segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Escrito por em 1.9.14 com 0 comentários

Godzilla (XIII)

E hoje teremos o último post da série sobre Godzilla, com os dois últimos filmes da Série Millennium!

Godzilla: Tokyo S.O.S.
2003

Kiryu venceu a batalha contra Godzilla, mas ficou extremamente avariado no processo, e o monstro conseguiu fugir, voltando para o oceano. Já prevendo um novo ataque, o exército começa imediatamente a repará-lo e a fazer modificações que permitam que a luta seguinte transcorra sem surpresas. À frente da equipe que trabalha em Kiryu, está o cientista Yoshito Chujo (Noboru Kaneko), que desenvolveu uma nova arma, chamada Tri-Master, que ele acredita ser capaz de destruir Godzilla. Após o sucesso da missão anterior, Akane Yashiro (Yumiko Shaku) é promovida a comandante das operações, sendo a nova piloto a tenente Azusa Kisaragi (Miho Yoshioka), que conta com a ajuda do técnico Kyosuke Akiba (Mitsuke Koga).

Enquanto os reparos e modificações são realizados, porém, o Primeiro-Ministro do Japão, Hayato Igarashi (Akira Nakao), recebe a visita das Shobijin (Masami Nagasawa e Chihiro Otsuka), duas moças diminutas que representam Mothra. Segundo elas, Godzilla voltará a atacar o Japão com ainda mais fúria, pois não se conforma que o exército usou os ossos de um de sua espécie para construir Kiryu. Segundo elas, se o governo japonês concordar em desmontar Kiryu e jogar seus ossos ao mar, como oferenda a Godzilla, Mothra assumirá o lugar do robô e protegerá o Japão no caso de um novo ataque. Enquanto o Primeiro-Ministro analisa a proposta, Kamoebas - uma tartaruga gigante que apareceu pela primeira vez no filme Space Amoeba, da década de 1970 - aparece morta na orla japonesa, com marcas de que teria sido atacada por Godzilla. Diante da pressão popular, o governo decide seguir com os reparos em Kiryu.

Mas, antes que Kiryu esteja pronto, Godzilla ataca Tóquio mais uma vez. Para tentar mostrar que Kiryu não é necessário, Mothra o enfrenta, mas não é páreo para sua fúria. Ela consegue segurar Godzilla o suficiente, porém, para que Kiryu fique pronto e assuma a luta.

Como vocês devem ter reparado, diferentemente do tradicional na Série Millenium, esse filme é continuação direta de Godzilla Against Mechagodzilla, o filme anterior. Ao terminar o filme anterior, o diretor Masaaki Tezuka pediu autorização à Toho para trabalhar em uma sequência, e, graças ao bom desempenho nas bilheterias e baixa quantidade de críticas negativas, teve seu pedido atendido. O próprio Tezuka escreveu o roteiro, em parceria com Masahiro Yokotani. Os efeitos especiais ficariam a cargo de Eichi Asada, que misturaria técnicas tradicionais a computação gráfica. Curiosamente, os efeitos tradicionais desse filme foram bastante elogiados, enquanto os efeitos de computação foram considerados de aparência barata e desnecessários.

Mais uma vez, o filme contou com um ator veterano no elenco, Hiroshi Koizumi, no papel do Dr. Shinichi Chujo, pai de Yoshito. Koizumi participou de nada menos que quatro filmes da Série Clássica, tendo interpretado Shoichi Tsukioka em Godzilla Contra-Ataca, o Professor Miura em Mothra vs. Godzilla e Godzilla vs. Ghidrah, e o Professor Wagura em Godzilla vs. Mechagodzilla, além de ter interpretado o Professor Minami em O Retorno de Godzilla, já na Série Heisei - ou seja, ele já estava bem acostumado a interpretar cientistas. Tsutomu Kitagawa mais uma vez vestiria a roupa de Godzilla, ficando a roupa de Kiryu com Motokuni Nakagawa, outro ator que costumava trabalhar em tokusatsus da Toei.

Um fato curioso do roteiro original é que ele previa que um mosassauro, criatura pré-histórica que realmente existiu, é que apareceria morto na orla para antecipar o ataque de Godzilla. Shogo Tomiyama, o produtor do filme, achou que não seria de bom tom revelar que um mosassauro ainda estava vivo apenas para matá-lo, e pediu para que Tezuka alterasse a cena. Não querendo cortá-la, ele a alterou para que Anguirus fosse a criatura que aparece morta, o que foi novamente vetado por Tomiyama, temendo uma reação negativa por parte dos fãs. Tezuka, então, decidiu usar Kamoebas, um monstro que já existia, mas não era usado há muito tempo, tentando preencher ambos os pré-requisitos de não matar um monstro novo nem um com quem o público se importasse.

Além de se destacar por ser continuação do filme anterior, Tokyo S.O.S. ainda possui uma cena pós-créditos, na qual é mostrado um laboratório com recipientes contendo DNA de vários monstros da Toho, como Varan, Baragon, Kumonga e o próprio Kamoebas, dando a entender que o exército estaria planejando criar versões cibernéticas e controláveis também desses kaiju. Apesar da expectativa criada por essa cena, a Toho jamais desenvolveu essa ideia, e, oficialmente, declarou que se tratava de um "cenário e se", ou seja, que, na cronologia do filme, o exército não possuía tais DNAs, mas que, em um "universo alternativo" ou algo do tipo, poderia possuí-los - explicação considerada bem meia-boca pelos fãs.

Com o título original de Gojira tai Mosura tai Mekagojira: Tokyo S.O.S., o filme estrearia em 13 de dezembro de 2003. Mais uma vez, por alguma razão bizarra, na primeira semana ele seria exibido em sessão dupla com um longa metragem de Hamtaro, Hamtaro: Ham Ham Grand Prix. Talvez graças a isso, ele terminaria seu primeiro fim de semana em terceiro lugar nas bilheterias japonesas. O restante de sua carreira nos cinemas também não fez feio, sendo considerado um grande sucesso de público pela Toho. A crítica também o recebeu bem, apontando que o roteiro possuía algumas falhas e pouco desenvolvimento dos personagens, mas que a parte que interessava - a batalha entre os monstros - era desenvolvida com maestria, atrapalhada apenas pelos efeitos de computação.

Quebrando com a tradição, Tokyo S.O.S. não ganharia uma versão internacional produzida pela própria Toho em Hong Kong; a dublagem em inglês ficaria por conta da Columbia Tri-Star, que arcaria com os custos para lançar o filme em DVD nos Estados Unidos em 2004, como parte das comemorações pelos 50 anos do filme original. Curiosamente, o DVD de Tokyo S.O.S. podia ser encontrado tanto vendido individualmente quanto como parte de um box comemorativo, que também trazia O Filho de Godzilla e o Godzilla vs. Mechagodzilla da Série Clássica. A presença de Godzilla vs. Mechagodzilla eu até entendo, mas por que colocar O Filho de Godzilla junto, pra mim, é um mistério.

Godzilla: Final Wars
2004

2004 marcaria nada menos que o quinquagésimo aniversário da estreia do filme original de Godzilla nos cinemas. A Toho, portanto, decidiu que o próximo filme da série deveria ser, mais uma vez, uma comemoração. Tomiyama levou essa ideia ainda mais longe, e decidiu que o filme seria um tributo. Nas palavras do diretor, Ryuhei Kitamura, já famoso por outras obras de ação, mas que faria sua estreia na série, o filme, se fosse um disco, seria um best of, trazendo os melhores elementos de toda a carreira cinematográfica de Godzilla, abrangendo as três séries. Tal obra não poderia ser mais uma, merecendo ter um desfecho digno de um capítulo final. Diante disso, o filme ganharia o título de Godzilla: Final Wars - "as guerras finais".

Final Wars traz tudo o que todos os outros filmes de Godzilla tinham, junto e misturado. Para começar, quase todos os monstros que apareceram nos filmes anteriores fazem participações, até mesmo os rejeitados, como Hedorah. A maioria, como Varan, Gaira, Baragon, Gezora, Titanossauro, Megaguirus e o Mechagodzilla original, aparece através de cenas reutilizadas de seus próprios filmes, e apenas por alguns momentos. Outros, como Mothra, Manda, Kamacuras e Kumonga, form criados por computação gráfica, e participam um pouco mais. Os que participam mais ativamente, como Rodan, Anguirus, Minilla, Gigan, Ghidorah, Ebirah e King Ceasar, além, é óbvio, do próprio Godzilla, são "interpretados" por atores vestidos com suas roupas, algumas delas usadas nos filmes originais e guardadas no acervo da Toho desde então. Até mesmo Zilla, "o monstro que atacou Nova Iorque e foi confundido com Godzilla", faz uma aparição, lutando contra Godzilla e, evidentemente, perdendo feio.

Assim como os monstros, muitos atores que participaram dos filmes anteriores de Godzilla retornaram para este, em papéis novos ou não. O mais famoso é Akira Takarada, o marinheiro Hideto Ogata do filme original, o repórter Ichiro Sakai de Mothra vs. Godzilla, o astronauta Fuji de Godzilla contra o Monstro Zero, o ladrão Yoshimura de Godzilla contra o Monstro do Mar e que ainda havia feito uma participação especial em Godzilla vs. Mothra, que aqui interpreta o Secretário Geral das Nações Unidas. Além dele, Kumi Mizuno, a Namikawa de Godzilla contra o Monstro Zero e a Dayo de Godzilla contra o Monstro do Mar, volta ao papel de Machiko Tsuge, a Primeiro-Ministro do Japão, que havia interpretado em Godzilla Against Mechagodzilla; Masatoh Eve, de Godzilla vs. Megaguirus, interpreta um general alienígena; e Kenji Sahara, o coadjuvante que mais estrelou filmes de Godzilla (aparecendo no Godzilla original, em King Kong vs. Godzilla, Mothra vs. Godzilla, O Filho de Godzilla, O Despertar dos Monstros, A Vingança de Godzilla, O Terror de Mechagodzilla, nos dois Godzilla vs. Ghidrah, nos dois Godzilla vs. Mechagodzilla e em Godzilla vs. SpaceGodzilla, sempre em papéis pequenos) aqui ganha um papel maior, o do paleontólogo Hachiro Jinguji. Tsutomu Kitagawa também retorna ao seu papel, o de Godzilla, pela última vez em sua carreira.

Ao ser escolhido para a direção, Kitamura declararia que tentaria resgatar o clima dos filmes da Série Clássica, com batalhas acirradas entre monstros e poucos diálogos. Segundo ele, o Godzilla original era bem mais focado na ação, com monstros mais fortes e rápidos e batalhas destruidoras que formavam o núcleo da história, enquanto os filmes mais recentes possuíam muitos diálogos, monstros letárgicos e batalhas que só serviam para atender ao enredo. Segundo ele, quem ia a um filme de Godzilla queria ver Godzilla, e não militares debatendo como irão detê-lo.

Mas, afinal, sobre o que fala o filme? Anos de poluição e testes nucleares resultaram no nascimento de monstros gigantes, chamados kaiju. Para detê-los, é criada a Força de Defesa da Terra (EDF, da sigla em inglês), um exército especial com armas de última geração, soldados especialmente treinados e mutantes com poderes psíquicos. Aos poucos, a EDF consegue destruir todos os monstros, exceto um: Godzilla. Em 2004, o veículo mais poderoso da EDF, o Gotengo, consegue encurralar Godzilla na Antártida e soterrá-lo, congelando-o.

Anos se passam, e a EDF encontra um kaiju mumificado. Shinichi Ozaki (Masahiro Matsuoka), um soldado com poderes psíquicos, e a Dra. Miyuki Otonashi (Rei Kikukawa), uma bióloga molecular das Nações Unidas, são designados para estudá-lo. Enquanto o estudam, as Shobijin (Masami Nagasawa e Chihiro Otsuka, também repetindo os papéis do filme anterior) surgem e revelam que se trata de Gigan, um monstro-ciborgue alienígena enviado para destruir a Terra doze mil anos antes. As Shobijin também alertam que, em breve, ocorrerá uma batalha entre o bem e o mal, e que Ozaki terá papel fundamental nela, devendo escolher um dos lados.

Pouco depois disso, vários kaiju surgem de repente em cidades ao redor do mundo, destruindo-as. A EDF envia seus principais veículos e soldados, mas só consegue derrotar um deles, Ebirah, se mostrando incapaz de destruir os demais. De repente, uma força alienígena, os Xiliens, surge e destrói os monstros, se declarando amigos da humanidade. Devido ao aviso das Shobijin, Ozaki, Miyuki e Douglas Gordon (Don Frye), o capitão do Gotenjo, não acreditam nos Xiliens, e decidem investigá-los. Eles acabam descobrindo que os alienígenas substituíram todos os principais oficiais da EDF por androides, e planejam usar a raça humana como gado, pois se alimentam de mitocôndrias. Mais que isso, o próprio ataque dos kaiju foi orquestrado pelos Xiliens, que os controlam, para que pudessem posar de salvadores da humanidade.

O trio planeja expor os planos dos alienígenas na televisão, mas um de seus comandantes, conhecido apenas como Regulador (Kazuki Kitamura), descontente com os planos do líder de tomar a Terra aos poucos, decide assumir o comando e enviar novamente os kaiju para devastar o planeta. Com a EDF paralisada, o destino da Terra parece traçado, mas Gordon tem uma ideia ousada: usar o Gotengo para libertar Godzilla, e fazer com que o monstro enfrente os kaiju controlados pelos Xiliens.

Com roteiro co-escrito pelo diretor Kitamura, por Wataru Mimura (de Godzilla 2000, Godzilla vs. Megaguirus e Godzilla Against Mechagodzilla, além do Godzilla vs. Mechagodzilla da Série Heisei) e por Isao Kiriyama, Final Wars estrearia em 4 de dezembro de 2004 no Japão; antes disso, ganharia uma pré-estreia internacional, em 29 de novembro, em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Antes da pré-estreia, Godzilla seria homenageado, ganhando uma estrela com seu nome na Calçada da Fama em Hollywood.

Assim como seu antecessor, Final Wars não ganharia uma versão internacional produzida pela Toho, apenas uma versão dublada pela Columbia Tri-Star para ser lançada em DVD nos Estados Unidos em 2005. França e China dublariam o filme em seus idiomas e o exibiriam no cinema, e na Rússia ele seria exibido na TV durante um especial de Halloween, mas, no restante do mundo, ele seria lançado diretamente em DVD.

O filme seria o mais caro de todos os estrelados por Godzilla produzidos pela Toho, graças não somente ao grande número de batalhas entre monstros e de efeitos especiais, mas também por ser o primeiro a filmar em várias locações internacionais, incluindo Sydney, Cairo, Nova Iorque, Paris, Xangai e o deserto do Arizona. Apesar de todas as expectativas da Toho, porém, a bilheteria não correspondeu, com o filme estreando apenas no terceiro lugar das bilheterias. Final Wars se tornaria o menos assistido de toda a Série Millennium, o que também pode ter sido influenciado pela crítica, bastante dividida, mas tendendo para a opinião de que o filme não era dos melhores.

Por conta disso - e também porque, afinal de contas, eram as "guerras finais" - a Toho decidiria dar um tempo após Final Wars, suspendendo a Série Millennium por pelo menos dez anos, até o aniversário de 60 anos do filme original, em 2014. Para esse evento, porém, ao invés de produzir um novo filme, ela licenciaria o personagem à norte-americana Legendary Pictures, sob a promessa de que o novo Godzilla norte-americano seria mais fiel ao original que o da Sony. De fato foi, e o sucesso do novo filme parece ter inaugurado uma nova série, esta produzida nos Estados Unidos, com um próximo lançamento já previsto para 2016 - e com a possibilidade de contar com Rodan, Mothra ou King Ghidorah, que também foram licenciados para a Legendary Pictures.

Série Godzilla

•Tokyo S.O.S.
•Final Wars

0 Comentários:

Postar um comentário