domingo, 17 de julho de 2022

Escrito por em 17.7.22 com 0 comentários

Super Mouse

Esses dias eu estava pensando por onde anda o Super Mouse, que era bem popular quando eu era criança, mas, diferentemente de outros personagens da mesma época, como o Pica-Pau, parece ter sido esquecido. Enquanto tentava solucionar o mistério de seu desaparecimento, achei que seria um bom assunto para um post. Assim, hoje é dia de Super Mouse no átomo!

O Super Mouse foi criado em 1942 por Isidore Klein e Paul Terry, que trabalhavam para o estúdio Terrytons, fundado em 1929 por três sócios - sendo Terry um deles, por isso o estúdio tem seu nome - e se dedicava a produzir desenhos animados de curta metragem para exibição nos cinemas. Klein era um dos animadores do estúdio, e daria a ideia de produzir um desenho que seria ao mesmo tempo uma homenagem e uma paródia do Superman, que havia ganhado uma série de curtas animados para o cinema no ano anterior, produzidos pelos estúdios Fleischer. Klein faria o esboço de uma mosca vestida com o uniforme do Superman e apresentaria a Terry, que gostaria da ideia, mas sugeriria que o personagem fosse um rato, e não um inseto.

A estreia do Super Mouse seria em 16 de outubro de 1942, no curta The Mouse of Tomorrow - "o rato do amanhã", outra piada com o Superman, que tinha o apelido de "o homem do amanhã". Nesse desenho, os ratos da cidade de Mouseville viviam um reinado de terror causado pelos gatos, até que um jovem rato faminto decidiu enfrentar a morte certa para chegar ao supermercado. Lá, ele nadou numa tigela de super sopa, tomou banho com super sabonete, roeu um super aipo e comeu um super queijo, se transformando no Super Mouse. Com seus novos poderes, ele derrotaria os gatos, levando todos eles para a Lua, e traria a liberdade a seus amigos ratos.

Além de ter essa origem esquisita, o Super Mouse original era uma cópia exata do Superman, com os mesmos poderes que o Homem de Aço tinha na época, e um uniforme bastante parecido - camisa de mangas compridas e calças compridas na cor azul, sunga vermelha por cima da calça, capa e botas vermelhas e um cinto dourado, sendo as únicas diferenças luvas brancas ao estilo Mickey e um prendedor dourado no pescoço, para segurar a capa. Sua aparência, assim com a dos demais ratos de Mouseville e a dos gatos, era a característica de animais de desenhos animados da década de 1940, que parecem estar sempre meio despenteados e são predominantemente de cor preta. A principal diferença entre o Super Mouse e o Superman era que seus poderes não eram permanentes, com o ratinho tendo de passar por todo o ritual que lhe dava os poderes a cada novo desenho.

O desenho faria sucesso entre o público, mas não entre a crítica, que o consideraria debochado demais e muito dependente da paródia com o Superman. Por causa disso, a Terrytoons decidiria investir no personagem, mas trabalhar para que ele se tornasse mais independente: no segundo desenho, de novembro de 1942, seus poderes seriam reduzidos a superforça, invulnerabilidade e habilidade de voar, e no quarto, de junho de 1943, a origem de seus poderes mudaria, com o ratinho se transformando em Super Mouse após ingerir um frasco de "Vitaminas de A a Z". Ao todo, seriam produzidos sete desenhos do Super Mouse, o último estreando em 12 de novembro de 1943, e sendo a "versão Super Mouse" da fábula do ratinho e do leão.

No início de 1944, o Super Mouse passaria por mais uma reformulação. Esteticamente, ele simplesmente passaria a ter formas mais arredondadas e simpáticas - perdendo o bigode, por exemplo - mas essa reformulação também mudaria seu nome original em inglês, que passaria a ser Mighty Mouse (o "rato poderoso"; no Brasil, essa mudança jamais aconteceu, e o personagem continua sendo conhecido como Super Mouse até hoje). A razão oficial para a mudança foi que Terry descobriu que a revista Coo-Coo Comics, publicada pela editora Standard Comics, iria ganhar um personagem chamado Super Mouse, que não tinha nada a ver com o desenho, e, querendo evitar uma batalha na justiça pelo uso do nome, teria decidido mudá-lo; à boca pequena, entretanto, se comentava que, conforme o sucesso do desenho aumentava, crescia também o temor de Terry em ser processado pela DC Comics, o que o teria motivado a criar um nome sem qualquer relação com algum herói já existente.

O sucesso de The Lion and the Mouse, último no qual o personagem teve o nome de Super Mouse, faria com que a Terrytoons investisse em mais adaptações de clássicos da literatura, com o primeiro desenho de Mighty Mouse, The Wreck of the Hesperus, de 11 de fevereiro de 1944, sendo inspirado no poema homônimo de Henry Wadsworth Longfellow, e o terceiro, Mighty Mouse Meets Jeckyll and Hyde Cat, sendo inspirado no romance O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. Dentre outros, também seriam adaptados O Flautista de Hamelin, As 1001 Noites, Cachinhos Dourados e os Três Ursos, A Família Robinson, O Galinho Chicken Little, e até mesmo fatos históricos, como a queda da cidade de Troia ou a Enchente de Johnstown, ocorrida na Pensilvânia em 1889. Algumas histórias também eram ambientadas em outras épocas, como a década de 1930, o Velho Oeste, a Guerra Civil Norte-Americana e até mesmo a Idade Média e a Pré-História.

O quarto desenho de Mighty Mouse, Eliza on Ice, de 16 de junho de 1944, inspirado em A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe, traria mais uma reformulação na aparência do personagem, que ficaria bem parecido com o que é hoje, mas com as cores trocadas: uniforme vermelho, com capa, sunga e botas amarelas. A partir desse desenho, o Super Mouse também deixaria de ser um rato comum que ganha poderes por qualquer motivo, passando a ser (assim como o Superman, diga-se de passagem) um alienígena, que vive entre as estrelas e voa correndo para a Terra toda vez que alguém precisa de sua ajuda. A reformulação final do personagem, feita pelo animador Connie Rasinski, ocorreria no oitavo desenho, Sultan's Birthday, de 13 de outubro de 1944, quando o Super Mouse ganharia a aparência e as cores que o acompanhariam pelo resto da carreira. É importante dizer que todos os desenhos do Super Mouse são autocontidos, ou seja, não produzem consequências para os seguintes nem sofrem as dos anteriores.

Ao todo, seriam produzidos 81 desenhos para o cinema, sendo 74 de Mighty Mouse, o último estreando em 31 de dezembro de 1961 - embora tenha havido dois longos hiatos sem o lançamento de nenhum, o primeiro e maior entre 1 de janeiro de 1955 e 1 de novembro de 1959, o segundo entre 1 de novembro de 1959 e 15 de dezembro de 1961. Em quase todos eles, os vilões são gatos, mas há um ou outro no qual os vilões são outros animais, e alguns raros nos quais o vilão é um ser humano - sendo o primeiro The Champion of Justice, o segundo após o personagem mudar de nome para Mighty Mouse, no qual Super Mouse enfrenta um homem que quer impedir que os ratos recebam uma herança deixada para eles por um casal de idosos sem família. Normalmente cada vilão só participava de um desenho, mas houve dois recorrentes: Julius "Pinhead" Schlabotka, um gato enorme, estúpido, mas tão forte quanto o Super Mouse, que participou de dois desenhos, um em 1949 e um em 1950, e Oil Can Harry, um gato industrial milionário que participou de 14 desenhos entre 1947 e 1953.

Os desenhos com Oil Can Harry, aliás, são parte de uma série, na qual o Super Mouse sempre tem de salvar de suas garras a mocinha Pearl Pureheart, inspirada em um outro desenho da Terrytoons, Fanny Zilch, produzido entre 1933 e 1937, que, por sua vez, era uma paródia do seriado The Perils of Pauline, lançado em 1914. Em cada um dos episódios, Fanny era sequestrada por uma versão humana de Oil Can Harry, que queria se casar com ela, e salva por seu namorado, J. Leffingwell Strongheart. Os desenhos do Super Mouse seguiam a mesma fórmula, incluindo números musicais cantados e uma recapitulação do episódio anterior - que não existia, com a recapitulação servindo apenas para justificar por que o desenho já começava com Pearl sequestrada e tendo de ser salva. Terry teria a ideia de parodiar sua própria criação graças ao sucesso de três desenhos anteriores de Super Mouse que tinham números musicais e uma mocinha em perigo salva pelo herói; um deles, Gypsy Life, de 3 de agosto de 1945, inclusive, receberia uma indicação ao Oscar de Melhor Curta-Metragem.

Os poderes do Super Mouse nos desenhos de Mighty Mouse são bastante inconsistentes; embora ele sempre tenha superforça, invulnerabilidade e voe, em alguns desenhos ele demonstra possuir um poder que viria bem a calhar em outro, no qual ele age como se não o tivesse. Esses poderes vão dos "normais", como visão de raios-x e supersopro, passando por telecinese e a habilidade de fazer o tempo correr ao contrário, até os verdadeiramente absurdos - no desenho Krakatoa, de 14 de dezembro de 1945, o Super Mouse pega o rastro que deixou no ar por voar e o molda como se fosse um objeto sólido. Também é comum o Super Mouse ser nocauteado por um vilão (mesmo sendo invulnerável), somente para acordar no último momento e salvar o dia. Uma piada recorrente nos desenhos mais recentes era o Super Mouse realizar algum feito quase impossível, o que levava o narrador a exclamar "what a mouse!" ("que rato!").

Em 1955, Terry decidiria se aposentar, e venderia a Terrytoons para a CBS, que pegaria os 78 desenhos até então existentes e os dividiria em 25 episódios de meia hora cada do desenho Mighty Mouse Playhouse. Exibido primeiro em preto e branco, depois em colorido (por uma questão puramente técnica dos aparelhos de TV, já que todos os curtas do cinema eram coloridos), Mighty Mouse Playhouse ficaria no ar, nos sábados pela manhã, de 10 de dezembro de 1955 a 2 de setembro de 1967, e seria o verdadeiro responsável pela popularidade do Super Mouse, já que seria graças a essa série que a maioria das crianças ficaria conhecendo o personagem - a maior parte do público que via os desenhos nos cinemas era de jovens adultos, que, apesar de acharem o personagem engraçado, não o viam como um verdadeiro super-herói como as crianças. A música de abertura do desenho, chamada Here I Come to Save the Day, escrita e composta por Marshall Barer e creditada a "The Terrytooners, Mitch Miller and Orchestra", também se tornaria um gigantesco sucesso, sendo inclusive lançada em formato single. A "fanfarra do Super Mouse", como ficaria conhecida, logo entraria para a cultura pop norte-americana, sendo inclusive referenciada em outras obras - até mesmo o famoso comediante Andy Kaufmann a incluiria em um dos seus esquetes, no qual ele ficava imóvel durante toda a música, exceto quando era cantado here I come to save the day, frase que interpretava com grande entusiasmo.

A popularidade de Mighty Mouse Playhouse animaria a CBS a encomendar a finalização de três desenhos do Super Mouse que estavam em pré-produção quando a Terrytoons foi vendida; esses desenhos também estreariam nos cinemas, um em 1959 e dois em dezembro de 1961, mas depois seriam reunidos em um 26o episódio da série. Por alguma razão, porém, depois desses a CBS não se animou a fazer mais - mesmo com a Terrytoons produzindo vários outros desenhos para o canal, como The Mighty Heroes e Deputy Dawg - e, após quase 12 anos de reprises no ar, é claro que a audiência da série começaria a cair, o que levaria o canal a retirá-la de sua grade. E assim o Super Mouse interromperia sua carreira pouco após os 25 anos de sua criação, ficando pela primeira vez em um quarto de século sem nenhum desenho sendo exibido no cinema ou na TV. Cinco anos depois, em 1972, a CBS decidiria fechar o estúdio Terrytoons definitivamente, com os direitos de todos os desenhos criados pelo estúdio passando para a Viacom International.

O exílio do Super Mouse duraria até 1979, quando o estúdio Filmation (responsável, dentre outras produções, pelo desenho do He-Man) negociaria com a Viacom a produção de um novo desenho para a TV. Como parte do acordo, a Filmation teria também de produzir novos desenhos de outros dois personagens da Terrytoons, os corvos Faísca e Fumaça (que se chamam, em inglês, Heckle e Jeckle); assim, ela decidiria criar um desenho dividido em segmentos, estrelados pelo Super Mouse, por Faísca e Fumaça, e por um novo personagem inventado pela própria Filmation, o Conde Quácula (que não deve ser confundido com o Conde Pátula, um desenho britânico que estrearia bem depois, em 1988), chamado The New Adventures of Mighty Mouse and Heckle & Jeckle.

The New Adventures of Mighty Mouse and Heckle & Jeckle estrearia na CBS em 8 de setembro de 1979; cada episódio teria uma hora de duração (incluindo os comerciais), dividido em seis segmentos de mais ou menos dez minutos cada, intercalados por vinhetas curtas educativas estrelando Super Mouse, Faísca e Fumaça. Em cada episódio, um dos segmentos era estrelado pelo Conde Quácula, dois por Faísca e Fumaça, e três pelo Super Mouse, sendo que, desses três, um sempre contava com a participação de Pearl Pureheart (que, na versão dublada, por algum motivo, se chamava Nelly) e Oil Can Harry, e um era sempre um episódio de um épico espacial em 16 partes chamado The Great Space Chase. Ao todo, 16 episódios seriam produzidos, o último indo ao ar em 22 de dezembro de 1979; em 1980, porém, o desenho ganharia uma "segunda temporada", com 32 episódios de meia hora cada, que, na verdade, eram os mesmos segmentos, mas arrumados de forma diferente - sempre um de Super Mouse, um de Faísca e Fumaça, e um terceiro que podia ser ou do Conde Quácula ou um dos episódios de The Great Space Chase. Em 1982, os 16 episódios de The Great Space Chase seriam editados e lançados nos cinemas como um filme de 80 minutos chamado Mighty Mouse in the Great Space Chase: The Motion Picture, que estrearia em 10 de dezembro.

A mais recente série do Super Mouse foi Mighty Mouse: The New Adventures, criada pelo animador Ralph Bakshi, que iniciou sua carreira na Terrytoons, e trabalhou nos três últimos curtas do personagem produzidos pelo estúdio em 1959 e 1961. Bakshi havia fundado, junto com o produtor John W. Hyde, uma empresa chamada Bakshi-Hyde Ventures, e estava oferecendo alguns de seus desenhos à CBS, que não se mostraria animada com nenhum deles, e perguntaria o que mais ele tinha. Sem saber o que mais oferecer, ele inventaria que tinha os direitos do Super Mouse, e a CBS se mostraria extremamente empolgada com a proposta, dando luz verde para que ele produzisse uma nova série do herói. Só que Bakshi não fazia a menor ideia de quem tinha os direitos, e, ao pesquisar, descobriu que era a própria CBS, que, aparentemente, também não sabia disso. Sem dizer nada sobre o assunto à emissora, ele se pôs a produzir a série.

Bakshi produziria 13 episódios de meia hora cada, cada um deles dividido em dois segmentos autocontidos. Para supervisionar o projeto, ele contrataria o diretor John Kricfalusi, que estava extremamente insatisfeito com a forma como os desenhos animados eram feitos na década de 1980 e decidiria dar liberdade total tanto aos roteiristas quanto aos animadores; o resultado foi que cada episódio tem um ritmo e um estilo diferentes, algo que foi considerado revolucionário para a época. O estilo usado para os traços dos personagens, a paleta de cores e o tipo de humor das piadas - apesar de o desenho ser para crianças, ele era cheio de piadas de duplo sentido e de paródias que talvez somente os adultos entenderiam - também seriam considerados à frente de seu tempo, e influenciariam toda uma geração de animadores que daria o tom dos desenhos animados dos anos 1990 - o próprio Kricfalusi seria o criador de Ren & Stimpy, e, dentre os que mais tarde diriam ter sido influenciados por Mighty Mouse: The New Adventures estariam Bruce Timm (produtor da série animada do Batman), Jim Reardon (roteirista de Tiny Toons), Tom Minton (roteirista de Animaniacs), Lynne Naylor (que trabalhou em As Meninas Superpoderosas e A Vaca e o Frango), Rich Moore (diretor de animação de Futurama) e até mesmo Chris Savino (criador de The Loud House), que declarou que foi esse desenho do Super Mouse que fez com que ele decidisse se tornar um animador.

Apesar de os roteiristas terem carta branca, Bakshi estabeleceria alguns parâmetros para deixar o Super Mouse mais de acordo com as convenções dos desenhos de super-heróis; assim, ele ganharia uma identidade secreta, a do trabalhador da construção civil Mike Mouse, um parceiro mirim, o ratinho órfão Scrappy, e colegas super-heróis, como Bat-Bat e a Liga dos Super-Roedores. Pearl participa de alguns episódios, mas não é mais a única mocinha em perigo da série, e Oil Can Harry não é mais o único vilão recorrente, com o Super Mouse tendo agora como arqui-inimigos Petey Pate, Big Murray, Madame Marsupial e o Vaca. Alguns outros personagens da Terry Toons, como os Mighty Heroes (criados pelo próprio Bakshi), Deputy Dawg, Gandy Goose e Faísca e Fumaça também fazem participações especiais em alguns episódios. Para cortar custos, alguns episódios também traziam "flashbacks" e "sequências de sonhos" que, na verdade, utilizavam cenas de antigos desenhos da Terrytoons produzidos para o cinema. A música de abertura, por outro lado, seria regravada, em uma versão a capella, e com a letra levemente modificada.

Mighty Mouse: The New Adventures (As Novas Aventuras do Super Mouse no Brasil) estrearia na CBS em 19 de setembro de 1987, com a primeira temporada sendo exibida até 1 de dezembro daquele ano. Seria um grande sucesso, o que faria a emissora encomendar uma segunda temporada, que estrearia em 18 de setembro de 1988. Por alguma razão, entretanto, mesmo com a audiência ainda sendo boa, a CBS desistiria da produção após apenas seis episódios, o último indo ao ar em 22 de outubro de 1988, para um total de 19 episódios (e 38 segmentos). Todos os 19 episódios seriam reprisados na Fox Kids em 1992, na última vez em que o Super Mouse esteve na tela da TV.

Além de no cinema e TV, o Super Mouse também foi astro de várias histórias em quadrinhos, as primeiras sendo publicadas em 1945 na revista Terry-Toons Comics. No início, a revista era publicada pela Timely Comics (uma das antecessoras da Marvel), que, em 1946, também lançaria uma revista chamada Mighty Mouse, mas, em 1947, o contrato da Terrytoons com a Timely se encerraria, e Terry decidiria, ao invés de renovar, fazer um com a St. John Publications, que assumiria tanto a Terry-Toons Comics quanto a Mighty Mouse, publicando-as com numeração que considerava a da Timely (com a Terry-Toons Comics começando da 60 e a Mighty Mouse da 5). Em 1951, a St. John decidiria renomear a Terry-Toons comics para Paul Terry's Comics, mantendo a numeração, e, em 1955, manteria nela apenas as histórias do Super Mouse e mudaria seu nome para The Adventures of Mighty Mouse, mas ainda mantendo a numeração. Em resumo, pela Timely, o Super Mouse estaria em 22 edições da Terry-Toons Comics (38 a 59, de 1945 a 1947) e 4 da Mighty Mouse (1 a 4, 1946), enquanto pela St. John ele estaria em 26 da Terry-Toons Comics (60 a 85, de 1947 a 1951), 40 da Paul Terry's Comics (86 a 125, de 1951 a 1955), 3 da The Adventures of Mighty Mouse (126 a 128, 1955) e 63 da Mighty Mouse (5 a 67, de 1947 a 1955).

Em 1953, a St. John também colocaria histórias do Super Mouse na Three Dimension Comics, a primeira revista em quadrinhos em 3D do mercado (que vinha com um daqueles óculos de papel com uma lente vermelha e uma verde); apesar de custar 25 cents, mais que o dobro de uma revista em quadrinhos comum da época, a Three Dimension Comics 1 venderia nada menos que 1,2 milhões de cópias, número considerado absurdo ainda hoje. A Three Dimension Comics teria ao todo três edições, todas com histórias do Super Mouse e todas lançadas em 1953, mas apenas a primeira seria bem-sucedida, o que levaria a seu cancelamento.

Em 1955, após adquirir a Terrytoons, a CBS decidiria rever todos os contratos assinados por Terry, e rescindiria o da St. John, passando as publicações do Super Mouse para a Pines Comics, com quem já tinha um contrato. Por questões legais, a Pines só poderia começar a usar o Super Mouse em 1956; como as últimas revistas da St. John haviam sido publicadas em maio de 1955, isso causou o primeiro hiato na publicação dos quadrinhos de Super Mouse desde 1945. A Pines relançaria a Mighty Mouse (inicialmente com o nome de Paul Terry's Mighty Mouse) e a The Adventures of Mighty Mouse, ambas mantendo a numeração da St. John; assim, pela Pines, o Super Mouse apareceria em 4 edições da Paul Terry's Mighty Mouse (68 a 71, 1956), 12 da Mighty Mouse (72 a 83, de 1956 a 1959) e 16 da The Adventures of Mighty Mouse (129 a 144, de 1956 a 1959).

Em 1959, a Pines seria comprada pela Western Publishing Company, que cancelaria a Mighty Mouse, mas passaria a The Adventures of Mighty Mouse para sua parceira Dell Comics, que manteria a numeração. Seriam 12 edições (144 a 155, de 1959 a 1961), até que a Western decidisse, em 1962, criar sua própria editora de quadrinhos, a Gold Key Comics, que assumiria a The Adventures of Mighty Mouse, publicando mais 5 edições (156 a 160, de 1962 a 1963). Se sentindo prejudicada, a Dell recorreria à justiça e ganharia o direito de voltar a publicar a revista, lançando mais 12 edições (161 a 172, de 1964 a 1968), até a CBS decidir não renovar o contrato, pois já ia fazer um ano que o Super Mouse estava fora da TV, e ela não via sentido em seguir com os quadrinhos.

O Super Mouse retornaria aos quadrinhos quase vinte anos depois, em 1987, em uma minissérie em quatro edições, também chamada Mighty Mouse, publicada pela Spotlight Comics. Com o sucesso de Mighty Mouse: The New Adventures, a CBS decidiria fazer um contrato com a Marvel, que, em 1990, lançaria mais uma revista chamada Mighty Mouse, mas inspirada na série de Bashki, que teria 10 edições, publicadas em 1990 e 1991, a maioria delas parodiando grandes clássicos dos quadrinhos, como Crise nas Infinitas Terras. A mais recente aparição do Super Mouse nos quadrinhos foi uma minissérie em cinco edições publicada entre 2017 e 2018 pela Dynamite Entertainment. Todas essas têm numeração própria (começando do 1), desconsiderando a numeração das lançadas entre 1945 e 1968.

Desde 2004, a Paramount, que é uma espécie de parceira da CBS, tenta fazer um filme do Super Mouse, misturando atores e personagens de computação gráfica, mais ou menos como em Stuart Little. As mais recentes notícias sobre esse filme datam de antes da pandemia, em 2019, quando Jon e Erich Hoeber foram contratados para escrever um roteiro. A atual situação do projeto é desconhecida.

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