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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Capitão América

Eu nunca fui muito fã do Capitão América. Não que eu seja anti-americano ou coisa do tipo. O motivo é que nunca gostei muito de heróis paladinos, tipo ele ou o Super-Homem. Não que eu prefira os superviolentos que estiveram na moda durante algum tempo, mas altruísmo em excesso nunca foi minha qualidade preferida em um super-herói.

Esta semana, porém, resolvi ir assistir ao filme do Capitão, até porque eu assisti a todos os filmes dos heróis Marvel no cinema, não seria este que iria ficar de fora. Como achei o filme bem legal, e como não falo de um super-herói por aqui há já um tempão, achei que o Primeiro Vingador - sério, quem inventou esse título? - seria uma boa escolha para o post da semana. Assim, hoje é dia de Capitão América no átomo!

O Capitão América é um dos poucos heróis Marvel do primeiro time - vocês sabem, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Hulk, os peso-pesados - que não foi inventado por Stan Lee. Isso porque ele foi criado em 1941, quando a Marvel ainda nem existia. Originalmente, o Capitão era um personagem da Timely Comics, a editora que mais tarde se transformaria na Marvel.

Na época da Segunda Guerra Mundial, todos os super-heróis que existiam foram "convocados" para lutar contra os nazistas e os japoneses em seus quadrinhos e ajudar a vender bônus de guerra, papéis que não serviam para nada, mas cujo dinheiro das vendas revertia em munição, uniformes e rações para os soldados norte-americanos. Além de enviar o Super-Homem, o Batman e os demais heróis da época para o front, as editoras decidiram criar alguns novos, especificamente para a ocasião. Mas não adiantava nada criar, por exemplo, o Homem-Tatu e enviá-lo para a Alemanha para combater os nazistas. Esses novos heróis deveriam ser patrióticos, para inspirar o patriotismo nos cidadãos que lessem suas histórias.

Com esse pensamento em mente, o roteirista Joe Simon criou um esboço de um herói cujo uniforme lembrava a bandeira dos Estados Unidos, e o batizou como Super Americano. Após escrever o nome sob o esboço, entretanto, Simon achou que ele não funcionaria, já que já havia um monte de Super-Alguma-Coisa sendo publicados. Ele então começou a pensar em algum nome diferente, e acabou inventando Capitão América. Curiosamente, não haviam muitos Capitão-Alguma-Coisa, mas, graças ao Capitão América, passaria a haver - e hoje, aliás, "Capitão Fulano" é um nome bem mais estereotípico para um super-herói do que "Super Fulano".

Simon apresentaria sua criação a Martin Goodman, editor da Timely Comics, que o adorou, e encomendou a primeira edição da revista do Capitão América para ser publicada o mais cedo possível. Simon costumava trabalhar com o desenhista Jack Kirby, mas Goodman lhe deu um prazo tão apertado que ele não achou que seu colega seria capaz de desenhar toda a revista a tempo. Ele chegou a entrar em contato com dois outros desenhistas de estilo semelhante ao de Kirby, para que cada um desenhasse um terço da revista, mas Kirby não deixou, e garantiu que daria conta do recado. De fato, Kirby se superou, e fez todo o trabalho quase sem rascunhos, entregando-o no prazo estipulado.

Com roteiro de Simon, arte de Kirby e cores de Al Liederman, a primeira revista do Capitão América seria publicada em dezembro de 1940, mas com data na capa de março de 1941. Essa primeira edição, cuja capa mostrava o Capitão dando um soco na cara de Adolf Hitler, foi um imenso sucesso, vendendo mais de um milhão de cópias, mas, curiosamente, também seria alvo de muitas críticas, com a Timely recebendo centenas de cartas contra o personagem. Mesmo com esses insatisfeitos, entretanto, a popularidade do Capitão América cresceria a cada edição - em 1942, sua revista vendia mais do que a Time - e ele se tornaria o mais famoso e mais bem sucedido de todos os heróis patrióticos lançados durante a Segunda Guerra, aparecendo também em outras publicações da Timely, como a Marvel Mystery Comics, a USA Comics, a All Select Comics e a All Winners Comics, na qual ele liderava uma equipe de super-heróis, a All-Winners Team.

Mas, com o final da Segunda Guerra Mundial, a popularidade dos heróis patrióticos começou a despencar, e com o Capitão América não foi diferente. As revistas nas quais ele aparecia vendiam menos a cada mês, e ele passou a aparecer em cada vez menos, até ficar restrito à sua própria. Em 1950, Goodman decidiu renomear a revista para Captain America's Weird Tales e transformá-la em uma revista de horror e mistério, sem qualquer relação com super-heróis, mas nem isso ajudou nas vendas. Graças à falta de interesse, o Capitão América sairia de cena ainda naquele ano, com sua revista sendo cancelada e sem fazer aparições em nenhuma outra publicação da Timely. A própria editora, aliás, sem conseguir vender o suficiente de nenhum de seus títulos, acabaria fechando as portas ainda no final de 1950.

Em novembro de 1951, Goodman decidiria pegar o que havia sobrado da Timely e abrir uma nova editora, a Atlas Comics, que até fez um sucesso razoável. Em 1953, ele decidiria relançar o Capitão América, desta vez combatendo não nazistas, mas comunistas. Essa nova versão do Capitão frequentaria as revistas Young Men e Men's Adventures, e até teria sua própria Captain America, com a numeração seguindo de onde a da Timely havia parado. O Capitão anti-comunista foi um imenso fracasso, entretanto, e sua nova revista duraria apenas três edições. Parecia que a carreira do Capitão América estava definitivamente encerrada.

Mas aí entra Stan Lee. Após comprar a Atlas, fundar a Marvel Comics e inventar o Quarteto Fantástico, Stan Lee decidiria reintroduzir alguns personagens clássicos da Timely - que, afinal, agora eram dele, já que, para todos os efeitos, ele havia comprado a editora. Assim, em novembro de 1963, na edição 114 da revista Strange Tales, Johnny Storm, o Tocha Humana, lutava ao lado do Capitão América, descrito como "um veterano da Segunda Guerra Mundial que retornava após muitos anos de aposentadoria". No decorrer da história, entretanto, era revelado que este Capitão era um impostor, na verdade o vilão Acrobata, que havia bolado um plano para se vingar do Tocha, que o derrotara no passado. O útimo quadrinho da revista dizia que esta história era um teste para ver se os leitores gostariam que o Capitão América retornasse.

A história teve boa repercussão entre os leitores, e Stan Lee chegou à conclusão de que era possível relançar o Capitão América. Assim, em março de 1964, na edição número 4 da revista dos Vingadores, a equipe de heróis Marvel encontraria o Capitão congelado no pólo norte. Graças a seus poderes, ele sobreviveu em animação suspensa durante todos esses anos - outros "Capitães América" que surgiram no período, combatendo o comunismo, eram outras pessoas vestindo um uniforme igual - e, ao ser descongelado, estava pronto para outra. Rapidamente, o Capitão América se tornaria o novo líder dos Vingadores, e passaria a ser retratado como um homem de outra época, com imensa dificuldade de se adaptar aos anos 1960, mas que ainda mantinha seu heroísmo, patriotismo e senso do dever inabalados. Curiosamente, quem desenharia o Capitão América para a Marvel seria Kirby, que havia trabalhado apenas nas dez primeiras edições da revista da Timely, retornando ao personagem 25 anos depois.

Além de aparecer na revista dos Vingadores, o Capitão ainda figuraria ao lado do Homem de Ferro na Tales of Suspense, que, em abril de 1968, seria renomeada para Capitain America, seguindo com a numeração de onde a da Atlas havia parado. Em pouco tempo, o Capitão América se tornaria um dos mais famosos heróis Marvel, e passaria a integrar o primeiro time da editora. Para colocar os novos leitores a par da história de um super-herói "antigo", a revista Captain America 109, de janeiro de 1969, recontaria sua origem, se tornando uma das revistas mais vendidas daquele ano.

Originalmente, o Capitão América era simplesmente Steve Rogers, um rapaz fraco e franzino que sonhava lutar ao lado de seus amigos na Segunda Guerra Mundial. Devido à sua saúde frágil, ele sempre era reprovado nos exames médicos do alistamento, mas seu senso do dever, sua grande bondade e sua disposição para defender os valores da América fizeram com que ele fosse escolhido para um programa secreto do governo: Steve recebeu o soro do supersoldado, uma substância que elevou suas capacidades físicas aos limites do possível para um ser humano. Foi graças ao soro, por exemplo, que ele pôde sobreviver congelado no pólo norte durante tantos anos.

A rigor, o Capitão América não possui superpoderes, mas sua força, velocidade, agilidade, resistência e vigor são equivalentes ao limite máximo possível para um homem adulto. O soro também acelera seu metabolismo, fazendo com que ele se cure rapidamente de ferimentos, jamais se sinta fatigado e seja imune a todas as doenças e a alguns tipos de veneno. Seu treinamento militar também fez com que ele se tornasse um mestre da estratégia, e sua personalidade o torna um excelente líder em campo. Sua arma preferida é um escudo, feito de vibrânio, um dos metais mais resistentes - e mais raros - da Terra. Anos de prática fizeram com que o Capitão se tornasse capaz de acertar praticamente qualquer alvo ao lançar seu escudo, e até mesmo a usá-lo como bumerangue, lançando-o com a força suficiente para que ele bata em um alvo e retorne para as suas mãos. Seu meio de transporte preferido é uma motocicleta Harley-Davidson customizada.

Infelizmente, o segredo do soro do supersoldado se perdeu com a morte de seu inventor, o Dr. Abraham Erskine, pouco depois de Rogers recebê-lo. Ao longo dos anos, vários cientistas tentaram imitá-lo, mas os resultados acabariam sendo desastrosos, criando vilões psicóticos ao invés de novos heróis. O mais famoso desses vilões é o Caveira Vermelha, um oficial nazista que também ficou em animação suspensa após o fim da guerra, e hoje tenta dominar o mundo. Também como principais inimigos do Capitão estão os membros da HYDRA, uma organização terrorista que busca dominar o planeta através do uso da ciência e da tecnologia para o mal.

Nas décadas de 1960 e 1970, após ser descongelado e se unir aos vingadores, o Capitão América passa a agir também junto à SHIELD, sob o comando de Nick Fury. Mais tarde, ele decide treinar o jovem Sam Wilson, que assume o codinome de Falcão, se tornando o primeiro super-herói afro-americano de uma editora de ponta. O Capitão e o Falcão se tornam parceiros no combate ao crime, e, durante essa época, o título da revista solo do Capitão é mudado para Captain America and the Falcon, mantendo, porém, a numeração original. Em 1974, desiludido com o escândalo de Watergate, Rogers decide abandonar seu antigo uniforme e assumir uma nova identidade, o Nômade. Mais uma vez, vários outros personagens usam o manto do Capitão América, até que Rogers, chegando à conclusão de que não é leal a um governo, mas à sua nação, decide retomar seu antigo codinome e uniforme.

A década de 1980 foi de grande prestígio para o Capitão América, graças aos roteiros escritos por John Byrne e Mark Gruenwald. Muitas das histórias dessa época possuem caráter político e social, como a trama na qual Rogers recebe uma indenização do governo por seu desaparecimento após a Segunda Guerra, e é convidado a trabalhar para o Estado. Mais uma vez desiludido, Rogers muda seu nome apenas para Capitão, e um novo personagem, John Walker, assume o manto do Capitão América. A pressão é demais para Walker, que acaba ficando fora de si, o que leva Rogers a retornar à identidade de Capitão América. Recuperado, Walker passa a se chamar Agente Americano (U.S.Agent no original), e a atuar ao lado do Capitão e dos Vingadores.

No início da década de 1990, o Capitão passaria por maus bocados quando uma explosão em um laboratório à qual é exposto faz com que o soro do supersoldado comece uma reação química em seu corpo, que só pode ser impedida com a remoção do composto. Sem os poderes trazidos pela fórmula, Rogers precisa treinar pesado para se manter capaz de combater o crime como Capitão América. A remoção do soro também faz com que seu corpo comece a deteriorar, o que leva o Capitão a necessitar de uma espécie de exoesqueleto. A situação só seria revertida graças a uma transfusão de sangue de seu pior inimigo, o Caveira Vermelha.

Ainda na década de 1990, o Capitão América seria um dos heróis selecionados para o projeto Heróis Renascem, no qual ele, os Vingadores, o Homem de Ferro e o Quarteto Fantástico seriam removidos da cronologia normal do Universo Marvel e teriam suas origens recontadas "na época atual" por dois dos mais famosos artistas dos quadrinhos da época, Jim Lee e Rob Liefeld. O projeto não fez muito sucesso, e a série acabou durando apenas um ano, com todos esses heróis retornando à cronologia normal no final de 1997.

Os anos 2000 seriam ainda mais complicados, com primeiro Steve Rogers assumindo publicamente sua identidade como Capitão América, depois entrando em conflito com o governo e se tornando um fugitivo por não concordar com o registro obrigatório de heróis durante a saga Guerra Civil, e finalmente morrendo ao ser atingido por um atirador oculto quando é capturado e levado a julgamento. Como é comum com super-heróis, porém, ele na verdade não havia morrido, devido a quaisquer motivos bizarros possíveis somente quando um roteirista se arrepende de matar um super-herói e tem que inventar uma razão pela qual a morte na verdade não ocorreu - no caso, a arma usada para atingi-lo na verdade fez com que sua essência ficasse presa em um ponto fixo do tempo e do espaço, do qual é resgatada pelo Caveira Vermelha, que planeja controlá-la e transformar o Capitão América em seu servo. Evidentemente, o plano não dá certo, e o Capitão, conseguindo se libertar, volta a ser o herói que todos conhecem.

Atualmente, Rogers luta não como Capitão América, mas usando seu nome civil, e servindo também como Secretário de Segurança dos Estados Unidos. A Marvel já anunciou, entretanto, que ele reassumirá seu codinome e uniforme em breve, com o relançamento da revista Captain America, que não circulava desde sua suposta morte.

Além dos quadrinhos, o Capitão América já estrelou vários filmes e apareceu em diversos desenhos animados. O primeiro foi aquele famoso desenho-não-tão-animado-assim produzido em 1966, que fazia parte de um segmento que também trazia aventuras do Homem de Ferro, Thor, Hulk e Namor. Esse é, até hoje, o único desenho totalmente dedicado ao Capitão, que também já apareceu em diversos episódios dos desenhos do Homem-Aranha de 1981 e 1994, do famoso desenho Homem-Aranha e seus Amigos, do desenho dos X-Men de 1992, do dos vingadores de 1999, de X-Men Evolution, de Os Vingadores: Os Super Heróis mais Poderosos da Terra e de Esquadrão de Heróis.

Já a carreira cinematográfica do Capitão começou em 1944, com uma série de 15 curtas que foram exibidos nos cinemas da época. Em 1979, a CBS produziu dois filmes para a TV, provavelmente tentando emplacar uma série do herói, que jamais saiu do papel. Em 1990, foi produzido um novo filme, que acabaria sendo lançado diretamente em vídeo. Estes três mais recentes fracassos fizeram com que, quando os novos filmes dos heróis Marvel começaram a ser lançados, a partir de 2000, muitos considerassem impossível fazer um filme do Capitão América ao mesmo estilo, principalmente devido à rejeição que os mercados internacionais poderiam ter pela associação do personagem com os Estados Unidos.

Dentro do ambicioso projeto de se fazer um filme dos Vingadores, porém, um filme do Capitão era necessário. Esse filme seria lançado esse ano, com o estratégico título de Capitão América: O Primeiro Vingador - para que os países que temessem rejeição do público pudessem usar apenas a segunda parte. O filme é em sua maior parte ambientado na Segunda Guerra Mundial, e mostra como Steve Rogers (Chris Evans) se tornou o Capitão América, sua luta contra o Caveira Vermelha (Hugo Weaving) e como ele ficaria congelado até ser reencontrado nos dias de hoje (quase 70 anos depois!) e convidado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para integrar a equipe dos Vingadores.

Apesar dos temores, o filme até agora tem sido um grande sucesso de público e crítica. Pessoalmente, eu acho que não tem nada a ver dizerem que o Capitão América e os Estados Unidos são a mesma coisa, e espero que o sucesso do filme signifique que mais gente pensa como eu. Mas compreendo que usar um uniforme inspirado em uma bandeira dificulta na hora de se dissociar as coisas.

Um comentário:

  1. Acredito que ele não é os estados unidos, mas como naquela época os filmes histórias em quadrinhos ajudavam a divulgar o país devido à guerra assim fazendo uma propaganda positiva para seu país e negativa ao país inimigo, nesse caso a Alemanha então acredito que o capitão America apenas demonstra isso o ideal daquela época e de certa forma transmitindo o patriotismo a toda nação americana.

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