiação do vôlei sentado, esporte no qual o Irã ganharia a medalha de ouro, e com um minuto de silêncio durante a Cerimônia de Encerramento.

O programa contaria com 528 provas de 22 esportes, os dois novos sendo a canoagem e o triatlo. O topo do quadro de medalhas ficaria mais uma vez com a China, seguida do Reino Unido, e o Top 5 sendo completado por Ucrãnia, Estados Unidos e Austrália. O Brasil, competindo em casa, pré-classificado para todos os esportes e com a maior delegação de sua história, 285 atletas, planejava terminar pela primeira vez no Top 5, mas teria desempenho pior que em Londres, terminando em oitavo com 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes. O esporte que mais daria medalhas de ouro ao Brasil seria o atletismo, com oito: Alessandro Rodrigo Silva no arremesso de disco F11, Claudiney Batista no arremesso de disco F56, Daniel Martins nos 400 m T20, Petrúcio Ferreira nos 100 m T47, Ricardo Costa de Oliveira no salto em distância T11, Shirlene Coelho no lançamento de dardo F37, Silvânia Oliveira no salto em distância T11, e a equipe masculina no revezamento 4 x 100 m T11-13. Dentre as pratas, teríamos Petrúcio nos 400 m T47, Shirlene no arremesso de disco F38, Mateus Evangelista no salto em distância T47, a equipe masculina no revezamento 4 x 100 m T42-47, a equipe feminina no revezamento 4 x 100 m T11-13, duas de Fábio Bordignon, nos 100 m T35 e 200 m T35, duas de Odair Santos, nos 1500 m T11 e 5000 m T11, e três de Felipe Gomes, nos 100 m T11, 200 m T11 e 400 m T11. Rodrigo Parreira seria prata no salto em distância T36 e bronze nos 100 m T36, Verônica Hipólito prata nos 100 m T38 e bronze nos 400 m T38, e teríamos os bronzes de Terezinha Guilhermino nos 400 m T11, Yohansson Nascimento nos 100 m T47, Daniel Silva nos 200 m T11, Edson Pinheiro nos 100 m T38, Izabela Campos no arremesso de disco F11, Lorena Salvatini Spoladore no salto em distância T11, Marivana Oliveira no arremesso de peso F35, Teresinha de Jesus Correia nos 100 m T47, e Edneuza Dorta na maratona T12. Daniel Dias, da natação, seria mais uma vez o maior medalhista brasileiro, com quatro ouros, nos 50 m, 100 m e 200 m Livre S5 e 50 m Costas S5; três pratas, nos 100 m Peito SB4, revezamento 4 x 50 m Livre 20 pts e revezamento 4 x 100 m Livre 34 pts; e dois bronzes, nos 50 m Borboleta S5 e no revezamento 4 x 100 m Medley 34 pts. André Brasil seria prata nos 100 m Livre S10 e bronze nos 100 m Borboleta S10; Phelipe Rodrigues prata nos 50 m Livre S10 e bronze nos 100 m Livre S10; Joana Maria Silva prata nos 50 m Livre S5 e bronze nos 100 m Livre S5; Carlos Farrenberg prata nos 50 m Livre S13; Ítalo Pereira bronze nos 100 m Costas S7; Matheus Souza bronze nos 400 m Livre S11; e Talisson Glock bronze nos 200 m Medley SM6.

O Brasil ganharia suas primeiras medalhas no ciclismo, com Lauro César Chaman, duas pratas, na prova de estrada C4-5 e na prova contra o relógio C5; no powerlifting, com Evânio da Silva, categoria até 88 kg; e na canoagem, com Caio Ribeiro no KL3. A bocha traria mais um ouro, com Antônio Leme e Evelyn de Oliveira nas duplas mistas BC3; Dirceu Pinto e Eliseu dos Santos, das duplas BC4, terminariam com a prata. No judô, Antônio Tenório conquistaria sua sexta medalha paralímpica seguida, uma prata na categoria até 100 kg; também seriam prata Lúcia Teixeira na até 57 kg, Alana Maldonado na até 70 kg, e Willians Araújo na acima de 100 kg. Na equitação, Sérgio Fróes ganharia dois bronzes, no individual Ia e no estilo livre Ia. O tênis de mesa traria uma prata, com Israel Stroh na C7, e três bronzes, com Bruna Alexandre na C10, a equipe masculina na C1-2 e a equipe feminina na C6-10. O futebol de sete, o golbol masculino e o vôlei sentado feminino seriam bronze, e o futebol de cinco ganharia seu terceiro ouro seguido.

A mais recente edição das Paralimpíadas foi a de 2020, em Tóquio, que, por causa da pandemia, foi adiada em um ano, sendo realizada entre 24 de agosto e 5 de setembro de 2021, mas, assim como as Olimpíadas, mantendo a marca "Tokyo 2020". Essa seria a primeira edição das Paralimpíadas realizada em um ano ímpar, e a primeira a não ser realizada em um ano bissexto; além disso, Tóquio seria a primeira cidade a receber duas edições das Paralimpíadas, já que as recebeu em 1964 - e será a única durante um bom tempo, já que as duas sedes seguintes, Paris e Los Angeles, já sediaram duas Olimpíadas cada, mas nenhuma Paralimpíada. Todos os protocolos sanitários observados durante as Olimpíadas também estiveram em vigor durante as Paralimpíadas, o que incluiu a proibição de público nos estádios, ginásios e outros locais de competição, com somente as provas ao ar livre, como a maratona e o triatlo, podendo ter espectadores. O mascote seria Someity, e seria inspirada na flor da cerejeira.

Ao todo, participariam 4403 atletas de 162 delegações. Assim como ocorreu com as Olimpíadas, a Rússia foi proibida de participar, mas os atletas russos que comprovassem jamais ter tido envolvimento com doping puderam competir sob o nome de Comitê Paralímpico Russo, usando a bandeira do Comitê no lugar da bandeira russa e um trecho do Concerto para Piano Número 1, de Tchaikovsky, no lugar do hino. Essa seria a primeira edição das Paralimpíadas a contar com a presença da Equipe Paralímpica de Refugiados, que contaria com seis atletas (dois da Síria, um do Burundi, um do Irã e um do Afeganistão) que não puderam competir por seus países de origem por serem vítimas de perseguição étnica, política ou religiosa. Cinco países não enviariam atletas a Tóquio alegando dificuldades impostas pela pandemia: Coreia do Norte, Kiribati, Samoa, Tonga e Vanuatu. O Afeganistão, que havia classificado dois atletas, anunciou sua intenção de desistir a poucos dias da cerimônia de abertura, devido ao retorno dos talibãs ao poder; o IPC daria uma autorização para que a bandeira afegã participasse da Cerimônia de Abertura, e atuaria junto ao Comitê Paralímpico Afegão e ao governo da França, que se comprometeu a buscá-los no Afeganistão, para que esses dois atletas conseguissem chegar a Tóquio e competir normalmente, representando seu país.

O programa contaria com 539 provas de 22 esportes, com o futebol de sete e a vela sendo substituídos pelo badminton e o taekwondo. A China ficaria mais uma vez no topo do quadro de medalhas, seguida do Reino Unido, e então Estados Unidos, Comitê Paralímpico Russo e Holanda; o Japão anfitrião não se saiu bem, e terminou na 11a posição. O Brasil enviaria 253 atletas, e teria a melhor participação de sua história, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes; mais uma vez, porém, não conseguiria terminar no Top 5 do quadro de medalhas, ficando em sétimo. O futebol de cinco do Brasil ganharia sua quinta medalha de ouro seguida, o golbol masculino também seria ouro, e o vôlei sentado feminino conseguiria mais um bronze. Na bocha, dois bronzes, para José Carlos de Oliveira no BC1 e Maciel Santos no BC2. Na equitação, prata para Rodolpho Riskalla no individual IV. No judô, ouro para Alana Maldonado na categoria até 70 kg, e dois bronzes, para Meg Emmerich na acima de 70 kg e Lúcia Teixeira na até 57 kg. Na canoagem, ouro para Fernando Rufino no VL2, e duas pratas, para Luis Carlos Cardoso no KL1 e Giovane Vieira no VL3. Mariana d'Andrea seria ouro no powerlifting, categoria até 73 kg; Renê Pereira seria bronze nos single sculls do remo; e Jovane Guissone seria prata na espada B da esgrima em cadeira de rodas. No tênis de mesa, prata para Bruna Alexandre na C10, e dois bronzes, para ela e Danielle Rauen nas duplas C9-10 e para Cátia Cristina da Silva na C1-2. E o taekwondo traria uma medalha de cada cor, ouro para Nathan Sodario na até 61 kg, prata para Débora Bezerra na acima de 58 kg, e bronze para Silvana Fernandes na até 58 kg.

Daniel Dias se despediria das competições internacionais com três bronzes, nos 100 m e 200 m Livre S5 e no revezamento misto 4 x 50 m Livre 20 pts. A maior medalhista do Brasil nessa edição seria Maria Carolina Gomes Santiago, com três ouros, nos 50 m Livre S13, 100 m Livre S12 e 100 m Peito SB12, uma prata, no revezamento misto 4 x 100 m Livre 49 pts, e um bronze, nos 100 m Costas S12. Ainda na natação, Gabriel Araújo seria ouro nos 200m Livre S2 e 50 m Costas S2 e prata nos 100 m Costas S2; Gabriel Bandeira seria ouro nos 100 m Borboleta S14, prata nos 200 m Livre S14 e 200 m Medley SM14, e bronze no revezamento misto 4 x 100 m Livre S14; Wendell Belarmino ouro nos 50 m Livre S11 e bronze nos 100 m Borboleta S11; Talisson Glock ouro nos 400 m Livre S6 e bronze nos 100 m Livre S6; Cecília de Araújo prata nos 50 m Livre S8; Beatriz Carneiro bronze nos 100 m Peito SB14; Mariana Ribeiro bronze nos 100 m Livre S9; e Phelipe Rodrigues bronze nos 50 m Livre S10.

Mas o esporte que traria mais medalhas nessa edição para o Brasil mais uma vez seria o atletismo, no qual Yeltsin Jacques seria ouro nos 1500 m T11 e nos 5000 m T11; Alessandro Rodrigo da Silva seria ouro no arremesso de disco F11 e prata no arremesso de peso F11; Petrúcio Ferreira ouro nos 100 m T47 e bronze nos 400 m T47; Claudiney Batista ouro no arremesso de disco F56; Silvânia Oliveira ouro no salto em distância T11; Elizabeth Rodrigues ouro no arremesso de disco F53; Wallace Santos ouro no arremesso de peso T55; Thalita Simplício prata nos 200 m T11 e 400 m T11; Alex Douglas Pires prata na maratona T46; Marco Aurélio Borges prata no arremesso de peso F57; Vinicius Gonçalves prata nos 100 m T63; Raíssa Machado prata no lançamento de dardo F56; Marivana Oliveira prata no arremesso de peso F35; Thomaz Moraes prata nos 400 m T47; João Victor Teixeira bronze no arremesso de peso F37 e no arremesso de disco F37; Julyana da Silva bronze no arremesso de disco F57; Mateus Evangelista bronze no salto em distância T37; Jardênia Félix bronze nos 400 m T20; Jerusa Gerber bronze nos 200 m T11; Ricardo Gomes bronze nos 200 m T37; Washington Júnior bronze nos 100 m T47; Cícero Lins bronze no lançamento de dardo F57; e Thiago Paulino bronze no arremesso de peso F57.

Para terminar, uma lista dos esportes do programa paralímpico; entre parêntes, F significa que o esporte tem provas para deficientes físicos (como cadeirantes, amputados, paralisados cerebrais e pessoas com baixa estatura), V significa que o esporte tem provas para deficientes visuais, e ID significa que o esporte tem provas para deficientes intelectuais. O programa atual conta com atletismo (F, V, ID), badminton (F), basquete em cadeira de rodas (F), bocha (F), canoagem (F), ciclismo (F, V), equitação (F, V), esgrima em cadeira de rodas (F), futebol de cinco (V), golbol (V), judô (V), natação (F, V, ID), powerlifting (F), remo (F, V), rugby em cadeira de rodas (F),  taekwondo (F, V, ID), tênis em cadeira de rodas (F), tênis de mesa (F, ID), tiro com arco (F), tiro esportivo (F, V), triatlo (F, V) e vôlei sentado (F). Já fizeram parte do programa basquete (ID), dartchery (F), futebol de sete (F), futebol indoor (ID), lawn bowls (F, V), levantamento de peso (F), luta livre (V), sinuca (F) e vela (F, V). E, para 2024, está prevista a estreia da dança esportiva (F, V, ID).

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